quinta-feira, 23 de setembro de 2004

CGD- Cardona Gosta de Dinheiro
E quem não gosta, não é verdade?
Com a nomeação de Celeste Cardona para a Caixa Geral de Depósitos, temos mais um exemplo da verdadeira agência de empregos, perdão, de tachos, em que o Estado se transformou.
Hoje em dia, o que interessa é ser político, sobretudo pertencendo ao eixo do poder (PSD/CDS/PS), e as portas do el-dorado empresarial, estatal e não só, abrem-se de par em par.
Nobre Guedes, ministro do Ambiente (sim, eu também ainda não acredito), desempenhava cargos em 28 (!) empresas quando foi nomeado para o Governo. Como é possível?
Será que é apenas pelos seus talentos nas respectivas áreas profissionais de origem? Ou será mais porque as empresas têm a expectativa de que a presença de políticos nos seus quadros lhes garantam benesses, fiscais e outras?
Acho que a resposta é evidente.
O tecido empresarial, e assim a economia, do nosso país, está nas mãos de meia dúzia de malfeitores, deputados, autarcas, políticos em geral, sempre com o tacho garantido e pronto a servir.
Muito se fala da promiscuidade entre a política e o futebol. Mas a verdadeira promiscuidade não está aí, está nas relações entre a política e as empresas. É assim que vemos casos como o das listas dos professores e a Compta, por exemplo.
A CGD é apenas a face mais visível da Tacholândia, porque há uma panóplia gigantesca de empresas e serviços estatais sempre prontos a acolher mais uns boys & girls.
Não é uma questão de esquerda ou direita, deste ou daquele partido.
PCP e BE escapam, talvez não por serem mais sérios, embora eu ache que sejam, mas pelo simples facto de que nunca chegarão ao poder, logo não poderão retribuir eventuais colocações.
A política portuguesa está (é?) uma vergonha, e os culpados estão à vista.
Que continue o povinho a votar sempre nos mesmos, e depois se indigne com estas situações.
E que depois venha o Sampaio e os líderes partidários queixar-se do afastamento dos portugueses em relação à política.
Eu estou afastado, porque não me poluo com certas companhias.
Voto, sei em quem voto, manifesto-me quando entendo que é importante.
Mas o desencanto está instalado.
A política portuguesa enoja-me.

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