E pronto, Cavaco falou.
Eu, cínico como sou, tinha fracas expectativas quanto ao seu discurso. Esperava mais uma ou duas das indirectas do costume ao Sócrates, que este perante as televisões interpretaria como elogios, enfim, mais do mesmo.
Mas não.
Posso dizer que, por uma vez, Cavaco surpreendeu. O facto de isso acontecer 25 anos depois de ele entrar na política activa portuguesa é um mero pormenor.
Finalmente, o homem falou.
Infelizmente, falou tarde demais. Não é admissível que um tipo esteja 5 anos no cargo, basicamente a deixar fazer tudo e a pensar única e exclusivamente na reeleição, e depois de torne um Chuck Norris. É tacticismo a mais, e prejudicial no momento em que o país atravessa. De Cavaco nunca esperei, nem espero agora, nada. Mas se quer ter uma voz, se quer honrar ao menos os idiotas que votaram nele, tem que fazer alguma coisita. Devia ter feito desde o dia um do seu mandato, há cinco longos anos atrás. No mínimo, sinto-me no direito de exigir de volta todos os salários que Cavaco e o seu staff receberam ao longo destes cinco anos. Não trabalharam, não devem receber.
Passando ao discurso: certo, relativamente assertivo, relativamente bem escrito. Faltou apenas chamar os bois pelos nomes, mas não queremos que Cavaco tenha demasiada emoção ao mesmo tempo.
Mais uma vez, gostei da reacção de Francisco Assis. Disse o óbvio, o que nestas alturas é raro. Disse "Não gostei de ouvir".
Já Sócrates veio encontrar "pontes" e "concordâncias" entre o que Cavaco disse e o que ele pensa. Num exercício cada vez mais habitual de hipocrisia, lá se permitiu salientar o que achou de "menos conseguido" no discurso de Cavaco: que este não mencionou o enquadramento internacional, que na opinião de Sócrates é culpado de tudo desde o défice à flatulência de Pinto da Costa, passando pela caspa e pelo pé de atleta.
Uma última nota: Cavaco já não se auto-elogiou, felizmente, mas mostrou que, como sempre, continua incapaz de fazer um mea culpa. Foi ele o pai e a mãe deste sistema. E sobre isto nem uma palavra.
Agora, em que ficamos?
À espera do molho, em paz podre. Mas não nos enganemos: é guerra.
Sócrates nunca perdoará o tom da censura de Cavaco, cavalgando todas as crises e todas as ondas (incluindo a onda Deolinda).
É guerra. Que se matem, e depressa.
quarta-feira, 9 de março de 2011
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1 comentário:
CA-VA-CO!
CA-VA-CO!
CA-VA-CO!
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