É aproveitar enquanto dura!
Mais um fim de semana em que o Glorioso se mantém na liderança do campeonato.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Custa ganhar a vida
Quero falar-vos de uma senhora, de seu nome Solange F. (aqui devia vir um ponto final, mas devido ao nome estúpido da senhora a coisa fica estranha).
É aquela senhora que era apresentadora do programa execrável Curto Circuito e que, perante a total indiferença do "grande público", decidiu anunciar no Expresso que era lésbica. Quero ainda recordar que a capa da revista do Expresso tinha a frase "Sou lésbica. E então?", mas foi ela quem veio gritar isso na capa de uma revista. "E então" pergunto eu.
Agora, que a coisa começava a esfriar, a dita senhora decidiu despir-se para a FHM. E em boa hora o fez, como se pode ver pela imagem anexa. Em entrevista ao Correio da Manhã, a senhora justifica a sessão fotográfica como uma "luta contra o preconceito". Sim, de facto, é uma enorme luta contra o preconceito uma tipa despir-se para a FHM, com uma cabeleira loira na cabeça. Não só contra o preconceito, também contra os clichés, digo eu.
E que refrescante é alguém se assumir, "corajosamente", homossexual, num meio em que isso é tão raro - a televisão - e, ainda assim, promover algo tão machista (no bom sentido) como posar nua para uma revista.
Solange F. é lésbica. Bom para ela. Na minha rua há uma também, igualmente sem qualquer talento especial, mas não aparece nas revistas nem é bandeira de coisa nenhuma. Talvez seja por ter um cu do tamanho de uma casa.
Enfim, não se perdeu tudo:
PS - ao pesquisar na net o nome da senhora, dei com alguns endereços que, apesar de parecer, não são a gozar, nomeadamente um blog chamado mirandelagay.
Fabuloso.
Quero falar-vos de uma senhora, de seu nome Solange F. (aqui devia vir um ponto final, mas devido ao nome estúpido da senhora a coisa fica estranha).
É aquela senhora que era apresentadora do programa execrável Curto Circuito e que, perante a total indiferença do "grande público", decidiu anunciar no Expresso que era lésbica. Quero ainda recordar que a capa da revista do Expresso tinha a frase "Sou lésbica. E então?", mas foi ela quem veio gritar isso na capa de uma revista. "E então" pergunto eu.
Agora, que a coisa começava a esfriar, a dita senhora decidiu despir-se para a FHM. E em boa hora o fez, como se pode ver pela imagem anexa. Em entrevista ao Correio da Manhã, a senhora justifica a sessão fotográfica como uma "luta contra o preconceito". Sim, de facto, é uma enorme luta contra o preconceito uma tipa despir-se para a FHM, com uma cabeleira loira na cabeça. Não só contra o preconceito, também contra os clichés, digo eu.
E que refrescante é alguém se assumir, "corajosamente", homossexual, num meio em que isso é tão raro - a televisão - e, ainda assim, promover algo tão machista (no bom sentido) como posar nua para uma revista.
Solange F. é lésbica. Bom para ela. Na minha rua há uma também, igualmente sem qualquer talento especial, mas não aparece nas revistas nem é bandeira de coisa nenhuma. Talvez seja por ter um cu do tamanho de uma casa.
Enfim, não se perdeu tudo:
PS - ao pesquisar na net o nome da senhora, dei com alguns endereços que, apesar de parecer, não são a gozar, nomeadamente um blog chamado mirandelagay.
Fabuloso.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Good Lord, He's Back!
E, no final de 2008, Santana Lopes está de volta. Acaba de ser anunciado oficialmente como candidato à CM de Lisboa, naturalmente pelo PSD.
Acontece que toda a cerimónia, feita para a televisão, teve a sofisticação e o toque de génio só vistos em festas de garagem e galas da TVI. Manuela Ferreira Leite, para quem aparentemente a credibilidade é tudo, terá engolido um sapo do tamanho dos Jerónimos, e não esteve presente. Foi o seu pequeno lacaio, Paulo Rangel, quem fez o anúncio, mascarando o evento com a divulgação do nome de mais meia dúzia de candidatos desconhecidos e irrelevantes. Tudo para tentar tirar peso mediático ao anúncio de Santana Lopes, como se não fosse esse o único objectivo da iniciativa. É lixado, quer-se apresentar um gajo mas depois tem-se vergonha do gajo. É a história da vida de Santana Lopes que, qual José Castelo Branco, se vai passeando por este país fora aparentemente convencido de que alguém o está a levar a sério.
2009 será um ano bem divertido.
E, no final de 2008, Santana Lopes está de volta. Acaba de ser anunciado oficialmente como candidato à CM de Lisboa, naturalmente pelo PSD.
Acontece que toda a cerimónia, feita para a televisão, teve a sofisticação e o toque de génio só vistos em festas de garagem e galas da TVI. Manuela Ferreira Leite, para quem aparentemente a credibilidade é tudo, terá engolido um sapo do tamanho dos Jerónimos, e não esteve presente. Foi o seu pequeno lacaio, Paulo Rangel, quem fez o anúncio, mascarando o evento com a divulgação do nome de mais meia dúzia de candidatos desconhecidos e irrelevantes. Tudo para tentar tirar peso mediático ao anúncio de Santana Lopes, como se não fosse esse o único objectivo da iniciativa. É lixado, quer-se apresentar um gajo mas depois tem-se vergonha do gajo. É a história da vida de Santana Lopes que, qual José Castelo Branco, se vai passeando por este país fora aparentemente convencido de que alguém o está a levar a sério.
2009 será um ano bem divertido.
O Bardo de Águeda
Manuel Alegre, o deputado-poeta, anda por aí todo ufano, tonitroante, qual adriano correia de oliveira cantando as faias e as boas novas da esquerda.
Acontece que ele gosta é de fóruns. Fóruns. Fóruns, debates, iniciativas, coisas, pá, cenas, man.
O que ele não gosta é de, efectivamente, fazer alguma coisa.
Depois de se ter entusiasmado no último fórum da esquerda desgarrada, alucinando que ainda estava em 1978 e que ainda não era mais um deputado aburguesado desta desgraçada nação, disse que o seu movimento devia ser uma alternativa de poder. É claro que os jornalistas, esses magarefes, tiraram a conclusão, e fizeram disso títulos, de que Alegre ponderava criar um novo partido.
Mas, enfim, lá veio o poeta hoje pôr os pontos nos i. Afinal, não. Nada disso.
Foi tudo um erro de interpretação.
«Falei de alternativa de poder, não disse que ia fazer um partido, nunca falei em partido. Disse que depois de termos quebrado o tabu de que a esquerda não dialoga, há outro tabu que é preciso quebrar que é o de que a esquerda não quer ser poder», argumentou Manuel Alegre, disparando, em seguida, contra os jornalistas: «Não me queiram forçar para vender jornais, não ponham na minha boca o que eu não disse.»
Pois. Alegre pode não querer vender jornais, mas na verdade não tem nada para vender a não ser ele próprio, algo que ele faz todos os dias há pelo menos quatro anos.
Vi-o há pouco na televisão. Manda vir com o governo, diz que vai por mau rumo. Quer unir as esquerdas, mas o PS obviamente não se quer unir com ninguém, até porque há muito deixou de ser de esquerda. A única vez que foi a votos, lembre-se, foi apenas porque o lugar de candidato oficial do PS lhe tinha sido prometido, e foi depois dado a Soares. Foi apenas o reflexo de um ressabiado. A verdade é que, no momento certo, não age. Não sai do partido, sabendo perfeitamente que o PS só o quer para fazer o papel de "idiota útil". Fala em unir as esquerdas, mas espera que o PC e o BE lhe venham beijar as botas, sendo ele o líder e, ainda assim, deputado e membro do PS.
Mas a vidinha santa de São Bento, essa ninguém lha consegue tirar.
A esquerda começa a dar, finalmente, sinais de vitalidade e de renovação, ainda que nao de juízo. E onde estava Alegre quando as coisas estavam realmente más?
Na verdade, é só bazófia, o que é óbvio em alguém que consegue dizer a absurda frase de "o meu camarada Sócrates".
Alegre não fode nem sai de cima.
Manuel Alegre, o deputado-poeta, anda por aí todo ufano, tonitroante, qual adriano correia de oliveira cantando as faias e as boas novas da esquerda.
Acontece que ele gosta é de fóruns. Fóruns. Fóruns, debates, iniciativas, coisas, pá, cenas, man.
O que ele não gosta é de, efectivamente, fazer alguma coisa.
Depois de se ter entusiasmado no último fórum da esquerda desgarrada, alucinando que ainda estava em 1978 e que ainda não era mais um deputado aburguesado desta desgraçada nação, disse que o seu movimento devia ser uma alternativa de poder. É claro que os jornalistas, esses magarefes, tiraram a conclusão, e fizeram disso títulos, de que Alegre ponderava criar um novo partido.
Mas, enfim, lá veio o poeta hoje pôr os pontos nos i. Afinal, não. Nada disso.
Foi tudo um erro de interpretação.
«Falei de alternativa de poder, não disse que ia fazer um partido, nunca falei em partido. Disse que depois de termos quebrado o tabu de que a esquerda não dialoga, há outro tabu que é preciso quebrar que é o de que a esquerda não quer ser poder», argumentou Manuel Alegre, disparando, em seguida, contra os jornalistas: «Não me queiram forçar para vender jornais, não ponham na minha boca o que eu não disse.»
Pois. Alegre pode não querer vender jornais, mas na verdade não tem nada para vender a não ser ele próprio, algo que ele faz todos os dias há pelo menos quatro anos.
Vi-o há pouco na televisão. Manda vir com o governo, diz que vai por mau rumo. Quer unir as esquerdas, mas o PS obviamente não se quer unir com ninguém, até porque há muito deixou de ser de esquerda. A única vez que foi a votos, lembre-se, foi apenas porque o lugar de candidato oficial do PS lhe tinha sido prometido, e foi depois dado a Soares. Foi apenas o reflexo de um ressabiado. A verdade é que, no momento certo, não age. Não sai do partido, sabendo perfeitamente que o PS só o quer para fazer o papel de "idiota útil". Fala em unir as esquerdas, mas espera que o PC e o BE lhe venham beijar as botas, sendo ele o líder e, ainda assim, deputado e membro do PS.
Mas a vidinha santa de São Bento, essa ninguém lha consegue tirar.
A esquerda começa a dar, finalmente, sinais de vitalidade e de renovação, ainda que nao de juízo. E onde estava Alegre quando as coisas estavam realmente más?
Na verdade, é só bazófia, o que é óbvio em alguém que consegue dizer a absurda frase de "o meu camarada Sócrates".
Alegre não fode nem sai de cima.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Vergonha nacional
Agora que começaram as alegações finais do processo Casa Pia, há coisas que me estão a fazer confusão.
Em primeiro lugar, o tribunal continua a ignorar olimpicamente vários assuntos "laterais" que, perdidos na voragem da comunicação social acéfala, vão caindo no esquecimento.
Em primeiro lugar, ninguém pede indemnização nem ao Estado nem à Casa Pia. Dois dos alegados abusadores eram funcionários da instituição. Mesmo que não fossem, o Estado tem a obrigação legal e moral de cuidar daqueles que, desprotegidos e fustigados pelas incidências da vida, ficaram à guarda da Casa Pia. O Estado falhou em toda a linha. A própria Catalina Pestana, que aparece agora como protectora dos coitadinhos, já tinha funções de responsabilidade na instituição quando havia abusos, alguns dos quais estão agora em julgamento. E a sua responsabilidade? E a responsabilidade do Estado, que devia proteger quem mais precisava, sobretudo numa instituição em que há muito corriam as informações sobre o que se passava?
Talvez haja uma explicação para o facto de as vítimas não pedirem indemnização ao Estado. Sabem que é o advogado das vítimas? O mesmo advogado da Casa Pia. A própria instituição pede indemnização aos arguidos devido aos efeitos nefastos que estes tiveram sobre o bom nome da instituição! Quanto à sua própria responsanbilidade, ao seu extremo desrespeito pelos seus mais elementares deveres, nem uma palavra.
Pois.
Mas há mais.
Há pessoas - todos sabemos quem são - que não chegaram a ser acusadas com base em tecnicalidades que ninguém percebeu, apesar de terem sido claramente identificadas. Toda a gente sabe o que aconteceu. E ninguém faz nada.
Toda a gente sabe - ouviram-se escutas em julgamento - que Paulo Pedroso foi avisado de que ia ser constituído arguido. Que falou com Ferro Rodrigues, que falou com António Costa, que falou com Jorge Sampaio, que falou com o então procurador Souto Moura para ver como limitar os danos. Que a informação chegou ao PS através de Saldanha Sanches, marido de Maria José Morgado - a campeã anti-corrupção - que soube da notícia no leito conjugal. Este nojento tráfico de influências foi exposto, através de escutas, em julgamento, e ninguém faz nada. A lei manda que se abrisse um processo autónomo, mas nada foi feito. Estranho? Não sejamos ingénuos.
E assim vamos no campeonato do Totobola, apostamos se os arguidos vão ser condenados ou absolvidos, quando nada disso é o que realmente importa.
Este processo mostra até que ponto o país, o Estado e os partidos estão podres, e "no pasa nada".
É a vergonha nacional.
Agora que começaram as alegações finais do processo Casa Pia, há coisas que me estão a fazer confusão.
Em primeiro lugar, o tribunal continua a ignorar olimpicamente vários assuntos "laterais" que, perdidos na voragem da comunicação social acéfala, vão caindo no esquecimento.
Em primeiro lugar, ninguém pede indemnização nem ao Estado nem à Casa Pia. Dois dos alegados abusadores eram funcionários da instituição. Mesmo que não fossem, o Estado tem a obrigação legal e moral de cuidar daqueles que, desprotegidos e fustigados pelas incidências da vida, ficaram à guarda da Casa Pia. O Estado falhou em toda a linha. A própria Catalina Pestana, que aparece agora como protectora dos coitadinhos, já tinha funções de responsabilidade na instituição quando havia abusos, alguns dos quais estão agora em julgamento. E a sua responsabilidade? E a responsabilidade do Estado, que devia proteger quem mais precisava, sobretudo numa instituição em que há muito corriam as informações sobre o que se passava?
Talvez haja uma explicação para o facto de as vítimas não pedirem indemnização ao Estado. Sabem que é o advogado das vítimas? O mesmo advogado da Casa Pia. A própria instituição pede indemnização aos arguidos devido aos efeitos nefastos que estes tiveram sobre o bom nome da instituição! Quanto à sua própria responsanbilidade, ao seu extremo desrespeito pelos seus mais elementares deveres, nem uma palavra.
Pois.
Mas há mais.
Há pessoas - todos sabemos quem são - que não chegaram a ser acusadas com base em tecnicalidades que ninguém percebeu, apesar de terem sido claramente identificadas. Toda a gente sabe o que aconteceu. E ninguém faz nada.
Toda a gente sabe - ouviram-se escutas em julgamento - que Paulo Pedroso foi avisado de que ia ser constituído arguido. Que falou com Ferro Rodrigues, que falou com António Costa, que falou com Jorge Sampaio, que falou com o então procurador Souto Moura para ver como limitar os danos. Que a informação chegou ao PS através de Saldanha Sanches, marido de Maria José Morgado - a campeã anti-corrupção - que soube da notícia no leito conjugal. Este nojento tráfico de influências foi exposto, através de escutas, em julgamento, e ninguém faz nada. A lei manda que se abrisse um processo autónomo, mas nada foi feito. Estranho? Não sejamos ingénuos.
E assim vamos no campeonato do Totobola, apostamos se os arguidos vão ser condenados ou absolvidos, quando nada disso é o que realmente importa.
Este processo mostra até que ponto o país, o Estado e os partidos estão podres, e "no pasa nada".
É a vergonha nacional.
República das bananas
Nesta quinta-feira, deu-se na Madeira - aquele calhau no meio do mar - uma cena espectacular a fazer lembrar os vídeos do parlamento de Taiwan com os deputados à porrada. Desta feita, infelizmente não houve molho a sério, mas só não houve isso. Com Alberto João Jardim presente no parlamento, houve insultos de parte a parte, a um nível só igualado pela última série dos Mini-Malucos do Riso.
Alberto João perdeu a paciência, e fez uma ameaça que, aposto, nos vai deixar a todos sem dormir nas próximas 23 semanas:
"Ou respeitam o povo madeirense ou a república vai sofrer as consequências!", foi a sua frase.
Vais fazer o quê? Cortar o fornecimento de bananas?
Nesta quinta-feira, deu-se na Madeira - aquele calhau no meio do mar - uma cena espectacular a fazer lembrar os vídeos do parlamento de Taiwan com os deputados à porrada. Desta feita, infelizmente não houve molho a sério, mas só não houve isso. Com Alberto João Jardim presente no parlamento, houve insultos de parte a parte, a um nível só igualado pela última série dos Mini-Malucos do Riso.
Alberto João perdeu a paciência, e fez uma ameaça que, aposto, nos vai deixar a todos sem dormir nas próximas 23 semanas:
"Ou respeitam o povo madeirense ou a república vai sofrer as consequências!", foi a sua frase.
Vais fazer o quê? Cortar o fornecimento de bananas?
O regabofe
Muita tinta correu acerca das faltas dos deputados na sexta-feira passada. Basicamente, não estava lá ninguém.
Percebe-se. Era feriado segunda-feira, e com uma baldazita na sexta, aí tínhamos um belo fim de semana de quatro dias. Que português não percebe isto, hã, meus amigos? Vá, sejamos justos. Eu percebo. Eu também gostava. Pois, mas não posso.
A balda de sexta-feira é uma tradição portuguesa tão nobre como as touradas e o passeio dos tristes a Sintra, ao domingo.
E agora, depois da bronca, veio a solução para o problema. Afinal, era bem simples. Guilherme Silva, mais um excelente deputado do PSD, teve a ideia genial, um verdadeiro ovo de Colombo: acabem-se com os plenários à sexta-feira. Pronto, fazem os plenários de segunda a quinta, vá lá, e sexta ficam livres para fazer...aaaa...como é que se chama a desculpa deles?....ah, já sei, "trabalho político-partidário".
Espectáculo.
Isso é como acabar com as operações Stop na estrada porque a malta bebe uns copos e vai conduzir. Pronto, acaba-se com as operações Stop e já ninguém fala mais nisso.
Eu percebo os nossos deputados. A sério.
Só me custa é trabalhar doze horas por dia, muitas vezes seis dias por semana, para lhes pagar o ordenado. Isso é que me custa um bocadinho.
Muita tinta correu acerca das faltas dos deputados na sexta-feira passada. Basicamente, não estava lá ninguém.
Percebe-se. Era feriado segunda-feira, e com uma baldazita na sexta, aí tínhamos um belo fim de semana de quatro dias. Que português não percebe isto, hã, meus amigos? Vá, sejamos justos. Eu percebo. Eu também gostava. Pois, mas não posso.
A balda de sexta-feira é uma tradição portuguesa tão nobre como as touradas e o passeio dos tristes a Sintra, ao domingo.
E agora, depois da bronca, veio a solução para o problema. Afinal, era bem simples. Guilherme Silva, mais um excelente deputado do PSD, teve a ideia genial, um verdadeiro ovo de Colombo: acabem-se com os plenários à sexta-feira. Pronto, fazem os plenários de segunda a quinta, vá lá, e sexta ficam livres para fazer...aaaa...como é que se chama a desculpa deles?....ah, já sei, "trabalho político-partidário".
Espectáculo.
Isso é como acabar com as operações Stop na estrada porque a malta bebe uns copos e vai conduzir. Pronto, acaba-se com as operações Stop e já ninguém fala mais nisso.
Eu percebo os nossos deputados. A sério.
Só me custa é trabalhar doze horas por dia, muitas vezes seis dias por semana, para lhes pagar o ordenado. Isso é que me custa um bocadinho.
sábado, 6 de dezembro de 2008
Há petróleo no Beato?
E, de repente, é só guita. Falo do nosso Estado, é claro. São 4 mil milhões de euros para reforçar o capital dos bancos, são 20 mil milhões de garantia para os mesmos bancos poderem emitir dívida, são 900 milhões para o sector automóvel, é TGV's e tudo o mais.
Partilho do asco de muito boa gente acerca do salvamento dos bancos em dificuldades. Por uma questão ideológica, e pelo preconceito de classe que, felizmente, ainda me acompanha, custa-me muito aceitar naturalmente que o nosso dinheiro seja utilizado para salvar instituições cujos gestores - muitos com ligações perigosas ao poder político - enterraram com práticas fraudulentas ou apenas de má gestão. Custa-me ver isso e saber que, por este país fora, estão a fechar centenas de pequenas e médias empresas sufocadas pela concorrência externa, e a quem o Estado não dá a mão, porque aí deve funcionar o mercado, o sacrossanto mercado do socialismo de pacotilha do modernaço Sócrates.
Custa-me, é verdade, mas entendo-o.
Os bancos são o coração de qualquer economia, e ainda mais da nossa. O mundo vive a crédito. Não são apenas os plasmas gigantes e as playstations e o carro novo de que, de facto, não precisamos. Ao nível das empresas, tudo funciona a crédito: qualquer novo investimento, qualquer reforço relevante de pessoal, qualquer plano de expansão para novos mercados. Até as simples actividades correntes se socorrem, muitas vezes, do crédito, em momentos de maior aperto. Bancos na falência significa quebra de confiança no sistema, significa buracos financeiros para os outros bancos (todos emprestam dinheiro entre si), significa, sobretudo, um congelamento ainda mais intenso da concessão de crédito. E se, ao nível individual, um pouco mais de dificuldade no acesso ao crédito não é mau, já ao nível das empresas poderia ter resultados graves, ao nível do desemprego.
É por tudo isto que, se ideologicamente a ideia me repugna, consigo aceitar que o Estado ajude alguns bancos.
Mas a minha questão não é essa.
Nós levámos com uma crise internacional em cima. O Sócrates está a tentar convencer-nos que a culpa é desse fenómeno, mas a verdade é que Portugal já estava bem enterrado na merda antes do furacão financeiro e do 'subprime'. Há um ano e meio atrás, com altos preços dos combustíveis, perda generalizada do poder de compra e o desemprego a subir, o discurso era, ainda, o da cartilha do défice. Não se podia esbanjar, não se podia gastar, porque o país tinha um problema grave de contas públicas. Acontece que, hoje, as contas públicas estão piores do que estavam há um ano, e de repente há dinheiro para tudo. O facto de termos um ano eleitoral cheio em 2009 não é alheio a isto.
Mas o que eu pergunto é: estamos ou não perante a prova inequívoca de que andámos a ser enganados? De que havia dinheiro, de que havia mecanismos para ajudar o povo em dificuldades, mas que sempre nos foi dito o contrário.
É esta a profunda contradição. Não se pode pedir rigor e seriedade agindo com desonestidade, contando ao povo apenas parte da história, a parte que nos convém.
