quarta-feira, 31 de março de 2010

O Vodka Atónito sugere que esta interessante publicidade da Triumph seja extensível a todo o género de roupa interior

Echo and the bunnymen


Nas próximas eleições legislativas votarei Passos Coelho porque com ele os portugueses e as portuguesas ficarão mais bonitos e bonitas. Nas próximas eleições legislativas votarei Passos Coelho porque entre dois candidatos igualmente liberais escolho sempre aquele que tem o nariz menos proeminente. Nas próximas eleições legislativas votarei Passos Coelho porque com o dinheiro que arrecadará da privatização da Caixa Geral de Depósitos pagará uma operação plástica a todos os portugueses e portuguesas e cinco operações plásticas à Manuela Ferreira Leite. Nas próximas eleições legislativas votarei Passos Coelho porque estou há imenso tempo a querer emigrar mas ainda não tinha conseguido encontrar uma razão suficientemente boa para deixar de comer polvo à lagareiro e pataniscas de bacalhau. Nas próximas eleições legislativas votarei Passos Coelho sobretudo porque sim.

Descubra as sete diferenças


terça-feira, 30 de março de 2010

Serviço Mínimo de Democracia

A população de Valença, gente rija, ocupou o centro de saúde da terra.Valença, juntamente com mais três povoações do norte do país, acabou de ficar sem urgências médicas. Na prática, isto quer dizer que as populações ficam sem um local de atendimento próximo durante a noite, em caso de emergência. Esta é apenas mais uma leva da ofensiva - iniciada por Sócrates e Correia de Campos - contra os serviços de saúde a nível local, sobretudo no interior. A ofensiva é mais ampla, já que passou pelo encerramento também de dezenas e dezenas de escolas. Tudo parte desta lógica de merceeiro deste governo pseudo-socialista, que mostra que, de social, tem apenas a fachada, e bem publicitada.
O argumento é simples, e nunca se admite que tudo é feito para poupar: o objectivo é que as pessoas passem a ir para centros mais bem equipados, com melhor atendimento e melhores condições.
A questão é que, se o problema é esse, que equipem como deve ser os centros. Todos os centros, sobretudo aqueles que ficam em locais mais isolados e que, tendencialmente, têm uma população mais idosa. Não podemos cortar aí. Há limites para tudo.
A presença de atendimento médico 24 horas por dia é, em muitos casos, um conforto psicológico fundamental para as populações. Para além do pequeno pormenor de poderem salvar vidas. Vidas de cidadãos portugueses, que não têm todos de morar no Porto ou em Lisboa. Que têm o direito de morar onde desejam, no território nacional, e que devem ser respeitados como os outros.
E, mesmo que este desumano governo assuma o critério economicista que o move, também isso é uma falácia: cortam sempre onde não devem, enquanto os amigos continuam a viver à grande.
Estamos cada vez pior, e a nossa democracia atinge mínimos históricos.
Mas devia haver um Serviço Mínimo de Democracia. Já chega de desrespeito.
Mando aqui, em nome do Vodka, um abraço à brava gente de Valença do Minho, e a todos aqueles que, de alguma maneira, decidiram dizer não e lutar por aquilo a que têm direito.

Apenas


Não sou um gajo rancoroso, por isso acho que cada um merece depois da morte apenas aquilo em que acredita. Um ateu, por mais canalha que tenha sido, merece, depois de morrer, apenas pó e silêncio. Um padre que prefira apenas as ovelhas mais tenrinhas do seu rebanho, e os seus colegas que apenas o encobriram, merecem, depois de morrer, apenas a eternidade e a retribuição justa. Que os piços dos demónios pederastas sejam apenas do tamanho de tacos de baseball.

segunda-feira, 29 de março de 2010

O paternalismo é o fascismo dos pequeninos


Há uns anos atrás, levei o meu puto ao desfile do 25 de Abril. Para explicar a um miúdo de 4 anos o que tinha sido o 25 de Abril, simplifiquei um pouco a história e disse-lhe que antes desse dia havia um senhor muito mau que se chamava Salazar que não deixava as crianças brincarem e lhes roubava os brinquedos, o que levou o povo a ficar muito zangado, mandando-lhe cravos aos cornos para as crianças poderem enfim voltar a brincar e comerem livremente os seus macacos do nariz. Nessa tarde, enquanto descíamos a Avenida da Liberdade, o meu puto esteve sempre muito macambúzio, e ainda hoje tenho uma foto dele, com uma camisa às riscas, suspensórios vermelhos, um cravo na mão, carregando toda a tristeza do mundo nos seus pequenos olhos sorumbáticos. Já no Rossio, perguntei-lhe porque é que ele estava tão tristonho. Respondeu-me quase a chorar que não gostava do 25 de Abril porque ali não o deixavam brincar. A partir desse episódio aprendi uma enorme lição: mesmo quando tentamos ser apenas paternais, o paternalismo é sempre a mais estúpida das ideologias, na melhor das hipóteses uma forma benigna de fascismo.

domingo, 28 de março de 2010

Uma mão cheia de nada

E pronto, a malta laranja jé tem novo presidente.
Passos Coelho ganhou de forma inequívoca e está, agora, em condições de se virar para o país. O senhor é político para aí desde os 12 anos, está em campanha há dois, e até escreveu um livro, em cuja capa os seus olhos surgem tratados com photoshop. Não obstante, não fazemos puto de ideia do que quer para o país. Até aqui, limitou-se a portar-se como um taliban alaranjado. É contra o PEC, é contra isto, é contra aquilo. Está na hora de dizer qualquer coisa acerca do que é a favor.
O seu desafio é simples: tem de escolher o momento certo para jogar a cartada decisiva, de deitar abaixo o governo e tentar derrotar Sócrates.
Ah, claro, e tentar inventar alguma coisa em que acredita. Sempre gostava de ver como será possível defender uma política mais de direita do que a que tem feito José Sócrates.

PS - adorei ver, na televisão, uns laranjinhas a gritar "Assim, se vê, a força do PPC". PPC vem de Pedro Passos Coelho, embora eles pareçam apenas sofrer de extrema gaguez.

