segunda-feira, 4 de abril de 2011

Justo, por mais que custe

Temos campeão. E não é apenas o que eu não queria de todo, mas é um campeão, tenho de o dizer, justo.
Neste título do clube corrupto há algum demérito do Benfica, e muito mérito do Porto.
A história, do meu ponto de vista, é fácil de contar, olhando para estes dois eixos.

Começando pelo Glorioso.
O campeonato começou a ser perdido assim que o último foi conquistado. Demasiada euforia, demasiadas favas contadas para este ano. Erros do Jesus nas palavras, reclamando para si o mérito e deixando muitos jogadores fodidos. Escolhas mais do que discutíveis, erradas. A dispensa do Quim foi um erro claro. Um erro mais claro foi a contratação do Roberto, seja de que ponto de vista for, ainda mais tendo em atenção o preço. A verdade é que nos falhou em todos os momentos decisivos da época: nos primeiros jogos, em Braga, e ontem. É demasiado. O rapaz não tem culpa, mas há algo de errado com ele.
Juntou-se a euforia do Benfica com o sempre errado menosprezo do rival nortenho. Quem achou que bastava um título para acabar com o Porto estava muito enganado. Eu nunca acreditei nisso. A verdade é que, e isso viu-se logo no jogo da Supertaça, todos os jogadores e dirigentes do Porto tinham muito mais fome de ganhar do que os seus congéneres benfiquistas. Aos erros de Jesus, e à soberba de alguns jogadores, juntaram-se algumas opções discutíveis do presidente Vieira: o apoio a Fernando Gomes é de bradar aos céus, o apelo ao boicote e posterior recuo não faz sentido, e ainda me hão de explicar por que carga de água ele continua a sentar-se ao lado de um corrupto vendido como o presidente do Braga. Enfim.
Depois, não há como negar, fomos claramente prejudicados nas arbitragens, sobretudo no início da época. Foi um momento em que todas as equipas, incluindo o nosso rival, estavam ainda à procura de se encontrar: a nós nenhuma fraqueza foi permitida, e mesmo não jogando bem fomos espoliados de pontos que, eventualmente, poderiam ter mudado o rumo da temporada. Da mesma forma, o nosso rival foi ajudado, e isso cavou de imediato um fosso que se provou irrecuperável.

Passando ao Porto.
Mesmo com tudo o que está escrito acima - e que não pode ser ignorado - não é possível questionar a vitória do Porto no campeonato. Sim, foram ajudados; sim, fomos roubados. Mas não consigo tirar mérito a quem tem apenas dois empates e nenhuma derrota no campeonato, e que nos ganhou duas vezes, uma delas por 5-0. Não faço como outros, que numa época de luxuosa superioridade do Benfica, só souberam falar do campeonato dos túneis. O comportamento europeu do Porto é, também, um sinal de qualidade.
No início do campeonato, tinha muitas dúvidas acerca do Porto. Pela perda de dois símbolos, Bruno Alves e Raul Meireles, e pela natural desconfiança em relação ao treinador. Acontece que o Porto foi uma equipa na verdadeira acepção da palavra. E teve, no fundo, muito mais vontade de ganhar,  enquanto o Benfica passou meio ano a olhar-se ao espelho admirando a sua beleza, perdeu figuras centrais que leva tempo a substituir como deve ser, foi penalizado numa altura crucial da época, etc, etc.

Este desfecho está certo, mesmo que possa ter sido escrito por linhas tortas.

Como benfiquista, naturalmente não gostei deste desfecho. Mas não sou daqueles que, agora, acha que tudo está mal. Depois daquele início atípico, fizemos um bom campeonato. Acontece que um rival foi mais sólido, talvez menos espectacular, mas melhor que nós. Eu sou daqueles que não se esquece dos Quiques, dos Koemans, dos Fernandos Santos. Eu estarei sempre ao lado do Jesus, porque nunca tinha visto a equipa jogar como fez nos últimos dois anos. Mesmo perdendo Quim, Di Maria, Ramires e David Luiz - e com o importante encaixe a isso associado - continuamos a, quase sempre, praticar bom futebol, que me faz ir ao estádio como há muito não acontecia.
Temos uma boa base de equipa e, com duas ou três acertadas contratações, temos todas as condições para sermos mais fortes, e podermos disputar o próximo campeonato. E, sobretudo, com a atitude certa. Sei que este ano ainda há coisas para ganhar, e são importantes, mas creio que esta derrota com o Porto poderá ter deixado marcas psicológicas difíceis de ultrapassar no curto prazo. Vamos ver. Sei que na quinta-feira lá estarei, a apoiar o meu querido Benfica.