E, de repente, é só guita. Falo do nosso Estado, é claro. São 4 mil milhões de euros para reforçar o capital dos bancos, são 20 mil milhões de garantia para os mesmos bancos poderem emitir dívida, são 900 milhões para o sector automóvel, é TGV's e tudo o mais.
Partilho do asco de muito boa gente acerca do salvamento dos bancos em dificuldades. Por uma questão ideológica, e pelo preconceito de classe que, felizmente, ainda me acompanha, custa-me muito aceitar naturalmente que o nosso dinheiro seja utilizado para salvar instituições cujos gestores - muitos com ligações perigosas ao poder político - enterraram com práticas fraudulentas ou apenas de má gestão. Custa-me ver isso e saber que, por este país fora, estão a fechar centenas de pequenas e médias empresas sufocadas pela concorrência externa, e a quem o Estado não dá a mão, porque aí deve funcionar o mercado, o sacrossanto mercado do socialismo de pacotilha do modernaço Sócrates.
Custa-me, é verdade, mas entendo-o.
Os bancos são o coração de qualquer economia, e ainda mais da nossa. O mundo vive a crédito. Não são apenas os plasmas gigantes e as playstations e o carro novo de que, de facto, não precisamos. Ao nível das empresas, tudo funciona a crédito: qualquer novo investimento, qualquer reforço relevante de pessoal, qualquer plano de expansão para novos mercados. Até as simples actividades correntes se socorrem, muitas vezes, do crédito, em momentos de maior aperto. Bancos na falência significa quebra de confiança no sistema, significa buracos financeiros para os outros bancos (todos emprestam dinheiro entre si), significa, sobretudo, um congelamento ainda mais intenso da concessão de crédito. E se, ao nível individual, um pouco mais de dificuldade no acesso ao crédito não é mau, já ao nível das empresas poderia ter resultados graves, ao nível do desemprego.
É por tudo isto que, se ideologicamente a ideia me repugna, consigo aceitar que o Estado ajude alguns bancos.
Mas a minha questão não é essa.
Nós levámos com uma crise internacional em cima. O Sócrates está a tentar convencer-nos que a culpa é desse fenómeno, mas a verdade é que Portugal já estava bem enterrado na merda antes do furacão financeiro e do 'subprime'. Há um ano e meio atrás, com altos preços dos combustíveis, perda generalizada do poder de compra e o desemprego a subir, o discurso era, ainda, o da cartilha do défice. Não se podia esbanjar, não se podia gastar, porque o país tinha um problema grave de contas públicas. Acontece que, hoje, as contas públicas estão piores do que estavam há um ano, e de repente há dinheiro para tudo. O facto de termos um ano eleitoral cheio em 2009 não é alheio a isto.
Mas o que eu pergunto é: estamos ou não perante a prova inequívoca de que andámos a ser enganados? De que havia dinheiro, de que havia mecanismos para ajudar o povo em dificuldades, mas que sempre nos foi dito o contrário.
É esta a profunda contradição. Não se pode pedir rigor e seriedade agindo com desonestidade, contando ao povo apenas parte da história, a parte que nos convém.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
É por isto que este país não vai para a frente
Kowalski diz:
não apareceste na festa, foi bacano
Kowalski diz:
tive a meter som com outro gajo, ele era uma ganda nódoa
freud diz:
foda-se estava meio engripado e com uym frio do caralho
freud diz:
mas esteve fixe?
Kowalski diz:
eu tb, mas o viske resolveu
Kowalski diz:
sim
freud diz:
nem sequer fui aos anos do luis, ao chefe nando, vê lá
Kowalski diz:
eh lecas
Kowalski diz:
mas ouve, foi lindo. o outro só metia , a malta a cagar para ele
Kowalski diz:
eu entrava e era o delírio
Kowalski diz:
é sempre bom quando a concorrência é uma
freud diz:
vês
freud diz:
nada como desistir
freud diz:
quando a concorrência exige um esforço em demasia
Kowalski diz:
claro
Kowalski diz:
é da natureza humana
freud diz:
mas há aqueles que se esfalfam até ao fim
Kowalski diz:
otários
freud diz:
eu se fosse atleta de competição, assim que visse que ía peder, desistia
Kowalski diz:
eu no máximo podia ser atleta de média competição
Kowalski diz:
ou baixa competição, mesmo
Kowalski diz:
alta competição é para aqueles freaks que fazem desporto desde os 3 anos
freud diz:
mesmo com gajas, quando vejo a coisa muito difícil, perfiro o descanso
Kowalski diz:
pois
Kowalski diz:
sobretudo no inverno
Kowalski diz:
que custa mais a actividade e é mais difícil avaliar a mercadoria
freud diz:
sim, e depois estar em casa nem é tão mau
Kowalski diz:
ou seja, o esforço pode redundar mais facilmente numa desilusão, escondida no meio das camisolas
freud diz:
andar aí na noite desaustinado à procura de rabos de saia + jaqueta + cachecol + sobretudo + impermeável + + +
freud diz:
nããããã....
Kowalski diz:
too much trouble
freud diz:
imagina, estares a descascar a cena e sai-te o tiro pela culatra, depois de uma noite e,m que pagas copos e mais copos?
Kowalski diz:
não apareceste na festa, foi bacano
Kowalski diz:
tive a meter som com outro gajo, ele era uma ganda nódoa
freud diz:
foda-se estava meio engripado e com uym frio do caralho
freud diz:
mas esteve fixe?
Kowalski diz:
eu tb, mas o viske resolveu
Kowalski diz:
sim
freud diz:
nem sequer fui aos anos do luis, ao chefe nando, vê lá
Kowalski diz:
eh lecas
Kowalski diz:
mas ouve, foi lindo. o outro só metia , a malta a cagar para ele
Kowalski diz:
eu entrava e era o delírio
Kowalski diz:
é sempre bom quando a concorrência é uma
freud diz:
vês
freud diz:
nada como desistir
freud diz:
quando a concorrência exige um esforço em demasia
Kowalski diz:
claro
Kowalski diz:
é da natureza humana
freud diz:
mas há aqueles que se esfalfam até ao fim
Kowalski diz:
otários
freud diz:
eu se fosse atleta de competição, assim que visse que ía peder, desistia
Kowalski diz:
eu no máximo podia ser atleta de média competição
Kowalski diz:
ou baixa competição, mesmo
Kowalski diz:
alta competição é para aqueles freaks que fazem desporto desde os 3 anos
freud diz:
mesmo com gajas, quando vejo a coisa muito difícil, perfiro o descanso
Kowalski diz:
pois
Kowalski diz:
sobretudo no inverno
Kowalski diz:
que custa mais a actividade e é mais difícil avaliar a mercadoria
freud diz:
sim, e depois estar em casa nem é tão mau
Kowalski diz:
ou seja, o esforço pode redundar mais facilmente numa desilusão, escondida no meio das camisolas
freud diz:
andar aí na noite desaustinado à procura de rabos de saia + jaqueta + cachecol + sobretudo + impermeável + + +
freud diz:
nããããã....
Kowalski diz:
too much trouble
freud diz:
imagina, estares a descascar a cena e sai-te o tiro pela culatra, depois de uma noite e,m que pagas copos e mais copos?
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
The real pro
Hoje vi, pela primeira vez, o actual programa novo do Júlio Isidro. Chama-se Quarto Crescente, ou Quarto Minguante, ou qualquer coisa assim a ver com a lua.
Para mim, as palavras Júlio e Isidro trazem-me sempre um sorriso de escárnio aos lábios. A minha geração, que cresceu a ver o senhor na televisão, encara-o como um símbolo do antigamente, uma relíquia kitsch que está no duvidoso panteão ocupado por figuras como Badaró, Luis Pereira de Sousa, Eládio Clímaco, Avô Cantigas, Vasco Granja ou o Engenheiro Sousa Veloso.
Sim, ele é um tótó. Sim, ele é um xoninhas. Sim, ele é bastante ridículo, se quisermos ser cínicos.
Mas também é, e só hoje me apercebi disso, um grandíssimo profissional.
Neste programa, os dois convidados principais eram o Carlos do Carmo, a comemorar 40 anos de carreira, e o Miguel Chen, o do circo, a comemorar 50 anos de carreira. O Júlio Isidro também não é nenhum jovem. Mas a verdade é que, contra todas as expectativas, o programa foi muito interessante. Júlio Isidro é, acima de tudo, um gentleman. Tem um genuíno interesse pelas pessoas com quem fala, coloca-as no centro das atenções e não a si próprio, não se exibe, não se impõe. Mais do que entrevistar, ele conversa. E tudo com uma polidez e um respeito que já não se vê em televisão. Mais, informa-se sobre as coisas, e isso permite-lhe fazer perguntas inteligentes e interessantes. Trata com carinho as pessoas que aceitam o seu convite para conversar à frente de milhares de pessoas. Não tenta enganar ninguém, não aldraba, simplifica sem cair no facilitismo ou na burrice, problema de muitos "apresentadores" que por aí andam.
Neste programa falou-se de fado, de circo, de flamenco e de ópera. Tudo de forma simples, acessível, cativante mesmo para quem acha que essas coisas são só para os eruditos, ou os ricos. Júlio Isidro é, no que toca à televisão, um homem profundamente democrático. Não é preciso dar merda às massas só porque são massas. Se lhes dermos coisas boas, da maneira certa, elas não fogem. Isso, e uma serenidade à prova de bala, fizeram-me escrever este post ridículo.
E ainda a floresta de "Caras Notícias", "Fama Shows", "Praças da Alegria", Teresas Guilhermes e Josés Figueiras que pululam pela caixa quadrada.
Júlio Isidro é serviço público. Deviam fazer-lhe uma estátua à frente da RTP.
Tenho dito. Venha a crítica.
Hoje vi, pela primeira vez, o actual programa novo do Júlio Isidro. Chama-se Quarto Crescente, ou Quarto Minguante, ou qualquer coisa assim a ver com a lua.
Para mim, as palavras Júlio e Isidro trazem-me sempre um sorriso de escárnio aos lábios. A minha geração, que cresceu a ver o senhor na televisão, encara-o como um símbolo do antigamente, uma relíquia kitsch que está no duvidoso panteão ocupado por figuras como Badaró, Luis Pereira de Sousa, Eládio Clímaco, Avô Cantigas, Vasco Granja ou o Engenheiro Sousa Veloso.
Sim, ele é um tótó. Sim, ele é um xoninhas. Sim, ele é bastante ridículo, se quisermos ser cínicos.
Mas também é, e só hoje me apercebi disso, um grandíssimo profissional.
Neste programa, os dois convidados principais eram o Carlos do Carmo, a comemorar 40 anos de carreira, e o Miguel Chen, o do circo, a comemorar 50 anos de carreira. O Júlio Isidro também não é nenhum jovem. Mas a verdade é que, contra todas as expectativas, o programa foi muito interessante. Júlio Isidro é, acima de tudo, um gentleman. Tem um genuíno interesse pelas pessoas com quem fala, coloca-as no centro das atenções e não a si próprio, não se exibe, não se impõe. Mais do que entrevistar, ele conversa. E tudo com uma polidez e um respeito que já não se vê em televisão. Mais, informa-se sobre as coisas, e isso permite-lhe fazer perguntas inteligentes e interessantes. Trata com carinho as pessoas que aceitam o seu convite para conversar à frente de milhares de pessoas. Não tenta enganar ninguém, não aldraba, simplifica sem cair no facilitismo ou na burrice, problema de muitos "apresentadores" que por aí andam.
Neste programa falou-se de fado, de circo, de flamenco e de ópera. Tudo de forma simples, acessível, cativante mesmo para quem acha que essas coisas são só para os eruditos, ou os ricos. Júlio Isidro é, no que toca à televisão, um homem profundamente democrático. Não é preciso dar merda às massas só porque são massas. Se lhes dermos coisas boas, da maneira certa, elas não fogem. Isso, e uma serenidade à prova de bala, fizeram-me escrever este post ridículo.
E ainda a floresta de "Caras Notícias", "Fama Shows", "Praças da Alegria", Teresas Guilhermes e Josés Figueiras que pululam pela caixa quadrada.
Júlio Isidro é serviço público. Deviam fazer-lhe uma estátua à frente da RTP.
Tenho dito. Venha a crítica.
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
A crise, via MSN
freud diz:
é impressão minha ou a crise agudizou-se desde que morreu o badaró?
freud diz:
mercados em queda, falências
Kowalski diz:
é coisa para deprimir qualquer um
Kowalski diz:
era uma pessoa estimada
freud diz:
isto é que vais uma crise
freud diz:
*vai
freud diz:
ontem tive insónias e deu-me para ver o euromilhoes
freud diz:
euronews
freud diz:
é o fim ddo mundo em cuecas
freud diz:
esta merda está a levar um abanão tal..
Kowalski diz:
pois
Kowalski diz:
valha-nos o benfica
freud diz:
e a selecção
Kowalski diz:
sim
Kowalski diz:
isso sim é uma crise
Kowalski diz:
O Queirós, ou queiroz ou lá que merda é, é o vítor constâncio do futebol
Kowalski diz:
ou não faz nada ou só faz merda
freud diz:
e quando nada faz, consegue ser enrabado
freud diz:
foda-se
freud diz:
é impressão minha ou a crise agudizou-se desde que morreu o badaró?
freud diz:
mercados em queda, falências
Kowalski diz:
é coisa para deprimir qualquer um
Kowalski diz:
era uma pessoa estimada
freud diz:
isto é que vais uma crise
freud diz:
*vai
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ontem tive insónias e deu-me para ver o euromilhoes
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euronews
freud diz:
é o fim ddo mundo em cuecas
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pois
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e a selecção
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sim
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isso sim é uma crise
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O Queirós, ou queiroz ou lá que merda é, é o vítor constâncio do futebol
Kowalski diz:
ou não faz nada ou só faz merda
freud diz:
e quando nada faz, consegue ser enrabado
freud diz:
foda-se
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Vá lá, dê-nos um desconto
raviolli_ninja says:
A gaja do escritório para alugar já telefonou?
pituín says:
Nop
raviolli_ninja says:
Puta putéfia, cheira-lhe a fim de semana, já não quer fazer nada.
raviolli_ninja says:
Há-de lhe dar um corrimento vaginal tão forte este fim de semana que vai ter de andar de galochas.
pituín says:
Credo
raviolli_ninja says:
A gaja do escritório para alugar já telefonou?
pituín says:
Nop
raviolli_ninja says:
Puta putéfia, cheira-lhe a fim de semana, já não quer fazer nada.
raviolli_ninja says:
Há-de lhe dar um corrimento vaginal tão forte este fim de semana que vai ter de andar de galochas.
pituín says:
Credo
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Cego, surdo & mudo
O Presidente da República considerou hoje que deve "abster-se" de fazer comentários públicos sobre matérias que são polémicas entre os partidos, nomeadamente investimentos públicos como o TGV."Quando as matérias são polémicas entre as diferentes forças político-partidárias, o Presidente da República deve abster-se de fazer comentários públicos", afirmou.
Deixem-me ver se percebi. O Presidente deve falar quando os assuntos não são polémicos, não são discutidos. Isso deixa o quê? O míldio e o oídio? O estatuto dos Açores?
O Presidente da República considerou hoje que deve "abster-se" de fazer comentários públicos sobre matérias que são polémicas entre os partidos, nomeadamente investimentos públicos como o TGV."Quando as matérias são polémicas entre as diferentes forças político-partidárias, o Presidente da República deve abster-se de fazer comentários públicos", afirmou.
Deixem-me ver se percebi. O Presidente deve falar quando os assuntos não são polémicos, não são discutidos. Isso deixa o quê? O míldio e o oídio? O estatuto dos Açores?
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Modernices
Não sei porquê, houve uma televisão que se lembrou de noticiar que, desde 2007, tornou-se crime, em Portugal, um pai ou uma mãe dar uma palmada numa criança. É crime.
E eu, a princípio, não queria acreditar. Mas depois comecei a pensar, e de facto faz todo o sentido. A Suécia foi o primeiro país a fazê-lo, é completamente lógico que a gente vai atrás.
É lógico na mentalidade tacanha do Portugal modernaço de Sócrates. É só Magalhães e GPS's, flexigurança e coisas do estilo.
Temos um país completamente terceiro mundista. Banqueiros corruptos, autarcas corruptos, cunhas e amiguismos às claras, os pobres que se fodam, como sempre. O nosso país nada tem de moderno. É um exemplo acabado do Terceiro Mundo económico, cultural e social. Mas, se não temos modernidade, temos modernices. Continuamos a varrer o que é importante para debaixo do tapete, enquanto metemos um plasma novo na parede.
Nada do que está fundamentalmente errado neste país se resolve, porque quem poderia resolver se está a servir muito bem do sistema implantado. Entretanto vamos dando uma pintura de fachada para enganar o pagode.
Mas a fachada não salva um país, a fachada não torna a nossa vida melhor ou mais fácil. Mas talvez sirva para enganar uns quantos milhões de otários, a julgar pelas sondagens.
A nossa arma é a nossa própria inteligência e o nosso voto. E, olhando para este último, parece que temos o que merecemos.
Não sei porquê, houve uma televisão que se lembrou de noticiar que, desde 2007, tornou-se crime, em Portugal, um pai ou uma mãe dar uma palmada numa criança. É crime.
E eu, a princípio, não queria acreditar. Mas depois comecei a pensar, e de facto faz todo o sentido. A Suécia foi o primeiro país a fazê-lo, é completamente lógico que a gente vai atrás.
É lógico na mentalidade tacanha do Portugal modernaço de Sócrates. É só Magalhães e GPS's, flexigurança e coisas do estilo.
Temos um país completamente terceiro mundista. Banqueiros corruptos, autarcas corruptos, cunhas e amiguismos às claras, os pobres que se fodam, como sempre. O nosso país nada tem de moderno. É um exemplo acabado do Terceiro Mundo económico, cultural e social. Mas, se não temos modernidade, temos modernices. Continuamos a varrer o que é importante para debaixo do tapete, enquanto metemos um plasma novo na parede.
Nada do que está fundamentalmente errado neste país se resolve, porque quem poderia resolver se está a servir muito bem do sistema implantado. Entretanto vamos dando uma pintura de fachada para enganar o pagode.
Mas a fachada não salva um país, a fachada não torna a nossa vida melhor ou mais fácil. Mas talvez sirva para enganar uns quantos milhões de otários, a julgar pelas sondagens.
A nossa arma é a nossa própria inteligência e o nosso voto. E, olhando para este último, parece que temos o que merecemos.
Chorões vs Iludidos
O jogo da Taça entre Sporting e Porto foi uma bela jogatana. Emoção, luta, algum futebol.
Eu, bom chefe de família, até estava a torcer pela lagartagem, pela simples razão de ter, do outro lado, os azuis. E vi um grande Sporting na primeira parte, e uma segunda parte equilibrada, em que o Porto voltou a meter os trincos todos.
E depois entrou o árbitro em cena e, em conjunto com o descontrolo dos jogadores, lixou o jogo.
No final, passou o Porto, sem merecer, e ficou o Sporting pelo caminho, porque não soube aproveitar o facto de estar muito melhor no jogo.
Mas, ouvindo os portistas e os sportinguistas no final do jogo, parece-me que andam todos a fumar coisas estranhas.
Os sportinguistas queixam-se do árbitro. Têm toda a razão, foi uma exibição miserável de um árbitro miserável, e alguém há de me explicar por que raio este incompetente encartado continua a apitar. Mas foi miserável para os dois lados. Deixou por marcar um penalti para cada lado: mão do Rolando e paragem cerebral do Rui Patrício sobre o Hulk, o resto foram lances marados que podiam ou não ser marcados. Expulsou dois gajos do Porto, e bem, e expulsou um do Sporting, e bem. Podiam ter ido mais para a rua, mas o árbitro a certa altura desligou a mão dos cartões. Os lagartos queixam-se da expulsão do Caneira. É simples: ele tinha um cartão, decidiu armar-se em maroto, primeiro, dando uma patada "inocente" e "casual" na boca do Hulk; e a seguir decidiu armar-se em mau, de cabeça espetada para o outro, que fez o mesmo. Amarelo para os dois, o Caneira já tinha. Azar, não tinha nada que se ir armar ao pingarelho.
Se os sportinguistas desempenham o habitual papel do bébé-chorão, os portistas alinham pela cantiga do Jesualdo, que no final do jogo teve a suprema lata de dizer que "o Porto foi um justo vencedor". Só pode ser piada. O Porto, tal como em 90% dos jogos esta época, não jogou um charuto. Por mim tudo bem: quanto mais tempo os portistas acreditarem que têm uma grande equipa e um grande treinador, melhor.
Em suma: Sporting melhor mas não quis matar o jogo quando pôde, preferiu "controlar", que é uma cena que o Sporting adora fazer mas não sabe como. O Porto teve sorte, mostrou o seu péssimo momento de forma, mas teve alguma atitude a seguir à primeira parte. O árbitro foi uma nódoa mas não prejudicou ninguém em especial. Esperemos que nunca mais apite, ele e o seu amigo Xistra.
Eu sou suspeito, mas fico contente por ter um treinador como Quique Flores que, até aqui, sempre disse o correcto, não buscando alibis nem tapando o sol com a peneira. Seria bom que outros treinadores fizessem o mesmo.
Nota benfiquista: saudação para Aimar, que começa a mostrar os pormenores geniais que fazem dele um verdadeiro craque. Saudação muito especial para David Luiz, um míudo que é um grande jogador e que finalmente regressa à competição.
Devagar faremos o nosso caminho. Pior que os anos anteriores não deve ser.
O jogo da Taça entre Sporting e Porto foi uma bela jogatana. Emoção, luta, algum futebol.
Eu, bom chefe de família, até estava a torcer pela lagartagem, pela simples razão de ter, do outro lado, os azuis. E vi um grande Sporting na primeira parte, e uma segunda parte equilibrada, em que o Porto voltou a meter os trincos todos.
E depois entrou o árbitro em cena e, em conjunto com o descontrolo dos jogadores, lixou o jogo.
No final, passou o Porto, sem merecer, e ficou o Sporting pelo caminho, porque não soube aproveitar o facto de estar muito melhor no jogo.
Mas, ouvindo os portistas e os sportinguistas no final do jogo, parece-me que andam todos a fumar coisas estranhas.
Os sportinguistas queixam-se do árbitro. Têm toda a razão, foi uma exibição miserável de um árbitro miserável, e alguém há de me explicar por que raio este incompetente encartado continua a apitar. Mas foi miserável para os dois lados. Deixou por marcar um penalti para cada lado: mão do Rolando e paragem cerebral do Rui Patrício sobre o Hulk, o resto foram lances marados que podiam ou não ser marcados. Expulsou dois gajos do Porto, e bem, e expulsou um do Sporting, e bem. Podiam ter ido mais para a rua, mas o árbitro a certa altura desligou a mão dos cartões. Os lagartos queixam-se da expulsão do Caneira. É simples: ele tinha um cartão, decidiu armar-se em maroto, primeiro, dando uma patada "inocente" e "casual" na boca do Hulk; e a seguir decidiu armar-se em mau, de cabeça espetada para o outro, que fez o mesmo. Amarelo para os dois, o Caneira já tinha. Azar, não tinha nada que se ir armar ao pingarelho.
