quinta-feira, 31 de março de 2011
quarta-feira, 30 de março de 2011
Praticando na atmosfera
Acordei intrigado com uma forte dor no freio da língua.
Palpita-me que tenha passado boa parte do sono a sonhar com cunnilingus.
Palpita-me que tenha passado boa parte do sono a sonhar com cunnilingus.
terça-feira, 29 de março de 2011
segunda-feira, 28 de março de 2011
Austeridade mental
Governo demissionário, desemprego nos 11%, o FMI à porta e...iPad 2 esgota em menos de meia hora.
Tá certo.
Tá certo.
domingo, 27 de março de 2011
Diferentes
O dia começou auspicioso. Grande afluência num acto eleitoral que prometia ser o mais concorrido de sempre. Prova de vitalidade, sim, e prova também da importância destas eleições para a presidência do Sporting.
É claro que, de uma grande demonstração de democracia, se passou, ao longo de muitas horas, para o extremo oposto. Para uma turba violenta que, como começa a ser habitual no Sporting, se considera dona do clube. Violência, contra jornalistas e contra outros sócios, e uma noite lamentável, negra mesmo, para um clube centenário.
Enquanto benfiquista, eu não tinha grande preferência.
Para mim, o futuro presidente do Sporting tinha de ter três requisitos: a) melhorar o Sporting;
b) não melhorar o Sporting de tal maneira que pudesse vir a concorrer com o Benfica;
c) ser divertido como tem sido até aqui.
O requisito mais importante, que omiti deliberadamente, era fosse um presidente que abandonasse a cultura dominante de complexos de inferioridade face ao Benfica, que renunciasse ao anti-benfiquismo primário, e que deixasse, de uma vez por todas, de ser cúmplice da organização mafiosa que domina o futebol português há décadas. Mas isso, por todos os motivos sobejamente conhecidos, é impossível.
Adiante.
Tendo como ponto de partida os 3 requisitos, gostava do Bruno Carvalho e de Dias Ferreira. Da primeira, gostava pela ligação russa; da segunda, do fantástico e inenarrável Paulo Futre, mais os seus charters a abarrotar de chineses. Qualquer uma delas prometia "grande potencial de LOLs", que é o que eu espero, realisticamente, do Sporting.
Mas não.
Dão-me um tal de Godinho Lopes, que me parece ser uma mistura do Roquette com um bloco de madeira.
Tem menos potencial de LOLs, mas também não acredito que mude qualquer coisa de relevante no Sporting. O BES deve estar contente, mas não sei se mais alguém está.
Mas a democracia é assim. Ganha quem tem mais votos. Espero sinceramente que o Sporting se possa unir em torno da próxima direcção. Porque não é admissível que, num clube em tão profunda crise, o presidente eleito seja ameaçado e quase agredido na noite da sua eleição.
No Sporting, há uma claque que há anos se acha dona do clube. Mas que, na verdade, tem feito muito mal à instituição.
O grande desafio que se coloca ao Sporting e aos sportinguistas, creio eu, é conseguir massa crítica. Trazer mais gente para o clube. Mais sócios, obviamente, e sobretudo mais adeptos ao estádio. Porque é difícil criticar o peso desmesurado que a claque tem no clube, e depois o estádio estar vazio excepto nos lugares da claque. A claque reclama poder, porque sem a claque, infelizmente, está lá muito pouca gente.
É esse ciclo que é preciso inverter.
Saudações desportivas.
quinta-feira, 24 de março de 2011
E meninos de loiça não há lá em casa?
Ao meu lado trabalha uma patega que garante que o cão dela se fartou de chorar ontem à noite.
“Corriam-lhe as lágrimas”...
“Corriam-lhe as lágrimas”...
You lose, motherfucker
Em primeiro lugar, para quem não me conhece, um disclaimer preventivo. Sempre votei, durante vários anos alternei entre o Bloco e o PC, tenho insistido neste último recentemente. E uma vez votei PCTP/MRPP para as eleições autárquicas. Pronto.
Ansiei muito por este dia. Muito, muito, muito.
Ainda assim não estou eufórico. Estou só contente e aliviado. É impressão minha ou, o homem só se demitiu há 3 horas, e já se respira melhor?
Há muitas faces desta moeda chamada situação política nacional. Cada partido salientará a que lhe convier, numa salganhada que dura há demasiado tempo e que, na minha opinião, só favorece quem não merece.
Discutiu-se de tudo: se Sócrates avisou ou não o presidente e os partidos, se o PSD é irresponsável, que todos estão unidos para fazer cair Sócrates e não têm qualquer plano para o futuro, etc, etc.
