The Fear
Com o bom tempo, tão ansiado, chegou a merda da depressão, não sei porquê. Talvez por estar à beirinha de fazer 31 anos, pondo oficialmente um fim ao objectivo de conseguir publicar um livro até aos 30 (tecnicamente, se o conseguisse ainda antes de fazer 31, podia contar. Aliás, já tinha decidido que era isso que ia dizer a mim mesmo).
Acabei finalmente de rever um dos livros que, durante os últimos dez anos, me roubaram anos de vida, para quê? Acabei e tudo está igual. Mesmo os amigos a quem o mostrei, na esperança de que o meu talento fosse de tal forma evidente e avassalador que lhes mudaria as vidas, nada. Uma notícia aceite como uma nota de rodapé.
O meu cão morreu. Tinha 14 anos, e lembro-me de o ir buscar num caixote, era ele um cachorro de orelhas sobredimensionadas. Foi-se agora, não me foi receber à porta no fim de semana, e eu perdi um bom amigo, que me viu crescer.
E depois há tudo o resto. O cansaço. E o pânico de que, faças tu o que fizeres, por mais que sejas bom e trates bem todos aqueles que amas, há coisas que, ainda assim, podem acabar com tudo isso. O cansaço de sentir que tens de ser sempre forte por toda a gente, e ninguém se lembra que todos têm momentos fracos. Todos precisam de um conforto.
E o pânico e a incompreensão atacam em todo o lado, sem aviso. Mas tenho 30 anos, e não faz sentido chorar sem saber porquê. Mesmo que seja isso que apetece.
A boa notícia? Meti a funcionar o gira-discos, e o Bill Evans continua a soar tão bem como sempre.
Paz para todos.
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