Se os sportinguistas desempenham o habitual papel do bébé-chorão, os portistas alinham pela cantiga do Jesualdo, que no final do jogo teve a suprema lata de dizer que "o Porto foi um justo vencedor". Só pode ser piada. O Porto, tal como em 90% dos jogos esta época, não jogou um charuto. Por mim tudo bem: quanto mais tempo os portistas acreditarem que têm uma grande equipa e um grande treinador, melhor.
Em suma: Sporting melhor mas não quis matar o jogo quando pôde, preferiu "controlar", que é uma cena que o Sporting adora fazer mas não sabe como. O Porto teve sorte, mostrou o seu péssimo momento de forma, mas teve alguma atitude a seguir à primeira parte. O árbitro foi uma nódoa mas não prejudicou ninguém em especial. Esperemos que nunca mais apite, ele e o seu amigo Xistra.
Eu sou suspeito, mas fico contente por ter um treinador como Quique Flores que, até aqui, sempre disse o correcto, não buscando alibis nem tapando o sol com a peneira. Seria bom que outros treinadores fizessem o mesmo.
Nota benfiquista: saudação para Aimar, que começa a mostrar os pormenores geniais que fazem dele um verdadeiro craque. Saudação muito especial para David Luiz, um míudo que é um grande jogador e que finalmente regressa à competição.
Devagar faremos o nosso caminho. Pior que os anos anteriores não deve ser.
sábado, 8 de novembro de 2008
Desculpem, mas que merda vem a ser esta?
35 anos depois, terminou o caso de Fátima Felgueiras, a única autarca portuguesa a ter o nome da terra que governa, pelo menos até o saudoso basquetebolista Carlos Lisboa se candidatar à capital.
O resultado? Condenação por três crimes, peculato, peculato de uso e abuso de poder. A pena? Prisão por três anos e três meses, com pena acessória de perda de mandato.
O que vai efectivamente acontecer? Nada. Niente. Rien.
Pois.
É que a pena de prisão é pena suspensa, e a perda de mandato refere-se a um crime que prescreveu há 15 meses.
Qual a reacção da senhora? Saiu sorridente do tribunal, esfuziante, aplaudida por todos aqueles azeiteiros que odeiam os de fora e por isso amam a mulher que andou a enriquecer com o seu dinheiro, e com o nosso. Afirmando-se "satisfeita" com o veredicto, ainda assim disse que vai recorrer. E conseguiu, apesar de tudo, dizer que não foi condenada. Não sei a que julgamento estava ela a prestar atenção, mas enfim.
"Aquilo que existiu foi uma monstruosidade mas a justiça funcionou. Sinto-me satisfeita, foi-me reposta a dignidade a mim e a Felgueiras", afirmou a autarca. Fátima Felgueiras disse ainda que a perda de mandato "não está em causa", sem se alongar sobre as acusações. "Não fui condenada, fui ilibada de uma condenação que durou 10 anos".
A senhor foge para o Brasil, atrasa o processo, volta e concorre às eleições, consegue que o crime que lhe custaria o lugar prescreva, e tem a suprema lata de sair do tribunal com uma vencedora. Não perde o mandato, não vai dentro, não passa nada. E a imprensa dá eco destes factos, do que disse à saída, e não há um único juízo crítico acerca disto, todos escondidos por detrás da capa hipócrita da objectividade. É uma completa vergonha e deve envergonhar este país.
Um dos arguidos, que colaborou com a PJ e denunciou todo o esquema, disse a única coisa que poderia dizer: "Estou arrependido de colaborar com a Justiça. Aconselho toda a gente que, se souber de alguma coisa, não diga nada à Justiça".
Valentins Loureiros, Carmonas, Felgueiras. Toda a gente sabe, toda a gente vê, às vezes até os tribunais o dizem, e tudo continua como dantes.
Quando vamos perceber que a corrupção e a impunidade são os maiores cancros da nossa democracia? Até quando não se vai passar nada?
35 anos depois, terminou o caso de Fátima Felgueiras, a única autarca portuguesa a ter o nome da terra que governa, pelo menos até o saudoso basquetebolista Carlos Lisboa se candidatar à capital.
O resultado? Condenação por três crimes, peculato, peculato de uso e abuso de poder. A pena? Prisão por três anos e três meses, com pena acessória de perda de mandato.
O que vai efectivamente acontecer? Nada. Niente. Rien.
Pois.
É que a pena de prisão é pena suspensa, e a perda de mandato refere-se a um crime que prescreveu há 15 meses.
Qual a reacção da senhora? Saiu sorridente do tribunal, esfuziante, aplaudida por todos aqueles azeiteiros que odeiam os de fora e por isso amam a mulher que andou a enriquecer com o seu dinheiro, e com o nosso. Afirmando-se "satisfeita" com o veredicto, ainda assim disse que vai recorrer. E conseguiu, apesar de tudo, dizer que não foi condenada. Não sei a que julgamento estava ela a prestar atenção, mas enfim.
"Aquilo que existiu foi uma monstruosidade mas a justiça funcionou. Sinto-me satisfeita, foi-me reposta a dignidade a mim e a Felgueiras", afirmou a autarca. Fátima Felgueiras disse ainda que a perda de mandato "não está em causa", sem se alongar sobre as acusações. "Não fui condenada, fui ilibada de uma condenação que durou 10 anos".
A senhor foge para o Brasil, atrasa o processo, volta e concorre às eleições, consegue que o crime que lhe custaria o lugar prescreva, e tem a suprema lata de sair do tribunal com uma vencedora. Não perde o mandato, não vai dentro, não passa nada. E a imprensa dá eco destes factos, do que disse à saída, e não há um único juízo crítico acerca disto, todos escondidos por detrás da capa hipócrita da objectividade. É uma completa vergonha e deve envergonhar este país.
Um dos arguidos, que colaborou com a PJ e denunciou todo o esquema, disse a única coisa que poderia dizer: "Estou arrependido de colaborar com a Justiça. Aconselho toda a gente que, se souber de alguma coisa, não diga nada à Justiça".
Valentins Loureiros, Carmonas, Felgueiras. Toda a gente sabe, toda a gente vê, às vezes até os tribunais o dizem, e tudo continua como dantes.
Quando vamos perceber que a corrupção e a impunidade são os maiores cancros da nossa democracia? Até quando não se vai passar nada?
Abriu a época de caça. Espécie venatória: Barack Obama
Sim, está na hora. Não pensavam que íamos deixar o homem chegar à Casa Branca e efectivamente fazer alguma coisa para o começarmos a criticar, pois não?
Bom, o futuro presidente dos EUA começa a formar a sua equipa, e há coisas que se podem retirar daqui. Estou a falar do seu chefe de gabinete, um senhor chamado Rahm Emanuel.
Este senhor, conhecido como "Cão de ataque" ou "Rambo", é um congressista e foi um dos conselheiros de Bill Clinton enquanto presidente. É visto com um homem do aparelho, um executante férreo do que tem que ser feito. Passou pela banca de investimento de Wall Street, tendo ganho 16 milhões de dólares em três anos. Tem 48 anos, é judeu e, como todos os judeus americanos - os Silver Jews - leva isso demasiado a sério. Exemplo: em 1991 fez uma pausa, um momento Kit Kat, na sua carreira política, para ser voluntário numa base militar norte-americana, em Israel.
Misture-se Wall Street e Israel, e começa a perceber-se que, talvez, Obama traga pouca diferença ao mundo.
Obama é, provavelmente, o animal político mais perfeito que vi surgir durante a minha vida. Tudo nele bate certo: a voz, o tom, o aspecto, o discurso, a radicalidade polida e simples, o background familiar e pessoal perfeito para uma nação multicultural. Ah, e é bastante diferente de Bush.
Sei que se lhe pede o impossível. Que mude tudo. Que faça com que o mundo deixe de odiar a América. Que traga mais igualdade ao país alimentado pelo indivudualismo e materialismo mais primários do mundo. Se fizer metade ou um terço disto, será um sucesso, pelos menos aos meus olhos.
Mas os primeiros sinais são algo inquietantes.
Sim, está na hora. Não pensavam que íamos deixar o homem chegar à Casa Branca e efectivamente fazer alguma coisa para o começarmos a criticar, pois não?
Bom, o futuro presidente dos EUA começa a formar a sua equipa, e há coisas que se podem retirar daqui. Estou a falar do seu chefe de gabinete, um senhor chamado Rahm Emanuel.
Este senhor, conhecido como "Cão de ataque" ou "Rambo", é um congressista e foi um dos conselheiros de Bill Clinton enquanto presidente. É visto com um homem do aparelho, um executante férreo do que tem que ser feito. Passou pela banca de investimento de Wall Street, tendo ganho 16 milhões de dólares em três anos. Tem 48 anos, é judeu e, como todos os judeus americanos - os Silver Jews - leva isso demasiado a sério. Exemplo: em 1991 fez uma pausa, um momento Kit Kat, na sua carreira política, para ser voluntário numa base militar norte-americana, em Israel.
Misture-se Wall Street e Israel, e começa a perceber-se que, talvez, Obama traga pouca diferença ao mundo.
Obama é, provavelmente, o animal político mais perfeito que vi surgir durante a minha vida. Tudo nele bate certo: a voz, o tom, o aspecto, o discurso, a radicalidade polida e simples, o background familiar e pessoal perfeito para uma nação multicultural. Ah, e é bastante diferente de Bush.
Sei que se lhe pede o impossível. Que mude tudo. Que faça com que o mundo deixe de odiar a América. Que traga mais igualdade ao país alimentado pelo indivudualismo e materialismo mais primários do mundo. Se fizer metade ou um terço disto, será um sucesso, pelos menos aos meus olhos.
Mas os primeiros sinais são algo inquietantes.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Um sentido adeus
No fim de semana passado, enquanto o país andava, estupidamente, preocupado com a nacionalização de um banco, morreu o grande Badaró. Comentei isto com um colega, de 23 anos, que reagiu como se eu lhe estivesse a falar do Comodore Amiga.
E, para mim, o Badaró é isto. Para o bem e para o mal, o Badaró é um bocadinho da minha infância. O tipo do Chinezinho Limpópó, o do Abreu dá cá o meu, o do "É política!", enfim, o tipo que eu via quando a televisão só tinha dois canais e num deles estava a dar ciclismo, seguido da Telescola e do "Follow Me".
Era bom porque era o que havia, e isso diz tudo acerca da minha geração. Podíamos ter saído bem pior.
Badaró tentou fazer um comeback há uns anos atrás, quando apareceu no Big Show Sic vestido de Sangoku e a cantar o Dragon Ball. Volto a fazer um apelo a quem quer que tenha imagens desse momento. Partilhem, por favor.
E agora foi-se. Ah, e doou o corpo à ciência (verídico).
Neste momento está a feliz a fazer o que gosta, a mandar piadas secas no céu.
Até sempre, Badaró!
No fim de semana passado, enquanto o país andava, estupidamente, preocupado com a nacionalização de um banco, morreu o grande Badaró. Comentei isto com um colega, de 23 anos, que reagiu como se eu lhe estivesse a falar do Comodore Amiga.
E, para mim, o Badaró é isto. Para o bem e para o mal, o Badaró é um bocadinho da minha infância. O tipo do Chinezinho Limpópó, o do Abreu dá cá o meu, o do "É política!", enfim, o tipo que eu via quando a televisão só tinha dois canais e num deles estava a dar ciclismo, seguido da Telescola e do "Follow Me".
Era bom porque era o que havia, e isso diz tudo acerca da minha geração. Podíamos ter saído bem pior.
Badaró tentou fazer um comeback há uns anos atrás, quando apareceu no Big Show Sic vestido de Sangoku e a cantar o Dragon Ball. Volto a fazer um apelo a quem quer que tenha imagens desse momento. Partilhem, por favor.
E agora foi-se. Ah, e doou o corpo à ciência (verídico).
Neste momento está a feliz a fazer o que gosta, a mandar piadas secas no céu.
Até sempre, Badaró!
Opus Gay
Em recente entrevista ao Diário Económico (?), D. José Policarpo, o cardeal patriarca de Lisboa, fala sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em relação à homossexualidade, diz que "Eu próprio ajudei muitos a equacionar esse problema, e bem".
Algo bastante adequado numa entrevista que termina com a brilhante questão: "Ainda se sente papável"?
Em recente entrevista ao Diário Económico (?), D. José Policarpo, o cardeal patriarca de Lisboa, fala sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em relação à homossexualidade, diz que "Eu próprio ajudei muitos a equacionar esse problema, e bem".
Algo bastante adequado numa entrevista que termina com a brilhante questão: "Ainda se sente papável"?
sábado, 1 de novembro de 2008
O belo sonho lusitano
José Sócrates tem um sonho, 'god bless him': que Portugal volte a ser, como há 500 anos, o farol do mundo. Teve foi o azar de lhe sair na rifa este povo mandrião e 'bon vivant', que parece convencido, estupidamente, que é mais fixe e mais agradável e muito melhor divertir-se e andar na balda do que produzir e trabalhar.
Guterres tinha a paixão pela educação, mas não era um amante fiel, porque fez muita merda. Sócrates é um amante frio, eficaz, glacial. Por que razão havemos de gastar milhões e milhões de euros a melhorar a educação em Portugal, para que os frutos se vejam quando ele já não estiver no poder e não puder colher os louros de tal feito, se dá para fazer a coisa de borla, e automaticamente?
É esperto, este tipo.
E foi assim que, de repente, todos os alunos portugueses passaram a ser fabulosos. Toda a gente tem grandes notas, todas as escolas sobem as suas médias, tudo é lindo. Estamos, finalmente, na vanguarda do mundo moderno. Terá já sido efeito do Magalhães?
Não sabemos. Sabemos apenas que, fazendo testes apenas competitivos para atrasados mentais, temos, de um dia para o outro, alunos em barda que fazem o burro Bill Gates corar de vergonha.
E agora surge outro projecto fabuloso, totalmente coerente com a linha que este governo tem seguido: ninguém pode chumbar no ensino obrigatório.
É espectacular, pá! E com um argumento genial: as crianças e os jovens não devem ficar com "o estigma da reprovação". Fantástico.
Depois de transformar os professores em burocratas e contínuos, impedindo-os de perder tempo com essa coisa chamada de Ensino, o governo quer um exército de avaliadores positivos, optimistas, patetas alegres. É o estilo modernaço de Sócrates, do pensamento positivo, do tocador de lira enquanto Roma arde.
Só há aqui uma coisa. Eu sou do Benfica. Gosto mesmo muito do Benfica. Mas, anos e anos de sofrimento depois, eu estou a ficar com o "estigma da derrota". É chato, pá. O Porto ganha sempre, o Sporting papa umas taças, e a gente nada. Sinto-me estigmatizado. Será que o senhor nosso primeiro ministro pode fazer algo acerca disso?
E depois há os pobres, senhor nosso primeiro ministro. Alguns são pobres há muitos anos, foram pobres toda a vida, alguns vêm de uma família que é pobre há uma data de gerações. Vamos acabar com o "estigma da pobreza" e dar dinheiro a todos eles?
E o "estigma do desemprego"?
E o "estigma de vermos o país ser governado por uma classe política e empresarial nojenta e sem a mínima qualidade"?
Podemos fazer algo acerca disso?
Conto consigo, senhor nosso primeiro ministro.
Yes, we can!
José Sócrates tem um sonho, 'god bless him': que Portugal volte a ser, como há 500 anos, o farol do mundo. Teve foi o azar de lhe sair na rifa este povo mandrião e 'bon vivant', que parece convencido, estupidamente, que é mais fixe e mais agradável e muito melhor divertir-se e andar na balda do que produzir e trabalhar.
Guterres tinha a paixão pela educação, mas não era um amante fiel, porque fez muita merda. Sócrates é um amante frio, eficaz, glacial. Por que razão havemos de gastar milhões e milhões de euros a melhorar a educação em Portugal, para que os frutos se vejam quando ele já não estiver no poder e não puder colher os louros de tal feito, se dá para fazer a coisa de borla, e automaticamente?
É esperto, este tipo.
E foi assim que, de repente, todos os alunos portugueses passaram a ser fabulosos. Toda a gente tem grandes notas, todas as escolas sobem as suas médias, tudo é lindo. Estamos, finalmente, na vanguarda do mundo moderno. Terá já sido efeito do Magalhães?
Não sabemos. Sabemos apenas que, fazendo testes apenas competitivos para atrasados mentais, temos, de um dia para o outro, alunos em barda que fazem o burro Bill Gates corar de vergonha.
E agora surge outro projecto fabuloso, totalmente coerente com a linha que este governo tem seguido: ninguém pode chumbar no ensino obrigatório.
É espectacular, pá! E com um argumento genial: as crianças e os jovens não devem ficar com "o estigma da reprovação". Fantástico.
Depois de transformar os professores em burocratas e contínuos, impedindo-os de perder tempo com essa coisa chamada de Ensino, o governo quer um exército de avaliadores positivos, optimistas, patetas alegres. É o estilo modernaço de Sócrates, do pensamento positivo, do tocador de lira enquanto Roma arde.
Só há aqui uma coisa. Eu sou do Benfica. Gosto mesmo muito do Benfica. Mas, anos e anos de sofrimento depois, eu estou a ficar com o "estigma da derrota". É chato, pá. O Porto ganha sempre, o Sporting papa umas taças, e a gente nada. Sinto-me estigmatizado. Será que o senhor nosso primeiro ministro pode fazer algo acerca disso?
E depois há os pobres, senhor nosso primeiro ministro. Alguns são pobres há muitos anos, foram pobres toda a vida, alguns vêm de uma família que é pobre há uma data de gerações. Vamos acabar com o "estigma da pobreza" e dar dinheiro a todos eles?
E o "estigma do desemprego"?
E o "estigma de vermos o país ser governado por uma classe política e empresarial nojenta e sem a mínima qualidade"?
Podemos fazer algo acerca disso?
Conto consigo, senhor nosso primeiro ministro.
Yes, we can!
O Porto em Lisboa
Confesso que não percebo o poder que o Porto de Lisboa (PL) tem sobre o resto da cidade. Toda a gente sabe que são responsáveis pelo divórcio entre a cidade e o rio. Que fazem edifícios absurdamente desproporcionados, enormes, tapando a cidade, tornando-a mais feia. Que enchem de contentores uma área completamente irrazoável para o que fazem. Que não deviam estar onde estão, mas noutro lado qualquer, no Barreiro, onde quer que seja.
E é do Estado. É por isso que não percebo por que razão o Estado não mete ordem naquilo, e os senhores da administração do PL continuam a tratar a cidade e a Câmara Municipal como a sua coutada privada. É claro que os Júdices desta vida não ajudam, sempre a comer de todos os pratos ao mesmo tempo.
O Sousa Tavares, esse arrogante, tripeiro e romancista amador, chamou-os de bando de malfeitores. E tem razão.
Eles vão fazer o que querem, lixar mais um pouco a cidade, tapando o rio com uma charmosa parede de contentores Evergreen. Mas pronto, isto ao menos serviu para ver o Sousa Tavares ser insultado publicamente por dezenas de trabalhadores braçais. E para ver que, para além do seu 'bravado' habitual, não foi à cara a ninguém. É pena.
Confesso que não percebo o poder que o Porto de Lisboa (PL) tem sobre o resto da cidade. Toda a gente sabe que são responsáveis pelo divórcio entre a cidade e o rio. Que fazem edifícios absurdamente desproporcionados, enormes, tapando a cidade, tornando-a mais feia. Que enchem de contentores uma área completamente irrazoável para o que fazem. Que não deviam estar onde estão, mas noutro lado qualquer, no Barreiro, onde quer que seja.
E é do Estado. É por isso que não percebo por que razão o Estado não mete ordem naquilo, e os senhores da administração do PL continuam a tratar a cidade e a Câmara Municipal como a sua coutada privada. É claro que os Júdices desta vida não ajudam, sempre a comer de todos os pratos ao mesmo tempo.
O Sousa Tavares, esse arrogante, tripeiro e romancista amador, chamou-os de bando de malfeitores. E tem razão.
Eles vão fazer o que querem, lixar mais um pouco a cidade, tapando o rio com uma charmosa parede de contentores Evergreen. Mas pronto, isto ao menos serviu para ver o Sousa Tavares ser insultado publicamente por dezenas de trabalhadores braçais. E para ver que, para além do seu 'bravado' habitual, não foi à cara a ninguém. É pena.
sábado, 25 de outubro de 2008
At the movies
Sexta-feira, sessão da meia noite no Saldanha Residence.
Alguns cafés ainda abertos, e em todos a mesma resposta: não podem tirar cafés porque já desligaram a máquina. É daquelas coisas que me irritam. E que tal ligar a máquina? É uma máquina, faz o que nós mandamos, right?
Adiante.
Não sei há quanto tempo não ia ao cinema, mas cuspir 6 euros para ver um filme, parece-me excessivo. Talvez isto explique o sucesso dos dvds.
Vou cada vez menos ao cinema, mas vou sempre à sessão da meia noite, e normalmente não ao fim de semana. Desta feita, a sala estava mais composta. Um grupo de três raparigas e um rapaz (a atirar para o gaja) passou todas as apresentações em amena cavaqueira. Estou mal habituado a salas vazias, que adoro. Se querem falar, que tal ver um dvd em casa? O tipo à minha frente queixa-se que estou "a dar toques na cadeira", o que me parece ser difícil evitar quando o espaço entre as cadeiras é de 12,5 cm. Curiosamente, o senhor das costas hipersensíveis não se incomodou com a conversa incessante das gajas.
Passou o trailer de "Entre os dedos", um filme português que até me suscitava alguma curiosidade. Como habitualmente nos filmes portugueses, o objectivo do trailer é ser incompreensível, arty e, basicamente, dizer às pessoas "não venham ver este filme, por favor". Objectivo alcançado, génios.
Depois, o filme, "Destruir depois de ler", de Joel e Ethan Cohen. Tem bonecos engraçados, Brad Pitt, Clooney e McDormand vão muito bem, mas é claramente um filme menor. Não por ser uma comédia parva - como dizem aqueles críticos para quem "Este país não para velhos" é o melhor filme da dupla de irmãos - mas porque, em termos de comédia, já fizeram muito melhor. Talvez eu estivesse cansado, mas há alturas em que chega a ser um bocado secante. Um tiro ao lado, mas vê-se.
Em termos de Cohen, este filme está a anos-luz de "Fargo" e de "Barton Fink".
E, sobretudo, a uma galáxia muito distante de "O Grande Lebowski", esse filme absolutamente genial que, para mim, continua a ser a melhor comédia negra dos últimos 20 anos.
Fica aqui a sugestão. Todos deviam ver "o Grande Lebowski" pelo menos uma vez por ano. Esqueçam as novidades. O ouro é este.
Sexta-feira, sessão da meia noite no Saldanha Residence.
