sábado, 30 de junho de 2007

VOTA APU!

Está em curso a campanha eleitoral para a CML, muito morna, como seria de esperar.
Fernando Negrão tem sido o grande animador da contenda, não pelo seu inexistente carisma ou pela ausência de qualquer ideia, mas sim porque está a especializar-se em ser uma espécie de metralhadora de gaffes.
Entretanto, António Costa lá vai dizendo que sim mas talvez, ou seja, nada. Vamos ter mais um vencedor de umas eleições que aposta no não dizer nada, deixar correr o tempo e esperar que a vantagem natural seja suficiente para ganhar. De cada vez que fala, é para beijar o rabo ao Governo. Se calhar mais vale que não fale, de todo.
Mas o mais engraçado de tudo, para mim, tem sido a campanha do Bloco de Esquerda. Gosto sobretudo daquela do "O Zé faz falta!".
Mas qual Zé? Quem é que estes tipos pensam que são? Eu conheço vários Zés, alguns fazem falta mas outros não. De que raio estão eles a falar?
E, depois, adoro o facto de esta frase, da campanha de um partido intelectual de esquerda, venha suportada pela autoria de pensadores tão ilustres como Virgílio Castelo, Rita Blanco ou Alexandra Lencastre.
Mal posso esperar pelas próximas legislativas, em que o Bloco vai meter o elenco dos "Morangos com Açúcar" a dizer-me em quem devo votar...

quarta-feira, 20 de junho de 2007

LAURO ATÓNITO APRESENTA.....

..."Lady Chatterley", de Pascale Ferran.

Ora bem, por onde começar?
A história é sobejamente conhecida: uma tipa inglesa da classe alta, cujo marido andou na guerra e agora anda de cadeira de rodas, fica embeiçada pelo caseiro da sua grande propriedade, e entretém-se a comê-lo alarvemente. Ah, e tudo isto no meio da natureza. E às vezes na cabana do caseiro.
E prontos.
Depois, a história é inglesa (DH Lawrence), passa-se em Inglaterra, as personagens são inglesas, mas o filme é francês e as personagens falam todas em francês. É um bocado tipo o Alô Alô mas ao contrário, ou paralelo, ou qualquer coisa parecida.
Depois ainda, são quase três horas de filme. Três horas em que a senhora vai ter com o caseiro (que é um tipo abrutalhado que faz merdas em madeira e caça) e depois eles fodem, vestidos, como convém. Depois despem-se um bocado mais para o fim do filme, mas este não ganha muito com isso. E depois aquilo acontece outra vez. E depois outra vez. E depois outra. E, curiosamente, sempre da mesma maneira, o que me deixou a pensar qual seria o objectivo da realizadora em filmar umas cinco vezes uma cena praticamente igual. E depois de a realizadora perder uma boa hora nestas brincadeiras, e a filmar a natureza (provavelmente a única parte do filme que até escapa), a película começa a bater as duas horas e tal e toca de despachar tudo com uma narradora que a gente não sabe quem é e que aparece do meio do nada.
Enfim, é um filme chato como só os franceses conseguem fazer (e atenção, eu até gosto do semi-chatismo dos franciús, mas custa-me um bocado engolir o chatismo total e absoluto que é este filme, e pelo qual paguei a módica quantia de cinco euros e meio).
E é um filme de gaja (ah, o acordar para a sexualidade adormecida! ah, o acordar para o desejo de maternidade!) como só uma tipa francesa poderia fazer.

A Premiere disse "É enquanto abordagem da descoberta da sensualidade e do erotismo por Lady Chatterley que a obra se impõe. Ferran fixa detalhes que vão adensando a personagem principal e criam um crescendo na fixação do despertar dos seus sentidos".

Já o Público salienta que "Por alguns momentos, o espírito da anarquia sentimental e vitalista do Renoir de "Partie de Campagne" ou do "Le Déjeuner sur l''Herbe" parece reviver. Não é pequena proeza".