Basicamente, a partir de agora e desde há uma semana, entrámos no "blaming game". De quem é a culpa, é o novo desporto nacional. Mas, para respondermos a esta pergunta, temos de perceber primeiro a pergunta, ou seja, de que culpa estamos a falar. Para mim, a culpa que interessa é quem nos deixou nesta situação. Sócrates.
Quem mentiu desde o início e ainda agora.
Sócrates.
Quem andou amiguinho do PSD até ao momento em que lhe apeteceu esticar a corda e atraiçoar o seu fiel parceiro.
Sócrates.
Quem quis colocar toda a gente perante um facto consumado, já previamente preparado para a estratégia de vitimização, se a oposição tivesse a ousadia de resistir ao seu insuportável 'bullying' político.
Sócrates.
Quem faz questão de não perceber que já não tem maioria absoluta, para dizer uma coisa e fazer outra, sem ter de estender qualquer ponte seja a quem for.
Sócrates.
Quem sempre fez questão de cortar todas as pontes com o resto da Esquerda (e esta fez o mesmo) e agora faz-se de espantado por esta não ter vindo em seu auxílio.
Sócrates.
Tudo isto me parece óbvio.
Sócrates, na sua arrogância, não percebe que ele não só faz parte do problema como ele É O GRANDE E INTRANSPONÍVEL PROBLEMA. O PS, que se deixou manietar por este tiranete e atirou ainda para mais fundo da gaveta o socialismo, vai pagar caro esta perda de identidade.
Ainda hoje se viu a estratégia de Sócrates. Ou eu ou o FMI. Eu sou o Bem. Eu sou a Estabilidade. Eu sou o Estado. Eu sou Portugal.
Os outros que se fodam.
Mostrou o quão profunda e intrinsecamente anti-democrático é, quando abandonou o parlamento assim que o seu pobre ministro das Finanças acabou de falar. Recusou-se a ouvir, como era seu dever. Recusou-se a ser humilhado uma tarde inteira, como era de total e suprema justiça que acontecesse. Recusou-se, até, a falar, como se não tivesse que perder tempo com essa coisa de regras democráticas.
Sócrates morreu no dia em que perdeu a maioria absoluta, porque nunca soube nem nunca saberá governar pelo diálogo ou pela negociação. E depois da farsa com a aprovação clandestina do PEC IV, ainda tem a lata de dizer que os outros são irresponsáveis porque não querem negociar.
Lata, uma forma coloquial de dizer hipocrisia, que é a marca de água deste governo, e sobretudo desta triste personagem.
Já começou a campanha. E já se percebeu por onde vai. É a estratégia da vitimização até ao fim. E de deitar as culpas para cima dos outros, sobretudo o PSD, apesar de o PS ter estado no poder durante 12 dos últimos 14 anos.
Silva Pereira deu hoje o mote: "a partir do que sucedeu aqui hoje, quem tomou esta atitude fica responsabilizado pela eventual entrada de ajuda internacional em Portugal".
Claro. Não foram eles que fizeram a merda. Foi quem não lhes permitiu continuar esta doentia farsa. Esta é a estratégia, e está já montada ao milímetro.
A hipocrisia é tão grande que Sócrates teve a distinta cara de pau de "salientar a gravidade desta situação, de o nosso país ficar sem Governo na véspera de uma cimeira de tal importância". Com uma pequena nuance, caro Pinócrates: não foi votada qualquer moção de censura. Ou seja, o Governo demitiu-se porque quis. Porque optou pela chantagem total, de dizer que "eu, como eu quero, ou o abismo". Irresponsabilidade é um governo em funções, na véspera da tal cimeira, anunciar que ou votam como ele quer ou se demite. Isso sim é irresponsabilidade, tal como anti-democrático, porque quer atar, sob coação, as mãos aos partidos eleitos.
A campanha vai ser dura e vai ser feia. E vamos ter Sócrates e os seus acólitos a repetir até à exaustão a teoria da irresponsabilidade do PSD e dos outros. Como pode este partido falar de responsabilidade?
Vai ser vitimização, chantagem, mentiras, hipocrisia. Só espero, muito sinceramente, que os portugueses tenham finalmente aberto os olhos. Porque ser enganado três vezes já é demais.
Acredito sinceramente que o que aí vem não será melhor. Não tenho qualquer esperança. Mas sei que entre o que é comprovadamente merda e o que é provavelmente merda, esta última talvez seja preferível.
Se o PSD ganhar, é como ver o Sporting ganhar ao Porto (já aconteceu, eu lembro-me): fico contente por os corruptos terem perdido, mas não consigo ficar contente por os submissos terem ganho.
E Sócrates, pela atitude criminosa, prepotente, incompetente e tresloucada que marcou toda a sua carreira política, merece ser julgado. Tem de ser julgado. E castigado.