Eu estive lá

Vítória difícil mas indiscutível, contra um adversário complicado. O Braga, ou FC Porto B, como quiserem, trouxe para a Luz a mesma estratégia da primeira volta: porrada, truques baixos, fita, pressão sobre o árbitro. Futebol é que teve pouco, e desta vez não houve um Jorge Sousa para dar à equipa de Choramingas Paciência os pontinhos que, de facto, nunca mereceu.
E escola deste aprendiz de feiticeiro é conhecida: é a mesma de Pinto da Costa, Pedroto, Bruno Alves, Paulinho Santos, etc. Ou seja, gente pacóvia e complexada, habituada a navegar nas águas turvas do futebol português. Choramingos continua a mandar bocas e a incendiar o ambiente. Não teve a lata de dizer que o Benfica não mereceu ganhar, mas como frouxo que é, lá o foi indiciando. O que é fabuloso no treinador de uma equipa que teve 39% de posse de bola. Tanto teatro, tanta porrada, tanta permissividade por parte do árbitro, só faltou que a equipa se lembrasse que futebol se joga com a bola, não é com as pernas dos adversários, com teatro de revista ou bocas ao árbitro.
Temos pena.
Estive no estádio, e como foi bom ver mais de 63 mil pessoas a vibrar com o desporto mais lindo que existe. E mais de 60 mil a gritar pelo Glorioso, a empurrar a equipa, a partilhar a fé que nos move.
Enquanto os bastidores e as secretarias do futebol português mostram que o polvo ainda está bem vivo - e usa todos os mecanismos para recuperar, fora de campo, o poder que perdeu dentro dele - o Glorioso vai passeando a sua classe, a sua entrega, a sua garra e a sua humildade.
Contra este rolo compressor, nem os esquemas do costume resultam.
Contra tudo e contra todos...

...CARREGA BENFICA.

Human Nature


O que mais me impressiona na natureza humana não é a sua violência intrínseca, mas a cobardia quase sempre associada a essa violência. Porque é que as pessoas são violentas? Porque podem, porque conseguem, porque as vítimas são mais fracas. É claro que esta equação é demasiado simplista, mas ainda assim ajuda a clarificar uma série de coisas. Porque é que os Estados Unidos invadiram o Iraque e Portugal não? Porque, ao contrário de Portugal, os Estados Unidos podem fazê-lo, conseguem fazê-lo e o Iraque é mais fraco. Se Portugal tivesse o mesmo poder económico e militar que os EUA têm faria os mesmíssimos abusos. Porque é que os pais batem nos filhos? Porque podem fazê-lo, conseguem fazê-lo e os seus filhos são mais fracos. Quando uma criança é idiota com um adulto, o adulto dá-lhe frequentemente uma estalada. Se os adultos tivessem o mesmo tamanho e a mesma força física do que as crianças, teriam a mesma predisposição para lhes bater? A violência é desprezível não por ser violenta mas por ser cobarde.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Tuga Pride


Nunca percebi a histeria que os tempos modernos têm com a produtividade, a eficiência e a organização. Pelo contrário, orgulho-me muito de ser português. Graças à sua extraordinária eficiência, o povo alemão conseguiu no tempo do nazismo optimizar a produção da morte, gerando 6 milhões de cadáveres judeus em pouquíssimos anos. Em Portugal bem tentámos fazer a mesma coisa, e os gajos da PIDE não eram menos filhos da puta, mas eram também tugas pelo que em 48 anos apenas conseguiram uma mísera produção de algumas dezenas de mortos. E ainda há quem se atreva a dizer mal do nosso endémico défice de produtividade? Os exemplos são inúmeros. Darei apenas um. Quanto mais um país é produtivo, mais fode o planeta com a poluição que produz. Se todo o mundo não fizesse a ponta como os tugas, não haveria o problema do aquecimento global e assim todas as atenções estariam concentradas no Benfica-Braga de amanhã. Poderiam rebater o meu argumento alegando que mesmo com o problema do aquecimento global todas as atenções dos tugas estão concentradas no jogo de amanhã (os 6 milhões de tugas benfiquistas mais os 4 milhões de tugas anti-benfiquistas, para quem é muito mais importante que o Benfica perca do que os seus pequenos clubes regionais ganhem). Mas essa não é a questão essencial. O que é realmente essencial é que os tugas deixem de provincianamente adular a produtividade dos outros, e que afirmem o orgulho nacional nas duas características que mais têm unido o nosso fantástico povo desde há pelo menos 850 anos: a falta de produtividade e a escarra lusitana.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Daria o meu terceiro testículo em troca de ter ter sido eu a escrever isto


"Ora muito bem, eu sou um gajo com uma data de problemas, e a maior parte deles sou eu quem os cria, quer dizer, com as mulheres, e o jogo, e essa coisa de sentir hostilidade por certos grupos de pessoas e quanto maiores os grupos mais hostilidade sentir. As pessoas dizem que eu sou pessimista e sombrio, que sou intratável.
Nunca me hei-de esquecer duma garina que certa vez se pôs a gritar:
- Tu és tão pessimista, porra! A vida pode ser uma coisa muito bela!
Ai, pois pode, acho que pode, sobretudo se gritarem mais baixo." (Bukowski, South of no North, Dr. Nazi)

Se Maomé não vai até Brooklyn, Brooklyn vai até Maomé

quarta-feira, 24 de março de 2010

There's no other way


Bukowski tem uma visão extremamente optimista sobre as escolhas possíveis da humanidade: ou se escolhe andar sempre de barba bem feita, usar gravata, ter um bom emprego e ser-se um grande filho da puta ou se escolhe ser um vagabundo, ter os dentes estragados, estar sempre bêbado e ser-se um grande filho da puta.

terça-feira, 23 de março de 2010

À grande e à francesa

Well, well, well.

Há coisas tão boas, que nos caem no colo com tamanha felicidade, que parece o Benfica a espetar três no cu dos corruptos.
Mas agora fala-se de política. Da verdadeira, da pura, da rasteirinha.
Falamos da deputada socialista Inês de Medeiros. Essa menina privilegiada tem andado nas bocas do mundo por causa da sua exigência de que o Parlamento, isto é, o Zé, isto é, todos nós, lhe pague uma viagem semanal a Paris, a cidade onde a senhora reside.
Para se defender, disso e de relações perigosas com os meninos da PT, deu uma espectacular entrevista à Sábado, e teve uma prestação tão brilhante como um tal de Nuno Espírito Santo da última vez que visitou o Algarve.

Quanto às suas peculariedades de viagem, insiste e até explica.

Diz a senhora que as pessoas devem pensar que ela quer viagens à borla "para ir passear para o Louvre ou para a Torre Eiffel". É claro que não, minha cara. Isso é para os papalvos como eu que lá vão muito de vez em quando, fazer turismo de camionete. Para vomecê, a Torre Eiffel é como a pila do Cutileiro ou a mona do Sá Carneiro para mim, não interessa nada.
A senhora quer que a gente lhe pague uma viagem EM CLASSE EXECUTIVA TODAS AS SEMANAS, IDA E VOLTA, para, e passo a citar, "Vou fazer compras, vou ver se os meus filhos fizeram os trabalhos de casa, vou arrumar a casa, vou preparar a ementa para a semana".

