Descoberto o Melhor Blog dos Últimos Tempos
Ana Malhoa, chega para lá.
http://hi5porcas.blogspot.com/
quarta-feira, 30 de agosto de 2006
segunda-feira, 28 de agosto de 2006
sexta-feira, 25 de agosto de 2006
Astronomia para leigos
Recue-se um dia. O empregado aproxima-se da minha mesa, serve o 'galão normal e a sandes mista com pouca manteiga' e fixa os olhos no título da notícia do Público:
"Plutão deve deixar hoje de ser planeta".
Vários segundos se passam sem que eu, gentil, possa mudar de página. Um sentido de urgência emerge na expressão do homem: "Mas vai explodir?!"
Recue-se um dia. O empregado aproxima-se da minha mesa, serve o 'galão normal e a sandes mista com pouca manteiga' e fixa os olhos no título da notícia do Público:
"Plutão deve deixar hoje de ser planeta".
Vários segundos se passam sem que eu, gentil, possa mudar de página. Um sentido de urgência emerge na expressão do homem: "Mas vai explodir?!"
quinta-feira, 24 de agosto de 2006
Coração de Leão
"Quando o relógio indicava o minuto 81, o ex-leão Sá Pinto recebeu cartão amarelo pela segunda vez e foi expulso".
Ninguém estava à espera.
"Quando o relógio indicava o minuto 81, o ex-leão Sá Pinto recebeu cartão amarelo pela segunda vez e foi expulso".
Ninguém estava à espera.
sexta-feira, 11 de agosto de 2006
As Sete Colinas
Estou a poucos dias de partir finalmente de férias, o que provavelmente chegará a tempo de impedir-me de enlouquecer e cometer uma carnificina laboral. Vou para o norte da Europa, 4 países em 10 dias. Vou para o frio, para onde ninguém me conhece e não conheço ninguém. Ver coisas novas, gente diferente. Beber cervejas de quatro capitais, fumar os cigarros locais, confirmar que temos a melhor aguardente do mundo, ver as louraças de dois metros, a arte, os carros, as ruas.
Mas, por mais que esteja excitado pela viagem, como sempre acontece, desta vez parte-se-me também um pouco o coração por deixar Lisboa. Lisboa, neste tempo tórrido e magnífico que temos tido, é uma coisa linda de se ver. E, por mais interessante que vá ser conhecer Helsínquia ou Vilnius, o que eu gostaria mesmo era viajar para Lisboa enquanto turista estrangeiro, e apanhar de chapa com o banho de personalidade e boa onda que a nossa bela capital consegue ter. Eu vejo-os andar pelo Chiado e pelo Bairro Alto, a destilar do calor abrasador, a tirarem fotos a tudo e a todos, deslumbrando-se com as vielas, as tascas, as casas, as pessoas, as crianças na rua, as ganzas fumadas na descontra, as esplanadas, algumas delas ainda com os coloridos enfeites dos Santos, os miradouros, as imperiais geladinhas, os monumentos e as lojas. Invejo-os terrivelmente, essas caras felizes e excitadas de surpresa e prazer ao descobrir uma cidade assim, e tenho muita pena de nunca ter sentido esse maravilhoso impacto de deslumbramento súbito.
Conheci esta cidade de mansinho, pouco a pouco. Tudo, das noitadas aos museus, do rio aos assaltos, das bubas maradas aos tascos infectos, das lindas casas que caem um pouco todos os dias.
Amo esta puta desta cidade, e tenho orgulho dela e da impressão que deixa a quem nos visita.
Apesar de tudo, temos sorte.
Boas férias a quem as tiver. Muita força para os outros.
Um abraço.
Estou a poucos dias de partir finalmente de férias, o que provavelmente chegará a tempo de impedir-me de enlouquecer e cometer uma carnificina laboral. Vou para o norte da Europa, 4 países em 10 dias. Vou para o frio, para onde ninguém me conhece e não conheço ninguém. Ver coisas novas, gente diferente. Beber cervejas de quatro capitais, fumar os cigarros locais, confirmar que temos a melhor aguardente do mundo, ver as louraças de dois metros, a arte, os carros, as ruas.
Mas, por mais que esteja excitado pela viagem, como sempre acontece, desta vez parte-se-me também um pouco o coração por deixar Lisboa. Lisboa, neste tempo tórrido e magnífico que temos tido, é uma coisa linda de se ver. E, por mais interessante que vá ser conhecer Helsínquia ou Vilnius, o que eu gostaria mesmo era viajar para Lisboa enquanto turista estrangeiro, e apanhar de chapa com o banho de personalidade e boa onda que a nossa bela capital consegue ter. Eu vejo-os andar pelo Chiado e pelo Bairro Alto, a destilar do calor abrasador, a tirarem fotos a tudo e a todos, deslumbrando-se com as vielas, as tascas, as casas, as pessoas, as crianças na rua, as ganzas fumadas na descontra, as esplanadas, algumas delas ainda com os coloridos enfeites dos Santos, os miradouros, as imperiais geladinhas, os monumentos e as lojas. Invejo-os terrivelmente, essas caras felizes e excitadas de surpresa e prazer ao descobrir uma cidade assim, e tenho muita pena de nunca ter sentido esse maravilhoso impacto de deslumbramento súbito.
Conheci esta cidade de mansinho, pouco a pouco. Tudo, das noitadas aos museus, do rio aos assaltos, das bubas maradas aos tascos infectos, das lindas casas que caem um pouco todos os dias.
Amo esta puta desta cidade, e tenho orgulho dela e da impressão que deixa a quem nos visita.
Apesar de tudo, temos sorte.
Boas férias a quem as tiver. Muita força para os outros.