Ainda não foi hoje. Espero sinceramente que seja no dia das eleições, para saia do poder humilhado, como merece.
Ansiei muito por este dia. Muito, muito, muito.
Ainda assim não estou eufórico. Estou só contente e aliviado. É impressão minha ou, o homem só se demitiu há 3 horas, e já se respira melhor?
Há muitas faces desta moeda chamada situação política nacional. Cada partido salientará a que lhe convier, numa salganhada que dura há demasiado tempo e que, na minha opinião, só favorece quem não merece.
O meu ponto fundamental é: há ainda alguém que, não sendo filiado no PS, ainda ache que isto está bom? Ou até razoável?
Há ainda alguém que acredite seja no que for do que sai da boca de Sócrates?
Há ainda alguém que, cedendo à demagogia dos boys xuxalistas, ponha a "estabilidade política" acima de tudo? Acima de qualidade democrática, respeito pelos cidadãos, a verdade?
Há ainda alguém que ache que Sócrates ainda se assemelha, ainda que vagamente, a um primeiro-ministro, e não apenas a um razoavelmente talentoso vendedor de carros usados com defeito?
Há ainda alguém que duvide que a situação na qual nos encontramos se deve, não exclusivamente mas em grande parte, aos anos negros do socratismo?
Isto, para mim, é o fundamental. O resto é folclore, e disso vamos continuar a ter muito.
Discutiu-se de tudo: se Sócrates avisou ou não o presidente e os partidos, se o PSD é irresponsável, que todos estão unidos para fazer cair Sócrates e não têm qualquer plano para o futuro, etc, etc.
Basicamente, a partir de agora e desde há uma semana, entrámos no "blaming game". De quem é a culpa, é o novo desporto nacional. Mas, para respondermos a esta pergunta, temos de perceber primeiro a pergunta, ou seja, de que culpa estamos a falar. Para mim, a culpa que interessa é quem nos deixou nesta situação. Sócrates.
Quem mentiu desde o início e ainda agora.
Sócrates.
Quem andou amiguinho do PSD até ao momento em que lhe apeteceu esticar a corda e atraiçoar o seu fiel parceiro.
Sócrates.
Quem quis colocar toda a gente perante um facto consumado, já previamente preparado para a estratégia de vitimização, se a oposição tivesse a ousadia de resistir ao seu insuportável 'bullying' político.
Sócrates.
Quem faz questão de não perceber que já não tem maioria absoluta, para dizer uma coisa e fazer outra, sem ter de estender qualquer ponte seja a quem for.
Sócrates.
Quem sempre fez questão de cortar todas as pontes com o resto da Esquerda (e esta fez o mesmo) e agora faz-se de espantado por esta não ter vindo em seu auxílio.
Sócrates.
Tudo isto me parece óbvio.
Sócrates, na sua arrogância, não percebe que ele não só faz parte do problema como ele É O GRANDE E INTRANSPONÍVEL PROBLEMA. O PS, que se deixou manietar por este tiranete e atirou ainda para mais fundo da gaveta o socialismo, vai pagar caro esta perda de identidade.
Ainda hoje se viu a estratégia de Sócrates. Ou eu ou o FMI. Eu sou o Bem. Eu sou a Estabilidade. Eu sou o Estado. Eu sou Portugal.
Os outros que se fodam.
Mostrou o quão profunda e intrinsecamente anti-democrático é, quando abandonou o parlamento assim que o seu pobre ministro das Finanças acabou de falar. Recusou-se a ouvir, como era seu dever. Recusou-se a ser humilhado uma tarde inteira, como era de total e suprema justiça que acontecesse. Recusou-se, até, a falar, como se não tivesse que perder tempo com essa coisa de regras democráticas.
Sócrates morreu no dia em que perdeu a maioria absoluta, porque nunca soube nem nunca saberá governar pelo diálogo ou pela negociação. E depois da farsa com a aprovação clandestina do PEC IV, ainda tem a lata de dizer que os outros são irresponsáveis porque não querem negociar.
Lata, uma forma coloquial de dizer hipocrisia, que é a marca de água deste governo, e sobretudo desta triste personagem.
Já começou a campanha. E já se percebeu por onde vai. É a estratégia da vitimização até ao fim. E de deitar as culpas para cima dos outros, sobretudo o PSD, apesar de o PS ter estado no poder durante 12 dos últimos 14 anos.
Silva Pereira deu hoje o mote: "a partir do que sucedeu aqui hoje, quem tomou esta atitude fica responsabilizado pela eventual entrada de ajuda internacional em Portugal".
