A fraude
Ontem deu-se em Lisboa um evento absolutamente irrelevante que, como diziam as rádios e as televisões, “colocou a capital portuguesa no centro das atenções”.
Falo obviamente dos prémios desse abjecto canal de música (?) que dá pelo nome de MTV.
Muito VIP, muita security, muito glamour descartável, enfim, mais uma vez muita parra e pouca uva.
A MTV teve um papel fundamental na divulgação da música à escala global, o que já não acontece, mas há que admitir que o bom gosto nunca foi o seu forte. Não poderia ser, claro, para um canal cujos objectivos de expansão planetária o “obrigaram” à ditadura do mega-comercial, ou seja, da mega-merda.
Faz-me um bocado de confusão a histeria toda, que me parece ser efeito da pequena clique lisboeta que acha que o seu umbigo é o centro do planeta, ou que gostaria que assim fosse.
Percebo em parte a histeria dos Media, porque isso cada vez mais faz parte da sua natureza, e percebo a emoção de pitas de 13 anos para ver as Madonnas e as Shakiras. Já não percebo que gajos armados ao alternativo ou em metaleiros fora de tempo façam voz de valsete a aplaudir e a gritar pelos coldplay (uma das poucas bandas minimamente decentes que por lá passaram) .
A MTV é grande? É. Muito grande. É boa? Não. É uma grande, grande merda.
Mas hoje em dia o que interessa é ser vistoso, plástico, e estar lá, mesmo que cheire a esgoto a 10 quilómetros.
Hoje em dia, a MTV é um amontoado de programas de merda (como o de sair com duas gajas e cagar para uma na cara dela) intercalado de alguma música. Quanto a esta, à música, o que dizer?
Tudo o que seja cantado (?) por um preto de boné na tola e em vídeos com gajas de bilha à mostra, a MTV mostra. Repetidamente. A MTV parece querer convencer o mundo de que este é a América, e que todos gostam de música de merda (não falo simplesmente do hip-hop, porque há bom hip-hop, como em todos os géneros).
Para além dos yo’s e dos gajos muita maus cheios de diamantes, o resto é pop de merda. O que seria do absurdo epifenómeno Shakira sem a MTV? Nada, o que seria realmente justo.
E o que dizer dos tugas que subiram ao palco e que, estupidamente, gritaram por Portugal? Para a MTV, Lisboa é carne para canhão, um sítio baratucho para fazer a sua festinha plastificada como outros antes e outros depois. Mostrar orgulho(?!) por acolhermos a cerimónia, e fazer disso gala à viva voz, parece-me sinceramente um enorme sinal de provincianismo e menoridade mental.
Deixo ainda algumas notas soltas sobre o evento e a lista dos prémios.
1- A cota Madonna, que como se diz na nossa terra, “ainda levava”. Em termos musicais, é giro ver que, 20 anos depois, voltou a fazer uma musiquita engraçada, que por acaso gamou aos ABBA.
2 - The Gift, que ganhou o prémio português. Seria um prémio inteiramente justo, se ao terceiro álbum os meninos -que têm uma boa vocalista (um bocado pró irritante) e fazem uns sons electrónicos modernaços- tivessem alguma vez feito alguma música minimamente memorável. Melodias, uma boa canção, tão a ver a coisa?....
3- Ali G, das poucas coisas que valeram a pena.
Prémio Free your mind – Bob Geldof
Melhor artista português – The Gift
Melhor artista rock – Green Day
Melhor artista alternativo – System of a down
Melhor artista pop – Black Eyed Peas
Melhor artista Hip Hop – Snoop Dogg
Melhor artista R&B – Alicia Keys
Melhor álbum – American Idiot, dos Green Day
Melhor Canção – Speed of sound, dos Coldplay
Melhor vídeo – Brothers believe, dos Chemical Brothers
Melhor artista masculino – Robbie Wiliams
Melhor artista feminino – Shakira
Melhor banda- Gorillaz
Banda (?) revelação do ano – James Blunt.
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