PS - os episódios de violência e falta de fair-play que vimos ontem são de lamentar, mas perfeitamente normais. Não posso vir armar-me em crítico dos benfiquistas, depois de tudo o que os adeptos portistas têm feito a jogadores e adeptos do Benfica. Se fosse uma questão de retribuição, devia ter acontecido muito pior. As virgens ofendidas que vêm agora criticar o Benfica devem estar esquecidos do que se passa no Dragão e noutros estádios associados a esse clube.
A verdade é que é altura de parar com isto, antes que alguém morra. Sei que não vai acontecer, quando um clube faz do confronto e da provocação o seu modus operandi e a sua forma de vida. É pena, porque ninguém ganha com isto.

Apesar de tudo, parabéns aos vencedores e honra aos vencidos.

Saudações benfiquistas. 

4 comentários:

agent_smith disse...

Desculpa mas fico fodido com o pessoal que dá mérito a ladrões. Por acaso dás mérito a assassinos ou pedófilos? Alguma coisa mudou?

A diferença de 8 pontos ao início foi fundamental para nunca terem sido verdadeiramente postos à prova, e mesmo assim tremeram, mas lá aparecia o penaltizito da ordem.

Desculpar a roubalheira com falhas nossas, é o mesmo que dizeres que devias ter alarme, se te assaltassem a casa.

Dizeres que ganharam bem e que foram ajudados é algo contraditório, nós não podemos ter de jogar o dobro dos outros para podermos ser campeões.

Abraço

Little Bastard disse...

Há ajudas e há mérito. Quando as duas coisas se juntam, o desfecho é normal. Podes crer que fiquei fodido com os roubos que foram sucedendo, a prova que o subterrâneo ainda existe. E com o clima de guerrilha e provocação permanente, que só faz mal ao futebol, etc, etc.
Mas isso não me impede de ver que, eliminando esses benefícios, houve uma grande diferença em termos de regularidade, de concentração e de raça. Perante um adversário tão determinado (em todos os sentidos) e com tamanho ódio ao meu clube, é preciso sempre, em cada jogo, deixar o smoking em casa e vestir o fato de trabalho.
Enfim, compreendo o teu ponto de vista e sei que tudo isto custa. Mas não fomos capazes de superar erros(?) alheios e erros próprios.

agent_smith disse...

Não concordo nem compreendo, e estar a dar-lhes mérito é o mesmo que estar a passar um pano branco sobre todas as trapaças que aconteceram no resto da época.

A estratégia foi muito bem montada e ajudada em parte pela nossa soberba do início de época, mas
dar 8 pontos de vantagem aos corruptos à 4ª jornada, é o mesmo que dizer a alguém quais são as perguntas que vão sair num exame. Tu até podes ter a mesma nota, mas para o outro foi muito mais fácil.

É o mesmo que ter uma cunha, um cartão laranja/rosa, ou ter um nome de família. O valor até pode ser o mesmo mas fica bem mais fácil para alguns.

Foda-se, dás 8 pontos de vantagem e até os lagartos eram campeões. Ok, os lagartos não, mas muito provavelmente qualquer braga ou guimarães o seriam.
É muito ponto para gerir, dá-te uma vantagem enorme.

Concordo contigo qd dizes que o campeonato é uma prova de regularidade, mas discordo quando dizes que eles foram melhores. Eu lembro-me bem dos jogos cinzentos, e mesmo dos assobios no ladrão.

Onde eles foram bem e são melhores que nós, e aqui reside o nosso principal problema, é nos confrontos diretos. Eles canalizam todo o ódio para se motivarem contra nós, e para darem tudo por tudo para nos ganhar.
Nós ainda não conseguimos arranjar antídoto para isso, todos nós, jogadores, técnicos, dirigentes.

O que fazer? O mesmo que eles? Não está de todo nos nossos genes o ódio, a ausência de fairplay e a trapaça, seríamos rapidamente ultrapassados em experiência.
Ignorar e fazer o nosso jogo? Já se viu que não serve, e passamos por parvos. O que fazer? Sinceramente não sei, mas sei que é bem mais fácil fazer o papel de coitadinhos, de vítimas, distorção de realidade para criar um sentimento poderoso de ódio que é canalizado em vontade de nos ganhar, do que fazer uma motivação pela positiva.

Foda-se, eu quero ser campeão mesmo que seja só mais um pintelho melhor do que eles,e não ter que ser bem melhor do que eles. Eu quero que todos as equipas joguem de igual para igual, e não abram as pernas à Braga. Eu quero que todos os jogadores emprestados, muitas vezes os melhores das equipas onde jogam, joguem e não sofram de "lesões" quando os defrontam.

Por isto tudo, não lhes reconheço mérito nem lhes dou os parabéns, antes os denuncio e impeço que esta vergonha de época seja esquecida.
Abraço

Carlos Carvalho disse...

João Bosco - Incompatibilidade de génios

http://www.youtube.com/watch?v=2Nsys9d99HY