terça-feira, 3 de maio de 2011

Porreiro, pá

Os grandes homens mostram-se nos grandes momentos. Os estadistas aparecem quando deles mais se precisa.
E, mais uma vez, o senhor que nos (des)governa deu mostras de não ser mais que uma personagem de opereta, uma figurinha ridícula que ilustra bem o Estado do nosso país.
Ouvi a sua intervenção, convenientemente sem direito a perguntas. Tudo o que disse foi o que o pacote de austeridade do FMI não tem. Não tem isto, não tem aquilo. Não toca no Zé, mas não diz nada da Maria. Podia ter falado toda a noite, já que este raciocínio circular daria pano para mangas. "Ao contrário do que diziam, não vamos ser obrigados a andar ao pé-coxinho", por exemplo. Tudo irrelevante.
Do que tem o pacote de austeridade, nem uma palavra. Nem o montante do empréstimo, nem a taxa de juro cobrada, nem onde se vai cortar nem onde se vai espremer a populaça para ir buscar mais dinheiro.
A entrada do FMI, num certo sentido, podia ser uma oportunidade para fazermos uma série de reformas indispensáveis, correr com os boys, acabar com o desperdício, etc, etc.
Disso, Sócrates nada disse.
A sua mensagem foi apenas uma: está tudo fino, tudo espectacular, isto não vai custar nada, fizemos um acordo à maneira, etc, etc.
Ficamos sem perceber por que raio tivemos que chamar o FMI. Se está tudo bem, para que raio os chamámos?
À verdade, Sócrates preferiu o que sempre escolheu: a mentira e a dissimulação. Era da sua responsabilidade dizer, olhos nos olhos, o que isto nos vai custar, em que mais nos vão foder. E pedir desculpa, evidentemente, mas sabemos que isso é algo que nunca sairá dos lábios deste pequeno ditador com ilusões de grandeza.
Era sua responsabilidade dizer a verdade. Dizer: é isto e aquilo, tem que ser, é a vida, vamos a isso. Mas nem isso foi capaz de fazer. Veio dizer que está tudo bem. O que não está no pacote.
E, obvia e consequentemente, estamos perante a oportunidade perdida de reformar a fundo o Estado e a nossa economia. Com um PM que tem a desfaçatez de dizer que isto vai ser canja e que está tudo bem, por que raio haveríamos de mudar seja o que for?
Lamentável.
Propaganda, mentira, falta de vergonha na cara. Isto e apenas isto.

E quando nos começarem a vir ao bolso (e hão de vir, be sure)? Aí ele arranjará maneira de culpar outros, como sempre.

Como é que este monstro de desonestidade tem ainda hipóteses de voltar a ser primeiro-ministro é algo que, confesso, escapa completamente à minha compreensão.

3 comentários:

Classe Média disse...

Quer parecer-me que continuamos a ser os grande enrabados de sempre.

Sector Bancário disse...

Tenham a bondade de nos auxiliar.

naked sniper disse...

não é só à tua que escapa

rapinei isto para o meu blog, espero q não haja azar