Explicações para uma derrota
Mais uma vez, morremos na praia. Mais uma vez às mãos da França, mais uma vez derrotados por um penalti manhoso. Real, mas manhoso.
Em primeiro lugar, há que começar por dizer que os franceses não mereceram ganhar. Os motivos? São um povo afectado, frouxo e apaneleirado. Deviam ser campeões mundias de cricket, ou de curling, mas nunca de futebol, que é coisa de homens de barba rija.
Levámos na anilha, e não consigo dizer que não foi justo. Em grande medida foi.
Entrámos bem no jogo, estávamos até por cima da França, até que um acaso normal de um jogo de futebol, aquele penalty, nos deixou em clara desvantagem. Queremos encontrar lógica, justiça ou injustiça, mas o futebol é um jogo em que um acontecimento, uma bola ao lado ou uma falta estúpida podem influenciar tudo o resto, e foi isso que aconteceu.
Nós tivemos o azar/azelhice e os franceses tiveram a sorte/mérito de se dar aquele penalty. Tal como na célebre mão do Abel Xavier, é uma situação esquisita. Podemos sempre dizer que “se fosse ao contrário o gajo não marcava”, mas de facto ambos foram penaltis. É duro, mas é a vida.
O penalty deu aos franciús a vantagem que até aí não tinham tido, de poder ser a França a controlar o ritmo do jogo, e isso eles fazem como ninguém.
Podia ter sido diferente, mas desta vez (mais uma vez) foi assim. E eles estiveram irrepreensíveis. Dou-lhes os meus parabéns, desde que nunca mais tenha que ver na televisão a claque feminina da França (Blherk!).
Algumas notas soltas:
1- A táctica
A França é, tão só, a melhor equipa do mundo em termos tácticos. O posicionamento, a ocupação dos espaços, as compensações, tudo o que uma boa equipa faz, a França faz melhor. Portugal entrou taco a taco, mas assim que a França marcou, Portugal levou um banho táctico até final.
2- Cristiano Ronaldo
Muito talento, mas ainda em bruto. Quando aquelas hormonas acalmarem (trata disso, ó Merche!), e aquela energia for canalizada para um jogo não apenas mais colectivo mas sobretudo mais útil, poderá vir a ser o melhor jogador do mundo. Deu à equipa a sede de vitória de que ela precisava.
3 – O árbitro
Um uruguaio qualquer. Bem nos penaltis, esteve sempre mais do lado deles do que do nosso, em inúmeros lances divididos e em alguns cartões. Deixou-se claramente influenciar pelo jogo psicológico dos franciús durante a semana, e a gente até deu alguma razão para isso, em alguns mergulhos para a piscina.
4 – Deco
Esteve em campo? Alguém o viu? Deco é o jogador que faz mexer toda a equipa, e o falhanço dele sente-se mais do que o falhanço de qualquer um dos colegas. Bem sei que aquele meio campo dos franceses é lixado, mas do “Mágico”, como dizem os tripeiros, seria de esperar muito, mas muito mais.
5 – Pauleta
Esteve em campo? Alguém o viu (já agora, isto aplica-se também ao Ministro Costinha, que já nem chega a secretário de Estado).
A França não é o Azerbeijão, e Pauleta mais uma vez mostrou que não tem fibra para os grandes jogos. Em cinco jogos tem 1 golo e meia assistência. Para uma selecção que quer ganhar alguma coisa, um ponta de lança destes é muito pouco. Devia ter vergonha de ter roubado o recorde ao Deusébio.
6 – Os franciús
Depois de tanta conversa sobre o jogo sujo dos portugueses, os brioches também não foram nenhum dream team. Demoras na reposição, fitas, pressão sobre os árbitros, retranca, foi o que se viu. E aquele treinador dos gajos, com cara de impotente foleiro como só os franceses podem ter (vocês sabem, aquele gajo que parece saído da BD do Salomão e Mortadela, ou lá o que é), devia ser enrabado com uma baguete de ferro. Em brasa.
7 – Figo
Um grande, grande capitão.
8 – Zidane
Classe pura. Vai deixar saudades.
9 – Miguel, Maniche e Ricardo Carvalho
Os melhores da selecção durante todo o torneio.
10 – Simão
Continua armado em menino e perdeu a oportunidade de se mostrar a sério. Vai deixar o Glorioso mas deixa-nos uma pipa de massa. Podia ser pior.
11 – Ricardo
Grande influência para um tipo com uma voz tão fininha. Mais uma vez decisivo.
12 – Scolari
Enorme mérito na excelente campanha que Portugal fez. Fez opções estúpidas na convocatória, no banco igualmente (alguém me explica por que carga de água o Nuno Gomes não joga?!), não soube mexer na equipa neste jogo e levou um banho táctico, mas fez-nos acreditar até ao fim. Neste último jogo, no sítio onde eu estava a assistir, cada ataque de Portugal era vivido com intensidade, com a esperança de que Portugal, por mais um passe de mágica, conseguisse chegar ao golo. Nunca vi uma coisa assim antes. E isto é mérito de Scolari, que nos fez saber o que é acreditar, ao contrário do nosso tão natural pessimismo e desencanto. Deve continuar e saber fazer a renovação da equipa.
Foi giro. Chegámos onde podíamos, porque claramente não somos a melhor selecção do mundo. Mas estamos entre as quatro, e isso tem, para um pequeno país como o nosso, grande valor. Estejamos orgulhosos dos nossos rapazes.
Viva Portugal.
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