Para complementar, comentou ainda a hipótese de Sócrates ter mentido aos deputados quando disse que nada sabia do negócio PT/TVI. "Se Sócrates mentiu, nem acho que seja muito grave", disse a senhora.
E mai nada. Isto é que é cultura política. Da boa. Vê-se que vem da França, pá. Ca categoria.

Recomendo vivamente que vejam excertos desta fabulosa entrevista. É um fartote.

Ah, e só mais três detalhes irrelevantes. Esta senhora foi eleita por Lisboa, é vice-presidente da bancada parlamentar socialista e membro da comissão...de Ética.

Paga Zé!

A chata da Constituição

Há uns dias falei aqui de um triunvirato asqueroso de xuxas, mas a trupe não cessa de aumentar. Este merdas aqui ao lado é um tal de Ricardo Rodrigues, deputado socialista que fala com sotaque açoreano, embora pareça simplesmente que tem um piço na boca.
Ontem, o PSD teve a desfaçatez de convocar José Sócrates para ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito sobre o caso TVI. Já aqui disse que considero que esta comissão servirá para muito pouco, mas enfim, já que existe parece-me que faz todo o sentido que o Engenheiro (?) seja ouvido, nem que seja para se defender.
E o que disse o bom do Ricardo Rodrigues? Ora aí vai:
"É primeira vez que na história da democracia um grupo parlamentar ousa chamar um primeiro ministro a uma comissão parlamentar de inquérito". Utilizou a expressão "ousa", que na sua voz de abocanhador de bacamartes soa a "usa". É uma ousadia, portanto.
O facto de a Constituição da República Portuguesa estabelecer o direito/obrigação de o Parlamento fiscalizar a acção do Governo parece-lhe, presumo, um mero detalhe.

Crise existencial

Cada vez tenho menos certezas, e as minhas convicções profundas vão sendo abaladas com cada vez mais intensidade.


Enquanto indivíduo, estou limitado a ter como referências para mostrar ao mundo o facto de não ter Facebook e de considerar, sem ter de perder tempo a pensar nisso, que Maradona foi e sempre será o melhor jogador de todos os tempos. Quanto ao resto, não sei.

O cabrão do Messi não demonstra qualquer respeito pela estrutura de valores de uma pessoa.

O sítio do caralho mais velho

Quem só conhece um bairro social a partir dos media pensa que é um local onde tiroteios, rixas e rusgas se sucedem numa velocidade estonteante. E como normalmente nunca tem de passar por um bairro social para ir a algum sítio (já que estes bairros raramente estão integrados na malha urbana, sendo normalmente chutados para o caralho mais velho), e como evitamos sequer aproximarmo-nos destes espaços que nos metem medo (pensando que se o fizessemos imediatamente uma bala perdida se alojaria no nosso testículo esquerdo), o que é certo é que raramente temos a oportunidade de pôr à prova a pertinência do nosso estereótipo. Se finalmente sairmos das nossas zonas civilizadas e entrarmos nessas zonas selvagens, verificamos com espanto que os bairros sociais são afinal muito parecidos com aldeias. De resto quase tudo é igual: o tempo que corre lento, a centralidade da vivência de rua, a coscuvilhice entre vizinhos, a ausência de privacidade e de anonimato, o pessoal a assar bifanas num grelhador na rua, as senhoras a passearem na rua de avental e de chinelos, os estendais montados na rua, as pequenas hortas, os velhos a jogarem dominó, e sobretudo a enorme pasmaceira daquele espaço onde habitualmente nada acontece, (e onde até as transacções desviantes são feitas com uma enorme discrição, habitualmente invisível para os olhares de fora), em total contraste com o estereótipo habitual. E a diferença fundamental entre uma aldeia e um bairro social não são os dealers que existem nestes últimos mas sim a imensa tolerância que lá existe face aos mesmos: a maior parte do pessoal que vive num bairro social não se envolve em comportamentos desviantes (trabalham honestamente), mas não se importa nada de jogar dominó no café com o seu amigo de infância que é dealer ou com o seu vizinho que vende telemóveis roubados na Avenida do Brasil. Os bairros sociais são iguais à aldeia da minha avó só que com dealers em vez de tractores.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Back in the USSR


O capitalismo português treme perante o socialismo subversivo deste PEC, todo ele um perigoso manifesto anti-capitalista.
Tudo começa com o anúncio das privatizações, demonstração inequívoca de que o Partido Socialista pretende extirpar do seio do Estado todas as empresas públicas irremediavelmente contaminadas pelo nojo do lucro- essência da ganância suja do capitalismo. Não é por acaso que a pátria-mãe do capitalismo obsceno (EUA) insiste em manter na órbita do Estado os seus Correios (USPS), numa antítese absoluta com as práticas progressistas da nossa República Socialista.
O carácter revolucionário deste PEC é também visível no congelamento até 2013 do valor do Rendimento Social de Inserção: o governo Socialista recusa-se a alinhar com a fetichização capitalista do dinheiro e quer proteger os nossos pobres do efeito corruptor inevitavelmente produzido pelo vil metal.
Em terceiro lugar, o PEC mostra também a sua matriz revolucionária ao congelar os salários dos funcionários públicos, de forma a que estes não apodreçam com o calor do Verão que se aproxima, o que conduziria a uma dramática perda de poder de compra das classes trabalhadoras.
Por tudo isto, apelo a que todos os leitores de esquerda deste Blog votem nas próximas eleições no PS, único partido do nosso espectro político a defender um socialismo verdeiramente revolucionário e emancipador.