Alguns cafés ainda abertos, e em todos a mesma resposta: não podem tirar cafés porque já desligaram a máquina. É daquelas coisas que me irritam. E que tal ligar a máquina? É uma máquina, faz o que nós mandamos, right?
Adiante.
Não sei há quanto tempo não ia ao cinema, mas cuspir 6 euros para ver um filme, parece-me excessivo. Talvez isto explique o sucesso dos dvds.
Vou cada vez menos ao cinema, mas vou sempre à sessão da meia noite, e normalmente não ao fim de semana. Desta feita, a sala estava mais composta. Um grupo de três raparigas e um rapaz (a atirar para o gaja) passou todas as apresentações em amena cavaqueira. Estou mal habituado a salas vazias, que adoro. Se querem falar, que tal ver um dvd em casa? O tipo à minha frente queixa-se que estou "a dar toques na cadeira", o que me parece ser difícil evitar quando o espaço entre as cadeiras é de 12,5 cm. Curiosamente, o senhor das costas hipersensíveis não se incomodou com a conversa incessante das gajas.
Passou o trailer de "Entre os dedos", um filme português que até me suscitava alguma curiosidade. Como habitualmente nos filmes portugueses, o objectivo do trailer é ser incompreensível, arty e, basicamente, dizer às pessoas "não venham ver este filme, por favor". Objectivo alcançado, génios.
Depois, o filme, "Destruir depois de ler", de Joel e Ethan Cohen. Tem bonecos engraçados, Brad Pitt, Clooney e McDormand vão muito bem, mas é claramente um filme menor. Não por ser uma comédia parva - como dizem aqueles críticos para quem "Este país não para velhos" é o melhor filme da dupla de irmãos - mas porque, em termos de comédia, já fizeram muito melhor. Talvez eu estivesse cansado, mas há alturas em que chega a ser um bocado secante. Um tiro ao lado, mas vê-se.
Em termos de Cohen, este filme está a anos-luz de "Fargo" e de "Barton Fink".
E, sobretudo, a uma galáxia muito distante de "O Grande Lebowski", esse filme absolutamente genial que, para mim, continua a ser a melhor comédia negra dos últimos 20 anos.
Fica aqui a sugestão. Todos deviam ver "o Grande Lebowski" pelo menos uma vez por ano. Esqueçam as novidades. O ouro é este.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Embora ali matar uns pretos que eles magoam muito
Sucessor de Joerg Haider confessou que era seu amante.
Sucessor de Joerg Haider confessou que era seu amante.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
The real McCoy
Na quinta-feira, se tiverem um tempinho livre e quiserem estimular a vossa mente estupidificada com alcool e coisas mais fortes, dêem um saltinho ao Londres. É às 20h30, uma sessão do festival Doc Lisboa, e chama-se "Gonzo: The life and works of Dr. Hunter S. Thompson".
Para quem não sabe, Hunter Thompson foi um jornalista americano que estilhaçou por completo o paradigma do que um jornalista deve ser. Inventou o estilo Gonzo, em que o jornalista está no centro da acção, e o leitor vê tudo através dos seus olhos, e não como se estivesse a ver uma coisa neutra e objectiva. Tudo isto num estilo cortante, hilariante e carregado de drogas. Era um génio, e é o meu herói.
Escreveu alguma ficção boa, mas o seu grande talento estava sobretudo no seu trabalho, naquele estilo jornalismo/ficção que tanto gozo dá a ler. Escreveu sobre tudo, desde os Hell Angels ao rock n roll, de Nixon (o seu ódio de estimação) ao Vietname, tudo à procura do American Dream (que, concluiu ele, é podre até ao âmago).
Para quem estiver interessado, recomendo quase tudo dele, mas saliento "Hells Angels", o seu primeiro livro, "Fear and Loathing in Las Vegas" ou qualquer um dos capítulos do seu trabalho compilado (a Fnac do Chiado acabou de receber, finalmente, um carregamento fresquinho).
Este foi o tipo que deixou como desejo, para quando morresse, que disparassem as suas cinzas de um supercanhão de mais de 20 metros de altura. O seu amigo Johnny Depp financiou a construção do canhão, e isso também aparece no documentário. Isso e muito mais.
Façam-me um favor: vão ver o filme, e leiam o homem.
A sério.
Na quinta-feira, se tiverem um tempinho livre e quiserem estimular a vossa mente estupidificada com alcool e coisas mais fortes, dêem um saltinho ao Londres. É às 20h30, uma sessão do festival Doc Lisboa, e chama-se "Gonzo: The life and works of Dr. Hunter S. Thompson".
Para quem não sabe, Hunter Thompson foi um jornalista americano que estilhaçou por completo o paradigma do que um jornalista deve ser. Inventou o estilo Gonzo, em que o jornalista está no centro da acção, e o leitor vê tudo através dos seus olhos, e não como se estivesse a ver uma coisa neutra e objectiva. Tudo isto num estilo cortante, hilariante e carregado de drogas. Era um génio, e é o meu herói.
Escreveu alguma ficção boa, mas o seu grande talento estava sobretudo no seu trabalho, naquele estilo jornalismo/ficção que tanto gozo dá a ler. Escreveu sobre tudo, desde os Hell Angels ao rock n roll, de Nixon (o seu ódio de estimação) ao Vietname, tudo à procura do American Dream (que, concluiu ele, é podre até ao âmago).
Para quem estiver interessado, recomendo quase tudo dele, mas saliento "Hells Angels", o seu primeiro livro, "Fear and Loathing in Las Vegas" ou qualquer um dos capítulos do seu trabalho compilado (a Fnac do Chiado acabou de receber, finalmente, um carregamento fresquinho).
Este foi o tipo que deixou como desejo, para quando morresse, que disparassem as suas cinzas de um supercanhão de mais de 20 metros de altura. O seu amigo Johnny Depp financiou a construção do canhão, e isso também aparece no documentário. Isso e muito mais.
Façam-me um favor: vão ver o filme, e leiam o homem.
A sério.
Respect
Eu não gostava do Penafiel. Eu não gosto de equipa nenhuma acima do Mondego. O final da minha infância, toda a minha adolescência e boa parte da minha idade adulta foi passada a ver o Benfica perder e empatar em campos de batatas de 5 metros de comprimento, contra equipas em que metade dos jogadores eram emprestados pelo Porto, e em que os árbitros nos roubavam desavergonhadamente enquanto o Nicolau de Melo tinha orgasmos com golos do Feirense na baliza do Glorioso. Tremo só de me lembrar da conjugação Nicolau de Melo/ gajo do trompete do Porto/ o Folha a celebrar golos à toureiro.
Adiante.
Depois do jogo com o Benfica, eu agora já gosto do Penafiel. Grande jogo, grandes jogadores, grande alma, grande humildade, tudo. Tiveram azar. Pelo que fizeram, pela atitude, pelo futebol, pela simplicidade, mereciam ter eliminado o meu Benfica em plano Estádio da Luz.
Um Benfica sem chama, apático, com claros erros de casting, a ver a banda passar, não merecia seguir em frente. Para além de muitos jogadores de merda, o grande problema do Benfica nos últimos anos tem sido psicológico. E essa grande fraqueza, viu-se com o Leixões e voltou a ver-se ontem, continua lá, e isso leva-nos a poder perder qualquer jogo, seja contra quem for.
Tal como salientou o comentador da TVI, no único comentário não imbecil que fez durante mais de duas horas, nos penaltis, o treinador do Penafiel contou o que disse aos jogadores: "que metam a bola lá dentro"; entretanto, Luisão discutia com o árbritro porque queria os penaltis na outra baliza. Por tudo, os pequeninos mereciam ter ganho. Foram homens, foram grandes.
Só algumas notas individuais, ao estilo do Rui Santos:
Balboa - uma nódoa completa. Vê-se que não tem estofo psicológico, completamente desenquadrado do resto da equipa. Perdeu bolas atrás de bolas, muitas delas infantis. Se Quique o conseguir recuperar, é um mágico.
Makukula - Bom jogo. Esforço, dedicação, luta, e bons pormenores à frente. Merece jogar mais vezes.
Di Maria - tanto futebol naqueles pés, nada naquela cabeça. Quando aprender a jogar em equipa, vai ser fantástico. Pode é nunca lá chegar.
Reyes - a vedeta saiu do banco e comeu a relva. Muita entrega, dos poucos que decidiu levar o jogo a sério.
Sidnei - temos jogador. Espero que fique no Benfica até ser um jogador feito.
Léo - vítima da embirração incompreensível de Quique, não é o mesmo jogador, o Maradoninha que tanto gozo deu ver jogar. Quique parece querer que ele fique cá atrás, só a defender, mas com isso Léo perde o que tem de melhor.
Binya - Tem talento mas é um bronco. Um jogador do Benfica não pode ser tão precipitado e tomar tantas decisões erradas. Acho que não terá grande remédio.
PS - Aquela merda de ter música aos altos berros entre as grandes penalidades é completamente imbecil. Num momento de concentração, estar a levar com tecno é um bocado idiota. Ninguém toma conta destas merdas?...
Eu não gostava do Penafiel. Eu não gosto de equipa nenhuma acima do Mondego. O final da minha infância, toda a minha adolescência e boa parte da minha idade adulta foi passada a ver o Benfica perder e empatar em campos de batatas de 5 metros de comprimento, contra equipas em que metade dos jogadores eram emprestados pelo Porto, e em que os árbitros nos roubavam desavergonhadamente enquanto o Nicolau de Melo tinha orgasmos com golos do Feirense na baliza do Glorioso. Tremo só de me lembrar da conjugação Nicolau de Melo/ gajo do trompete do Porto/ o Folha a celebrar golos à toureiro.
Adiante.
Depois do jogo com o Benfica, eu agora já gosto do Penafiel. Grande jogo, grandes jogadores, grande alma, grande humildade, tudo. Tiveram azar. Pelo que fizeram, pela atitude, pelo futebol, pela simplicidade, mereciam ter eliminado o meu Benfica em plano Estádio da Luz.
Um Benfica sem chama, apático, com claros erros de casting, a ver a banda passar, não merecia seguir em frente. Para além de muitos jogadores de merda, o grande problema do Benfica nos últimos anos tem sido psicológico. E essa grande fraqueza, viu-se com o Leixões e voltou a ver-se ontem, continua lá, e isso leva-nos a poder perder qualquer jogo, seja contra quem for.
Tal como salientou o comentador da TVI, no único comentário não imbecil que fez durante mais de duas horas, nos penaltis, o treinador do Penafiel contou o que disse aos jogadores: "que metam a bola lá dentro"; entretanto, Luisão discutia com o árbritro porque queria os penaltis na outra baliza. Por tudo, os pequeninos mereciam ter ganho. Foram homens, foram grandes.
Só algumas notas individuais, ao estilo do Rui Santos:
Balboa - uma nódoa completa. Vê-se que não tem estofo psicológico, completamente desenquadrado do resto da equipa. Perdeu bolas atrás de bolas, muitas delas infantis. Se Quique o conseguir recuperar, é um mágico.
Makukula - Bom jogo. Esforço, dedicação, luta, e bons pormenores à frente. Merece jogar mais vezes.
Di Maria - tanto futebol naqueles pés, nada naquela cabeça. Quando aprender a jogar em equipa, vai ser fantástico. Pode é nunca lá chegar.
Reyes - a vedeta saiu do banco e comeu a relva. Muita entrega, dos poucos que decidiu levar o jogo a sério.
Sidnei - temos jogador. Espero que fique no Benfica até ser um jogador feito.
Léo - vítima da embirração incompreensível de Quique, não é o mesmo jogador, o Maradoninha que tanto gozo deu ver jogar. Quique parece querer que ele fique cá atrás, só a defender, mas com isso Léo perde o que tem de melhor.
Binya - Tem talento mas é um bronco. Um jogador do Benfica não pode ser tão precipitado e tomar tantas decisões erradas. Acho que não terá grande remédio.
PS - Aquela merda de ter música aos altos berros entre as grandes penalidades é completamente imbecil. Num momento de concentração, estar a levar com tecno é um bocado idiota. Ninguém toma conta destas merdas?...
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Entourage
O meu camarada Little Bastard deu nas orelhas do Sr. Queiróz e com muita razão. Mas grande parte da responsabilidade na miséria de exibição é das vedetas que povoam a selecção.
O CR7 trata a selecção como as gajas que engata, dá umas boas fodas de vez em quando mas depois caga para elas. Jogador que aspira a ser o melhor do mundo tem que marcar a diferença, no Europeu foi porque estava lesionado, agora é porque não recuperou totalmente. Não é preciso o Ronaldo dos malabarismos, das fintas desconjuntadas, é preciso um Ronaldo que aplique o que tem de bom em prol da equipa e para isso não é preciso estar a 100%. Mas será que o moço só joga bem no Manchester? Depois é aquela falta de humildade que sempre me meteu nojo, aquele gesto despropositado para o público a meio do jogo, o não ter dado a oportunidade uma vez sequer ao Bruno Alves de marcar um livre. Acha-se o maior do mundo, mas vou-me partir a rir quando o título de melhor jogador for para o Messi ou para um dos espanhóis que ganharam o Europeu, para aí o Torres ou o Casillas.
O Nani é um aprendiz de Ronaldo, o Quaresma precisa de tempo para aquecer, disseram os comentadores... sim, lá para o fim começou a fazer alguma coisa de jeito, mas nessa altura era o salve-se quem puder, mas também é um individualista que pouco trabalha para a equipa, no jogo contra a Suécia o Queiróz gritava para que fosse ajudar a equipa defensivamente.
Estes senhores tem um talento fora de série, é inegável e quando se lembram de jogar para a equipa realmente fazem a diferença, a pergunta é porque é que não o fazem sempre ou, vá lá, quase sempre?
Depois das vedetas, há os outros... o Hugo Almeida é um cepo, que venha o Postiga ou o Djaló, o Miguel esteve em coma profundo, enfim hoje todos cometeram erros, não se percebe a lentidão, a falta de empenho, a quantidade de passos falhados, de cruzamentos para a bancada...
O único que teve bem foi o Nuno Gomes, mas também gostei do Pepe, sempre empenhado e a tentar levar a equipa para a frente e do Paulo Ferreira que o que lhe falta em talento é compensado em esforço e trabalho.
Que falta faz o Deco, ou alguém de características semelhantes e por falar nisso porque é que o Sr. Queiróz não meteu o Carlos Martins no lugar do Deco?
E deixarem o outro Martins, o Sousa, especado à espera de alguém para entrevistar no fim do jogo? Imperdoável, pá!
O meu camarada Little Bastard deu nas orelhas do Sr. Queiróz e com muita razão. Mas grande parte da responsabilidade na miséria de exibição é das vedetas que povoam a selecção.
O CR7 trata a selecção como as gajas que engata, dá umas boas fodas de vez em quando mas depois caga para elas. Jogador que aspira a ser o melhor do mundo tem que marcar a diferença, no Europeu foi porque estava lesionado, agora é porque não recuperou totalmente. Não é preciso o Ronaldo dos malabarismos, das fintas desconjuntadas, é preciso um Ronaldo que aplique o que tem de bom em prol da equipa e para isso não é preciso estar a 100%. Mas será que o moço só joga bem no Manchester? Depois é aquela falta de humildade que sempre me meteu nojo, aquele gesto despropositado para o público a meio do jogo, o não ter dado a oportunidade uma vez sequer ao Bruno Alves de marcar um livre. Acha-se o maior do mundo, mas vou-me partir a rir quando o título de melhor jogador for para o Messi ou para um dos espanhóis que ganharam o Europeu, para aí o Torres ou o Casillas.
O Nani é um aprendiz de Ronaldo, o Quaresma precisa de tempo para aquecer, disseram os comentadores... sim, lá para o fim começou a fazer alguma coisa de jeito, mas nessa altura era o salve-se quem puder, mas também é um individualista que pouco trabalha para a equipa, no jogo contra a Suécia o Queiróz gritava para que fosse ajudar a equipa defensivamente.
Estes senhores tem um talento fora de série, é inegável e quando se lembram de jogar para a equipa realmente fazem a diferença, a pergunta é porque é que não o fazem sempre ou, vá lá, quase sempre?
Depois das vedetas, há os outros... o Hugo Almeida é um cepo, que venha o Postiga ou o Djaló, o Miguel esteve em coma profundo, enfim hoje todos cometeram erros, não se percebe a lentidão, a falta de empenho, a quantidade de passos falhados, de cruzamentos para a bancada...
O único que teve bem foi o Nuno Gomes, mas também gostei do Pepe, sempre empenhado e a tentar levar a equipa para a frente e do Paulo Ferreira que o que lhe falta em talento é compensado em esforço e trabalho.
Que falta faz o Deco, ou alguém de características semelhantes e por falar nisso porque é que o Sr. Queiróz não meteu o Carlos Martins no lugar do Deco?
E deixarem o outro Martins, o Sousa, especado à espera de alguém para entrevistar no fim do jogo? Imperdoável, pá!
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
O Flop
Ora aí está.
Ao terceiro jogo oficial, Portugal tem 5 pontos em quatro jogos, e isto depois de termos defrontado colossos do futebol mundial como a Dinamarca, Suécia, a Albânia e Malta.
Carlos Queirós, o dom Sebastião que, como todos os dons sebastiãos deste mundo, não passa de uma ficção sem qualquer substância, está de novo a hipotecar a sua carreira enquanto treinador. Esteve no Sporting (obrigado pelo 6-3), foi corrido; esteve no Real Madrid, foi corrido; agora lá vai andando, fazendo os possíveis para ser corrido. Já no Manchester, foi espectacular. É um adjunto fabuloso.
Scolari era muita moralização e zero conhecimento de táctica. E era cobarde a montar a equipa.
Queirós tem moralização zero, fruto do facto de ter o carisma de uma amiba, e parece que de táctica afinal também não percebe muito. E é, tal como Scolari, um cobarde.
Tudo começou quando começou a defender o resultado frente à Dinamarca e perdeu depois da hora. Depois, vai jogar à Suécia e, em vez de tentar aí recuperar os pontos perdidos, foi dizendo que o empate não era mau. E esse jogo mostrou um Portugal tímido, receoso, cínico, a lutar pelo empate. Conseguiu, mas agora que perdemos dois pontos em casa, uma vitória na Suécia teria dado jeito. Só para lembrar, acabámos o jogo com a Suécia sem qualquer ponta de lança em campo.
Agora, esmagámos a poderosa Albânia - com 10 jogadores desde os 40 minutos - por 0-0.
Queirós faz lembrar o poeta Jorge Artur de má memória, e é o Philip Glass do futebol. Faz grandes obras eruditas ou minimalistas, mas nunca ganharia um Festival da Eurovisão.
PS - Quero ver o que vai dizer o pequeno grande Rui Santos agora. O homem que adora criticar tudo e todos, e que se desfez em elogios ao seu amigo pessoal Queirós depois do fabuloso empate com a Suécia, vai continuar a bater palminhas?
E vamos nós?
Ora aí está.
Ao terceiro jogo oficial, Portugal tem 5 pontos em quatro jogos, e isto depois de termos defrontado colossos do futebol mundial como a Dinamarca, Suécia, a Albânia e Malta.
Carlos Queirós, o dom Sebastião que, como todos os dons sebastiãos deste mundo, não passa de uma ficção sem qualquer substância, está de novo a hipotecar a sua carreira enquanto treinador. Esteve no Sporting (obrigado pelo 6-3), foi corrido; esteve no Real Madrid, foi corrido; agora lá vai andando, fazendo os possíveis para ser corrido. Já no Manchester, foi espectacular. É um adjunto fabuloso.
Scolari era muita moralização e zero conhecimento de táctica. E era cobarde a montar a equipa.
Queirós tem moralização zero, fruto do facto de ter o carisma de uma amiba, e parece que de táctica afinal também não percebe muito. E é, tal como Scolari, um cobarde.
Tudo começou quando começou a defender o resultado frente à Dinamarca e perdeu depois da hora. Depois, vai jogar à Suécia e, em vez de tentar aí recuperar os pontos perdidos, foi dizendo que o empate não era mau. E esse jogo mostrou um Portugal tímido, receoso, cínico, a lutar pelo empate. Conseguiu, mas agora que perdemos dois pontos em casa, uma vitória na Suécia teria dado jeito. Só para lembrar, acabámos o jogo com a Suécia sem qualquer ponta de lança em campo.
Agora, esmagámos a poderosa Albânia - com 10 jogadores desde os 40 minutos - por 0-0.
Queirós faz lembrar o poeta Jorge Artur de má memória, e é o Philip Glass do futebol. Faz grandes obras eruditas ou minimalistas, mas nunca ganharia um Festival da Eurovisão.
PS - Quero ver o que vai dizer o pequeno grande Rui Santos agora. O homem que adora criticar tudo e todos, e que se desfez em elogios ao seu amigo pessoal Queirós depois do fabuloso empate com a Suécia, vai continuar a bater palminhas?
E vamos nós?
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Misoginia depois de almoço
via MSN:
fatchary diz:
então e não juntamos aí uns trocos para comprar a Islândia? :D
raviolli_ninja diz:
podes crer
raviolli_ninja diz:
fazemos da islândia o nosso frigorífico
fatchary diz:
também um país quase totalmente governado por mulheres só podia dar nisto
raviolli_ninja diz:
:D
raviolli_ninja diz:
vêm-se com o cartão de crédito...
raviolli_ninja diz:
ah e tal, é saldos
raviolli_ninja diz:
estava mesmo a precisar de uma ponte a condizer com aquela estrada
via MSN:
fatchary diz:
então e não juntamos aí uns trocos para comprar a Islândia? :D
raviolli_ninja diz:
podes crer
raviolli_ninja diz:
fazemos da islândia o nosso frigorífico
fatchary diz:
também um país quase totalmente governado por mulheres só podia dar nisto
raviolli_ninja diz:
:D
raviolli_ninja diz:
vêm-se com o cartão de crédito...
raviolli_ninja diz:
ah e tal, é saldos
raviolli_ninja diz:
estava mesmo a precisar de uma ponte a condizer com aquela estrada
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Rejeição
Mais uma rejeição, a primeira em algum tempo. Mas esta doeu mais.
Nunca submeti os meus contos (em inglês fica melhor, 'short storys') a aprovação porque, dizem-me, ninguém arrisca publicar um livro de contos de um autor desconhecido. Mas, desta vez, concorri a um concurso especificamente dedicado a contos, área em que considero ter algum do meu melhor trabalho. Concorri eu e mais 65pessoas. Uma ganhou, outra levou uma menção honrosa, eu nem um sms a dizer para continuar a mandar postais.
Esta doeu, mas sei que não posso desistir.
Fiquei ainda mais lixado porque, do júri, fazia parte o João Aguiar, um dos meus escritores portugueses preferidos.
Mas nunca mais vou comprar um livro dele.
Ele que aprenda sobre a rejeição.
Mais uma rejeição, a primeira em algum tempo. Mas esta doeu mais.
