quarta-feira, 7 de abril de 2010

Portuguese do it better


O capitalista português inventou uma forma avançada de capitalismo a que chamou de "capitalismo sem risco". A receita é simples: fazer negócios com o Estado, obter o monopólio do bem público que transacciona, receber do Estado uma renda fixa e transferir o risco na sua totalidade para o parvo do contribuinte (resulta sempre porque em média o parvo do contribuinte tende sempre a votar nos partidos que defendem qualquer política considerada "avançada"). O capitalismo português conseguiu assim optimizar o processo de acumulação de capital, obtendo o máximo de lucro com o mínimo de custos pessoais: como não desperdiça irracionalmente o seu esforço em práticas de concorrência, empreendedorismo e de inovação inúteis, pode concentrar quase todos os seus recursos na acumulação de lucro puro. É certo que a sua eficiência ainda não é total, uma vez que para obter as rendas do Estado ainda tem que dispender algum esforço no tráfico de influências políticas. Mas depois das pessoas certas nos lugares certos terem sido devidamente compradas, o esforço do capitalista português torna-se meramente residual. Os mais cínicos dirão que o capitalismo português é, assim, de tal forma compensador que o capitalista português tem poucos incentivos para arriscar o seu capital na produção de bens para exportação em mercados agressivos e concorrenciais (agravando, assim, o desequilíbrio da nossa balança comercial e das nossas contas públicas). Como eu abomino, por princípio, qualquer forma de cinismo, repudio, por completo, esta posição. Quando eu for grande também eu quero ser um capitalista português.

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