Claro. Não foram eles que fizeram a merda. Foi quem não lhes permitiu continuar esta doentia farsa. Esta é a estratégia, e está já montada ao milímetro.
A hipocrisia é tão grande que Sócrates teve a distinta cara de pau de "salientar a gravidade desta situação, de o nosso país ficar sem Governo na véspera de uma cimeira de tal importância". Com uma pequena nuance, caro Pinócrates: não foi votada qualquer moção de censura. Ou seja, o Governo demitiu-se porque quis. Porque optou pela chantagem total, de dizer que "eu, como eu quero, ou o abismo". Irresponsabilidade é um governo em funções, na véspera da tal cimeira, anunciar que ou votam como ele quer ou se demite. Isso sim é irresponsabilidade, tal como anti-democrático, porque quer atar, sob coação, as mãos aos partidos eleitos.
A campanha vai ser dura e vai ser feia. E vamos ter Sócrates e os seus acólitos a repetir até à exaustão a teoria da irresponsabilidade do PSD e dos outros. Como pode este partido falar de responsabilidade?
Vai ser vitimização, chantagem, mentiras, hipocrisia. Só espero, muito sinceramente, que os portugueses tenham finalmente aberto os olhos. Porque ser enganado três vezes já é demais.
Acredito sinceramente que o que aí vem não será melhor. Não tenho qualquer esperança. Mas sei que entre o que é comprovadamente merda e o que é provavelmente merda, esta última talvez seja preferível.
Se o PSD ganhar, é como ver o Sporting ganhar ao Porto (já aconteceu, eu lembro-me): fico contente por os corruptos terem perdido, mas não consigo ficar contente por os submissos terem ganho.
E Sócrates, pela atitude criminosa, prepotente, incompetente e tresloucada que marcou toda a sua carreira política, merece ser julgado. Tem de ser julgado. E castigado.
Ainda não foi hoje. Espero sinceramente que seja no dia das eleições, para saia do poder humilhado, como merece.
Conclusão
Depois da "magistratura passiva" e da "magistratura activa", ora aí está a "magistratura morta-viva".
quarta-feira, 23 de março de 2011
Pedindo antecipadamente desculpas...
...pela piada fácil e lamentável, cá vai.
Entre os candidatos à presidência do Sporting, os mais adequados são Abrantes Mendes e Pedro Baltazar. Um é zarolho, o outro é gago, o que faz todo o sentido para gerir uma equipa de coxos.
Entre os candidatos à presidência do Sporting, os mais adequados são Abrantes Mendes e Pedro Baltazar. Um é zarolho, o outro é gago, o que faz todo o sentido para gerir uma equipa de coxos.
Tá certo
Estes rapazes são uma banda chamada "Os Pontos Negros". É um nome muito apropriado, mas podiam chamar-se igualmente "Pelo Encravado" ou "Quisto Sebáceo".
terça-feira, 22 de março de 2011
Tão bom, mas tão bom, que não podia ser inventado
"Quando jogava à bola e entrava em campo, era aguerrido, tinha um 'eye of the tiger'" - Abrantes Mendes, candidato à presidência do Sporting.
Duas mentiras
No meio da esquizofrenia, histeria e garotice que tomou conta da política nacional, às vezes não é fácil discernir a verdade.
Mas é para isso que está cá o Vodka.
Passos Coelho grita como um steward ao pé do Hulk, e diz que não aprova aquilo.
Mas ouçamos o que diz o presidente do Eurogrupo, um senhor com nome de esquentador, Jean-Claude Juncker:
"Não gostaria de interferir num debate de política interna em Portugal, mas nós aprovámos o programa de ajustamento tal ele como nos foi proposto pelo Governo português, que foi avalizado pela Comissão Europeia e pelo BCE, pelo que não vejo nenhuma razão para que possa ser alterado o programa tal como ele nos foi comunicado e aprovado por ocasião da nossa ultima reunião".
Ou seja, estamos bem fodidos.
A primeira mentirinha vem de Passos Coelho. Fica claro, por estas palavras, que o Estado português está vinculado a esta merda, esteja quem estiver no Governo. Se Passos for para lá a seguir, vai ter de o cumprir. Portanto, esta palhaçada do não aprovo - que eu aplaudo - não serve para absolutamente nada.
E depois a grande, gorda, obesa mórbida mentira. A de Pinócrates, esse mentiroso patológico e trafulha encartado.
Estica a corda e dramatiza, dizendo que quem tem a culpa é o PSD. Ele está disposto a negociar, podem ser outras medidas, desde que o resultado seja o mesmo.
Ora o que fica agora claro é que não há qualquer negociação possível. É apenas uma desculpa para provocar a crise e culpar os outros.
