Este 25 de Abril, com os discursos presidenciais, veio reforçar aqueles grandes sabedores que defendem que, enfim, como diz o Zé Mário Branco em tom jocoso no FMI, "a culpa é de todos, e a culpa não é de ninguém".
Era bom para muita gente que assim fosse, não era?
O chavão é simples: temos de olhar para o futuro, para as soluções.
Permitam-me discordar. Temos de olhar para o passado. Olhar com muita atenção. Encontrar culpados, linchá-los, e depois seguir em frente.
Perdoem-me, mas se o Sócrates ganhar as próximas eleições, a nossa democracia atingiu um estado de patologia terminal. Deixa de ser um sistema político. Passa a ser uma aberração. Um furúnculo infectado. A Belle Dominique.
E depois a converseta do "todos somos responsáveis, todos estamos a viver acima das nossas possibilidades".
Mais uma vez, I don't think so.
Sempre trabalhei. Sempre paguei impostos. Nunca cometi nenhum crime. Nunca pedi crédito ao banco. Não comprei casa própria. Nunca dependi do Estado.
Fui e vou decidindo a minha vida conforme as minhas possibilidades. Actuais. Não tomo decisões com base em expectativas, tipo "vou ser aumentado em breve, vou sempre ganhar isto, etc". Sou um cidadão, de corpo inteiro. Sempre votei e nunca recebi um subsídio que fosse do Estado português.
E agora, que me apresentam a conta e querem co-responsabilizar pelo crime hediondo que alguns fizeram a este país, não o admito. Não, meus caros. Eu não vivi acima das minhas possibilidades. Eu não esgotei os recursos dos outros. Eu nunca parasitei ninguém. E recuso-me a que, a coberto desta retórica medrosa e perigosa, me metam no mesmo saco que facínoras como Sócrates e Cavaco.
Não.
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1 comentário:
Tens toda a razão!
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