sábado, 4 de abril de 2009

Touché

A melhor avaliação de algo que escrevi, pelo meu amigo Ricardo.

"Gostei. Como sempre: autenticidade, simplicidade, poesia. Que sejam enrabados sete vezes os filhos da puta dos editores que te recusaram publicação.

Depreendo o seguinte subtexto:

1. Visão amarga das relações amorosas, concebidas sempre como algo intenso mas efémero, condenado a esmorecer devagar pelo atrito da rotina, “eu não quero morrer devagar, eu não quero morrer devagar”. Encontrei uma boa palavra no dicionário. És um misógamo: que ou aquele que tem horror ao casamento. Conjugalidade é sinónimo de entrada no mundo dos adultos, a chacina das crianças inocentes. Ao pé da nossa mulher não nos podemos peidar. Ponto final.

2. Visão optimista da amizade (masculina), concebida como algo permanente, o porto de abrigo a que se pode sempre regressar depois das tempestades emocionais, um lugar mágico onde nunca se cresce, a neverland de Peter Pan. Com os nossos amigos, podemo-nos sempre peidar. E rirmo-nos como crianças...

3. Resumindo: claro contraponto entre conjugalidade e amizade. Conjugalidade é o mundo dos adultos, das responsabilidades, das exigências, do controlo, do excesso de palavras, da traição. A amizade é o mundo das eternas crianças, das despreocupações, das poucas palavras, da camaradagem, da lealdade.

4. Secundarização das mulheres (misoginia?). Quem está no plano central do teu conto são sempre homens. As mulheres que aparecem nunca existem por si só, são simplesmente as mulheres desses homens, os seus acessórios de quem pouco se fica a saber.

Sub-concordas?"

1 comentário:

raviolli_ninja disse...

"Ao pé da nossa mulher não nos podemos peidar".

Gostava ela que assim fôsse.