No jogo Brasil-Holanda, eu estava dividido. Gosto muito do futebol holandês e da sua selecção, mas tenho um carinho emocional pelos brasileiros, um povo pobre que tem no futebol uma grande afirmação da sua dignidade.
Mas a verdade é que, onde estava a ver o jogo, quase toda a gente torcia pelos holandeses. E não era por paixão pela "Laranja Mecânica" ou pelo seu histórico "Futebol Total". Era puro ressabianço e preconceito contra os brasileiros.
Procurei a explicação para este fenómeno, o facto de não torcermos pelo nosso povo irmão. Acho que não há UM motivo, mas vários possíveis.
Primeiro, nós gostamos dos pequeninos. Dos merdosos, do underdog. Como somos pequenos, somos solidários com os que não são favoritos.
Depois, odiamos arrogantes, e na bola o Brasil e o seu povo são de uma arrogância ou excesso de confiança que apetece vê-los enterrar-se. Só gostamos de arrogantes tugas, como o Mourinho.
Por outro lado, estamos todos fartos dos brazucas. Let's face it. Achamos que eles são broncos, preguiçosos e malandros. E, sobretudo, não gostamos nada que eles nos façam sentir "caretas", o que de facto somos. É também algo da mesquinhez histórica do nosso povo. Se eles ganhassem íamos ter de levar com eles a fazer a festa. Mais vale ganhar gajos lá longe, com os quais não temos nada a ver. Não suportamos ver gente feliz quando estamos infelizes.
Este Brasil, tal como o do Scolari e o do Parreira, são a anti-Argentina. Também têm talentos para dar e vender, mas manietam esse talentos, em prol de um futebol calculista e mais eficaz. Optaram pela organização, e perderam porque, nisso, a Holanda tem mestrado há várias décadas. E foi por isso que, ao ver os esforçados holandeses sairem vencedores, senti que tinha sido feita justiça.
Ah, e por ver aquele troglodita do Filipe Melo só fazer merda atrás de merda.
sábado, 3 de julho de 2010
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2 comentários:
Isso e poder andar-se na Costa da Caparica em sossego, sim, é uma boa síntese pela qual o pessoal ficou feliz pela eliminação dos zucas. Quanto a isso do povo-irmão... podemos escolher os amigos, não os irmãos.
O mais curioso é que até ao mundial de 1998 quase que era obrigatório estar pelo brasil. Toda a comunicação social portuguesa nos orientava nesse sentido.
Desligámo-nos do escrete assim que começámos a marcar presença assídua nos mundiais.A partir de 2002, portanto. E mesmo quando o brasil não jogava à brasil (1994 e 1998) a generalidade dos portugueses optou por fazer daquela selecção a sua selecção.
Não foi o meu caso. Estive pelo brasil apenas em 1990, por causa do Valdo e do Ricardo.
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