Nunca submeti os meus contos (em inglês fica melhor, 'short storys') a aprovação porque, dizem-me, ninguém arrisca publicar um livro de contos de um autor desconhecido. Mas, desta vez, concorri a um concurso especificamente dedicado a contos, área em que considero ter algum do meu melhor trabalho. Concorri eu e mais 65pessoas. Uma ganhou, outra levou uma menção honrosa, eu nem um sms a dizer para continuar a mandar postais.
Esta doeu, mas sei que não posso desistir.
Fiquei ainda mais lixado porque, do júri, fazia parte o João Aguiar, um dos meus escritores portugueses preferidos.
Mas nunca mais vou comprar um livro dele.
Ele que aprenda sobre a rejeição.
O Abominável César das Neves
Em artigo de opinião do DN, o economista/evangelizador João César das Neves brinda-nos com mais uma prosa deliciosa, com o sugestivo título de "Casamento 'Gay' e Império Galáctico". Segue-se um trecho. Sintam-se à vontade para vomitar, colocar uma bomba no DN ou benzerem-se. Aqui somos malta mais ou menos tolerante.
Aí vai disto.
"Portugal tem gravíssimas dificuldades de vária ordem. Exactamente quais são e como se resolvem é assunto menor da actualidade, entretanto obcecada com temas laterais, fictícios ou simplesmente tontos, mas muito dramáticos: lutas internas do PSD, eleições americanas, um empolado surto criminal e, claro, o casamento dos homossexuais.
Este último é o mais curioso porque, falho de conteúdo, tem os contornos largamente determinados pelas formas cinematográficas. A questão é introduzida como um decisivo combate de civilização a favor da justiça e dos direitos fundamentais. Mas a pose é oca e infundada, pois as mesmas forças políticas têm feito tudo o que podem para desqualificar o casamento como força válida na sociedade. Além disso, se é indispensável regularizar a situação doméstica desses casais, porque não da miríade de outras circunstâncias familiares e relacionais que não possuem cobertura jurídica? Apesar de tudo o número de coabitações de irmãos, tios, sobrinhos ou amigos é maior que a dos gays, para não falar dos casos de poligamia, incesto e pedofilia, que a mesma sociedade (ainda) insiste em repudiar. Porquê esta obsessão com uma situação particular?
O enredo baseia-se num silêncio ensurdecedor. Todos os participantes no debate fingem ignorar um facto central, que traz o picante ao drama. A grande maioria da população considera a homossexualidade uma depravação, um acto intrinsecamente desordenado e contrário à natureza. Não se trata de um preconceito, mas de uma opinião válida e legítima a ponderar. E não deve ser confundida com homofobia, que é agressão ou discriminação de pessoas. É possível discordar fortemente da orientação de alguém, tratando-o com respeito e consideração. É isso a democracia e é assim que somos chamados a lidar com fumadores, racistas, poluidores".
E prontos.
Em artigo de opinião do DN, o economista/evangelizador João César das Neves brinda-nos com mais uma prosa deliciosa, com o sugestivo título de "Casamento 'Gay' e Império Galáctico". Segue-se um trecho. Sintam-se à vontade para vomitar, colocar uma bomba no DN ou benzerem-se. Aqui somos malta mais ou menos tolerante.
Aí vai disto.
"Portugal tem gravíssimas dificuldades de vária ordem. Exactamente quais são e como se resolvem é assunto menor da actualidade, entretanto obcecada com temas laterais, fictícios ou simplesmente tontos, mas muito dramáticos: lutas internas do PSD, eleições americanas, um empolado surto criminal e, claro, o casamento dos homossexuais.
Este último é o mais curioso porque, falho de conteúdo, tem os contornos largamente determinados pelas formas cinematográficas. A questão é introduzida como um decisivo combate de civilização a favor da justiça e dos direitos fundamentais. Mas a pose é oca e infundada, pois as mesmas forças políticas têm feito tudo o que podem para desqualificar o casamento como força válida na sociedade. Além disso, se é indispensável regularizar a situação doméstica desses casais, porque não da miríade de outras circunstâncias familiares e relacionais que não possuem cobertura jurídica? Apesar de tudo o número de coabitações de irmãos, tios, sobrinhos ou amigos é maior que a dos gays, para não falar dos casos de poligamia, incesto e pedofilia, que a mesma sociedade (ainda) insiste em repudiar. Porquê esta obsessão com uma situação particular?
O enredo baseia-se num silêncio ensurdecedor. Todos os participantes no debate fingem ignorar um facto central, que traz o picante ao drama. A grande maioria da população considera a homossexualidade uma depravação, um acto intrinsecamente desordenado e contrário à natureza. Não se trata de um preconceito, mas de uma opinião válida e legítima a ponderar. E não deve ser confundida com homofobia, que é agressão ou discriminação de pessoas. É possível discordar fortemente da orientação de alguém, tratando-o com respeito e consideração. É isso a democracia e é assim que somos chamados a lidar com fumadores, racistas, poluidores".
E prontos.
sábado, 4 de outubro de 2008
Bad ZON
É oficial.
Eu odeio a TV Cabo. Agora é Zon. Não me interessa, odeio da mesma forma.
Eu consigo viver com o facto de me ligarem a sugerir pacotes de canais que nunca na vida me irão interessar, como o "Caça e Pesca". Eu até consigo viver com o facto de me ligarem - como já aconteceu - para eu subscrever a SportTv, que por acaso assino há coisa de três anos.
Mas se há coisa que me irrita, mesmo a sério, é a merda das mudanças que eles insistem em fazer. Isto já me tinha acontecido antes, mas de facto não aprendi nada. Ligo aquilo e uma mensagem diz-me que devo fazer a actualização de software, se o desejo fazer, leva apenas 3 minutos. Grande erro, meus amigos. Disse que sim. De facto foi rápido, disso não me posso queixar. Mas posso queixar-me do facto de me terem mudado os canais todos do sítio. Lamento, mas para mim o Baby Tv ou o Sailing Chanel não são exactamente prioridades. Posso ainda, e sobretudo, queixar-me do facto de agora, a lúdica actividade do zapping se ter tornado um tormento. A coisa leva para aí uns 10 segundos a mudar de canal, o que é lixado quando se quer chegar ao Hollywood e se tem de passar por cima de RTP África, Porto Canal, TV Globo e 30 canais codificados que não assino e não interessam ao menino Jesus.
Quanto é que custa aquela coisa do MEO, que até tem o canal Benfica?
E, sobretudo, é relativamente fácil fazer uma operação tão complexa como MUDAR DE CANAL?...
É oficial.
Eu odeio a TV Cabo. Agora é Zon. Não me interessa, odeio da mesma forma.
Eu consigo viver com o facto de me ligarem a sugerir pacotes de canais que nunca na vida me irão interessar, como o "Caça e Pesca". Eu até consigo viver com o facto de me ligarem - como já aconteceu - para eu subscrever a SportTv, que por acaso assino há coisa de três anos.
Mas se há coisa que me irrita, mesmo a sério, é a merda das mudanças que eles insistem em fazer. Isto já me tinha acontecido antes, mas de facto não aprendi nada. Ligo aquilo e uma mensagem diz-me que devo fazer a actualização de software, se o desejo fazer, leva apenas 3 minutos. Grande erro, meus amigos. Disse que sim. De facto foi rápido, disso não me posso queixar. Mas posso queixar-me do facto de me terem mudado os canais todos do sítio. Lamento, mas para mim o Baby Tv ou o Sailing Chanel não são exactamente prioridades. Posso ainda, e sobretudo, queixar-me do facto de agora, a lúdica actividade do zapping se ter tornado um tormento. A coisa leva para aí uns 10 segundos a mudar de canal, o que é lixado quando se quer chegar ao Hollywood e se tem de passar por cima de RTP África, Porto Canal, TV Globo e 30 canais codificados que não assino e não interessam ao menino Jesus.
Quanto é que custa aquela coisa do MEO, que até tem o canal Benfica?
E, sobretudo, é relativamente fácil fazer uma operação tão complexa como MUDAR DE CANAL?...
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Asleep at the wheel
Nos últimos dias, nos jornais, tem-se falado bastante do Kosovo. E porquê, perguntam? (eu pergunto, achei estranhíssimo). É que o Governo português vai, na próxima semana, anunciar formalmente qual a posição de Portugal face à declaração de independência do Kosovo. O único problema é que esta declaração, só por acaso, foi feita em Fevereiro, há coisa de oito meses. Para 2009, o Governo pronunciar-se-á acerca da independência da República Checa e dará a sua posição sobre se o mundo deve ou não investir na invenção da electricidade.
PS - também gostei muito de ver Manuela Ferreira Leite, num momento em que o mundo financeiro desaba e Portugal vive com problemas sérios, dizer que também está a pensar na posição oficial do PSD sobre o assunto. Mais, pediu esta semana para ser recebida por Cavaco Silva para decidir a posição do PSD. Aposto que os kosovares estão realmente ansiosos por saber.
Nos últimos dias, nos jornais, tem-se falado bastante do Kosovo. E porquê, perguntam? (eu pergunto, achei estranhíssimo). É que o Governo português vai, na próxima semana, anunciar formalmente qual a posição de Portugal face à declaração de independência do Kosovo. O único problema é que esta declaração, só por acaso, foi feita em Fevereiro, há coisa de oito meses. Para 2009, o Governo pronunciar-se-á acerca da independência da República Checa e dará a sua posição sobre se o mundo deve ou não investir na invenção da electricidade.
PS - também gostei muito de ver Manuela Ferreira Leite, num momento em que o mundo financeiro desaba e Portugal vive com problemas sérios, dizer que também está a pensar na posição oficial do PSD sobre o assunto. Mais, pediu esta semana para ser recebida por Cavaco Silva para decidir a posição do PSD. Aposto que os kosovares estão realmente ansiosos por saber.
Boys will be boys
O PS reuniu hoje para decidir se haveria ou não disciplina de voto na questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ficou decidido que sim, que haveria, ou seja, todos os senhores deputados devem desligar o seu próprio cérebro no momento da votação e, pura e simplesmente votar contra. Este estabelecimento da disciplina de voto em questões de consciência individual vai contra a própria tradição do PS e contra os argumentos que, noutras ocasiões, o próprio PS utilizou, quando foi conveniente.
À saída, duas reacções dignas de realce. A primeira, a do poeta amigo do Che, Manuel Alegre, que disse discordar e ser um erro político. Mais uma vez, manda vir, esperneia, etc, mas continua lá. O PS que era o dele não existe há muito, mas o tacho fala mais alto.
A segunda foi fabulosa. Paulo Pedroso, agora de volta à vida activa (...) disse aos jornalistas que "houve uma votação e com esta decisão creio que o PS deu uma grande lição de maturidade democrática".
Perdão?!...
O PS reuniu hoje para decidir se haveria ou não disciplina de voto na questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ficou decidido que sim, que haveria, ou seja, todos os senhores deputados devem desligar o seu próprio cérebro no momento da votação e, pura e simplesmente votar contra. Este estabelecimento da disciplina de voto em questões de consciência individual vai contra a própria tradição do PS e contra os argumentos que, noutras ocasiões, o próprio PS utilizou, quando foi conveniente.
À saída, duas reacções dignas de realce. A primeira, a do poeta amigo do Che, Manuel Alegre, que disse discordar e ser um erro político. Mais uma vez, manda vir, esperneia, etc, mas continua lá. O PS que era o dele não existe há muito, mas o tacho fala mais alto.
A segunda foi fabulosa. Paulo Pedroso, agora de volta à vida activa (...) disse aos jornalistas que "houve uma votação e com esta decisão creio que o PS deu uma grande lição de maturidade democrática".
Perdão?!...
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Glorio...
Numa semana, ganhar à lagartagem e voltar a ter uma noite europeia à moda antiga é demais. Não é possível.
Sim, é verdade, a gente contenta-se com pouco. São anos e anos de Paulos Pereiras, Kings, Artures Jorges, Ku-mans, Sounesses e Pringles. Não ganhámos nada, mas pela primeira vez em muito tempo as coisas parecem começar a andar na direcção certa.
Não vi o jogo com o Napoli, equipa que muito prezo por culpa exclusiva desse Deus na Terra chamado Armando Diego Maradona. Ouvi no "transistor", coisa que não fazia há anos, porque a partida deu numa coisa chamada MEO que ninguém tem. Ainda por cima estava a tentar trabalhar, o que se tornou difícil por entre as exclamações de "Passa a bola, Di Maria!", ou os comentários dos meus colegas "o Nuno Gomes joga de saltos altos, aquilo complica". Enfim, conhecem o género.
O que eu sei é que, contra os lagartos, ganhámos o jogo no banco, com as mexidas certas por parte do treinador, e não me lembro da última vez em que uma coisa destas tinha acontecido.
E que, pela segunda vez consecutiva, estiveram mais de 50 mil traumatizados na Catedral, e dá gosto ver isso.
Gosto da pinta do Quique. Gosto do discurso, da visão, e gosto de ver a equipa a começar a parecer uma equipa. Parece-me uma completa idiotice a embirração do homem com o Léo, que para mim é titular indiscutível SEMPRE, mas enfim, lá terá as suas razões. Confesso que olhei para os 11 nos últimos dois jogos e tive medo: estrelas de fora, miudagem em campo, a incerteza. Mas a coisa bateu certo, e isso é, de facto, uma conquista. Era aquilo que o Porto costumava fazer bem - serem todos realmente potenciais titulares - e que este ano está a correr mal ao cada vez mais absurdo professor Jesualdo.
É demasiado cedo para se ver seja o que for. Mas gosto do que estou a ver. Desde que dêem tempo ao homem, não exijam ganhar tudo já, e o deixem construir uma equipa, como aparentemente sabe fazer, talvez possamos acabar com a travessia do deserto.
Ainda não é o GLORIOSO, mas já é alguma coisa.
E depois dos traumas dos últimos anos, por mim isto chega.
Numa semana, ganhar à lagartagem e voltar a ter uma noite europeia à moda antiga é demais. Não é possível.
Sim, é verdade, a gente contenta-se com pouco. São anos e anos de Paulos Pereiras, Kings, Artures Jorges, Ku-mans, Sounesses e Pringles. Não ganhámos nada, mas pela primeira vez em muito tempo as coisas parecem começar a andar na direcção certa.
Não vi o jogo com o Napoli, equipa que muito prezo por culpa exclusiva desse Deus na Terra chamado Armando Diego Maradona. Ouvi no "transistor", coisa que não fazia há anos, porque a partida deu numa coisa chamada MEO que ninguém tem. Ainda por cima estava a tentar trabalhar, o que se tornou difícil por entre as exclamações de "Passa a bola, Di Maria!", ou os comentários dos meus colegas "o Nuno Gomes joga de saltos altos, aquilo complica". Enfim, conhecem o género.
O que eu sei é que, contra os lagartos, ganhámos o jogo no banco, com as mexidas certas por parte do treinador, e não me lembro da última vez em que uma coisa destas tinha acontecido.
E que, pela segunda vez consecutiva, estiveram mais de 50 mil traumatizados na Catedral, e dá gosto ver isso.
Gosto da pinta do Quique. Gosto do discurso, da visão, e gosto de ver a equipa a começar a parecer uma equipa. Parece-me uma completa idiotice a embirração do homem com o Léo, que para mim é titular indiscutível SEMPRE, mas enfim, lá terá as suas razões. Confesso que olhei para os 11 nos últimos dois jogos e tive medo: estrelas de fora, miudagem em campo, a incerteza. Mas a coisa bateu certo, e isso é, de facto, uma conquista. Era aquilo que o Porto costumava fazer bem - serem todos realmente potenciais titulares - e que este ano está a correr mal ao cada vez mais absurdo professor Jesualdo.
É demasiado cedo para se ver seja o que for. Mas gosto do que estou a ver. Desde que dêem tempo ao homem, não exijam ganhar tudo já, e o deixem construir uma equipa, como aparentemente sabe fazer, talvez possamos acabar com a travessia do deserto.
Ainda não é o GLORIOSO, mas já é alguma coisa.
E depois dos traumas dos últimos anos, por mim isto chega.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
A medida certa nos anos certos
Já quase tudo foi dito acerca do que alguma imprensa anda alegremente a chamar de Lisboagate. Na prática, e desde os tempos do Kus Abecassis, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) tem arrendado, a rendas de amigo, casas a...amigos. Lá está, tudo certo.
Entre os destinatários temos o escritor/jornalista/moralista de esquerda Baptista Bastos, que sofreu uma machadada final na sua credibilidade. É por estas e por outras que eu não me armo em coerente: é lixado quando somos apanhados, depois de anos e anos a cagar sentenças e a fazer-nos passar por críticos implacáveis do sistema e dos compadrios. Mas o problema não é o Baptista Bastos. Nem sequer dos motoristas, dos jardineiros, dos contínuos. O problema são pessoas como a actual vereadora da Habitação da CML, uma tal de Ana Sara Brito, que paga há 20 anos uma renda de 146 euros à Câmara, mas que usufrui de uma reforma de 3.350 euros (mais, presumo eu, o ordenado de vereadora). E o problema é que também os motoristas, os jardineiros, os contínuos, só recebem as casas a renda de amigo se conduzirem os carros dos vereadores, se podarem os arbustos das casas dos políticos de alguns partidos, se tratarem das criancinhas do presidente da Câmara. Recebem pela cunha, ponto final.
O pior são as dezenas (centenas?) de milhares de portugueses que não conseguem viver em Lisboa por causa dos preços das casas, porque não têm rendas de amigo, e são forçados a viver numa merda de um subúrbio qualquer, um aterro sanitário de gente. E todos os dias perder 3 horas nas deslocações, perdendo tempo em que podiam estar com as suas famílias, ou a fazer algo de que gostam e que as impediria, talvez, de se tornarem maníaco-depressivos e engrossarem a merda deste exército decadente de classe média baixa que janta em frente à TVI. Just maybe.
E não vale a pena falarmos de partidos. Isto não é acerca do PS ou do PSD. São todos, ou quase todos, a comer à pala. Várias secções locais de PS, PSD e PCP pagam rendas ainda mais irrisórias, de entre 4,55 e 75 euros. Porquê? Porque todos comem do mesmo prato.
O próprio António Costa, que vem agora armar-se em paladino da seriedade e dar conferências de imprensa a dizer que vai acabar com o regabofe, não convence. Porque não resolveu quando soube do caso; resolveu quando os jornais souberam do caso. Já a senhora Ana Sara Brito diz que não se demite enquanto mantiver a confiança política de Costa, que a mantém. Quem devia ser demitido foi quem sempre controlou o esquema, quem deu as casinhas, quem deu o jeitinho e fechou os olhos a todos os outros que realmente precisavam, deixando (não) funcionar um mercado caduco e controlado, pelo sacrossanto respeito pela propriedade privada dos especuladores. Demitir-se-iam todos nem que fosse pela vergonha na cara, mas não a têm.
Mas, de facto, só pode pedir demissões seja de quem for quem acreditar que isso realmente resolve alguma coisa. Quem ainda tem esperança de que algo mude. Quem acredite que estes partidos são algo mais que associações de malfeitores e de troca de favores mais ou menos óbvios. Não é o meu caso.
Mas isto sou eu a ser mauzinho.
Tendo em atenção o vasto património da CML, numa cidade vazia e a cair de podre, faz todo o sentido disponibilizar as centenas de casas da Câmara para arrendar a preços controlados.
Retiro aqui todas as críticas feitas nos últimos anos de que ninguém na CML fazia alguma coisa para inverter a sangria de Lisboa e repovoar a cidade.
PS: Lisboagate é provavelmente o nome mais 'moron' que alguém podia dar a isto. Quanto tempo demorou a inventar este nome fabuloso, 0,3 milésimos de segundo? E que tal Casasgate? É como a merda do Solitário. Basta um gajo assaltar seja o que for sozinho e pronto, lá está mais um Solitário. Já li nos jornais acerca do Solitário das gasolineiras, do Solitário das farmácias, enfim, idiotices de todos os tipos desta classe sanguessuguesca de jornalistas sequiosos do 'sounbyte' ou da 'catchphrase', mas sem o mínimo talento para o fazer.
Muito sinceramente, nesta área de dar nomes a coisas, os jornalistas deviam ter uns cursos com os tipos das operações da PJ. Furacão, Apito Dourado ou Noite Branca sempre dão um ar romântico - ainda que ridículo - à coisa.
Já quase tudo foi dito acerca do que alguma imprensa anda alegremente a chamar de Lisboagate. Na prática, e desde os tempos do Kus Abecassis, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) tem arrendado, a rendas de amigo, casas a...amigos. Lá está, tudo certo.
Entre os destinatários temos o escritor/jornalista/moralista de esquerda Baptista Bastos, que sofreu uma machadada final na sua credibilidade. É por estas e por outras que eu não me armo em coerente: é lixado quando somos apanhados, depois de anos e anos a cagar sentenças e a fazer-nos passar por críticos implacáveis do sistema e dos compadrios. Mas o problema não é o Baptista Bastos. Nem sequer dos motoristas, dos jardineiros, dos contínuos. O problema são pessoas como a actual vereadora da Habitação da CML, uma tal de Ana Sara Brito, que paga há 20 anos uma renda de 146 euros à Câmara, mas que usufrui de uma reforma de 3.350 euros (mais, presumo eu, o ordenado de vereadora). E o problema é que também os motoristas, os jardineiros, os contínuos, só recebem as casas a renda de amigo se conduzirem os carros dos vereadores, se podarem os arbustos das casas dos políticos de alguns partidos, se tratarem das criancinhas do presidente da Câmara. Recebem pela cunha, ponto final.
O pior são as dezenas (centenas?) de milhares de portugueses que não conseguem viver em Lisboa por causa dos preços das casas, porque não têm rendas de amigo, e são forçados a viver numa merda de um subúrbio qualquer, um aterro sanitário de gente. E todos os dias perder 3 horas nas deslocações, perdendo tempo em que podiam estar com as suas famílias, ou a fazer algo de que gostam e que as impediria, talvez, de se tornarem maníaco-depressivos e engrossarem a merda deste exército decadente de classe média baixa que janta em frente à TVI. Just maybe.
E não vale a pena falarmos de partidos. Isto não é acerca do PS ou do PSD. São todos, ou quase todos, a comer à pala. Várias secções locais de PS, PSD e PCP pagam rendas ainda mais irrisórias, de entre 4,55 e 75 euros. Porquê? Porque todos comem do mesmo prato.
O próprio António Costa, que vem agora armar-se em paladino da seriedade e dar conferências de imprensa a dizer que vai acabar com o regabofe, não convence. Porque não resolveu quando soube do caso; resolveu quando os jornais souberam do caso. Já a senhora Ana Sara Brito diz que não se demite enquanto mantiver a confiança política de Costa, que a mantém. Quem devia ser demitido foi quem sempre controlou o esquema, quem deu as casinhas, quem deu o jeitinho e fechou os olhos a todos os outros que realmente precisavam, deixando (não) funcionar um mercado caduco e controlado, pelo sacrossanto respeito pela propriedade privada dos especuladores. Demitir-se-iam todos nem que fosse pela vergonha na cara, mas não a têm.
