sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A Rentrée

Pois é, cá estamos.
É a chamada rentrée, que o dicionário nos diz ser a reentrada, o regresso. A reentrada em quê? Não sabemos. Mas cheira um bocado mal.
Há uns anos estava na moda os partidos fazerem os comícios da rentrée. Grandes festarolas, com bifanas e vinho barato, com um comício pelo meio. Também há "as festas da rentrée", como as revistas do coração nos fazem questão de recordar.
Mas há aqui umas coisas que me fazem alguma confusão. Rentrée é, dada a altura do ano, o momento do regresso ao trabalho. Do adeus às férias, ao Verão, à saudável e ternurenta e inacreditavelmente deliciosa lanzeira da praia, dos petiscos, dos copos sem horas para acordar, da discussão sobre os 50 mil reforços do Glorioso, do dolce fare niente.
De facto, só quem não faz nenhum, como os políticos e os pseudo-vips, podem fazer uma festa em honra da rentrée.
Rentrée devia ser choro, tristeza, um espernear ininterrupto contra a injustiça da vida de adulto. Devia ser luto, vómito, negação e visitas ao psiquiatra.
No máximo, uma festa da rentrée deveria ser a maior bebedeira do ano, e que a ressaca durasse até ao Verão seguinte.
Está ainda calor, neste país tropical de pladur.
Já tenho saudades do Verão.

2 comentários:

papousse disse...

Subscrevo.

C. disse...

A ressaca dura *mesmo* até ao Verão seguinte. Este ano, por exemplo, nunca chegou a passar.