quinta-feira, 29 de maio de 2008

Ambiente

Estas coisas são por modas. Primeiro vieram as famílias, as mães trabalhadoras. Depois todos os trabalhadores, que deviam ter um ginásio dentro das empresas. Depois as empresas gay-friendlies, modernaças. Com creche. Cafetaria a preços reduzidos. Horários normais para que as pessoas possam desfrutar da vida pessoal. Massagens gratuitas feitas por gajas boas.
Eu não acredito nisto. Vocês, empresas? Como puderam chegar aqui? Vocês não se preocupam com as pessoas, not really?! Ou, se se preocupam, têm um emprego para mim?
Enfim.
Vem isto a propósito da moda dos últimos anos. É o ambiente. A natureza. A preservação. Os ursos e os castores. E as árvores, sobretudo as árvores. As empresas passaram a incluir aquelas coisas muito importantes nos mails, aquele "não imprima este mail se não tiver mesmo de o fazer". Metem-me nojo.
E agora sim, vem isto a propósito da redução do gasto de papel. As companhias aéreas acabam de abolir "o bilhete em papel", em benefício do "bilhete electrónico". Dizem eles que, para além de pouparem no custo (e não me parece que baixem o preço das viagens, mesmo que admitam que estão a ter menos custos) estão a poupar o ambiente! Tão queridos!
Pois.
Mas esquecem-se que esse tal de bilhete electrónico é assim um nome finex/simplex para não dizer nada. É que a malta continua a ter de usar um papel com coisas lá escritas, só que imprimimos em casa. E acho que o papel de casa também vem das árvores.
E depois há os xicos-espertos saloios.
É o caso do metropolitano de Lisboa. Inventaram recentemente uma coisa muito à frente, que é um cartão (a sério, é um cartão mesmo feito, literalmente, de cartão), que é recarregável, e não exige bilhete. Sobre isto, algumas coisas: a) quando a malta se esquece de levar o tal do cartão (comigo são 50% das vezes), uma viagem só de ida custa 1,25 euros, face aos 75 cêntimos anteriores; b) as máquinas de leitura são uma merda tão grande que, por várias vezes, me foi exigido, para sair da estação, o comprovativo do carregamento do cartão.
E, acertaram, esse comprovativo é um papel, que é legalmente obrigatório o passageiro levar consigo sempre que faz uma viagem. Ou seja, acabaram os bilhetes em papel, mas não o papel. É só um bocadito mais xunga e o novo sistema sempre ajuda a sacar mais uns cobres aos ricaços que andam de transportes públicos.
Quando uma empresa se arma em ecológica e tenta ser o Bono ou o Sting, a coisa dá para o torto. Alías, basta ver os últimos cinco albuns destes meros exemplos para perceberem o que quero dizer
.

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