Benfica 3 - Marines das tripas 0


Sim, o campeonato é a prioridade. Sim, temos alguns jogadores cansados. Sim, jogámos sem quatro titulares.
E porém, apesar disso, uma grande vitória. Sem espinhas, com grande controlo emocional, com enorme confiança e querer.
As finais não são para se jogar, são para se ganhar, disse o grande JJ. E esta, contra o clube corrupto, teve um sabor ainda mais especial.
O Porto jogou dentro do seu esquema habitual. Porrada, fitas, vitimizações. Basicamente, o mesmo esquema que durante anos e anos foi suficiente para ganhar. E ainda por cima, com o ex-Super Dragão Jorge Sousa a apitar. Mas, temos pena. Contra uma equipa destas, contra um Benfica destes, isso já não chega. É preciso jogar, é preciso ser melhor. E isso vocês não são, e não é de agora.
O jogo correu sempre de feição ao Benfica. O Nuno, o melhor suplente crónico do mundo, deu uma grande ajuda, e fez-me lembrar a sua cara de bandido da favela a dizer "Somos Porto, e agora com licença que eu vou dar um peru do tamanho do mundo". E, a partir daí, controlámos totalmente os adversários corruptos.
Estes imitaram o exemplo dos seus selvagens adeptos e, desesperados por os velhos truques não funcionarem, decidiram partir para o jogo sujo. Cada vez que perdiam a bola, atiravam-se para o chão. Cada vez que faziam falta (com o árbitro a só marcar metade) intimidavam o árbitro. Quando já não conseguiam contrariar a superioridade do adversário, começaram a funcionar as agressões, as cotoveladas, as pisadelas.
É que, no grémio corrupto, a violência, a intimidação e os esquemas são mais do que ferramentas: são o seu modo de vida, desde que um mentecapto tacanho chamado Pedroto se lembrou de declarar guerra ao resto do país. Por falar nisto, gostei bastante de, antes do jogo, ter visto o Jesualdo queixar-se do jogo ser no Algarve "o que obriga os nossos adeptos a fazer muitos quilómetros". De uma penada, assumiu, sem querer, que o clube corrupto não passa de uma organização regional, que não tem adeptos relevantes forma do tripanário.
Este ano tentaram de tudo. De tudo menos jogar à bola. Antigamente funcionava, desta vez tá difícil.

Uma vitória clara, de uma equipa que joga um futebol bonito, solto, positivo. Que não perde tempo com esquemas acessórios, e que encara cada lance com uma seriedade louvável. Que troca titulares por miúdos, sem perder identidade ou qualidade. Uma vitória à Benfica.

Mais algumas notas:

David Luiz - mais um grande jogão. Faz-me confusão como conseguem sequer compará-lo, enquanto jogador, ao Bruno Alves. Tem potencial mais que suficiente para ser o melhor central do mundo em poucos anos. Deu continuidade à magnífica época que está a fazer.

Luisão - sério no seu papel de capitão, ajudando a impedir que alguns jogadores mais massacrados respondessem à letra aos corruptos deseperados. Marcação quase sempre perfeita a Falcao, o jogador corrupto mais perigoso.

Ruben Amorim - está feito um grande jogador. Entra e sai da equipa e está sempre em grande nível. Está no primeiro e no terceiro golos, sempre com grande entrega, inteligência, jogo colectivo e simplicidade de processos.

Carlos Martins - pela primeira vez na sua carreira, está a conseguir aliar qualidade a consistência exibicional. A sua importância nesta equipa cresce de jogo para jogo.

Airton - um menino de 20 anos. Confirmou-se a primeira impressão: temos jogador.

Maxi Pereira - um jogador à Benfica.

Kardec - passou o jogo sozinho e a levar porrada de Bruno Alves, perante a complacência de Jorge Sousa. Fez bem o seu trabalho e tem sangue de barata. Qualquer outro jogador teria respondido, e dado a oportunidade ao Dragão Sousa de o meter na rua.

Jorge Sousa - Fez o que pôde, mas não chegou. Conseguiu deixar em campo Meireles e , sobretudo, Bruno Alves, o que para qualquer árbitro normal teria sido impossível. Para alguém que, enquanto jovem, foi membro dos SuperDragões e sócio do Porto, esteve à sua altura. 

Falcao - um grande jogador, sempre demasiado isolado. O melhor dos corruptos.

Ruben Micael - tal como mostrou passados poucos dias, aprendeu depressa a cartilha da fruta e dos chocolatinhos. Queixinhas, adorei a birra que fez quando sofreu a primeira falta do jogo. Não jogou a ponta. No lance do primeiro golo do Benfica, perdeu a bola e atirou-se para a piscina. Esquece-se que, apesar de estar no Porto, isso já não chega. Passou o jogo todo a amuar, a tentar perceber o que se passava, a dar pau e a mandar vir com o árbitro. Magnífico.

Bruno Alves - Absolutamente descontrolado. Sem recorrer a faltas (e Jorge Sousa deixou passar muitas) não consegue ganhar uma bola. Massacrou Kardec, tentou partir a espinha a Aimar (que levou amarelo nesse lance!!!) e conseguiu agredir Cardozo na primeira vez que este disputou a bola. Cotoveladas, joelhadas, pisadelas, Bruno Alves demonstrou todo o seu arsenal de grande jogador, já para não falar do facto de ter passado o jogo todo a mandar o seu consócio Jorge Sousa para o caralho. Que grande jogador, pá.

Jorge Jesus - o grande mestre da época fantástica que o Glorioso está a fazer. Aquele momento emotivo, ao dedicar a vitória ao seu pai, tocou no coração de todos os benfiquistas. Porque o Benfica é também, e sobretudo, isso.

domingo, 21 de março de 2010

A solução para a azia de corruptos e submissos


CARREGA BENFICA!

Como quem joga com o Olivais e Moscavide

Descubra as diferenças

Os 3 estarolas


Eu tenho um pequeno problema, que se torna num grande problema para quem vive no Portugal dos dias de hoje. É que levo um bocado a mal que me façam de parvo. Que me vão ao bolso, enfim, que peguem no dinheiro dos meus impostos e o usem para pagar 2 milhões de euros a um puto incompetente em vez de dar pensões de jeito aos velhos, pronto. Mas fico lixado quando, em cima de tudo isto, certas personagens insistem em gozar na minha cara e insultar a minha inteligência.
Há três tipos que são grandes especialistas nisto: José Lello, Vitalino Canas e Augusto Santos Silva. Estes são os senhores que acham que todos os portugueses são estúpidos. Vivem num universo paralelo e o seu trabalho consiste, basicamente, em dizer alarvidades que convêm ao seu partido, mas que toda a gente percebe que são mentira. A título de exemplo, aponto qualquer intervenção do presidente da república. Estas três personagens conseguem sempre transformar em elogios os recados e as críticas mais ou menos óbvias de Cavaco a Sócrates. "Não percebo essa interpretação, o senhor presidente da república salientou a necessidade de apoio social e de selectividade no investimento público, que é exactamente o que este governo tem vindo a fazer, pelo que lemos essas declarações como um sinal de convergência sobre o caminho que está a ser percorrido".
E dizem isto sem se rirem.
Ah, e nós pagamos os salários deles.

