terça-feira, 10 de agosto de 2010

Little "Gabriel Alves" Bastard II

Prosseguimos a nossa pequena saga com a antevisão do que poderá ser a época da coisa que eu mais odeio neste mundo, em igualdade pontual com a Rita Ferro Rodrigues e as iscas. É verdade, vamos falar do Futebol Clube do Porto (peço antecipadamente desculpas por conspurcar o ar do estabelecimento).

Ora eu cá acho que, em termos de equipa, os tripeiros não são grande espingarda. Ou aliás, em termos de jogadores, porque entre estes e uma equipa vai uma boa diferença. Lá chegaremos.

A saída de Bruno Alves foi fundamental. Foi muito bem vendido, em termos de guita, mas é um "jogador" que faz muita falta. Não tanto na porrada que dá, mas pela influência que tem no resto da equipa, a sua capacidade de liderança, o facto de incorporar muito bem o que se chamou de "jogar à Porto".

Para mim, que nasci no final dos anos 80, "jogar à Porto" é assim: dar porrada à grande, atirar-se para o chão quando o adversário passa lá perto, pressionar os árbitros, comprar os árbitros, comprar o sistema (aquelas cenas da liga e na sei quê), jogar com ganas, com agressividade, com espírito de grupo e sede de vitória. Não se pode entender o Porto sem entender tudo isto. Não é só os árbitros, e não é só a sede de vitória. É tudo junto, e isso torna uma equipa temível.
E achava eu que, saíndo o Burro Alves e possivelmente o Meireles (este sim um belíssimo jogador), e com um treinador que tem ar de betinho que anda de barco à vela em Espinho, mentalmente a equipa tripeira se iria abaixo.
O Porto não pode correr o risco de passar dois anos sem ganhar o campeonato. Já perdi a conta aos anos que passaram desde a última vez que isso aconteceu. Para mim, enquanto benfiquista, ganhar dois anos seguintes aproxima-se de matar o monstro. Acho que isso seria essencial para termos um futebol mais limpo, mas quem pensa que o sistema morreu está muito enganado.
Ora esta necessidade de ganhar  - "operação de resgate", dizem eles, na sua arrogância, como se o título fosse uma coisa que lhes estivesse reservada - acrescenta pressão. Sem Meireles, sem Burro Alves e com o Vilalobos a treinador, pensei eu, a coisa vai dar merda. Helton, Falcão ou whoever não sentem o Porto, Moutinho é lagarto, etc, etc.
Tudo isto me saiu furado com a prestação do Porto face ao Benfas, na Supertaça. Pelo que li, deram-nos um banho. Como seria normal e expectável, fizeram o jogo da sua vida, espumando sangue dos dentes, comeram a relva e isso, conjugado com a sorte do jogo e os erros do Benfica, deram o resultado natural.
E é isto que eu temo no Porto. Esta raiva, esta vontade de ganhar, este ódio, até. São quem são por isso. É por isso que digo: jogadores não têm grande coisa, mas podem perfeitamente ter uma equipa. E quando o Porto tem uma equipa, é muito difícil de travar.

É claro que isto foi só um jogo, e os problemas de liderança/balneário podem sempre aparecer quando as coisas começarem a correr mal, visto que todas as equipas têm boas e más fases. Mas, no momento em que estavam antes da Supertaça, uma vitória do Benfica teria precipitado tudo, teria colocado dúvidas na cabeça dos jogadores e dos adeptos. Por isso foi importante para eles a vitória, e que significa muito mais do que um caneco. É o primeiro sinal de que ninguém deve, nunca, subestimar os tripeiros.

Em termos de contratações, aquilo parece-me tudo mais ou menos merda. Tal como no ano passado, não têm banco, talvez 3 ou 4 jogadores que possam entrar no 11 sem se notar, mas não mais que isso. Por isso, como destaques do plantel destaco alguns bons que já lá estavam: Falcao, um belíssimo jogador, o rapaz Varela, o precioso Fernando e os dois laterais, o beiças e o Fucile. 

Se alguém duvida do tipo de época que o Porto pretende fazer, basta ouvir as palavras do treinador no fim da Supertaça. Diz ele que o jogo foi "um grito de revolta pela época passada", e que o Porto já tinha mostrado algo semelhante nessa época "quando o Benfica quis conquistar o título onde não devia", ou seja, referindo-se àquele jogo/guerra civil/não passou nada do estádio do Dragão. 
Tem pouco tempo de casa, mas já aprendeu a cartilha, tal como Micaela e o Mortinho. Devem ter um curso rápido, ou hipnotismo, ou coisa assim.
O discurso é o clássico e já vem do tempo do José Maria Parolo: é o Porto contra o mundo, sobretudo contra o Benfica. E coitadinho, está debaixo do ataque de todos, blá blá blá. Já o conhecemos, e costuma ser eficaz. Grito de revolta pela época passada? Porquê, aconteceu alguma coisa com a Académica, o clube treinado por este senhor? Está a referir-se ao facto de o Braga não ter retribuído o apoio implícito do Porto e lhe ter roubado o acesso à Champions? Não sabemos. Nem interessa. Interessa é fomentar a guerrilha, porque é aí que eles são bons.

Dito isto, e se o Porto conseguir arranjar um bom central e mantiver a concentração e a calma nos momentos maus, acho que é claramente candidato ao título, tanto como o meu Benfica, e bastante à frente dos lagartos.    

Naturalmente, espero que percam todos os jogos, incluindo ping-pong e bilhar de bolso.

1 comentário:

Carlos Carvalho disse...

Demasiada poeira atirada para os olhos, para a retórica ser gostosa!

Espero que o meu caro não veja muitos jogos do Porto este ano, porque é sinal que foi um jogo inconveniente.

Já sinto saudades da personagem febril.

Saudações Wiskeyanas