Mas, de facto, só pode pedir demissões seja de quem for quem acreditar que isso realmente resolve alguma coisa. Quem ainda tem esperança de que algo mude. Quem acredite que estes partidos são algo mais que associações de malfeitores e de troca de favores mais ou menos óbvios. Não é o meu caso.
Mas isto sou eu a ser mauzinho.
Tendo em atenção o vasto património da CML, numa cidade vazia e a cair de podre, faz todo o sentido disponibilizar as centenas de casas da Câmara para arrendar a preços controlados.
Retiro aqui todas as críticas feitas nos últimos anos de que ninguém na CML fazia alguma coisa para inverter a sangria de Lisboa e repovoar a cidade.
PS: Lisboagate é provavelmente o nome mais 'moron' que alguém podia dar a isto. Quanto tempo demorou a inventar este nome fabuloso, 0,3 milésimos de segundo? E que tal Casasgate? É como a merda do Solitário. Basta um gajo assaltar seja o que for sozinho e pronto, lá está mais um Solitário. Já li nos jornais acerca do Solitário das gasolineiras, do Solitário das farmácias, enfim, idiotices de todos os tipos desta classe sanguessuguesca de jornalistas sequiosos do 'sounbyte' ou da 'catchphrase', mas sem o mínimo talento para o fazer.
Muito sinceramente, nesta área de dar nomes a coisas, os jornalistas deviam ter uns cursos com os tipos das operações da PJ. Furacão, Apito Dourado ou Noite Branca sempre dão um ar romântico - ainda que ridículo - à coisa.
domingo, 28 de setembro de 2008
R.I.P.
Paul Newman pertenceu à lista de inimigos do Nixon, um feito classificado por ele como "a maior distinção que alguma vez recebi".
Só por isso Paul, mesmo em espírito, tens bar aberto sempre que quiseres aqui no estaminé, que conseguir uma bebida decente aí do outro lado não deve ser fácil.
Quando vires o Steve McQueen manda-lhe um abraço, pá!
Paul Newman pertenceu à lista de inimigos do Nixon, um feito classificado por ele como "a maior distinção que alguma vez recebi".
Só por isso Paul, mesmo em espírito, tens bar aberto sempre que quiseres aqui no estaminé, que conseguir uma bebida decente aí do outro lado não deve ser fácil.
Quando vires o Steve McQueen manda-lhe um abraço, pá!
domingo, 21 de setembro de 2008
Magazine Jacking
Meus amigos, fui roubado. Fui roubado por uma coisa que tem aparência de revista, tem letras e fotografias, uma capa e tal, mas que é um monte de bosta que dá pelo nome de "Magazine Grande Informação", ou MGI para os amigos ou os preguiçosos como eu.
Estava eu descansadinho na bomba de gasolina, para comprar cigarros, e decidi, feito estúpido, dar uma vista de olhos às publicações disponíveis para os automobilistas sequiosos de informação. Big, big mistake.
Lá apanhei a "Courrier Internacional", que continua uma bela revista, e depois deixei-me tentar pela tal da MGI. Eu devia ter percebido o cheiro nauseabundo que ela exalava, mas pensei que tal viesse do "Jogo", que estava ali ao lado. Na capa da MGI, um trabalho acerca do "Fim do Petróelo", com um grafismo sério, dando um ar de alguma credibilidade à coisa, e um tema interessante. E pronto, tomada a decisão, lá voaram 3 heróis para comprar aquela merda.
Enfim, chegado a casa, meto-lhe as mãos, e ainda agora não lhes consigo tirar o fedor.
Logo a abrir, o editorial de um tal de Otto Czernin, nome de uma estranha mistura entre o alemão e o israelita. Depois leio o que o tipo diz e, após umas quantas banalidades acerca de energia (há que disfarçar, sempre é o tema de capa), vem uma lengalenga acerca do Papa e das 4 heresias dos nossos tempos, que passo agora a resumir: 1- a excessiva humanização da figura de Cristo, retirando-lhe o carácter divino; 2 - "A Igreja é a face visível do amor infinito, mas nem sempre correspondido, de Deus pelos homens"; 3 - "Confundimos Fé com fezada" (lol...); 4 - a Bíblia não é um bibelot, é a fonte de toda a força e sabedoria.
Logo a seguir, para não deixar esfriar a coisa, uma página de opinião de quem?, de quem?, do nosso Dom Duarte de Bragança, o rei wanabe! Não sei do que fala, não me peçam esse sacrifício. Depois vem uma entrevista de oito (8) páginas com o padre António Vaz Pinto, e opinião de uma tal de Alexandra Tété (nome verídico), presidente de uma coisa chamada Associação Mulheres em Acção.
Seguem-se muitas coisas do estilo (creio que deve haver uma secção de bordados, para as senhoras, e de caça à lebre, para os senhores, mas não consegui investigar isso a fundo) e eis-nos chegados ao final, onde vem uma declaração de intenções (ainda é preciso?!), o estatuto editorial da publicação.
Vou transcrever apenas uma parte, mas alerto para os perigos que estas linhas podem ter para os mais sensíveis e para quem tenha acabado de comer.
Aí vai.
"Os temas desenvolvidos deverão estar de acordo com a filosofia editorial, que defende um país optimista, orgulhoso do seu passado e confiante no seu futuro, uma velha nação da Europa que nasceu no Minho e só parou em Timor, e que pretende dar o seu contributo para a construção de uma Europa cristã, fraterna e competitiva".
Como uma coisa destas se aguenta à tona de água é um mistério para mim. A única explicação é ser financiada por uns quantos fachos endinheirados e pela guita que consegue sacar a idiotas como eu, que se deixam levar pela capa e pela ideia de que podem aprender qualquer coisita com uma colónia de varejeiras como aquela.
Como é óbvio, não pode durar.
Boa falência, MGI!
Meus amigos, fui roubado. Fui roubado por uma coisa que tem aparência de revista, tem letras e fotografias, uma capa e tal, mas que é um monte de bosta que dá pelo nome de "Magazine Grande Informação", ou MGI para os amigos ou os preguiçosos como eu.
Estava eu descansadinho na bomba de gasolina, para comprar cigarros, e decidi, feito estúpido, dar uma vista de olhos às publicações disponíveis para os automobilistas sequiosos de informação. Big, big mistake.
Lá apanhei a "Courrier Internacional", que continua uma bela revista, e depois deixei-me tentar pela tal da MGI. Eu devia ter percebido o cheiro nauseabundo que ela exalava, mas pensei que tal viesse do "Jogo", que estava ali ao lado. Na capa da MGI, um trabalho acerca do "Fim do Petróelo", com um grafismo sério, dando um ar de alguma credibilidade à coisa, e um tema interessante. E pronto, tomada a decisão, lá voaram 3 heróis para comprar aquela merda.
Enfim, chegado a casa, meto-lhe as mãos, e ainda agora não lhes consigo tirar o fedor.
Logo a abrir, o editorial de um tal de Otto Czernin, nome de uma estranha mistura entre o alemão e o israelita. Depois leio o que o tipo diz e, após umas quantas banalidades acerca de energia (há que disfarçar, sempre é o tema de capa), vem uma lengalenga acerca do Papa e das 4 heresias dos nossos tempos, que passo agora a resumir: 1- a excessiva humanização da figura de Cristo, retirando-lhe o carácter divino; 2 - "A Igreja é a face visível do amor infinito, mas nem sempre correspondido, de Deus pelos homens"; 3 - "Confundimos Fé com fezada" (lol...); 4 - a Bíblia não é um bibelot, é a fonte de toda a força e sabedoria.
Logo a seguir, para não deixar esfriar a coisa, uma página de opinião de quem?, de quem?, do nosso Dom Duarte de Bragança, o rei wanabe! Não sei do que fala, não me peçam esse sacrifício. Depois vem uma entrevista de oito (8) páginas com o padre António Vaz Pinto, e opinião de uma tal de Alexandra Tété (nome verídico), presidente de uma coisa chamada Associação Mulheres em Acção.
Seguem-se muitas coisas do estilo (creio que deve haver uma secção de bordados, para as senhoras, e de caça à lebre, para os senhores, mas não consegui investigar isso a fundo) e eis-nos chegados ao final, onde vem uma declaração de intenções (ainda é preciso?!), o estatuto editorial da publicação.
Vou transcrever apenas uma parte, mas alerto para os perigos que estas linhas podem ter para os mais sensíveis e para quem tenha acabado de comer.
Aí vai.
"Os temas desenvolvidos deverão estar de acordo com a filosofia editorial, que defende um país optimista, orgulhoso do seu passado e confiante no seu futuro, uma velha nação da Europa que nasceu no Minho e só parou em Timor, e que pretende dar o seu contributo para a construção de uma Europa cristã, fraterna e competitiva".
Como uma coisa destas se aguenta à tona de água é um mistério para mim. A única explicação é ser financiada por uns quantos fachos endinheirados e pela guita que consegue sacar a idiotas como eu, que se deixam levar pela capa e pela ideia de que podem aprender qualquer coisita com uma colónia de varejeiras como aquela.
Como é óbvio, não pode durar.
Boa falência, MGI!
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Uma questão de quota
O PS fez-se de forte, fingiu-se de esquerda, e fez finca-pé na lei do divórcio. Manobrando à volta das reservas de Cavaco "Salazar" Silva, fez aprovar a lei, que facilita os divórcios, e bem.
No entanto, para dia 10 está marcada a discussão de outra proposta interessante: a possibilidade de haver um casamento gay, promovida pelo Bloco de Esquerda e pelos Verdes (sim, também são um grupo parlamentar).
Um ponto prévio: não percebo esta cena do casamento homossexual. Alguém que é tão livre para escolher uma opção sexual diferente da da maioria, ou alguém que é forte o suficiente para assumir essa opção num país ainda tão retrógado como Portugal, por que carga de água quererá seguir a tradiçãozinha fatela de casar? E não me venham com o 'bullshit' dos benefícios fiscais, ou o raio, isso é apenas burocrata. Será que dentro de cada gay vive uma sopeirinha casadoira? Meditemos nisso.
Mas enfim, eu acho, obviamente, que devia ser legalizado, só não percebo por que razão alguém quereria exercer esse direito, mas isto tem mais a ver com o meu desprezo pela instituição do casamento.
O que é interessante é que o PS já veio dizer que nisto já não é tão de esquerda assim. Mais, vai votar contra as propostas e vai impor disciplina de voto, algo que quebra a tradição em matérias de consciência, como a que está em causa. E qual é a justificação? Está contra? Não gosta de bichas? Quer lixar o Portas? Não.
Um dos vice-presidentes da bancada socialista, Mota Andrade, explicou a coisa muito bem explicada, em declarações ao DN: "Essa proposta não está no nosso programa." Acrescentando: "Já cumprimos todos os nossos compromissos nas chamadas propostas fracturantes. Não vejo que haja espaço para dar um novo espaço à frente."
Well, well, well.
Ora aí está. Não interessa se é contra ou a favor. Não diz sequer se é contra ou a favor. Não está no programa, pronto. O aumento dos impostos também não estava, lá está, mas isso agora não interessa nada. O PS já cumpriu "todos os nossos compromissos nas chamadas propostas fracurantes". Ou seja, já cumpriu a quota. No próximo ano há eleições, e não vale a pena estar agora a dar à direita um cavalho de batalha ideológico e arriscar chatear 70% das pessoas acima do Mondego.
A isto se chama politiquice pura e dura.
Os princípios? Só se estiverem no programa...
O PS fez-se de forte, fingiu-se de esquerda, e fez finca-pé na lei do divórcio. Manobrando à volta das reservas de Cavaco "Salazar" Silva, fez aprovar a lei, que facilita os divórcios, e bem.
No entanto, para dia 10 está marcada a discussão de outra proposta interessante: a possibilidade de haver um casamento gay, promovida pelo Bloco de Esquerda e pelos Verdes (sim, também são um grupo parlamentar).
Um ponto prévio: não percebo esta cena do casamento homossexual. Alguém que é tão livre para escolher uma opção sexual diferente da da maioria, ou alguém que é forte o suficiente para assumir essa opção num país ainda tão retrógado como Portugal, por que carga de água quererá seguir a tradiçãozinha fatela de casar? E não me venham com o 'bullshit' dos benefícios fiscais, ou o raio, isso é apenas burocrata. Será que dentro de cada gay vive uma sopeirinha casadoira? Meditemos nisso.
Mas enfim, eu acho, obviamente, que devia ser legalizado, só não percebo por que razão alguém quereria exercer esse direito, mas isto tem mais a ver com o meu desprezo pela instituição do casamento.
O que é interessante é que o PS já veio dizer que nisto já não é tão de esquerda assim. Mais, vai votar contra as propostas e vai impor disciplina de voto, algo que quebra a tradição em matérias de consciência, como a que está em causa. E qual é a justificação? Está contra? Não gosta de bichas? Quer lixar o Portas? Não.
Um dos vice-presidentes da bancada socialista, Mota Andrade, explicou a coisa muito bem explicada, em declarações ao DN: "Essa proposta não está no nosso programa." Acrescentando: "Já cumprimos todos os nossos compromissos nas chamadas propostas fracturantes. Não vejo que haja espaço para dar um novo espaço à frente."
Well, well, well.
Ora aí está. Não interessa se é contra ou a favor. Não diz sequer se é contra ou a favor. Não está no programa, pronto. O aumento dos impostos também não estava, lá está, mas isso agora não interessa nada. O PS já cumpriu "todos os nossos compromissos nas chamadas propostas fracurantes". Ou seja, já cumpriu a quota. No próximo ano há eleições, e não vale a pena estar agora a dar à direita um cavalho de batalha ideológico e arriscar chatear 70% das pessoas acima do Mondego.
A isto se chama politiquice pura e dura.
Os princípios? Só se estiverem no programa...
Um gráfico interessante
Há duas coisas que ganham eleições, a segurança e a economia. Quanto a esta última, nos EUA, não há nada mais sensível do que a mexida nos impostos. Depois das benesses que George W. Bush espalhou sobre os super-ricos dos EUA, à custa dos outros, aqui segue uma imagem que ilustra as propostas de Obama e McCain nesta matéria. As barras horizontais para a esquerda mostram cortes fiscais, para a direita aumentos. A escala vertical são as categorias de rendimentos, com os super-ricos em cima.
PS: creio que é a primeira vez que um gráfico surge representado neste tasco. Perdoem-me por elevar o nível. Não voltará a acontecer. E nada de powerpoints, prometo.
Há duas coisas que ganham eleições, a segurança e a economia. Quanto a esta última, nos EUA, não há nada mais sensível do que a mexida nos impostos. Depois das benesses que George W. Bush espalhou sobre os super-ricos dos EUA, à custa dos outros, aqui segue uma imagem que ilustra as propostas de Obama e McCain nesta matéria. As barras horizontais para a esquerda mostram cortes fiscais, para a direita aumentos. A escala vertical são as categorias de rendimentos, com os super-ricos em cima.
PS: creio que é a primeira vez que um gráfico surge representado neste tasco. Perdoem-me por elevar o nível. Não voltará a acontecer. E nada de powerpoints, prometo.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
É por estas e por outras
O Estado vai ter de indemnizar Pinto da Costa por "detenção ilegal", aquando do caso Apito Dourado. Não quero entrar pela clubite, e tenho a convicção de que a decisão do tribunal é juridicamente correcta e inatacável. Mas não consigo deixar de me lembrar que esse senhor foi avisado por alguém das autoridades, tribunal ou polícia, e fugiu para a Galiza só voltando quando estava preparado para ser ouvido. O mesmo senhor que chegou ao tribunal com uma escolta de SuperDragões, que passaram pela polícia como se fossem agentes encartados, pela mesma polícia que impedia os transeuntes de passar pelo cordão de segurança.
Juridicamente tudo isto é possível, e pode até ser correcto.
Mas que não faz nada pela credibilidade da justiça portuguesa, isso parece-me inegável.
O Estado vai ter de indemnizar Pinto da Costa por "detenção ilegal", aquando do caso Apito Dourado. Não quero entrar pela clubite, e tenho a convicção de que a decisão do tribunal é juridicamente correcta e inatacável. Mas não consigo deixar de me lembrar que esse senhor foi avisado por alguém das autoridades, tribunal ou polícia, e fugiu para a Galiza só voltando quando estava preparado para ser ouvido. O mesmo senhor que chegou ao tribunal com uma escolta de SuperDragões, que passaram pela polícia como se fossem agentes encartados, pela mesma polícia que impedia os transeuntes de passar pelo cordão de segurança.
Juridicamente tudo isto é possível, e pode até ser correcto.
Mas que não faz nada pela credibilidade da justiça portuguesa, isso parece-me inegável.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Eles & Nós
O meu amigo Ricardo é um gajo engraçado. Conhecemo-nos há mais de quinze anos, fomos colegas de turma, íamos andando à porrada dentro da sala de aulas, depois descobrimos que ambos gostávamos de Xutos e ficámos amigos. É um tipo engraçado e um leitor assíduo deste blog (dos poucos que nos restam) e é também o gajo que faz de emplastro nos meus posts, basta eu escrever para ele vir comentar e dizer que não tenho razão nenhuma. O que é óptimo. Porque ele pensa nas coisas. Porque ele pensa, e isso é raro.
Há quinze anos atrás, estávamos exactamente no mesmo sítio, eu e ele. Politicamente de esquerda, ingénuos, curiosos pela vida, um pouco medrosos, também. Foi ele o primeiro a achar que havia algo de literário em mim, no que eu dizia, no que eu pensava. Talvez estivesse enganado, mas a verdade é que me deixei convencer, e escrever é hoje em dia tamanha parte da minha vida que, de uma forma ou de outra, lhe devo, à sua fé ou ao seu mau julgamento, uma parte importante do que sou.
É raro falarmos. Ele diz que vai sabendo de mim pelo que escrevo aqui, e talvez o que escrevo aqui revele mais do que eu pensava.
Há 15 anos estávamos em perfeita sintonia. Passávamos horas na casa dele, a jogar computador (Offroad e Double Dragon), ou às voltas com o Trivial (o cabrão é bom a ciências, o verde). Lanchávamos (ele metia um tabuleiro por baixo quando comia bolachas, já aprendeste a comer bolachas sem te babares, meu cabrão?!) e a mãe dele fazia cara feia quando eu ficava lá horas, porque ele tinha que estudar. Ouvíamos música, que ele apanhava do irmão mais velho, e foi ele que me mostrou os Doors, a Janis, o Jimi Hendrix, os Pixies, os Nirvana e muitas outras bandas que foram a banda sonora da minha adolescência e que ficaram, para o bem e para o mal, na minha vida.
Há 15 anos atrás estávamos no mesmo sítio.
Agora ele está casado, tem dois filhos, amaciou e é feliz.
Eu não tenho filhos, sou feliz à minha maneira, mas tenho cada vez mais esta puta desta inquietação que vai resvalando para o cinismo e para a crítica desequilibrada.
Tínhamos um colega de turma, um puto cheio de papel, que tocava piano e vivia numa vivenda gigante ao pé de onde veio a passar a autoestrada e onde nós fazíamos as festinhas da turma. Onde vivi uma das noites mais felizes da minha então tenra vida, quando, no final da festa, beijei finalmente a rapariga de quem gostava, e vim a pé para casa (5 kms a meio da noite e eu era uma criança, seria impensável hoje em dia), como se pisasse nuvens. E o dono da casa, que falava baixinho e tocava piano, não era mau rapaz, mas eu nunca consegui confiar nele. Sempre tive, e continuo a ter, preconceito de classe. Não confio em gajos de monograma na camisa, políticos, empresários, patrões, ricos em geral.
Há um nós e há um eles. Havia então e continua a haver. Hoje em dia algumas coisas estão diluídas na minha cabeça, já não é uma questão de dinheiro, apenas. Há os filhos da puta e há os outros, e podem ser ricos ou pobres, mas eu na altura não sabia. Há os que querem liderar, os que querem enriquecer, os que querem "progredir". E pior que tudo, há os que querem fazer os outros "progredir", evangélicos do Portugal modernaço do Sócrates, do Durão, do GPS e do computador Magalhães. Todos com algo a ganhar, e a perder.
E penso que, 15 anos depois, já não estou no mesmo sítio. Cada vez menos esperançoso, cada vez menos lírico, cada vez mais cínico e desencantado e cada vez mais farto de poses e filhos da puta.
E percebo que, apesar da distância percorrida, levado apenas pela vida, estou muito longe de onde estava há 15 anos e de onde o meu amigo Ricardo ainda está, rodeado das suas teses e boas intenções.
Mas percebo também que, no dia em que isto rebentar, é ainda e espero que será sempre ao lado dele que estarei, contra os outros, contra eles. Porque os valores estão lá, o desejo está lá, o coração está lá, ainda e apesar de tudo.
Talvez eu seja cada vez menos um dos "nós"; mas sei que nunca, nunca na vida serei um "deles".
O meu amigo Ricardo é um gajo engraçado. Conhecemo-nos há mais de quinze anos, fomos colegas de turma, íamos andando à porrada dentro da sala de aulas, depois descobrimos que ambos gostávamos de Xutos e ficámos amigos. É um tipo engraçado e um leitor assíduo deste blog (dos poucos que nos restam) e é também o gajo que faz de emplastro nos meus posts, basta eu escrever para ele vir comentar e dizer que não tenho razão nenhuma. O que é óptimo. Porque ele pensa nas coisas. Porque ele pensa, e isso é raro.
Há quinze anos atrás, estávamos exactamente no mesmo sítio, eu e ele. Politicamente de esquerda, ingénuos, curiosos pela vida, um pouco medrosos, também. Foi ele o primeiro a achar que havia algo de literário em mim, no que eu dizia, no que eu pensava. Talvez estivesse enganado, mas a verdade é que me deixei convencer, e escrever é hoje em dia tamanha parte da minha vida que, de uma forma ou de outra, lhe devo, à sua fé ou ao seu mau julgamento, uma parte importante do que sou.
É raro falarmos. Ele diz que vai sabendo de mim pelo que escrevo aqui, e talvez o que escrevo aqui revele mais do que eu pensava.
Há 15 anos estávamos em perfeita sintonia. Passávamos horas na casa dele, a jogar computador (Offroad e Double Dragon), ou às voltas com o Trivial (o cabrão é bom a ciências, o verde). Lanchávamos (ele metia um tabuleiro por baixo quando comia bolachas, já aprendeste a comer bolachas sem te babares, meu cabrão?!) e a mãe dele fazia cara feia quando eu ficava lá horas, porque ele tinha que estudar. Ouvíamos música, que ele apanhava do irmão mais velho, e foi ele que me mostrou os Doors, a Janis, o Jimi Hendrix, os Pixies, os Nirvana e muitas outras bandas que foram a banda sonora da minha adolescência e que ficaram, para o bem e para o mal, na minha vida.
Há 15 anos atrás estávamos no mesmo sítio.
Agora ele está casado, tem dois filhos, amaciou e é feliz.
Eu não tenho filhos, sou feliz à minha maneira, mas tenho cada vez mais esta puta desta inquietação que vai resvalando para o cinismo e para a crítica desequilibrada.