Agora, vem o miserável do Lello reclamar regras para a movimentação dos fotógrafos no parlamento. Isto porque "não podemos pactuar com o voyeurismo", ou seja, os malandros dos repórteres fotográficos que tiram fotografias ao que os senhores deputados andam a ver nos seus computadores.
O que valeu foi Jaime Gama, outro velho boy do pior, mas que até tem mandado umas boas cabeçadas aos xuxas (deve ter ficado lixado por não o terem proposto como candidato a PR).
Lembrou ao senhor Lello que aqueles computadores não são pessoais, são do parlamento, e como tal para serem utilizados para as funções para as quais nós pagamos aos senhores deputados.

E digo eu: estes senhores não terão nada de mais importante com que ocupar o seu tempo?

A comissão

Enquanto o PSD brinca às casinhas, o parlamento lá vai insistindo com uma comissão de inquérito ao caso PT/TVI/Sócrates.
Conforme se recordam, tenho uma posição muito clara quanto a toda a tramóia. Acho gravíssimo, que Sócrates não tem condições para governar, bla bla bla.
A questão agora não é essa.
Como também já disse, é-me irrelevante tanto barulho acerca do Sócrates ter, eventualmente, mentido aos deputados. É óbvio e indesmentível para toda a gente que Sócrates mentiu aos portugueses, e descaradamente (basta ver o seu programa de governo, e o que veio a fazer, das duas vezes). Mas isso não parece ser importante, comparado com o desrespeito aos senhores deputados.
Mas esta comissão, de facto, já vai ser só barulho.
Todos os intervenientes no caso contaram a mesma versão: sócrates não sabia, não foi informado nem deu instruções. É claro que isto é mentira, mas era também claro que seria o que todos iriam dizer. Perante isto, para que serve uma comissão de inquérito que vai fazer as mesmas perguntas às mesmas pessoas e obter as mesmas respostas?
As escutas, as contradições e a simples utilização do nosso intelecto dizem-nos que a versão oficial é mentira, mas essa nunca vai sair daí.
O julgamento não é, nem nunca foi, jurídico. É uma questão política. Mas, ainda assim, nada que ganhe com a intervenção de qualquer comissão, que aparece sempre mascarada de coisa muito séria para depois fazer politiquice da mais básica.
É um julgamento político, a fazer pelos eleitores. Eu fiz o meu há muito tempo, e não precisei de escutas para saber que tinha razão. Quanto aos outros, que ainda acreditavam no Pai Natal e votaram PS, bem, thank you very much por esta merda toda.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Democracia-Cristã


Saio do trabalho, entornando-me pelas ruas como se fosse um líquido. Reparo num pobrezinho vestido com pústulas e uma gabardine. Tenho pena dele e levo-o para casa. Queria lavá-lo mas ele detesta tomar banho e foge. Enfia-se na despensa e desata a comer-me tudo. Já estou um bocado arrependido de o ter trazido para casa, mas agora afeiçoei-me a ele e não o consigo abandonar. Está-me sempre a pedir dinheiro mas eu nunca lhe dou porque tenho medo que ele gaste tudo em vinho. Em vez disso, dou-lhe umas carcaças com manteiga. O meu pobrezinho fica todo contente e começa logo a babar-se. Mas o que ele prefere mesmo é comer os restos do lixo. Digo-lhe que o lixo não é uma alimentação apropriada para um pobre de casa. Com o meu borrifador de passar a ferro borrifo o meu pobre para ele aprender. Dou-lhe um papo-seco com margarina e um bocado de leite em pó. Ele devora tudo muito depressa e suja-me a alcatifa toda. Dou-lhe outra borrifadela. O meu pobre é muito esperto e já está a aprender.
Mas o meu pobre anda triste. Acho que tem saudades dos contentores de lixo da rua e de dormir em cima de cartões de papel. Fico com pena dele e, apesar de ser contra todos os meus princípios, dou-lhe um bocadinho de lixo. O meu pobrezinho fica todo contente, devorando o lixo de um só trago. Digo-lhe que é uma vez sem exemplo.
À noite, quando estou no sofá a ver televisão, faço festinhas no meu pobre que se começa logo a babar. Eu acho que um pobrezinho não deve ficar sem um nome. Por isso decidi chamá-lo de Gabardine e ele já responde ao nome. Já consegui ensinar o Gabardine a fazer-me pequenos recados como ir buscar as pantufas e trazer-me o comando. Gosto muito do meu Gabardine.
Um dia chego a casa e não encontro o Gabardine. Corro depressa à garrafeira: nem uma única garrafa de vinho. Vou ao Centro de Emprego. Vejo um desempregado muito querido enfiado no seu casaco de cabedal fora de moda. Tenho pena dele e levo-o para casa.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Raça e classe


Confesso que estava pessimista. O Marselha mostrou, na Luz, ser uma grande equipa, e colocou ao Glorioso dificuldades que não tinha encontrado este ano. É uma equipa madura, sólida, tacticamente perfeita e com bons jogadores. Por isso, e por achar que o Benfas anda com alguma falta de pernas, estava pessimista.
Mas aquilo a que assistimos hoje foi, simplesmente, uma noite mágica.
Uma equipa que consegue fazer algo muito difícil: juntar classe, fruto dos grandes executantes que tem, e raça, fruto do trabalho de Jorge Jesus e dos jogadores terem percebido, finalmente, o que é o maior clube do mundo. Um clube do povo, dos descamisados, dos que muitas vezes nada têm que não venha do seu suor.
Ganhámos porque, ao contrário da primeira mão, fomos muito, mas muito melhores. Levámos com um árbitro que faz o Jorge Sousa parecer isento. Sofremos o golo de forma completamente injusta. Nesse momento pensei: "se cairmos, vamos de cabeça erguida". Mas não caímos. Fomos à luta e, com total crença e fervor, demos a volta.
E ganhámos porque o Marselha jogou com a arrogância de uma equipa francesa, que olha os portugueses de cima, os que lhes limpam as casas de banho e cujo nome desconhecem. Foderam-se, na sua temível casa, e isso deu-me um grande gozo.
A prioridade do Glorioso tem de ser o campeonato, ponto final. Mas, como é óbvio, quem veste aquela camisola tem obrigação de entrar sempre para lutar pela vitória. Sem fruta, sem café com leite (como certos clubes), sem submissão seja a quem for (como certos outros clubes). Apenas com a responsabilidade de quem tem de ter a consciência de que milhões estão suspensos do que os nossos jogadores fizerem dentro de campo. Podemos, obviamente, não ganhar nada esta época. Mas aquilo que os jogadores e os responsáveis do Benfica já conseguiram, merece toda a nossa admiração: praticar um futebol que há muitos anos não se via em Portugal, devolver fé aos adeptos e, sobretudo, restabelecer o respeito que o Benfica sempre mereceu, mas que vinha perdendo.