Como é óbvio, se Sócrates quisesse negociar, tê-lo-ia feito antes. Antes de ir a Bruxelas e a Frankfurt assinar, em nome do país, este PEC, na exacta redacção que ele tem.
É isto que Juncker diz. É isto que Merkel diz.
Sócrates, que cagou para toda a gente, apareceu lá de peito feito e botou a cruz no sítio da assinatura. Com isso selou ainda mais o nosso destino para os próximos anos.
Tudo o resto é uma falácia. Mais mentiras, num ambiente que está demasiado irrespirável.
Mas é para isso que está cá o Vodka.
O Sócrates grita como o Alan ao pé do Javi Garcia, que quer negociar o PEC mas o PSD é irresponsável, isto depois de o PS ter ignorado toda a gente olimpicamente e ter ido fazer directamente o arranjinho a Bruxelas e a Frankfurt.
Passos Coelho grita como um steward ao pé do Hulk, e diz que não aprova aquilo.
Mas ouçamos o que diz o presidente do Eurogrupo, um senhor com nome de esquentador, Jean-Claude Juncker:
"Não gostaria de interferir num debate de política interna em Portugal, mas nós aprovámos o programa de ajustamento tal ele como nos foi proposto pelo Governo português, que foi avalizado pela Comissão Europeia e pelo BCE, pelo que não vejo nenhuma razão para que possa ser alterado o programa tal como ele nos foi comunicado e aprovado por ocasião da nossa ultima reunião".
Ou seja, estamos bem fodidos.
A primeira mentirinha vem de Passos Coelho. Fica claro, por estas palavras, que o Estado português está vinculado a esta merda, esteja quem estiver no Governo. Se Passos for para lá a seguir, vai ter de o cumprir. Portanto, esta palhaçada do não aprovo - que eu aplaudo - não serve para absolutamente nada.
E depois a grande, gorda, obesa mórbida mentira. A de Pinócrates, esse mentiroso patológico e trafulha encartado.
Estica a corda e dramatiza, dizendo que quem tem a culpa é o PSD. Ele está disposto a negociar, podem ser outras medidas, desde que o resultado seja o mesmo.
Ora o que fica agora claro é que não há qualquer negociação possível. É apenas uma desculpa para provocar a crise e culpar os outros.
Como é óbvio, se Sócrates quisesse negociar, tê-lo-ia feito antes. Antes de ir a Bruxelas e a Frankfurt assinar, em nome do país, este PEC, na exacta redacção que ele tem.
É isto que Juncker diz. É isto que Merkel diz.
Sócrates, que cagou para toda a gente, apareceu lá de peito feito e botou a cruz no sítio da assinatura. Com isso selou ainda mais o nosso destino para os próximos anos.
Tudo o resto é uma falácia. Mais mentiras, num ambiente que está demasiado irrespirável.
domingo, 20 de março de 2011
sexta-feira, 18 de março de 2011
Oportunidade de Ouro
Este domingo vai decorrer mais uma vez a mini-maratona de Lisboa, na qual, como habitualmente, participará José Sócrates.
Espera-se grande afluência.
Toda a gente quer correr com o Sócrates.
quinta-feira, 17 de março de 2011
quarta-feira, 16 de março de 2011
terça-feira, 15 de março de 2011
ooooooooooh boy......
O PSD está a preparar um livro, que deverá servir de base a uma espécie de programa de governo.
Na sua pseudo-ânsia de reformar Portugal, o partido está a fazer uma consulta à "sociedade civil".
O livro conta com o contributo de 55 empresários portugueses, num conjunto de 365 recomendações, uma por cada dia do ano.
Curiosamente, nem uma consulta a uma associação cívica, um sociólogo, um pensador. Não. Temos 55 empresários. E é isto.
Creio que isto diz bem o que nos espera daqui a uns meses, quando o Governo for assaltado por estes rapazotes do "Compromisso Portugal".
PS - Depois de o PS ter ingorado olimpicamente toda a gente quando apresentou as medidas do PEC IV como um facto consumado, como se atreve agora o porta-voz do PS dizer que "a Oposição está a recusar-se a negociar"?...
segunda-feira, 14 de março de 2011
Bad remake
Ora aí está o PEC IV, ou V, ou lá que raio é.
Os PEC, tal como os filmes, trazem sequelas cada vez piores (veja-se o Karate Kid, cujo terceiro volume tinha uma gaja, que era a Hillary Swank, esse gajo com mamas).
Desta feita, todas as reformas são congeladas, e as que ficam acima da fortuna de 1500 euros são reduzidas. Este é um momento simbolicamente muito importante. Porque é a primeira vez que o Governo retira, directamente, o rendimento mensal de pessoas não ligadas ao Estado. Depois do corte de salários de funcionários públicos, agora o Governo vai ao bolso a toda a gente. Ganda Sócrates.
