A população de Valença, gente rija, ocupou o centro de saúde da terra.Valença, juntamente com mais três povoações do norte do país, acabou de ficar sem urgências médicas. Na prática, isto quer dizer que as populações ficam sem um local de atendimento próximo durante a noite, em caso de emergência. Esta é apenas mais uma leva da ofensiva - iniciada por Sócrates e Correia de Campos - contra os serviços de saúde a nível local, sobretudo no interior. A ofensiva é mais ampla, já que passou pelo encerramento também de dezenas e dezenas de escolas. Tudo parte desta lógica de merceeiro deste governo pseudo-socialista, que mostra que, de social, tem apenas a fachada, e bem publicitada.
O argumento é simples, e nunca se admite que tudo é feito para poupar: o objectivo é que as pessoas passem a ir para centros mais bem equipados, com melhor atendimento e melhores condições.
A questão é que, se o problema é esse, que equipem como deve ser os centros. Todos os centros, sobretudo aqueles que ficam em locais mais isolados e que, tendencialmente, têm uma população mais idosa. Não podemos cortar aí. Há limites para tudo.
A presença de atendimento médico 24 horas por dia é, em muitos casos, um conforto psicológico fundamental para as populações. Para além do pequeno pormenor de poderem salvar vidas. Vidas de cidadãos portugueses, que não têm todos de morar no Porto ou em Lisboa. Que têm o direito de morar onde desejam, no território nacional, e que devem ser respeitados como os outros.
E, mesmo que este desumano governo assuma o critério economicista que o move, também isso é uma falácia: cortam sempre onde não devem, enquanto os amigos continuam a viver à grande.
Estamos cada vez pior, e a nossa democracia atinge mínimos históricos.
Mas devia haver um Serviço Mínimo de Democracia. Já chega de desrespeito.
Mando aqui, em nome do Vodka, um abraço à brava gente de Valença do Minho, e a todos aqueles que, de alguma maneira, decidiram dizer não e lutar por aquilo a que têm direito.
terça-feira, 30 de março de 2010
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1 comentário:
Eu adoro a retórica inerente a incentivar "as pessoas passem a ir para centros mais bem equipados, com melhor atendimento e melhores condições".
Um dia já fui despedido, no meu primeiro trabalho (bom, não era bem um trabalho, era um estágio merdoso a recibos verdes), mas não fui despedido com essa linda palavra, mas sim "convidado a ir em busca de novas oportunidades de carreira no mercado".
Já não há vilões nem filhos da puta assumidos. O Joker moderno chamar-se-ia "O Gajo que Escarnece dos Demais Todavia com Inteiro Respeito pelas suas Idiossincracias Culturais, Religiosas e de Orientação Sexual, no Quadro de uma Sociedade Tolerante e Plural".
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