Para a convidada Fairy Star e para todos os que têm a infelicidade de não serem do Benfica: andamos há anos a ser roubados e humilhados.
Quando o monstro acorda...é fodido.
Aquilo que estão a sofrer este ano estamos nós há mais de uma década. Portanto, lamento (not really), mas vão ter que levar connosco.

CARREGA BENFICA!!!

Um amigo meu extra-terrestre...


... perguntou-me no outro dia porque é que os humanos festejam anualmente o facto de ficarem um ano mais próximo da morte. Já um bocado irritado com a sua petulância cultural, perguntei-lhe se o piço de um extra-terrestre também era verde, mole, viscoso e nojento. Foi então que o meu amigo pegou na sua pistola de neutrões e me desintegrou instantaneamente.

o homem do estupefacto encarnado


Carrega Marselha Carrega Benfica Carrega Benfica

Chiça que o tipo já tinha mau feitio quando era pequeno

quarta-feira, 17 de março de 2010

Zona N


Paulo Portas estava claramente perdido. Do pára-brisas do seu Jaguar só via caixas de fósforos gigantes onde moravam seres que ao longe lhe pareciam quase humanos. Zona N de Chelas, viu numa placa. Detestava gente pobre, sempre detestara. Odiava aquele repugnante hábito de tentarem disfarçar as suas bocas desdentadas com berrantes fatos de treino da Nike. Desprezava aquela repulsiva tendência de tentarem esconder as suas cabeças subescolarizadas com grotescos bonés da Adidas. Repugnava-lhe aquela indolência endémica e parasitária, apetecendo-lhe partir-lhes a coluna vertebral com as suas unhas como se faz com as pulgas. Na rua brincavam putos pequenos, para aí com 4 anos. Jogavam à bola. Paulo achou estranho as espantosas semelhanças que aqueles putos tinham com as crianças normais (um até lhe pareceu o seu sobrinho, de quem tanto gostava). Se se esquecesse por instantes das argolas que alguns tinham nas orelhas, dos rostos sujos, dos bonés de marca virados para trás, via naquelas caras bolachudas o mesmo aspecto engraçado e felpudo de urso de peluche que todas as crianças do mundo devem ter. Mas Paulo era uma pessoa racional. Sabia perfeitamente que aquelas crias aparentemente inocentes iriam crescer, tornando-se em machos adultos rudes, duros, boçais, ignorantes, violentos. Foi com dificuldade que conseguiu conter um vómito de bílis que insistia em lhe subir pelo esófago acima. Paulo não hesitou. As razões do Estado devem estar sempre em primeiro lugar. Carregou a fundo no pedal do acelerador e ouviu o estalar de pequenos ossinhos a quebrarem com o passar dos pneus grossos do Jaguar. Não teve remorsos. Tinha acabado de fazer mais pela prevenção da delinquência do que três décadas de inúteis programas de intervenção social.

Teste de basófia


Caro leitor do sexo masculino,

Responda sinceramente o que é que preferiria:

a) andar com a Angelina Jolie só durante a noite, podendo desfrutá-la plenamente, mas sem que nenhum dos seus amigos lá no bairro pudesse ter o mínimo conhecimento sobre o assunto;

b) andar com a Angelina Jolie só durante o dia, fazendo furor lá no bairro junto do pessoal, mas nunca tendo oportunidade para passar a vias de facto.

Não me importava nada...


...de passar oito horas por dia a comer torradas frias e a subir escadas rolantes avariadas e a descer escadas rolantes avariadas e a comer outra vez torradas frias se no final do mês me dessem dinheiro por isso.

terça-feira, 16 de março de 2010

So Rock and Roll

Paradise Found


O que é espontâneo na natureza humana é a religiosidade e a crença na vida além da morte. O ateísmo é uma construção social muito recente que se opõe às nossas inclinações naturais. Descobri isso quando o meu puto perguntou-me para onde é que as pessoas vão depois de morrer. Respondi-lhe honestamente, dizendo-lhe que depois da morte as pessoas vão para dentro de caixões e são enterradas em cemitérios. O meu puto respondeu, "e dentro do caixão, há um computador onde posso continuar a jogar contigo, não há, pai?". O meu puto, que nunca tinha sido exposto em lugar nenhum aos malefícios da educação religiosa, acabara de expressar espontaneamente a sua noção inata de paraíso. Respondi-lhe que ele tinha de se vestir depressa. As aulas estavam quase a começar.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Here comes our man

Para quem, como eu, se tornou num fanático dos Pixies praticamente desde que os ouvi, a carreira de Frank Black (ou Black Francis) a solo estava destinada a ser uma desilusão. A verdade é que, hoje em dia, tenho mais cds dele do que dos Pixies (e tenho todos) e Frank Black é, provavelmente, o músico vivo que mais ouço e admiro hoje em dia. Qualquer disco dele, qualquer um dos 15 discos a solo, é bom. Normalmente é óptimo. Vários são sublimes.
E agora, no início de Abril, chega mais um, "Nonstoperotik".
Portanto, mais uma dose de rock do bom, slide guitar com toques de country, um sentido pop como há poucos e aquela voz de eterno adolescente.
Há uns bons anos fui com o Amarelo à Aula Magna ver o Frank Black. Para mim e para 99% dos presentes, o que interessava é que era o gajo dos Pixies, e a casa veio abaixo quando tocou duas ou três músicas da sua antiga banda (lembro-me particularmente da explosão de entusiasmo da sala aos primeiros acordes de Mr. Grieves). Tinha três guitarras em palco, nenhum baixo, e quando acabou estive três dias a ouvir mal. Na altura, praticamente não conhecia as músicas, e é por isso que hoje em dia adoraria ver de novo um concerto seu.
Vi os Pixies no Superbock, mas cheguei no fim, portanto quase não contou.

Anyway, "Nonstoperotik" está a chegar às lojas. Não ouvi nem preciso. É comprá-lo assim que aterrar.

Entrevista do grande senhor aqui.

Orangina

No último fim de semana, todo o PSD se juntou ao já tradicional passeio dos tristes, e decidiu ir até Mafra.
Ao contrário do resto das pessoas, que passa quatro horas no trânsito por um objectivo - comprar queijadas de sintra - o PSD fez o mesmo penoso percurso, sem qualquer objectivo.
Fui espreitando na televisão, e aquilo, na minha opinião, devia ter bolinha. Tudo devido ao Ricardo Costa, o comentador de serviço da SIC e viciado em congressos. A sério, nunca tinha visto um monhé ter orgasmos consecutivos ao longo de um dia inteiro. E eu já vi muito, muito porno.

