Se Estaline não quisesse apalpar a mama esquerda da Bruna de Mirandela, a solução seria simples: a mama esquerda da Bruna de Mirandela não existe e jamais existira. Tal como tu, também eu me situo muito à esquerda da ala esquerda do PS (está descansado, Bastard, não tenho qualquer intenção de apalpar as mamas do Vera Jardim) mas seria incapaz de recorrer aos mais baixos truques estalinistas para negar a sua existência. As evidências são muitas pelo que enunciarei só algumas que encontrei numa rápida busca no Google.
"Ana Gomes manifestou o desejo de que o PEC fosse reformado pela esquerda porque é a única maneira de ele contemplar todos, de forma equitativa". "Não estou a favor das privatizações que se prevêem, de serviços de interesse público ou de empresas com interesse estratégico para Portugal, estou a falar da Ren, dos CTT, da Galp". "Não é justo que a taxação das mais valias bolsistas fique adiada para as calendas, enquanto se aplicam desde já sistemas de deduções fiscais, que no fundo são aumentos de impostos, para as classes médias e também afectando as classes mais necessitadas" (Ana Gomes, TVI 24, 20-03-2010).
"A proposta do BE para o levantamento do sigilo bancário foi hoje chumbada no Parlamento pelo PS, PSD e PP mas contou com o voto favorável do deputado socialista, Vera Jardim" (Jornal de Notícias, 11-12-2009). "Vera Jardim tenciona questionar no Parlamento o ministro das finanças sobre algumas medidas, nomeadamente quanto à equidade na repartição dos sacrifícios e quanto ao plano de privatizações" (Renascença, 23-03-2010).
"O aumento do 1º escalão do IVA mais baixo (5%) que afectou os bens essenciais é inaceitável". "Defendo uma penalização forte das remunerações variáveis dos gestores e altos quadros das empresas" (João Proença, Agência Financeira, 13-05-2010).
É verdade que a minha esquerda não se esgota na reforma pontual do capitalismo que propõem estes e outros militantes da ala esquerda do PS: é preciso uma alternativa assumidamente anti-capitalista em que seja a democracia a controlar o mercado e não o contrário. No entanto, e ao contrário de ti, defendo que as diferentes esquerdas (das mais radicais às mais moderadas) devam convergir numa plataforma comum contra a direita, abandonando as suas mesquinhas lutas fratricidas. Enquanto o sectarismo que advogas continuar a dominar à esquerda, o nosso sistema político continuará sempre enviesado à direita, com todos os custos sociais que isso implica. Pode não se ver tão bem como a direita, mas a mama esquerda da Bruna... existe.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
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6 comentários:
Sim, mas são palavras, apenas palavras. E a essas leva-as o vento. Mantenho que a ala esquerda, a existir, serve exclusivamente como sucursal do PS para captar um ou outro voto incauto (porquê um partido com uma só cara quando pode ter várias e gabar-se assim, para os Amarelos desta vida que nisso queiram acreditar, que são um partido socialista tão socialista que, pasme-se, até tem uma ala esquerda?). Nada conta e nada quer contar para o poder. Quando alguma das suas personagens chega a esfregar ombros com a malta do poder, deixa de merecer o lugar em qualquer ala esquerda. Talvez a ala esquerda (à semelhança da JS, por vezes) até exprima os sonhos molhados de uma parte significativa do PS, mas é algo de masturbatório - todos sabem que, no final de contas, a realpolitik é rainha. Os amanhãs já não cantam para aquelas bandas há algum tempo.
A tua teoria é um sistema fechado: qualquer coisa que os militantes socialistas mais à esquerda façam (discursos críticos contra as derivas à direita do PS e do governo; votos contra posições liberais do grupo parlamentar, violando a disciplina partidária; mobilização e participação em greves e outras acções de luta; etc.) é sempre interpretado por ti como actos folclóricos, vazios e inconsequentes. Que comportamento dos alegados militantes da ala esquerda poderia falsificar a tua hipótese de partida: cocktails molotovs lançados para cima do Sócrates?
Meu caro, é uma pescadinha de rabo na boca, evidentemente. Porque se realmente fossem tão esquerdistas... provavelmente não estariam no PS pactuando com tudo isso com a sua adesão partidária, ainda que silenciosa e passiva. Não digo que estivessem no bloco ou PCP - estariam porventura condenados a uma certa orfandade, entre um partido socialista que não o é nem será, mas sem aceitar o radicalismo marxista.
cocktails molotov era um bom começo
O que tu chamas de sectarismo eu chamo de seguir aquilo em que acredito. O meu voto é a única coisa que tenho, e vou usá-lo votando em quem mais acredito. É bastante simples.
Não tenho do meu voto a visão táctica que tu tens. Acho que toda a gente devia votar em quem realmente acredita, independentemente de quem vai ou pode ganhar, talvez tivéssemos um parlamento mais representativo.
E apontares o João Proença como exemplo de esquerda?! Usando a escala de sindicalista, esse gajo é de direita, nem sequer de centro.
São todos muito úteis, idiotas úteis como o teu amigo pateta Alegre. Anseio, e isto é a verdade, pelo dia em que essa grande ala esquerda faça a diferença, a sério. No PC, onde a democracia praticamente não existe - como fazes questão de salientar - houve espaço para aparecer "Os Renovadores". No PS, esse partido tão livre, não. Sabes qual é a diferença? Tomates e convicções. Só isso.
Anda cá ao pai
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