O problema de Sócrates é ser: a) um trafulha; b) um mentiroso patológico.
Passou dois meses a tocar a fanfarra, a dizer que a execução orçamental estava excelente, que o défice estava a ser derrotado, que tudo corria melhor do que o esperado. Depois, numa bela sexta-feira de manhã, anuncia mais medidas de austeridade, com aumentos no IVA, cortes nas reformas e nos apoios sociais (again). Só há uma interpretação possível para isto: Sócrates andou dois meses a mentir publicamente. Se a execução orçamental estava assim tão bem, para que precisamos destas novas medidas? Exactly.
E colocando de parte o facto de estas medidas não servirem para nada (basta ver os juros da dívida pública) e mais uma vez colocarem os tugas no torno, há a questão de como tudo foi feito.
Sócrates anda há semanas a discutir com os parceiros sociais, patronato e sindicatos. Tudo o que queria era um programa genérico de flexibilização, assinado pelos parceiros, para levar a Bruxelas e dizer-lhes: temos um amplo consenso social para implementar estas medidas. Felizmente, CGTP e CAP perceberam que o que estava em causa era, apenas e como disse a CGTP, "ficar bem na fotografia". Abandonaram as negociações, e fizeram muito bem. Já os outros tótós do costume, a CIP e a UGT, deixaram-se fotografar a dar grandes bacalhaus ao Sócrates. Acontece que, ao longo de dois meses de negociações semanais, nunca foram sequer informados destas novas medidas. Negociações de boa-fé total, portanto.
Depois soube-se que Sócrates estava há semanas a negociar estas medidas com o BCE e a Comissão Europeia. Directamente, e ninguém soube de nada.
Todos os PEC anteriores tiveram a concordância do PSD. Este foi o parceiro preferencial, e único, para ajudar a aligeirar o ónus político, para o PS, das medidas de austeridade. Mas, desta vez, nem uma palavra a quem tão bem o acompanhou. Nem ao PSD nem a ninguém, apesar de algumas das medidas terem de ser aprovadas no Parlamento.
Depois, nem Cavaco soube, no que foi a maior quebra de cooperação institucional dos últimos anos. Cavaco que, antes de todos os PEC, foi o grande aliado de Sócrates, dramatizando publicamente os efeitos de uma falta de acordo e pressionando, em privado o PSD. Nessa altura foi útil. Agora foi pura e simplesmente ignorado.
O problema de Sócrates, para além de mentir sempre que abre a boca, é não saber governar em diálogo. Não saber respeitar as regras democráticas. É ser um bully político.
Sócrates ainda não percebeu que já não tem maioria absoluta na assembleia (graças a deus e a todos os santinhos!). Mas não sabe governar de outra maneira. Dialogar é impensável, tal como negociar e, sobretudo, ceder.
É um pequeno tirano com ilusões de grandeza.
É tirá-lo de lá antes que consiga terminar a sua missão: arrastar-nos todos para o fundo.
Os PEC, tal como os filmes, trazem sequelas cada vez piores (veja-se o Karate Kid, cujo terceiro volume tinha uma gaja, que era a Hillary Swank, esse gajo com mamas).
Desta feita, todas as reformas são congeladas, e as que ficam acima da fortuna de 1500 euros são reduzidas. Este é um momento simbolicamente muito importante. Porque é a primeira vez que o Governo retira, directamente, o rendimento mensal de pessoas não ligadas ao Estado. Depois do corte de salários de funcionários públicos, agora o Governo vai ao bolso a toda a gente. Ganda Sócrates.
O problema de Sócrates é ser: a) um trafulha; b) um mentiroso patológico.
Passou dois meses a tocar a fanfarra, a dizer que a execução orçamental estava excelente, que o défice estava a ser derrotado, que tudo corria melhor do que o esperado. Depois, numa bela sexta-feira de manhã, anuncia mais medidas de austeridade, com aumentos no IVA, cortes nas reformas e nos apoios sociais (again). Só há uma interpretação possível para isto: Sócrates andou dois meses a mentir publicamente. Se a execução orçamental estava assim tão bem, para que precisamos destas novas medidas? Exactly.
E colocando de parte o facto de estas medidas não servirem para nada (basta ver os juros da dívida pública) e mais uma vez colocarem os tugas no torno, há a questão de como tudo foi feito.