Já o Vodka Atónito complementa com "GAAAAAAAAAAAAANNNNDAAAAAAAAAAAAA SEEEEEEEEEEECCCCCCCCCAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!".

ps - para os tarados que frequentam este tasco que ficaram curiosos com a coisa da sensualidade e do erotismo, caguem nisso. É barrete. Cinco euros no animatógrafo ainda dá para qualquer coisinha.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Amor de Mãe

Os tugas lá entraram de novo para o Guinness. Claro que, exceptuando o facto de o Glorioso ser o maior clube do mundo, todos os recordes portugueses são estúpidos, mas enfim.
Desta feita, a iniciativa era "Barrigas de Amor". Umas centenas de grávidas reuniram-se num jardim em Oeiras para, sei lá, entrar para o Guinness. Que a iniciativa é estúpida parece-me bastante claro. A maternidade é algo de pessoal e sempre me fez alguma confusão a histeria colectiva da procriação. Sobretudo em público, e sobretudo em Oeiras.
Mas irrita-me sobretudo esta febre da natalidade. Estou a chegar a uma idade tramada, em que é suposto eu já estar a pensar em ser pai mas, pior que isso, amigos e conhecidos estão numa corrida desenfreada para gerar descendentes. Não há nada de criticável nisto, como é óbvio. Cada um faz o que quer e o que o corpo manda. Mas tenho de admitir que me irrita solenemente o militantismo da paternidade. Os pais que, de um momento para o outro, deixam de ser indivíduos e perdem o interesse em falar do Benfica, concentrando-se num mantra estranho de "o joãozinho fez isto e depois fez aquilo, e cagou aqui e fez-me chichi em cima, é tão giro".
Chamem-me bruto.
Não, chamem-me mesmo, que eu mereço.
Mas caguei.
A senhora pare (isto escreve-se mesmo assim?) e pronto. A vida passa a girar à volta de um ser minúsculo que, suspeito eu, se está a cagar para tudo o que se passa à volta. Os recém-papás ganham aquele brilho abestalhado de quem tá cheio de drogas, só que não estão. O que é mais barato, mas menos fixe.
As pessoas, que até há meses atrás, não viam nada de errado em passar uma tarde a mamar caracóis e a enfiar imperiais numa tasca a ver a bola, agora vão a espectáculos do Ruca On Ice, ou qualquer merda assim. Cometem todos os mesmos erros idiotas em termos de educação, simplesmente porque, ao contrário do que acontecia com a geração dos nossos pais, todos os recursos e toda a atenção vão para os putos. Estão a produzir pequenos tiranos. Isto acontece porque, ao contrário dos nossos pais, os pais de hoje vêem muitas vezes os filhos como uma espécie qualquer de statement, uma prova de que estão a crescer e já são adultos, à falta de um emprego decente ou qualquer progressão pessoal mais relevante.
Os filhos funcionam como os plasmas, ou a máquina fotográfica digital, só que dão mais trabalho e mais despesa.
É claro que há excepções (entre os que me estão próximos tenho alguns bons exemplos). Mas isso não muda o facto de que é um fenómeno extremamente irritante. Só de ver o ar de superioridade moral com que olham para os desgraçados que, imagine-se!, podem fazer o que lhes der na real gana, dá-me vontade de esterilizar toda a população portuguesa.
E depois, "Barrigas de Amor"?!
Please.
E que tal "Barrigas do látex roto"? Ou barrigas do "esqueci-me da pílula e agora vamos casar"?
Why not?

Daqui a uns anos (muitos, espero) também eu lá irei parar, à paternidade. Aí olharei para este post com desdém, é bem possível.
Mas é agora que tenho razão.

sábado, 16 de junho de 2007

A razão pela qual adoro ser gajo

Há uns tempos, no concerto dos Bloc Party, o balcão da Superbock chamou-me a atenção ainda mais do que o habitual. Em cima dele, uma jovenzita de uns abençoados 18 anos (menos que isso era crime, né?), dançava esvoaçante de boa, devidamente arejada. Os pés colavam-se a algo estranho, que depois percebi não ser vómito mas a baba dos sabujos, como eu, que por ali decidiram abancar.
No último fim de semana, o tal do festival Alive, no meio do nada, parece que em Oeiras, ou algés, ou lá o que é. No cimo da torre da Optimus, oito - oito, meus amigos! - meninas abanavam-se ao som do que estivesse a tocar (mesmo quando não havia música).
É por isto que eu adoro ser gajo. Os publicitários, quanto tentam captar a atenção das mulheres e vender-lhes produtos, têm de puxar pela cabeça: cachorrinhos, compras, gajos tipo metrossexual, mini-vans e famílias.
Connosco, tudo é bem mais fácil. Gajas boas. É simples, right? Right.
Caros publicitários, eu sei que vocês gostam de nós e nos estão gratos por, na nossa básica maneira de ser, não vos fazermos trabalhar muito.
Não têm nada que agradecer. Continuem a mandar as gajas.
Shame on you, Mr. Gore!!! (ou mais um otário que tirou férias em Junho)

Onde raio pára o tal do aquecimento global?!

terça-feira, 12 de junho de 2007

Ensaio Literário

O Mia Couto ou é muito porreiro ou é muito sonso. Das duas uma.