Vodka Atónito

Palhaço rico, palhaço pobre

A política, muitas vezes, é como um circo. Com a diferença que nos circos os gajos se aleijam se cairem do trapézio, e na política há sempre um tacho à espera.
Nos circos, há sempre um número de 'comic relief', metendo um palhaço rico e um palhaço pobre, que andam para ali às chapadas falsas para gáudio das crianças. Nós sabemos que está tudo bem, afinal são palhaços, e se calhar até são grandes amigos e a seguir vão comer uma tachada de arroz de lampreia.
Na política, idem.
Vem isto a propósito de um palhaço "bem na vida", algures entre o palhaço rico e o palhaço pobre, de seu nome Manuel Alegre. Antigo comunista, assumiu nos últimos anos o papel de provedor da esquerda do PS, o que é mais ou menos a mesma coisa que ser nadador-salvador na Serra da Estrela.
O senhor - amigo íntimo de Che Guevara porque um dia se cruzou com ele num urinol na Argélia - diz sempre que este não é o seu PS, que o partido está cada vez mais à direita, etc e tal. Ameaça fazer mil e uma coisas e, tirando o facto de se ter candidatado à presidência por birra de não ter sido escolhido candidato oficial do PS, não faz nada. E, surpresa das surpresas, em todas as eleições lá está ele nas listas de deputados do PS, fazendo campanha, para depois amuar os quatro anos seguintes, mas continuando a comer à pala.
Agora, Manuel Alegre recusou-se a ir ao comício/contra-manif que a máquina do PS orquestrou para o Porto, como forma de mostrar que um socialista também sabe pegar numa bandeira, equilibrando a tostazita de caviar na outra mão. Está zangado, o poeta.
No entanto, o Vodka sabe que nem tudo vai mal entre Alegre e o PS. Recusou ir ao comício, mas já confirmou a reserva na excursão Lisboa/Santiago de Compostela/Lisboa, do PS, na qual haverá uma demonstração de produto com uns colchões bons para as costas, estará presente no piquenique anual do PS na Quinta da Marinha e correrá na mini-mega maratona socialista, entre o largo do Rato e as Berlengas.

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