sábado, 24 de novembro de 2007

MUDAR DE VIDA



E o Grémio lá vai, de vitória em vitória até à derrota final.
Na última quinta-feira, a maior enchente que eu alguma vez vi naquele mítico espaço, para ouvir Zé Mário Branco e convidados falarem do projecto Mudar de Vida e, esperava eu, cantar uma cantigas daquelas das boas.

O Zé Mário é um tipo às direitas. De todos aqueles cantores históricos da sua geração, foi o único que, até hoje, nunca me desiludiu. Nunca foi júri do Chuva de Estrelas, nunca vendeu músicas para novelas, nunca se vendeu. E nunca deixou de dar às suas obras o pendor político que lhe é intrínseco, ainda que isso há muito tenha deixado de ser fashionable.
Por não ser como os outros, e por não facilitar, parecia mais interessado em falar do jornal Mudar de Vida, projecto altamente louvável, do que em satisfazer as vontades do fãs mais musicais.

Mas valeu a pena, Zé.
Valeu a pena ver-te, mais velho mas sempre a dar a mão aos mais novos. Valeu a pena ver uma sala cheia de brancos a aplaudir meia dúzia de pretos da Buraca, com o seu hip-hop ingénuo mas evidentemente sentido.
Valeu a pena ver o Grémio cheio, esse espaço que, graças ao nada menos que fantástico e enternecedor esforço de Dina, Olga e Fred, se transformou no verdadeiro Gremlin da noite de Lisboa. Aberto, fraterno, comprometido com a liberdade de tudo.
Pode morrer, meus amigos, uma vez que o despejo continua à porta.
Mas valeu a pena.
Valeu a pena.

3 comentários:

Eu disse...

Bela homenagem!

Anónimo disse...

(vénia)

trigolimpofarinh@mparo disse...

Vá lá, um - no bom sentido da palavra – revolucionário! Brindes revolucionários.