Tínhamos um colega de turma, um puto cheio de papel, que tocava piano e vivia numa vivenda gigante ao pé de onde veio a passar a autoestrada e onde nós fazíamos as festinhas da turma. Onde vivi uma das noites mais felizes da minha então tenra vida, quando, no final da festa, beijei finalmente a rapariga de quem gostava, e vim a pé para casa (5 kms a meio da noite e eu era uma criança, seria impensável hoje em dia), como se pisasse nuvens. E o dono da casa, que falava baixinho e tocava piano, não era mau rapaz, mas eu nunca consegui confiar nele. Sempre tive, e continuo a ter, preconceito de classe. Não confio em gajos de monograma na camisa, políticos, empresários, patrões, ricos em geral.
Há um nós e há um eles. Havia então e continua a haver. Hoje em dia algumas coisas estão diluídas na minha cabeça, já não é uma questão de dinheiro, apenas. Há os filhos da puta e há os outros, e podem ser ricos ou pobres, mas eu na altura não sabia. Há os que querem liderar, os que querem enriquecer, os que querem "progredir". E pior que tudo, há os que querem fazer os outros "progredir", evangélicos do Portugal modernaço do Sócrates, do Durão, do GPS e do computador Magalhães. Todos com algo a ganhar, e a perder.
E penso que, 15 anos depois, já não estou no mesmo sítio. Cada vez menos esperançoso, cada vez menos lírico, cada vez mais cínico e desencantado e cada vez mais farto de poses e filhos da puta.
E percebo que, apesar da distância percorrida, levado apenas pela vida, estou muito longe de onde estava há 15 anos e de onde o meu amigo Ricardo ainda está, rodeado das suas teses e boas intenções.
Mas percebo também que, no dia em que isto rebentar, é ainda e espero que será sempre ao lado dele que estarei, contra os outros, contra eles. Porque os valores estão lá, o desejo está lá, o coração está lá, ainda e apesar de tudo.
Talvez eu seja cada vez menos um dos "nós"; mas sei que nunca, nunca na vida serei um "deles".
Ainda há esperança
O Cigano voltou. Enquanto o Quaresma voava para Milão para encantar os papalvos dos italianos com a sua trivela (que qualquer puto de cinco anos faz a jogar à bola na praia), o outro, o verdadeiro Cigano Mágico voltava ao convívio de nós, simples mortais.
Está aqui, continua bom, e até tem um link todo catita para este tasco infecto.
Fazias falta, e se não fosses tripeiro até perdia a cabeça e te mandava um abraço.
O Cigano voltou. Enquanto o Quaresma voava para Milão para encantar os papalvos dos italianos com a sua trivela (que qualquer puto de cinco anos faz a jogar à bola na praia), o outro, o verdadeiro Cigano Mágico voltava ao convívio de nós, simples mortais.
Está aqui, continua bom, e até tem um link todo catita para este tasco infecto.
Fazias falta, e se não fosses tripeiro até perdia a cabeça e te mandava um abraço.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Bate Leve, Levemente,
Será Santana?
Será Gente?
Portas não o é certamente,
que Portas não...
"Em praia de Albufeira
Um político masturbador
Um conhecido politico da nossa Praça e forte apreciador de corpos bronzeados não perde uma oportunidade de dar uma olhadela pelas inúmeras beldades deitadas no areal da nossa “Copacabana”. Passeia-se pela praia, escolhe a “presa”, estende a toalha, deita-se ao lado, a poucos metros, abre o jornal e ao mesmo tempo deita um olhar erótico à beldade, Após a leitura pousa o matutino encima da barriga, mete a mão dentro do calção de banho e começa a apertar o pescoço ao “macaquinho”, As beldades deitadas ao lado apercebem-se que o jornal começa a subir e a descer e que ali existe um acto masturbador camuflado. Mesmo uma tara sexual. Algumas senhoras incomodadas com a situação já têm apresentado queixa na Delegação Marítima contra este apreciador da beleza feminina. Os nadadores-salvadores também já conhecedores deste ritual vão estar de olho nele já na presente época balnear. No meio deste quadro marítimo-erótico as beldades inglesas que se cuidem porque o macho latino anda à solta.
Vasco Barreto - Albufeira"
(in a Avezinha, jornal algarvio - Secção: Correio)
Obrigado Camarada Vasco!!!
Será Santana?
Será Gente?
Portas não o é certamente,
que Portas não...
"Em praia de Albufeira
Um político masturbador
Um conhecido politico da nossa Praça e forte apreciador de corpos bronzeados não perde uma oportunidade de dar uma olhadela pelas inúmeras beldades deitadas no areal da nossa “Copacabana”. Passeia-se pela praia, escolhe a “presa”, estende a toalha, deita-se ao lado, a poucos metros, abre o jornal e ao mesmo tempo deita um olhar erótico à beldade, Após a leitura pousa o matutino encima da barriga, mete a mão dentro do calção de banho e começa a apertar o pescoço ao “macaquinho”, As beldades deitadas ao lado apercebem-se que o jornal começa a subir e a descer e que ali existe um acto masturbador camuflado. Mesmo uma tara sexual. Algumas senhoras incomodadas com a situação já têm apresentado queixa na Delegação Marítima contra este apreciador da beleza feminina. Os nadadores-salvadores também já conhecedores deste ritual vão estar de olho nele já na presente época balnear. No meio deste quadro marítimo-erótico as beldades inglesas que se cuidem porque o macho latino anda à solta.
Vasco Barreto - Albufeira"
(in a Avezinha, jornal algarvio - Secção: Correio)
Obrigado Camarada Vasco!!!
domingo, 7 de setembro de 2008
Justiça
Tenho acompanhado razoavelmente a campanha para a presidência norte-americana. Obama continua o seu caminho, adorado na Europa e dividindo ao meio os americanos.
Na convenção republicana, McCain apresentou a sua vice-presidente. É Sarah Palin, que veio trazer à campanha republicana o elemento que faltava num discurso "Deus-Pátria-Família" que está já a ter sucesso nas sondagems (2% de diferença, favorável a Obama, quando era de 8% há pouco mais de uma semana).
Todos os ataques a Obama dizem mais dos republicanos do que do candidato republicano. Odeiam Obama porque fala bem (é um falso bem falante), porque fala em retirada do Iraque e não em vitória no Iraque (é um pussy que odeia os soldados e ama os talibans), porque é amado na Europa (e como tal, não pode ser um bom americano).
Quando este ponto foi falado na convenção, McCain quase cuspiu a palavra "Europa", com um desprezo que mostra bem a sua mentalidade. Todo aquele show de God Bless America é do mais transparente que existe. Mostra como essa gente é perigosa para todo o mundo e para os EUA.
Estou convencido de que um povo que vota duas vezes em George W. Bush, depois de tudo, é um povo que não vai eleger um negro e vai dar a vitória a um Texas Ranger alucinado e acabado.
De qualquer forma, e mais do que nunca, os americanos vão ter o que merecem.
Tenho acompanhado razoavelmente a campanha para a presidência norte-americana. Obama continua o seu caminho, adorado na Europa e dividindo ao meio os americanos.
Na convenção republicana, McCain apresentou a sua vice-presidente. É Sarah Palin, que veio trazer à campanha republicana o elemento que faltava num discurso "Deus-Pátria-Família" que está já a ter sucesso nas sondagems (2% de diferença, favorável a Obama, quando era de 8% há pouco mais de uma semana).
Todos os ataques a Obama dizem mais dos republicanos do que do candidato republicano. Odeiam Obama porque fala bem (é um falso bem falante), porque fala em retirada do Iraque e não em vitória no Iraque (é um pussy que odeia os soldados e ama os talibans), porque é amado na Europa (e como tal, não pode ser um bom americano).
Quando este ponto foi falado na convenção, McCain quase cuspiu a palavra "Europa", com um desprezo que mostra bem a sua mentalidade. Todo aquele show de God Bless America é do mais transparente que existe. Mostra como essa gente é perigosa para todo o mundo e para os EUA.
Estou convencido de que um povo que vota duas vezes em George W. Bush, depois de tudo, é um povo que não vai eleger um negro e vai dar a vitória a um Texas Ranger alucinado e acabado.
De qualquer forma, e mais do que nunca, os americanos vão ter o que merecem.
She's back! Is she, really?!....
Depois de uma hibernação de 37 anos, Manuela Ferreira Leite falou. Saiu da gruta, desceu do alto da sua montanha, e veio espalhar a verdade a todos nós, pobres camponeses à procura de luz e caminho.
O que ela disse? Bem, eu ouvi o discurso, mas foi de tal forma oco e vazio de conteúdo que já não me lembro muito bem. Perdoem-me, mas a sapiência da senhora não pode ser transmitida por intermediários.
Nenuma ideia nova, nenhuma que a distinga do PS.
Fez uma crítica interessante, à mediatização da política e à máquina comunicacional do PS. Neste último ponto, tem toda a razão. O PS é o Governo que mais investiu nesta máquina, no controlo das notícias, na pressão encapotada sobre os jornalistas, no 'timing' ao segundo da altura em que se revelam novidades (no preciso momento em que o Executivo está sob pressão devido a qualquer notícia que lhe é desfavorável).
Diz a nossa dama de ferro que falará quando for importante, e não quando qualquer soundbyte faça correr os jornalistas para a sua porta. Tem toda a razão. No entanto, pela gestão que tem feito dos momentos em que considera importante falar, mostra que não tem um filtro minimamente competente para tomar esta decisão.
O problema de Manuela Ferreira Leite é outro. Acha-se demasiado boa, demasiado superior, para estar na política à portuguesa. Faz as coisas com enfado, a contragosto. Eu até a percebo, embora não a ache metade do que ela se acha.
Ela esquece-se é que estamos em Portugal. É esta a política que temos, e ela não tem hipótese de ganhar, nem sequer de perder graciosamente, se se recusar a ver a realidade. Ainda por cima, como líder de um partido sem ideologia, a intervenção mediática ganha o dobro da importância. Já que não há nada para dizer, é importante dizer esse nada muitas vezes (veja-se o que faz o PS).
Sócrates está confortável. A sua maioria absoluta depende apenas dos votos que a esquerda lhe poderá retirar.
Depois de uma hibernação de 37 anos, Manuela Ferreira Leite falou. Saiu da gruta, desceu do alto da sua montanha, e veio espalhar a verdade a todos nós, pobres camponeses à procura de luz e caminho.
O que ela disse? Bem, eu ouvi o discurso, mas foi de tal forma oco e vazio de conteúdo que já não me lembro muito bem. Perdoem-me, mas a sapiência da senhora não pode ser transmitida por intermediários.
Nenuma ideia nova, nenhuma que a distinga do PS.
Fez uma crítica interessante, à mediatização da política e à máquina comunicacional do PS. Neste último ponto, tem toda a razão. O PS é o Governo que mais investiu nesta máquina, no controlo das notícias, na pressão encapotada sobre os jornalistas, no 'timing' ao segundo da altura em que se revelam novidades (no preciso momento em que o Executivo está sob pressão devido a qualquer notícia que lhe é desfavorável).
Diz a nossa dama de ferro que falará quando for importante, e não quando qualquer soundbyte faça correr os jornalistas para a sua porta. Tem toda a razão. No entanto, pela gestão que tem feito dos momentos em que considera importante falar, mostra que não tem um filtro minimamente competente para tomar esta decisão.
O problema de Manuela Ferreira Leite é outro. Acha-se demasiado boa, demasiado superior, para estar na política à portuguesa. Faz as coisas com enfado, a contragosto. Eu até a percebo, embora não a ache metade do que ela se acha.
Ela esquece-se é que estamos em Portugal. É esta a política que temos, e ela não tem hipótese de ganhar, nem sequer de perder graciosamente, se se recusar a ver a realidade. Ainda por cima, como líder de um partido sem ideologia, a intervenção mediática ganha o dobro da importância. Já que não há nada para dizer, é importante dizer esse nada muitas vezes (veja-se o que faz o PS).
Sócrates está confortável. A sua maioria absoluta depende apenas dos votos que a esquerda lhe poderá retirar.
Verão Azul
Há quem pense que, devido às férias parlamentares e ao êxodo para o Allgarve de todos os políticos nacionais, a política faz-se de Setembro a Junho. Eu não concordo. Aliás, apesar do alívio que é não levarmos com a verborreia parlamentar durante alguns mesitos, é nos meses de Verão que podemos identificar os elos perdidos no ADN dos diferentes partidos.
Os partidodo eixo do poder, ou seja, de direita nas suas várias formas (CDS, PSD e PS) fazem as universidades de Verão. Mais do que doutrina ou ideologia, que não têm, aquilo serve sobretudo para os iupis ambiciosos das Jotas poderem estar, cara a cara, com os gajos que lhes vão arranjar emprego em pouco tempo. Mostram-se, trocam a praia por uns escritórios abafados, e procuram impressionar os Ângelos Correias deste mundo.
Na esquerda, é diferente. O PC tem a festa do Avante, uma belíssima tradição à qual já compareci algumas vezes. Entre bons comes e bebes, iniciativas culturais e bons concertos, e alguma política (nunca assisti ao discurso). É claro que é preciso uma grande dose de tolerância para aturar os freaks dos cães, a malta vestida de sarapilheira e o geral tom de ingenuidade e parvoíce política que perpassa o Estado. Mas, na verdade, as intenções até são boas e louváveis e concordo com a esmagadora maioria delas. É uma questão de forma, de tom, de registo. É bastante irritante, mas há que desligar o complicómetro à entrada.
O Bloco é o mais divertido. Como bons esquerdalhos que são, fazem um acampamento de Verão. Este ano, a coisa ficou ainda mais estranha que o habitual. Aqui vem um resumo fantástico do que por lá se passou, mas deixo-vos aqui um trecho:
Em cada manhã, os diferentes workshops culturais foram acontecendo: percussão, artes murais, teatro do oprimido, andas e animação de rua, construção de vacas magras, massagens, raggajam. Estes foram espaços de descontracção, de desmecanização do corpo mas também das ideias. No último dia, à noite, foram apresentados os resultados de algumas das oficinas, com um espectáculo de djambés e harmónica, com uma exposição de stencil e uma sessão de teatro-fórum sobre violência doméstica.
Os activistas das Panteras Rosas tiveram ainda um papel crucial na dinamização do Espaço Sexualidades, durante o tempo livre, em que diversos workshops e debates tiveram lugar, desde brinquedos sexuais à transexualidade.
Pois.
O Bloco situa-se, no nosso espectro político, na área que, em teoria, mais facilmente deveria cativar o meu voto. Mas a minha baixa tolerância à idiotice levou-me a não votar no BE nos últimos anos. E a coisa parece estar a ficar pior.
Quanto ao PCTP, fizeram um campo de treino semelhante aos do Hamas, com prática de armas de fogo, tiro ao fascista e lições de carpintaria e metalurgia.
Há quem pense que, devido às férias parlamentares e ao êxodo para o Allgarve de todos os políticos nacionais, a política faz-se de Setembro a Junho. Eu não concordo. Aliás, apesar do alívio que é não levarmos com a verborreia parlamentar durante alguns mesitos, é nos meses de Verão que podemos identificar os elos perdidos no ADN dos diferentes partidos.
Os partidodo eixo do poder, ou seja, de direita nas suas várias formas (CDS, PSD e PS) fazem as universidades de Verão. Mais do que doutrina ou ideologia, que não têm, aquilo serve sobretudo para os iupis ambiciosos das Jotas poderem estar, cara a cara, com os gajos que lhes vão arranjar emprego em pouco tempo. Mostram-se, trocam a praia por uns escritórios abafados, e procuram impressionar os Ângelos Correias deste mundo.
Na esquerda, é diferente. O PC tem a festa do Avante, uma belíssima tradição à qual já compareci algumas vezes. Entre bons comes e bebes, iniciativas culturais e bons concertos, e alguma política (nunca assisti ao discurso). É claro que é preciso uma grande dose de tolerância para aturar os freaks dos cães, a malta vestida de sarapilheira e o geral tom de ingenuidade e parvoíce política que perpassa o Estado. Mas, na verdade, as intenções até são boas e louváveis e concordo com a esmagadora maioria delas. É uma questão de forma, de tom, de registo. É bastante irritante, mas há que desligar o complicómetro à entrada.
O Bloco é o mais divertido. Como bons esquerdalhos que são, fazem um acampamento de Verão. Este ano, a coisa ficou ainda mais estranha que o habitual. Aqui vem um resumo fantástico do que por lá se passou, mas deixo-vos aqui um trecho:
Em cada manhã, os diferentes workshops culturais foram acontecendo: percussão, artes murais, teatro do oprimido, andas e animação de rua, construção de vacas magras, massagens, raggajam. Estes foram espaços de descontracção, de desmecanização do corpo mas também das ideias. No último dia, à noite, foram apresentados os resultados de algumas das oficinas, com um espectáculo de djambés e harmónica, com uma exposição de stencil e uma sessão de teatro-fórum sobre violência doméstica.
Os activistas das Panteras Rosas tiveram ainda um papel crucial na dinamização do Espaço Sexualidades, durante o tempo livre, em que diversos workshops e debates tiveram lugar, desde brinquedos sexuais à transexualidade.
Pois.
O Bloco situa-se, no nosso espectro político, na área que, em teoria, mais facilmente deveria cativar o meu voto. Mas a minha baixa tolerância à idiotice levou-me a não votar no BE nos últimos anos. E a coisa parece estar a ficar pior.
Quanto ao PCTP, fizeram um campo de treino semelhante aos do Hamas, com prática de armas de fogo, tiro ao fascista e lições de carpintaria e metalurgia.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Deslavado.net
O Alvim a viver 7 dias sem tecnologia??? SO WHAT?
Eu gostava era de ver o Alvim a viver 7 dias com shampoo... isso sim!!!
O Alvim a viver 7 dias sem tecnologia??? SO WHAT?
Eu gostava era de ver o Alvim a viver 7 dias com shampoo... isso sim!!!
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Elementar, meu caro Watson
Francês suspeito de mater líder de "Os Mosqueteiros".
Richelieu volta a atacar.
Francês suspeito de mater líder de "Os Mosqueteiros".
Richelieu volta a atacar.
sábado, 30 de agosto de 2008
A Rebeldia iPhone
A SIC montou uma gigantesca campanha de promoção para a sua nova série/novela/monte de merda, que dá pelo nome de Rebelde Way.
Depois de anos a apanhar bonés, percebeu que a melhor maneira de combater a morangada da TVI era...imitar. É lógico. Era inevitável.
Depois de 20 minutos a ver a nova série (o que me provocou uma crise de cólicas da qual só um dia depois começo a recuperar) sinto-me preparado para uma análise.
Bora lá.
A fórmula é a mesma nos dois canais. Aqui fica a receita:
1 - Pitas boas. Muitas, quanto mais descascadas melhor (as séries de verão são, naturalmente, as melhores, porque eles vão todos juntos para a praia).
2 - Gajos "estilosos". A coisa divide-se em dois: há aqueles que têm quase 30 anos mas fazem de adolescentes, e depois há os que são mesmo adolescentes. Estes últimos são aqueles que se levam a sério enquanto "actores". O requisito essencial para qualquer gajo que entre nestas séries é ter um penteado ridículo.
3 - O Rebelde Way tem gajas do norte. Fazem de gajas daqui, mas aquele sotaque é fodido de perder. Fica ridículo, mas as gajas são boas.
4 - Nos Morangos, a palavra "pessoal" é dita 53 vezes por minuto, normalmente inserida nas frases "Eh pá, pessoal!", no início de cada conversa, ou então "Bora lá, pessoal", antes do início de qualquer actividade.
Agora vamos à bosta que a SIC acabou de parir, com pompa, circunstância, varejeiras e mau cheiro.
Chama-se Rebelde Way. Cool, man! O slogan dos Morangos era "Geração Rebelde", mas a inspiração deve ter vindo de outro lado, de certeza. O que me irrita na poia da SIC é que os gajos são todos betinhos (até os mânfios são todos giros e cool e com uma caracterização ridícula, como se fossem a um baile de máscaras vestidos de agarrados ou arrumadores de carros). Mas depois são bué rebeldes. São bué mauzões, man! A brincar com os seus iPhone, com as suas roupinhas fashion, grandes vidas, mas muita mauzões.
Se há algo que esta geração de morangada não pode ser, não tem direito a ser, é ser rebelde. Rebelde porquê, contra quê? Nunca houve em Portugal geração mais privilegiada do que a actual à qual esses putos pertencem. Nunca qualquer puto teve tanta liberdade e tanta guita no bolso como esta malta. Nunca as pitas foram tão boas e tão disponíveis para foder com a turma inteira como agora. Nunca houve tamanha liberdade de mandar os pais à merda e exigir uma melhor mesada porque é altura dos saldos. Rebelde porquê? Em nome de quê?
É claro que isto são pormenores com as quais as novelas não se deparam, nem têm de o fazer. O objectivo é simples: para uma geração tão privilegiada como aquela que é retratada, há que criar uma rebeldia fictícia, porque não é cool ser dondoca aos 16 anos. Mas é o que todos eles são.
Há uns tempos vi, no largo do carmo, um bando de aí uns 15 putos e pitas, vestidos à dread com roupinha acabada de comprar na Pepe Jeans. Um dos putos que ia à frente, não devia ter mais de 16 anos, vem a falar à idiota como se fosse dono da rua, saca duma lata de tinta e escrevinha qualquer coisa de merda na parede. Todos se riram, todos adoraram, e ele foi, durante cinco minutos, o maior do bairro. Não fiz nada, mas devia ter-lhe partido a boca toda.
Todas as últimas gerações antes desta (incluindo a minha, a Geração Rasca, que se transformou na Geração Crise - bem nos foderam com esta merda) tiveram de furar, de lutar, de fazer algo. Havia uma alienação mais ou menos real, que depois se podia traduzir nalguma forma de rebeldia. Não era o 25 de Abril como os nossos pais. A nossa revolução é a dos recibos verdes e da consolidação orçamental. Mas esta morangada sente-se, devido à merda que a televisão lhes serve e aos paizinhos idiotas que (não) a educaram, que é dona do mundo. Quando já és dono do mundo, vais revoltar-te contra quem? E por que raio haverias de o fazer?!
E assim vamos nós.
Com novelas de putos "rebeldes", feitas por "actores" cujo momento de glória é entrar numa boys band ou aparecer de cu ao léu na capa da FHM, ensinando a todos os outros putos que temos que ter cuidado com as drogas (mas todos os agarrados são limpinhos, assépticos, com os mesmos penteados ridículos), que a gravidez adolescente é má (mas todas as pitas querem foder à grande, porque são donas da sua própria vida e os pais não sabem nada, etc) e que, sobretudo, este mundo lhes deve alguma coisa.
Os tomates.
A mim e aos meus, o mundo deve alguma coisa. Aos que foram atrás da merda do canudo para trabalhar num call center, aos que se matam a trabalhar e são forçados a ser adultos antes do tempo. Não a esta cambada de mentecaptos.