Sócrates anda há semanas a discutir com os parceiros sociais, patronato e sindicatos. Tudo o que queria era um programa genérico de flexibilização, assinado pelos parceiros, para levar a Bruxelas e dizer-lhes: temos um amplo consenso social para implementar estas medidas. Felizmente, CGTP e CAP perceberam que o que estava em causa era, apenas e como disse a CGTP, "ficar bem na fotografia". Abandonaram as negociações, e fizeram muito bem. Já os outros tótós do costume, a CIP e a UGT, deixaram-se fotografar a dar grandes bacalhaus ao Sócrates. Acontece que, ao longo de dois meses de negociações semanais, nunca foram sequer informados destas novas medidas. Negociações de boa-fé total, portanto.
Depois soube-se que Sócrates estava há semanas a negociar estas medidas com o BCE e a Comissão Europeia. Directamente, e ninguém soube de nada.
Todos os PEC anteriores tiveram a concordância do PSD. Este foi o parceiro preferencial, e único, para ajudar a aligeirar o ónus político, para o PS, das medidas de austeridade. Mas, desta vez, nem uma palavra a quem tão bem o acompanhou. Nem ao PSD nem a ninguém, apesar de algumas das medidas terem de ser aprovadas no Parlamento.
Depois, nem Cavaco soube, no que foi a maior quebra de cooperação institucional dos últimos anos. Cavaco que, antes de todos os PEC, foi o grande aliado de Sócrates, dramatizando publicamente os efeitos de uma falta de acordo e pressionando, em privado o PSD. Nessa altura foi útil. Agora foi pura e simplesmente ignorado.
O problema de Sócrates, para além de mentir sempre que abre a boca, é não saber governar em diálogo. Não saber respeitar as regras democráticas. É ser um bully político.
Sócrates ainda não percebeu que já não tem maioria absoluta na assembleia (graças a deus e a todos os santinhos!). Mas não sabe governar de outra maneira. Dialogar é impensável, tal como negociar e, sobretudo, ceder.
É um pequeno tirano com ilusões de grandeza.
É tirá-lo de lá antes que consiga terminar a sua missão: arrastar-nos todos para o fundo.
A utilidade
Não percebo os benfiquistas que criticam o Luis Filipe.
É que a sua existência dá-nos esperança a todos. Porque demonstra que não é por um tipo ter só meio cérebro, a agilidade de um penedo, zero talento e dois pés esquerdos com unhas encravadas que só por isso não poderá ser jogador do Glorioso.
Perante isto, só tenho uma coisa a dizer: Yes, we can!! (If he can...)
É que a sua existência dá-nos esperança a todos. Porque demonstra que não é por um tipo ter só meio cérebro, a agilidade de um penedo, zero talento e dois pés esquerdos com unhas encravadas que só por isso não poderá ser jogador do Glorioso.
Perante isto, só tenho uma coisa a dizer: Yes, we can!! (If he can...)
Obrigado pela Esperança
Só o saberemos nos próximos meses e nos próximos anos.
Estive na manifestação em Lisboa, que começou tarde e naturalmente desorganizada, mas que se compôs, de repente, numa coisa muito grande, e muito, muito bonita.
Não sei quantas pessoas estavam. Não é isso o mais importante. Era importante que estivesse muita gente, mais do que a "meia dúzia de gatos pingados" vaticinada pelo absolutamente medíocre Sousa Tavares. Eu estava céptico, com receio. A malta do Facebook é rápida a fazer e a desfazer amigos, e carregar no "Like" dá muito menos trabalho do que efectivamente mexer o cu e fazer algo. A verdade é que fui surpreendido pela afluência. Muitos jovens, a maioria. Muitos precários e explorados. Mas também reformados, também eles à rasca, também eles vítimas, mas com menos voz, o que é ainda mais dramático. Muitas crianças. Muitas famílias, lutando pelos seus, pelo futuro dos seus, cada vez mais negado, desde já.
No final, isto teve muito pouco de "protesto do Facebook". A verdade é que, não fosse a extensa e polémica cobertura que a comunicação social tradicional lhe deu, o movimento não teria conseguido sair de um grupo estrito de jovens, sem grande adesão do "povo" comum. A verdade é que houve de tudo. Um bloco de "Arquitectos de Lisboa à Rasca", seguida por um de "Direitos dos Animais", outro de "Legalize it". Tudo boas causas. É claro que também apareceram uns apatetados jovens nacionalistas, felizmente discretos e pacíficos. Muita esquerda, claro, maioritária. Alguns grupos, significativos, de liberais. Muitas palavras contra o Estado. Muítíssimas palavras contra os políticos e os partidos. Muitas bocas a Cavaco, que apesar do seu apelo a um "sobressalto cívico" não convenceu ninguém. Uma chuva de críticas a Sócrates, o coveiro deste país. Apenas o último, é certo, mas o mais decisivo.
