Considerações sobre um futuro não escolhido
Ao assistir na segunda-feira ao Levanta-te e Ri, apercebi-me, mais uma vez, que este programa tornou-se um caso sério de sucesso. É raro o programa, onde a assistência delire tanto e esteja sempre disposta a interagir com os intervenientes, sem que seja preciso o já costumeiro animador. Pondo de lado o nível de qualidade de muitos "comediantes de pé" que por lá aparecem, o facto é que, desde o grito de guerra do Fernando Rocha à subida do nível de humidade no público feminino quando aparece o puto Nogueira, o público português rendeu-se definitivamente à Stand Up Comedy. Mais do que isso, tornou-se uma moda e para muitos uma profissão de futuro.
Serve isto tudo para dizer que ao visionar o programa lembrei-me de uma conversa que tive com a minha prima, há uns meses atrás. Falávamos deste mesmo assunto, quando ela virou-se para mim e disse: "Tu é que tinhas jeito para isto!" Ao que eu respondi, num tom tipo "tás doida?": "Eu?!!" "Sim. Quando eras puto fazias coisas dessas!" Aqui era suposto ter me vindo à lembrança alguma coisa, um deslumbre ténue de alguma dessas situações, mas o que me saiu foi: "Hã?! O quê? Não me lembro nada disso!" "Uma das cenas que fazias era imitar os discursos do Ramalho Eanes alternando as palavras com arrotos?" Continuei a não me lembrar, por alguma razão apaguei completamente isso da memória e, naquele momento, confesso que fiquei triste, não que fosse um fosse um grande momento de humor para ser recordado, muito longe disso, mas levou-me a pensar que, provavelmente, haverá muitas mais coisas que nunca mais me lembrarei.
Acredito no talento e na aptidão natural, por isso não me imaginaria, de forma alguma, em cima do palco do Villaret a arrotar, o que, certamente, faria as delícias de certo tipo de público. No fim da conversa, em resposta ao meu ar incrédulo, a minha prima disse: "Não sei se tinha piada ou não, mas a mim fazias-me rir!"
E no fim de contas, pergunto: "Haverá algo mais importante?"
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