Quanto ao congresso em si, teve uma utilidade. Serviu para enterrar o ciclo Ferreira Leite. Acredito que a velhota foi das políticas mais injustiçadas da última década. O problema dela foi exactamente esse, não ser política. E avisar as pessoas do que aí vinha (já cá estava, de facto), apontar o dedo ao Socras e sugerir medidas difíceis para resolver a situação. Como é óbvio, pagou cara a desfaçatez de tratar os eleitores como adultos.

Quanto aos candidatos, são fraquíssimos. Atenção, em termos políticos há lá dois que são meninos para correr com o Socras - Passos Coelho e Rangel - mas são fraquíssimos em termos de respostas que tenham para dar aos problemas do país. Já o Aguiar Branco não ganharia sequer o concurso para modelo do ano para o Vidal Sassoon sénior (obviamente que o título ia para o Bettencourt).

Por último, aquilo que sobrou para a comunicação social. Naturalmente, agarraram na lei da rolha. Para quem não sabe, é uma regra que diz que a malta do partido não pode discordar nem criticar a direcção até 60 dias antes de eleições. Claro que o PS - que anda há anos a ignorar a realidade e a fugir às questões - decidiu botar faladura sobre o assunto. É claro que o PS critica, porque no PS não é preciso nada disso. É um partido unipessoal, é Sócrates e nada mais, e isso vai ser a sua perdição.
Também achei engraçado o Ruben de Carvalho fazer piadolas acerca do assunto, já que a pluralidade de opiniões é algo tradicionalmente muito acarinhado no PC.

De qualquer forma, uma coisa ficou clara para mim. Daqueles três, dois podem vir a ser primeiro-ministro. E esses dois, mais o Socras, é a escolha que será, mais tarde ou mais cedo, colocada aos portugueses.

Tudo na mesma, portanto.

Masoquismo existencialista


Os ordenados exercem sobre nós um estranhíssimo efeito: o de desejarmos que o tempo de vida que ainda nos resta passe rapidamente.

Make it stupid


Quando olho para um anúncio do Media Markt, tenho a certeza que foram precisos meses e meses de trabalho intensivo dos mais brilhantes criativos do mundo do marketing e publicidade, corrigindo obsessivamente as mais ínfimas imperfeições, até se chegar por fim àquele produto absolutamente perfeito em que a estupidez já não pode ser mais optimizada.

Resultados clinicamente testados: basta aplicar 60 gotas por minuto


domingo, 14 de março de 2010

Help the aged


Não tenho nenhum preconceito à partida contra os preconceitos. É verdade que há preconceitos idiotas como julgar as pessoas pela quantidade de melanina que têm na pele (o que é mais ou menos tão racional como avaliar o valor das pessoas em função do ph do seu mijo). Mas é também verdade que há preconceitos extremamente úteis: o preconceito que tenho contra pessoas que calçam sapatos com berloques (que me leva a estugar o passo logo que avisto um ao longe) já me salvou várias vezes de ser acossado violentamente por fanáticos religiosos do Movimento Pró-Vida. Para o bem ou mal, os preconceitos são parte integrante da condição humana, como a mortalidade e a cera dos ouvidos. Julgo que tudo começou no tempo das cavernas, com o preconceito contra os tigres dentes-de-sabre. É claro que isso pode ser muito injusto para os tigres dentes-de-sabre que detestam carne humana, mas o que é certo é que não sobrou até os dias de hoje nem um único gene dos homens pré-históricos sofisticados que consideravam incorrecto fazer julgamentos rápidos e estereotipados sobre estes bichos: morriam sempre antes de terem tempo de violarem a primeira mulher.
Se a propensão para o preconceito é transversal à espécie humana, a forma que assumem é, pelo contrário, muito diversa. Por exemplo, há preconceitos inatos como a aversão ao esforço (que mais tarde se transforma em aversão ao trabalho) e há preconceitos aprendidos como o racismo (que mais tarde se transforma em nazismo e genocídio). Há uns anos atrás, o meu puto demonstrou-me porque é que o racismo não é inato. Mostrei-lhe um livro sobre diferenças. Numa das páginas, havia um menino branco e um menino preto. Perguntei-lhe qual era a diferença entre os dois: respondeu-me que o primeiro tinha uma camisola verde e que o segundo tinha uma camisola azul.
O racismo pode ser um preconceito estúpido e aprendido, mas como ninguém comete a parvoíce de querer mudar de raça (a não ser os pedófilos esquisitos que cantam "it doesn't matter if you're black or white) ao menos o racismo não se vira contra o racista. O mesmo não se passa com o velhismo: preconceito que consiste em julgar as pessoas pela quantidade de dentaduras postiças e de embalagens de viagra que têm em casa. O velhismo é um autêntico preconceito boomerang: a não ser que um gajo cometa a idiotice de se enforcar aos vinte e quatro anos só para vender mais alguns álbuns, tudo indica que um gajo vá, efectivamente, morrer velho. Ser velhista é por isso tão inteligente como cuspir contra o vento, com a diferença que a saliva só nos bate na cara quarenta anos depois. Eu, pelo contrário, nunca discrimino as pessoas em função da idade: nos transportes públicos, nunca cedo o meu lugar a alguém só porque tem noventa e quatro anos, três AVCs e sete hérnias discais. Oferecer descanso a um velho é uma ironia demasiado cruel até para os meus padrões.

sábado, 13 de março de 2010

0 comentários


Ele estava por cima dela, fazendo movimentos ritmados para cima e para baixo como se enchesse um pneu de uma bicicleta. Ela estava por debaixo dele, como se fosse um pipo de um pneu de uma bicicleta a ser enchido. Às tantas ele parou a meio e disse-lhe, desculpa a interrupção mas tive agora uma ideia muito boa para um post e se não apontar esqueço-me. Ela disse, deves estar a brincar, meu filho da puta. Ele disse, desculpa, já escrevi, já podemos continuar. Ela disse, está tudo acabado entre nós, mete o teu blog de merda no cu, meu paneleiro do caralho. Ele levantou-se, foi para o computador e escreveu um post quase tão mau como este. Passados alguns dias, continuava a ler-se, 0 comentários.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Os avatares

E pronto, lá foi aprovado o orçamento e o PEC. A esquerda, naturalmente, votou contra. A direita, estranhamente absteve-se. Cortes no investimento público e nos apoios sociais, e viva as privatizações: hão de explicar-me como raio o PSD faria algo de diferente se estivesse no poder.
Mas enfim, apesar de Sócrates estar a fazer tudo o que a direita sempre defendeu, abstiveram-se.
Faz sentido.