Um abraço.
quinta-feira, 10 de agosto de 2006
Agosto
Em tardes como esta o mar é uma bênção,
o gesto azul de um deus,
a memória de um tempo sem tempo.
Em tardes como esta cada instante
sabe a eternidade e o horizonte,
este horizonte é um sinal do que ainda pode ser isso a que chamamos beleza:
Uma onda que nasce enquanto outra morre
desfeita em espuma
levando atrás de si o nosso medo,
a nossa esperança demasiado humana,
o pacto que selámos
e quebrámos com os sonhos mais antigos,
os que um dia foram nossos,
mas são agora o mar,
sem nome nem destino,
coisas que vão e fingem regressar
mas já não nos pertencem
Fernando Pinto Amaral
Em tardes como esta o mar é uma bênção,
o gesto azul de um deus,
a memória de um tempo sem tempo.
Em tardes como esta cada instante
sabe a eternidade e o horizonte,
este horizonte é um sinal do que ainda pode ser isso a que chamamos beleza:
Uma onda que nasce enquanto outra morre
desfeita em espuma
levando atrás de si o nosso medo,
a nossa esperança demasiado humana,
o pacto que selámos
e quebrámos com os sonhos mais antigos,
os que um dia foram nossos,
mas são agora o mar,
sem nome nem destino,
coisas que vão e fingem regressar
mas já não nos pertencem
Fernando Pinto Amaral
terça-feira, 8 de agosto de 2006
Sexta-Feira em Albufeira
Este é um calor que queima (mesmo). Viro-me para dentro, há uma gata pequena, ensonada, em cima do televisor. Chama-se Frofens. Há gente para tudo. E gatos para essa gente que sou.
(...)
Vou destilando uma incerta dor ou duas: na mona, no peito e, talvez, na alma (por aí).
(...)
É com água salgada e gritos de putos grandes a jogar à bola que se cura uma ressaca. Sem óculos não reconheço ninguém. Um pouco como ontem à noite num bar cheio de Damien Duffs e Eidur Gudjohnsens, loucos e possuídos pelo barulho da cerveja e da música (a)variada de um Esquizo-DJ (dos Bon Jovi a White Stripes vai um pulinho). E não me lembro de muito. Acho que já disse.
Saio d´água com o cabelo possível e provisório puchadinho para trás (pobres figurinhas) e telefonam-me do trabalho pela ____ vez, confirmando que um qualquer merdas (eu) faz falta numa merda qualquer (the office). A sociedade ocidental deveria, em toda a sua mais merdosa actividade, tomar conta de si com outro profissionalismo. É o que penso.
Branco como a cal, encharco-me com um factor 40, tentando morrer de outro cancro que não o da pele. A morte é como o futebol. É mesmo assim.
(...)
Banho tomado. Barba feita. Vestido e mais ou menos giro saio do barraco. Perfumadinho. Começo a beber e, vagamente, a jantar. Vou pagar. Pego na carteira, constato que não tenho dinheiro para meter um litro de gásóile no carro (que, apesar de tudo, é italiano) e vem-me à memória a noite de ontem, repleta de tugas engatatões, gajas iguais e grandes, Duffs, Gudjohnsens e Esquizo-DJs; noite em que – recordo-me agora – paguei à saída de um bar (under the sea) uma coisa chamada “65 euros”.
“Olha, afinal, sou rico”, digo para mim (mesmo!) como quem sentencia “És pouco estúpido, és!”.
Há por aí uns pratos que se possam lavar?
(...)
Nota final: Não há bebida mais linda que uma cerveja. Em copo grande. Não há.
Este é um calor que queima (mesmo). Viro-me para dentro, há uma gata pequena, ensonada, em cima do televisor. Chama-se Frofens. Há gente para tudo. E gatos para essa gente que sou.
(...)
Vou destilando uma incerta dor ou duas: na mona, no peito e, talvez, na alma (por aí).
(...)
É com água salgada e gritos de putos grandes a jogar à bola que se cura uma ressaca. Sem óculos não reconheço ninguém. Um pouco como ontem à noite num bar cheio de Damien Duffs e Eidur Gudjohnsens, loucos e possuídos pelo barulho da cerveja e da música (a)variada de um Esquizo-DJ (dos Bon Jovi a White Stripes vai um pulinho). E não me lembro de muito. Acho que já disse.
Saio d´água com o cabelo possível e provisório puchadinho para trás (pobres figurinhas) e telefonam-me do trabalho pela ____ vez, confirmando que um qualquer merdas (eu) faz falta numa merda qualquer (the office). A sociedade ocidental deveria, em toda a sua mais merdosa actividade, tomar conta de si com outro profissionalismo. É o que penso.
Branco como a cal, encharco-me com um factor 40, tentando morrer de outro cancro que não o da pele. A morte é como o futebol. É mesmo assim.
(...)
Banho tomado. Barba feita. Vestido e mais ou menos giro saio do barraco. Perfumadinho. Começo a beber e, vagamente, a jantar. Vou pagar. Pego na carteira, constato que não tenho dinheiro para meter um litro de gásóile no carro (que, apesar de tudo, é italiano) e vem-me à memória a noite de ontem, repleta de tugas engatatões, gajas iguais e grandes, Duffs, Gudjohnsens e Esquizo-DJs; noite em que – recordo-me agora – paguei à saída de um bar (under the sea) uma coisa chamada “65 euros”.
“Olha, afinal, sou rico”, digo para mim (mesmo!) como quem sentencia “És pouco estúpido, és!”.
Há por aí uns pratos que se possam lavar?
(...)
Nota final: Não há bebida mais linda que uma cerveja. Em copo grande. Não há.
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