E depois estas séries vão retratando "problemas sociais da juventude", afagando a consciência de quem "escreve" aquela merda, enquanto ao mesmo tempo incentivam esta visão egocêntrica, egoísta e vácua desta geração acabadinha de sair do forno.
Talvez eu esteja a ficar velho e a soar como o meu pai. Lamento se não é cool.
Mas esta merda enoja-me.
A SIC montou uma gigantesca campanha de promoção para a sua nova série/novela/monte de merda, que dá pelo nome de Rebelde Way.
Depois de anos a apanhar bonés, percebeu que a melhor maneira de combater a morangada da TVI era...imitar. É lógico. Era inevitável.
Depois de 20 minutos a ver a nova série (o que me provocou uma crise de cólicas da qual só um dia depois começo a recuperar) sinto-me preparado para uma análise.
Bora lá.
A fórmula é a mesma nos dois canais. Aqui fica a receita:
1 - Pitas boas. Muitas, quanto mais descascadas melhor (as séries de verão são, naturalmente, as melhores, porque eles vão todos juntos para a praia).
2 - Gajos "estilosos". A coisa divide-se em dois: há aqueles que têm quase 30 anos mas fazem de adolescentes, e depois há os que são mesmo adolescentes. Estes últimos são aqueles que se levam a sério enquanto "actores". O requisito essencial para qualquer gajo que entre nestas séries é ter um penteado ridículo.
3 - O Rebelde Way tem gajas do norte. Fazem de gajas daqui, mas aquele sotaque é fodido de perder. Fica ridículo, mas as gajas são boas.
4 - Nos Morangos, a palavra "pessoal" é dita 53 vezes por minuto, normalmente inserida nas frases "Eh pá, pessoal!", no início de cada conversa, ou então "Bora lá, pessoal", antes do início de qualquer actividade.
Agora vamos à bosta que a SIC acabou de parir, com pompa, circunstância, varejeiras e mau cheiro.
Chama-se Rebelde Way. Cool, man! O slogan dos Morangos era "Geração Rebelde", mas a inspiração deve ter vindo de outro lado, de certeza. O que me irrita na poia da SIC é que os gajos são todos betinhos (até os mânfios são todos giros e cool e com uma caracterização ridícula, como se fossem a um baile de máscaras vestidos de agarrados ou arrumadores de carros). Mas depois são bué rebeldes. São bué mauzões, man! A brincar com os seus iPhone, com as suas roupinhas fashion, grandes vidas, mas muita mauzões.
Se há algo que esta geração de morangada não pode ser, não tem direito a ser, é ser rebelde. Rebelde porquê, contra quê? Nunca houve em Portugal geração mais privilegiada do que a actual à qual esses putos pertencem. Nunca qualquer puto teve tanta liberdade e tanta guita no bolso como esta malta. Nunca as pitas foram tão boas e tão disponíveis para foder com a turma inteira como agora. Nunca houve tamanha liberdade de mandar os pais à merda e exigir uma melhor mesada porque é altura dos saldos. Rebelde porquê? Em nome de quê?
É claro que isto são pormenores com as quais as novelas não se deparam, nem têm de o fazer. O objectivo é simples: para uma geração tão privilegiada como aquela que é retratada, há que criar uma rebeldia fictícia, porque não é cool ser dondoca aos 16 anos. Mas é o que todos eles são.
Há uns tempos vi, no largo do carmo, um bando de aí uns 15 putos e pitas, vestidos à dread com roupinha acabada de comprar na Pepe Jeans. Um dos putos que ia à frente, não devia ter mais de 16 anos, vem a falar à idiota como se fosse dono da rua, saca duma lata de tinta e escrevinha qualquer coisa de merda na parede. Todos se riram, todos adoraram, e ele foi, durante cinco minutos, o maior do bairro. Não fiz nada, mas devia ter-lhe partido a boca toda.
Todas as últimas gerações antes desta (incluindo a minha, a Geração Rasca, que se transformou na Geração Crise - bem nos foderam com esta merda) tiveram de furar, de lutar, de fazer algo. Havia uma alienação mais ou menos real, que depois se podia traduzir nalguma forma de rebeldia. Não era o 25 de Abril como os nossos pais. A nossa revolução é a dos recibos verdes e da consolidação orçamental. Mas esta morangada sente-se, devido à merda que a televisão lhes serve e aos paizinhos idiotas que (não) a educaram, que é dona do mundo. Quando já és dono do mundo, vais revoltar-te contra quem? E por que raio haverias de o fazer?!
E assim vamos nós.
Com novelas de putos "rebeldes", feitas por "actores" cujo momento de glória é entrar numa boys band ou aparecer de cu ao léu na capa da FHM, ensinando a todos os outros putos que temos que ter cuidado com as drogas (mas todos os agarrados são limpinhos, assépticos, com os mesmos penteados ridículos), que a gravidez adolescente é má (mas todas as pitas querem foder à grande, porque são donas da sua própria vida e os pais não sabem nada, etc) e que, sobretudo, este mundo lhes deve alguma coisa.
Os tomates.
A mim e aos meus, o mundo deve alguma coisa. Aos que foram atrás da merda do canudo para trabalhar num call center, aos que se matam a trabalhar e são forçados a ser adultos antes do tempo. Não a esta cambada de mentecaptos.
E depois estas séries vão retratando "problemas sociais da juventude", afagando a consciência de quem "escreve" aquela merda, enquanto ao mesmo tempo incentivam esta visão egocêntrica, egoísta e vácua desta geração acabadinha de sair do forno.
Talvez eu esteja a ficar velho e a soar como o meu pai. Lamento se não é cool.
Mas esta merda enoja-me.
sábado, 23 de agosto de 2008
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Portugal dos pequeninos
E pronto, parece que é desta que a malta não ganha medalha nenhuma nos jogos olímpicos. Este certame é, na verdade, um acumulado de momentos bastante aborrecidos, com duelos de badminton, lançamento de várias coisas e que, este ano, está a ser dominado, em termos de atenção mediática, para um dos desportos mais chatos de todos os tempos, a natação.
Eu cá até gostava dos JO nos 80´s, quando ainda havia no ar um restinho de guerra fria e eu torcia pelos russos contra os americanos. Hoje em dia nem isso há.
Voltando aos tugas.
Zero medalhas, provas de merda, críticas à arbitragem (já há apito dourado no judo?), enfim, o costume, desde que os tugas deixaram de ser um povo de lingrinhas desgraçadinhos que se matavam todos nas horas vagas para correr maratonas de 40 km e provas de ciclismo de 200 km. Agora há playstations, e 50 canais de televisão, e pornografia acessível, à borla, na internet. Isto, quer queiramos quer não, altera um bocado as prioridades da malta. Mas ouve-se os atletas tugas, e algo não bate certo no seu discurso. É tudo "estou contente, bati o meu record pessoal", "dei o meu melhor, já foi bom competir com os melhores do mundo", etc, e depois ficam em último. Os portugueses são os campeões mundiais do desportivismo, os únicos que levam à letra a história do "o que interessa é participar". A não ser que sejam os Jogos sem Fronteiras, claro, porque nessa merda Santo Tirso ou Loulé não deixavam os cabrões dos suíços e dos san marinenses chegar nem perto do primeiro lugar.
É uma questão de mentalidade. Vamos para lá pedir desculpa por existirmos. Eu compreendo. A sério. Os outros são muita bons, vivem para aquilo, têm condições fabulosas para treinar. E nós somos tugas, "lamento incomodar, mas acha que me deixa correr aqui na pista 4? Eu não incomodo ninguém, nem vão perceber que eu estou aqui, brinquem lá a essa coisa das medalhas, eu só vou correr aqui um bocadinho para aparecer na televisão".
É-me absolutamente indiferente que a gente traga ou não medalhas, muito francamente. Mas, para quem torce por aquilo, talvez seja altura de começar a perguntar porquê.
PS - Francisco Obi-Coelho, esse grande sprinter nigeriano ali da zona de Serpa, vai abandonar a carreira. Foi bom enquanto durou. Que tal hipotecarmos o país e naturalizarmos o Phelps?
E pronto, parece que é desta que a malta não ganha medalha nenhuma nos jogos olímpicos. Este certame é, na verdade, um acumulado de momentos bastante aborrecidos, com duelos de badminton, lançamento de várias coisas e que, este ano, está a ser dominado, em termos de atenção mediática, para um dos desportos mais chatos de todos os tempos, a natação.
Eu cá até gostava dos JO nos 80´s, quando ainda havia no ar um restinho de guerra fria e eu torcia pelos russos contra os americanos. Hoje em dia nem isso há.
Voltando aos tugas.
Zero medalhas, provas de merda, críticas à arbitragem (já há apito dourado no judo?), enfim, o costume, desde que os tugas deixaram de ser um povo de lingrinhas desgraçadinhos que se matavam todos nas horas vagas para correr maratonas de 40 km e provas de ciclismo de 200 km. Agora há playstations, e 50 canais de televisão, e pornografia acessível, à borla, na internet. Isto, quer queiramos quer não, altera um bocado as prioridades da malta. Mas ouve-se os atletas tugas, e algo não bate certo no seu discurso. É tudo "estou contente, bati o meu record pessoal", "dei o meu melhor, já foi bom competir com os melhores do mundo", etc, e depois ficam em último. Os portugueses são os campeões mundiais do desportivismo, os únicos que levam à letra a história do "o que interessa é participar". A não ser que sejam os Jogos sem Fronteiras, claro, porque nessa merda Santo Tirso ou Loulé não deixavam os cabrões dos suíços e dos san marinenses chegar nem perto do primeiro lugar.
É uma questão de mentalidade. Vamos para lá pedir desculpa por existirmos. Eu compreendo. A sério. Os outros são muita bons, vivem para aquilo, têm condições fabulosas para treinar. E nós somos tugas, "lamento incomodar, mas acha que me deixa correr aqui na pista 4? Eu não incomodo ninguém, nem vão perceber que eu estou aqui, brinquem lá a essa coisa das medalhas, eu só vou correr aqui um bocadinho para aparecer na televisão".
É-me absolutamente indiferente que a gente traga ou não medalhas, muito francamente. Mas, para quem torce por aquilo, talvez seja altura de começar a perguntar porquê.
PS - Francisco Obi-Coelho, esse grande sprinter nigeriano ali da zona de Serpa, vai abandonar a carreira. Foi bom enquanto durou. Que tal hipotecarmos o país e naturalizarmos o Phelps?
terça-feira, 12 de agosto de 2008
A Tasca do Adriano
Ontem a SIC exibiu a reportagem "especial" feita no El Bulli, considerado por muito boa gente o melhor restaurante do mundo. O que temos na foto é qualquer coisa como beterraba caramelizada e mais não sei quê.
Chocou-me particularmente uma parte da reportagem em que se constatava que o chefe Ferran Adrià tinha que meter do seu bolso, todos os anos, cerca de 600 mil euros para colmatar o buraco feito pelo desperdício de comida. Todos os dias chega comida ao restaurante e além das ervilhas amolgadas que não passam na inspecção e das ostras defeituosas?! que não tem direito a desfilar na passerelle, toda a comida que sobra não é aproveitada para o dia seguinte. Uma coisa que sempre me fez confusão é a comida que se desperdiça nos restaurantes, um restaurante só é bom se servir uma dose para uma pessoa que dá para dez e da qual se come duas colheradas e o resto, muitas vezes, vai para o lixo.
Não sou um fundamentalista da ecologia, mas numa altura em que o planeta e a carteira estão cada vez mais nos ais e que até está na moda ter uma consciência ecológica, pergunto-me se não faria sentido campanha de sensibilização ou mesmo medidas concretas para minimizar este problema. Porque não meter a ASAE a avaliar o nível de desperdício nos restaurantes? Não é por mim, é pelos outros!
Será que também não devia ser um factor a ter em conta na eleição do melhor restaurante do mundo? Ou só o que interessa é a descobrir a nova maneira de acelerar as partículas do açúcar, de modo a obter um caramelo ionizado que se verte por cima de uma cama de espargos gelificados por azoto líquido?
Ontem a SIC exibiu a reportagem "especial" feita no El Bulli, considerado por muito boa gente o melhor restaurante do mundo. O que temos na foto é qualquer coisa como beterraba caramelizada e mais não sei quê.
Chocou-me particularmente uma parte da reportagem em que se constatava que o chefe Ferran Adrià tinha que meter do seu bolso, todos os anos, cerca de 600 mil euros para colmatar o buraco feito pelo desperdício de comida. Todos os dias chega comida ao restaurante e além das ervilhas amolgadas que não passam na inspecção e das ostras defeituosas?! que não tem direito a desfilar na passerelle, toda a comida que sobra não é aproveitada para o dia seguinte. Uma coisa que sempre me fez confusão é a comida que se desperdiça nos restaurantes, um restaurante só é bom se servir uma dose para uma pessoa que dá para dez e da qual se come duas colheradas e o resto, muitas vezes, vai para o lixo.
Não sou um fundamentalista da ecologia, mas numa altura em que o planeta e a carteira estão cada vez mais nos ais e que até está na moda ter uma consciência ecológica, pergunto-me se não faria sentido campanha de sensibilização ou mesmo medidas concretas para minimizar este problema. Porque não meter a ASAE a avaliar o nível de desperdício nos restaurantes? Não é por mim, é pelos outros!
Será que também não devia ser um factor a ter em conta na eleição do melhor restaurante do mundo? Ou só o que interessa é a descobrir a nova maneira de acelerar as partículas do açúcar, de modo a obter um caramelo ionizado que se verte por cima de uma cama de espargos gelificados por azoto líquido?
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Um bom trabalho
Como passo a vida a dizer mal, e o blog precisa de desanuviar em tempo de crise, aqui vai uma coisa boa. A série da RTP "Conta-me como foi" tem tudo. Um óptimo elenco, um bom trabalho de pesquisa, bons textos, e aquela inocência que nos lembra o país que nós já fomos, no mau que se foi embora e no bom que se perdeu. É um bom trabalho, e provavelmente a melhor série da televisão portuguesa nos últimos 20 anos.
Enquanto a maior parte dos canais prefere apostar no fácil e barato - morangadas e malucos do riso com gajas de bikini e piadas mais velhas que o cagar de cócoras - é refrescante ver a RTP cumprir, ainda que esporadicamente a sua missão.
Um exemplo.
domingo, 10 de agosto de 2008
VIVA PORTUGAL
Há uns posts atrás, escrevi acerca do StarTrackers, aquela cena que serve supostamente para estimular o "Talento Português". Recebi uma mensagem, através desse sistema, que gostaria de partilhar convosco. É de um tal de Ricardo Diniz, que é o velejador de que falei nesse outro post. Façam-me o favor de ler o que vem abaixo.
Star Power Request:
Volta ao mundo por PORTUGAL
Posted by: Ricardo Diniz
O meu nome é Ricardo Diniz e sou, entre outras coisas, velejador solitário. Desde os 8 anos que sonho com o objectivo de fazer a volta ao mundo à vela sozinho. Desde então que me dedico todos os dias a reunir as condições necessárias para aprender e atingir.
Com muito esforço pessoal e financeiro conseguimos trazer para Portugal uma regata de volta ao mundo! Trata-se da primeira competição do género a começar e acabar em Portugal e uma fantástica oportunidade para Portugal se promover e posicionar num mercado global com valores de tecnologia, inovação e qualidade.
Esta regata, a Portimão Global Ocean Race, precisa de ter um velejador de Portugal. Faz sentido. É o que todos esperam. É consistente com o mar que fez de Portugal o País dos Oceanos. O barco será um formidável e relevante veículo de promoção de Portugal.
Os padrinhos do meu projecto são Luís Figo e Catarina Furtado.
Precisamos de €1M.
Ideal Scenário Budget Breakdown:
Stage 1 - €450k o mais depressa possível para comprar o barco e iniciar as obras de adaptação, encomendar velas novas e muito, mesmo muito material. Até a comida tem de ser já encomendada.
Stage 2 - €100k até 25 de Agosto para activar a equipa em terra, comunicações satélite para partilhar a viagem com escolas e imprensa e muitos outros pormenores.
Stage 3 - €50k até 12 de Outubro - LARGADA! - Contas finais a pagar a fornecedores.
Stage 4 - €380k até 10 de Abril 2009 - Comunicações, equipa em terra, logística, manutenção, velas novas, etc
Durante a viagem será dado seguimento ao Projecto Escolas que já desenvolvemos desde 1996. Milhares de crianças irão aprender geografia, história e matemática seguindo o pequeno veleiro à volta do mundo. A própria organização da regata tem um programa educativo impressionante. Queremos também reforçar a iniciativa MIL ao MAR, para levar o máximo número de crianças a conhecerem o mar de perto, à vela.
Apelo à rede para me ajudarem a atingir este objectivo com os vossos donativos, contactos e sugestões. O ideal seria termos um Title Sponsor que nos ajudaria, desde já, a comprar o barco e a fazer as alterações necessárias para ele aguentar bem a volta ao mundo. Precisamos comprar tempo e aproveitar cada dia ao máximo. Enquanto isso acontece iriam entrando outros parceiros bem como donativos individuais. No entanto, seguindo a sugestão de muitos Strackers, apenas com os vossos donativos é possível atingirmos o bolo total.
Confesso que não estou habituado a fazer este tipo de pedidos individuais, daí ter focado todos os nossos esforços nos últimos 12 anos na busca de parcerias corporativas. Mas aceitei o pedido do Tiago Forjaz para fazer este apelo à rede, e olhando para o feedback recebido até agora, acredito que poderemos estar prestes a fazer história de uma forma absolutamente notável.
O nome de cada pessoa e empresa que apoiar este projecto será colocado no casco do barco e no nosso site, como forma de agradecer e reconhecer o vosso contributo.
Nota curiosa: Um velejador do Canadá teve sucesso numa iniciativa semelhante com cerca de 5000 donativos. Até deu para construir o barco de raiz, num budget total muito superior ao nosso: www.spiritofcanada.net.
Se o Canadá consegue, nós também conseguimos.
Conto com o vosso apoio para levar mais longe o nome de PORTUGAL!
Ricardo Diniz
Well, well, well.
Por onde começar? Adoro tudo. Adoro o tom, o esquema, os objectivos. Aliás, acho que não devem ser só os gajos do StarTracker a ajudar. Também nós todos devíamos fazê-lo. Afinal, ele só precisa de um milhão! Um milhãozito! Para comprar um barquito! E é tudo em nome de Portugal! Para promover Portugal!
De facto, esta coisa promove bastante o Talento Português. E que maior talento português existe do que enganar o próximo com um esquema manhoso? Na verdade, esta rede está claramente a cumprir os seus objectivos.
Há gente com uma lata fabulosa.
E há otários para tudo.
Há uns posts atrás, escrevi acerca do StarTrackers, aquela cena que serve supostamente para estimular o "Talento Português". Recebi uma mensagem, através desse sistema, que gostaria de partilhar convosco. É de um tal de Ricardo Diniz, que é o velejador de que falei nesse outro post. Façam-me o favor de ler o que vem abaixo.
Star Power Request:
Volta ao mundo por PORTUGAL
Posted by: Ricardo Diniz
O meu nome é Ricardo Diniz e sou, entre outras coisas, velejador solitário. Desde os 8 anos que sonho com o objectivo de fazer a volta ao mundo à vela sozinho. Desde então que me dedico todos os dias a reunir as condições necessárias para aprender e atingir.
Com muito esforço pessoal e financeiro conseguimos trazer para Portugal uma regata de volta ao mundo! Trata-se da primeira competição do género a começar e acabar em Portugal e uma fantástica oportunidade para Portugal se promover e posicionar num mercado global com valores de tecnologia, inovação e qualidade.
Esta regata, a Portimão Global Ocean Race, precisa de ter um velejador de Portugal. Faz sentido. É o que todos esperam. É consistente com o mar que fez de Portugal o País dos Oceanos. O barco será um formidável e relevante veículo de promoção de Portugal.
Os padrinhos do meu projecto são Luís Figo e Catarina Furtado.
Precisamos de €1M.
Ideal Scenário Budget Breakdown:
Stage 1 - €450k o mais depressa possível para comprar o barco e iniciar as obras de adaptação, encomendar velas novas e muito, mesmo muito material. Até a comida tem de ser já encomendada.
Stage 2 - €100k até 25 de Agosto para activar a equipa em terra, comunicações satélite para partilhar a viagem com escolas e imprensa e muitos outros pormenores.
Stage 3 - €50k até 12 de Outubro - LARGADA! - Contas finais a pagar a fornecedores.
Stage 4 - €380k até 10 de Abril 2009 - Comunicações, equipa em terra, logística, manutenção, velas novas, etc
Durante a viagem será dado seguimento ao Projecto Escolas que já desenvolvemos desde 1996. Milhares de crianças irão aprender geografia, história e matemática seguindo o pequeno veleiro à volta do mundo. A própria organização da regata tem um programa educativo impressionante. Queremos também reforçar a iniciativa MIL ao MAR, para levar o máximo número de crianças a conhecerem o mar de perto, à vela.
Apelo à rede para me ajudarem a atingir este objectivo com os vossos donativos, contactos e sugestões. O ideal seria termos um Title Sponsor que nos ajudaria, desde já, a comprar o barco e a fazer as alterações necessárias para ele aguentar bem a volta ao mundo. Precisamos comprar tempo e aproveitar cada dia ao máximo. Enquanto isso acontece iriam entrando outros parceiros bem como donativos individuais. No entanto, seguindo a sugestão de muitos Strackers, apenas com os vossos donativos é possível atingirmos o bolo total.
Confesso que não estou habituado a fazer este tipo de pedidos individuais, daí ter focado todos os nossos esforços nos últimos 12 anos na busca de parcerias corporativas. Mas aceitei o pedido do Tiago Forjaz para fazer este apelo à rede, e olhando para o feedback recebido até agora, acredito que poderemos estar prestes a fazer história de uma forma absolutamente notável.
O nome de cada pessoa e empresa que apoiar este projecto será colocado no casco do barco e no nosso site, como forma de agradecer e reconhecer o vosso contributo.
Nota curiosa: Um velejador do Canadá teve sucesso numa iniciativa semelhante com cerca de 5000 donativos. Até deu para construir o barco de raiz, num budget total muito superior ao nosso: www.spiritofcanada.net.
Se o Canadá consegue, nós também conseguimos.
Conto com o vosso apoio para levar mais longe o nome de PORTUGAL!
Ricardo Diniz
Well, well, well.
Por onde começar? Adoro tudo. Adoro o tom, o esquema, os objectivos. Aliás, acho que não devem ser só os gajos do StarTracker a ajudar. Também nós todos devíamos fazê-lo. Afinal, ele só precisa de um milhão! Um milhãozito! Para comprar um barquito! E é tudo em nome de Portugal! Para promover Portugal!
De facto, esta coisa promove bastante o Talento Português. E que maior talento português existe do que enganar o próximo com um esquema manhoso? Na verdade, esta rede está claramente a cumprir os seus objectivos.
Há gente com uma lata fabulosa.
E há otários para tudo.
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