Depois, é proposto à votação o apelo à garantia dos direitos e à libertação dos presos políticos em Cuba, na sequência da morte do dissidente Orlando Zapata Tamayo.
Toda a gente votou a favor, excepto o PCP (que ainda assim, a contorcer-se todo, votou favoravelmente o lamento pela morte de Tamayo). Quanto ao resto, votou contra. E fê-lo com argumentos, bem, vou transcrever parte do take da Lusa sobre o assunto:

" O líder da bancada comunista, Bernardino Soares, quis demarcar-se "da operação em curso, coordenado e dinamizado pelos Estados Unidos, na sua sanha persecutória de sempre contra Cuba e o seu povo".O deputado do PCP considerou que "alguns destes votos" - sem especificar quais - pretendem "inserir-se em mais uma operação de pressão e ingerência num país soberano, que há décadas está sujeito a um criminoso bloqueio e a todo o tipo de ataques, sabotagens, ações terroristas e atos violentos", criticando as restantes bancadas por "não dizerem uma palavra sobre as atrocidades de Guantanamo".

Estou-me cagando para as motivações ou para estes ou outros argumentos. Quando se defende a liberdade, a todos os níveis, não pode haver excepções mais ou menos embaraçosas e embaraçadas.
E isto veio do PCP, o partido no qual voto há alguns anos. E voto conscientemente, mesmo que não concorde com tudo. Mas, também pelo PC, cada vez tenho menos escolha. Aliás, cada vez me sinto mais alienado de todos aqueles que, num menu que é uma farsa, nos propõem.

Os nossos partidos, infelizmente todos eles, são os verdadeiros extraterrestres. Vivem noutro planeta, alimentam-se de nós e, pouco a pouco, vão acabar por nos exterminar.

O meu voto em Fernando Nobre ganha cada vez mais convicção, e  não o conheço de lado nenhum.
Mas é cada vez mais preciso passar a mensagem. De que isto, assim, não pode continuar.

O Povo gosta, o Povo merece

Roubei o título desta posta a uma mensagem escrita por um dos camaradas deste tasco, na noite das eleições que consagrou a reeleição de Sócrates.

Socrates ganhou apelando a algumas coisas, e colocando-as mesmo no seu programa de Governo:

- investimento público em barda, nomeadamente um TGV entre todas as residências e o café da esquina mais próximo

- reforço do papel do Estado

- não ao aumento de impostos

- reforço dos apoios sociais, como forma de lidar com a crise

Acredito que já ninguém se lembre (afinal foi há longínquos seis meses), mas Ferreira Leite defendeu algumas coisas diferentes: cortes nas obras públicas - nomeadamente o TGV - , redução do peso do Estado, regresso à disciplina orçamental, inúmeros alertas acerca do défice e da insustentabilidade do endividamento externo.

Sócrates, ao contrário de todos os economistas que não do PS, jurava a pés juntos que tudo estava bacano, que o défice estava controlado, ia ficar nos dois e tal por cento (ficou nos 9). Tudo jóia.

E agora, depois de gozar descaradamente com a velha, está a fazer tudo, mas tudo, o que ela defendeu.

Discute-se no parlamento se Sócrates mentiu aos deputados. Isso é relativamente indiferente. É indesmentível que mentiu aos portugueses.

E, com tudo isto, e com o que se sabe da Face Oculta (estou a falar para pessoas normais, não o Amarelo, que não se permite saber nada), saem as sondagens e, voilá, se fosse hoje Sócrates ganharia de novo.

Portanto: O Povo gosta, o Povo merece.

Drugs & Drugs & Rock and Roll

Teste de ocidentalização da sua mente


Vamos supor que com uma foice um gajo demora oito horas a ceifar o trigo suficiente para garantir o pão que precisa para a sua subsistência. Vamos supor que com uma nova invenção (uma debulhadora) se consegue uma produtividade quatro vezes superior.

O que é que fariam?

a) trabalhariam o mesmo número de horas, produzindo quatro vezes mais trigo, para acumular pão, vendê-lo e ganhar dinheiro para comprar mais trigo para acumular mais pão para vendê-lo outra vez;

b) produziriam exactamente o mesmo trigo em apenas duas horas, ficando o resto do dia de papo para o ar a fumar brocas e a beber aguardente produzida pelo Bastard.

Se calhar o campo não é tão mau assim


Conheci uma vez um gajo que já estava de tal forma fodido de nunca conseguir arranjar a puta de um lugar sentado nos transportes públicos, que um dia chegou a casa e vazou os seus dois olhos com um compasso.

Para um gajo...


... humanista como eu, para quem todos os seres humanos são essencialmente iguais em dignidade, sempre me chocou a atitude sobranceira e petulante com que os condutores de ambulâncias insistem em tratar os outros condutores.

Foda-se, é finalmente sexta-feira!!!

O povo falou

Encerrada que está a nossa votação, há ali coisas que me surpreendem.
Sempre achei que a equipa do Benfas ganhasse, foi uma borla que ali meti para os gajos dos outros clubes descarregarem a dor de cotovelo. Mas aparentemente só lampiões é que cá vêm.
Depois, a corrida foi renhida entre Hulk e fantasias com lésbicas, para ganhar o ceptro de coisa mais sobrevalorizada. Eu votei nas lésbicas.
E isto que sirva de lição para as gajas.
Sim, nós somos tarados.
Sim, nós pensamos em gajas e sexo a toda a hora.
Não, não é preciso nada de elaborado.

quinta-feira, 11 de março de 2010

O meu vizinho do terceiro esquerdo...


... é um gajo tão irónico, tão irónico, que ainda hoje está na escola primária por ser incapaz de passar no exame da terceira classe.

A condição humana


A angústia que sinto quando tomo consciência de que me poderia suicidar de infinitas maneiras possíveis mas que apenas poderia concretizar uma só dessas possibilidades infinitas faz-me perder logo a vontade de me matar.

Positivity


A esperança média de vida em Portugal é de 78 anos. Cerca de vinte e seis anos são gastos a dormir. Outros vinte e seis anos são desperdiçados a trabalhar. Cerca de dezoito anos, são deitados fora a fazer coisas interessantíssimas como despejar o lixo, pagar as facturas da luz, ir comprar areia para o gato ou procurar o comando da televisão. Na melhor das hipóteses, sobra-nos oito anos de uma vida propriamente dita. Porquê então tanta histeria nas sociedades ocidentais modernas em relação ao valor da vida humana?