O Clube do Poeta
O PS lança hoje o «clube de reflexão política», cujos principais objectivos passam por reeditar o espirito dos estados gerais, recuperando a dinâmica que levou António Guterres ao Governo, como explicou Manuel Alegre.
Segundo este deputado o grémio pretende abrir “um espaço de reflexão e de intervenção em que estejam militantes, dirigentes do PS e muitos outros cidadãos, que não sendo filiados, querem contribuir para a renovação da nossa democracia». Canta ainda Alegre que «Neste momento está em causa a própria esperança que foi criada há 30 anos” e que existe uma “ofensiva colossal contra o próprio espírito do serviço público, contra o espírito do 25 de Abril»
A Manuel Alegre está reservado um triste papel na vida do PS. Cabe-lhe ser o rosto (ele adora isso) da reflexão política, da esquerda, da defesa da liberdade. É isso um triste papel? Sem dúvida que sim, já que Alegre não passa disso mesmo, de um rosto, de uma fachada, de uma caraça a que o PS esporadicamente lança mão para nos relembrar a casa de virtudes que é aquela sede no Rato.
Mas Alegre sabe isso muito bem, aliás descuida-se de tanto saber quando afirma ,sem pejo, que o grande fim deste clube da sueca é recuperar uma tal “dinâmica que levou o António Guterres ao poder”. E novidades?
É óbvio que não há mal na vontade de um partido querer o poder e muito menos em procurar ouvir e fazer ouvir outras vozes certamente valorosas. O mal reside na improficuidade da ideia. Pior: no conhecimento límpido (senão na intenção) de que o clube não servirá para mais nada que não seja a propaganda ao PS. Ao PS de esquerda, esse mito. E é nesta lógica mitológica e esotérica que se insere o joguete Alegre, esse quase comuna de trazer por casa. Eterno trovador de cravos.
A utilidade de Manuel Alegre é só uma (aqueles risíveis poemas ao Luís Figo não contam): funcionar como alibi, como prova do espírito de esquerda (sempre moderna e europeia) daquela gente.
A prova é felizmente ilidivel. A mim nunca me enganaram.
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