sábado, 22 de agosto de 2009
O disco da minha vida I - "The Doors in Concert"
Ouvi este disco no outro dia, pela primeira vez em mais de cinco anos. Ao escutá-lo de uma ponta à outra, tudo veio de repente. O tempo em que o conheci, quando o comprei, os anos que me acompanhou, tudo o que descobri por causa dele. Comecei a falar descontroladamente à minha mulher até ela me mandar calar.
E então pensei: "por que não passar a chatear os clientes do vodka, acerca dos discos que me marcaram? talvez alguns não conheçam, talvez...".
Enfim.
Como é óbvio, um obcecado por música como eu não podia nunca escolher só um disco. Os discos marcam-nos por motivos diferentes. Porque associas a momentos da tua vida, bons e maus, porque são muito bons ou apenas porque era aquilo que precisavas de ouvir naquele momento. Quando temos sorte, os discos salvam a nossa vida. A mim, aconteceu-me com muitos, dando a banda sonora, a fuga e a identificação quando tudo parecia confuso e perdido.
Tinha de começar pelo Doors in Concert.
Foi o álbum que mais vezes ouvi na vida, de longe. De tal forma que gastei a primeira versão e tive de comprar outro cd (isso nunca me aconteceu com mais nenhum disco).
Devia ter uns 13, 14 anos quando o comprei, tinha acabado de receber o meu primeiro leitor de cd's. Já conhecia Doors através das cassetes do irmão mais velho do rapaz do estupefacto amarelo. Andava a namorar o Best of Doors, cd duplo, e um dia pedi à minha mãe para ir com ela ao Cascais Shopping, já munido do dinheiro que havia ganho nos anos.
Não havia. Estava esgotado.
Fiquei miserável. Andava a sonhar com aquilo havia meses. A alternativa era comprar algum dos álbums, mas isso custar-me-ia praticamente o mesmo e deixava de foras muitas músicas.
Sobrava o Doors in Concert. Olhei para ele. Capa preta, letras a vermelho, boa pinta. Dois cd's, e neles muitas das músicas que estavam no Best of. Arrisquei.
Quando cheguei a casa foi a desilusão. Estúpido e limitado como eu era, fiquei desiludido por as versões serem bastante diferentes do estúdio, do que eu estava habituado das cassetes, que ouvira durante meses até à exaustão.
Mas não havia mais nada. Nada excepto um album de Resistência, que eu odiava e me tinham dado com o leitor, uma colectânea do Elvis que adorava, e o Apetite for Destruction, dos Guns, do qual também gostava muito. Mas eu queria era ouvir Doors.
E foi assim que nasceu a relação de absoluto amor com este disco.
Foi a verdadeira porta para tudo o que se seguiu: Janis, Jimi, os blues, os anos seguintes da minha vida.
Era um disco que tinha (e tem) tudo. Blues à séria, poesia cósmica entre as músicas, uma banda em grande forma, quase todos os sucessos e ainda versões de gajos diferentes e muitas músicas que eu não conhecia. Ah, e a melhor versão do The End que alguma vez ouvi.
Está neste momento a bombar na minha aparelhagem, e tenho um sorriso nos lábios.
Os destaques: Backdoor Man e o seu uivo no início; a versão perversa de Five to One; as pérolas que são Universal Mind e Names of the Kingdom; Break on Though precedida do alucinado Dead Cats Dead Rats; a versão definitiva de Roadhouse Blues; Manzarek com voz de estenógrafo a divertir-se como um doido a cantar Close to You; o blues Little Red Rooster com a harmónica em fogo de John Sebastian; The End.
Os Doors têm seis discos de originais. O melhor talvez seja o Strange Days, pelo menos era o que tinha mais credibilidade artística para nós, fãs hardcore da banda. O pior é, evidentemente o Soft Parade. O último, o mais bluesy, o óptimo mas desvalorizado LA Woman. O primeiro, muito forte e o mais coerente em termos estéticos. E Waiting for the Sun e Morrison Hotel, com muitos dos melhores momentos "pop" dos Doors.
Mas Doors in Concert são duas rodelas recheadas de 31 músicas, em mais de duas horas de uma viagem fabulosa.
Obra-prima, sem dúvida, e o disco da minha vida.
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3 comentários:
boa onda sim senhor...Ap for Destruction foi o primeiro cd que comprei hehe
Grande disco, sim senhor, mas Waiting for the Sun é o melhor.
Grande disco. O meu primeiro também foi de palco. Ramones, vê lá tu.
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