A produtividade, ora nem mais!
Na questão dos aumentos salariais para 2005, o Governo tem uma ideia-chave, que mais não passa que recuperar o velho chavão ultra-liberal da produtividade. Ou seja, os salários não podem crescer acima da produtividade, com o argumento de que o país não pode gastar mais sem que se produza mais.
Ora isto levanta alguns problemas.
Primeiro- toda a gente sabe da dificuldade em medir os aumentos da produtividade, mede-se de forma diferente nos sectores público e privado, etc. Portanto, o Governo bem pode encher a boca com esta grande palavra, que não passa de uma falácia como as outras.
Segundo- num mundo ideal, o conceito de ligar a produtividade aos aumentos não é necessariamente reprovável. Mas, naquele em que vivemos, a questão não poderá estar aí, porque é uma ficção dizer que só pode dar-se aumentos se a produção de riqueza crescer. Para haver maior justiça, o fundamental não é mais riqueza, é, em primeiro lugar, distribuir bem a que já existe, e é óbvio que, se essa distribuição justa fosse feita, com toda a certeza haveria dinheiro para aumentos.
Este Governo continua a falar de justiça social mas recusa-se a incomodar os amigos e enfrentar o verdadeiro problema de desigualdade social deste país, que é a fraude e evasão fiscal. Alguém que não faz os ricos pagar aquilo que devem pagar não pode falar de justiça social.
Apanhem o dinheiro graúdo que todos os dias foge aos cofres do Estado, das grandes empresas e empresários, e deixem de se esconder na criação de nova riqueza.
Chega de slogans conservadores para que continuem a ser os pobres a pagar a crise.
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