Foi, no fundo, o escape para uma série de grupos de descontentes, de protestantes. Apesar de tudo, a mensagem central nunca deixou de ser a luta contra a precariedade, contra o desperdício, contra a austeridade cega, contra a falta de oportunidades.
Vi, com muita curiosidade, as reacções ao estrondoso sucesso destas manifestações. Os comentadores, sobretudo os mais à direita, repisaram os mesmos argumentos: de que eram instrumentalizados pelo PC e pelo Bloco (mentira, e foi refrescante quando Joana Amaral Dias subiu ao palanque para falar e foi apupada, naquele estilo histérico de pita molhada a brincar ao PREC); que são exigências pequeno-burguesas (que eu saiba, lutar por uma melhor condição de vida é comum a qualquer manifestação); que não se defende nada, apesar de se lutar contra algo (mentira, vi mensagens muito certas e muito claras, mesmo que muitas dissonantes, sobre os caminhos a seguir); que querem é, como os mais velhos, um emprego para a vida, de preferência no Estado.
E é neste ponto que quero tocar. Não vi ninguém a pedir isso. Aliás, esta geração, criativa e arejada como é, não vê, de forma alguma, uma carreira de funcionário público como o seu sonho de vida. Vi gente, muita gente, a reclamar uma única coisa: oportunidade.
Esta é a chave.
Oportunidade para mostrar o que valem, e ser justamente remunerados por isso. É simples. Igualdade de oportunidades, e quem for melhor que seja remunerado como tal. Ao contrário do que acontece agora, em que os melhores desta geração têm apenas uma de duas hipóteses: ou emigram ou aceitam trabalhar quase de borla e sem direitos, mesmo que muitos sejam melhores do que os seus medíocres chefes.
Os comentadeiros, bem instalados no seio do sistema que os tem tratado tão bem, insistem na vacuidade do protesto. Porque só conseguem ver o seu futuro quando deixar de ser "inorgânico", como eles dizem. Meaning, quando for assimilado por um partido. É só assim que conseguem ver a realidade política. Bastava terem estado na rua para perceberem o quão enganados estão. Não tem nada a ver com isso. Ontem, cada passo dado na rua foi uma intervenção política. E quem não quiser entender a mensagem vai cometer muitos erros no futuro.
Depois do que se passou ontem, este movimento e esta geração conseguiu, pelo menos, uma coisa: não é possível, a partir de agora, ignorá-la. Podem continuar a tentar ridicularizá-la, como têm feito até aqui. Felizmente, aqueles milhares de pessoas mostraram que não têm medo disso, que a frustração é maior do que o receio do atestado de menoridade social e política que os bem-pensantes lhes tentaram e tentam passar. Podem gozar, criticar, bater. Mas não podem mais ignorar, e isso é uma grande, enorme vitória.
Boa parte daquela gente, acredito, nunca se tinha manifestado. Acredito que muitos não votem habitualmente. E espero, muito sinceramente, que o passem a fazer. A manifestação deu às pessoas a noção de que, todos nós, somos seres políticos. E que a vertente política é tão importante e estrutural como a vertente social, laboral, familiar, etc, etc. Não acredito, confesso, que a solução passe principalmente pelos partidos que temos. Não da forma como estão estruturados, como se organizam, como crescem das bases de boys. Mas acredito que a solução passa também pelos partidos. Porque a rua é importante, mas mais importante ainda é o voto. Se metade desta gente passar a votar, já é muito, muito bom.
Muitos tentaram conotar este movimento com a negação da democracia. De que a rua significa a anarquia, a rejeição de tudo sem propor nada. Não foi isso que vi, não é isso que está em causa. O que vi foi uma prova de vitalidade da democracia, porque vi, finalmente, uma consciência cívica que já tinha desistido de encontrar. O sistema está doente, claramente. Se não estivesse não teríamos estes movimentos. Mas não é a democracia que está doente. É a partidocracia que nos sufoca, que não dá respostas, que não dá sequer atenção, como se a sua função fosse servir-se, e não servir o povo.
Para mim, o que fica é isto.
Gente que percebeu que, querendo, tem voz. Que unidos podemos alguma coisa. Que a intervenção e a frustração não podem ficar sempre pela mesa de café. Os meus votos é que esta iniciativa resulte numa maior consciência cívica. Ao nível de manifestações, sim. Mas também ao nível das associações, das famílias, das pessoas. Do voto. Da participação.
Quero, por último, salientar a forma extraordinariamente pacífica e ordeira como o protesto decorreu, o que é ainda mais surpreendente tendo em atenção a óbvia falta de uma organização central. Nem um vidro partido. E salientar também o exemplar comportamento da polícia. Presente, como necessário, mas nas ruas laterais, sem tentar dar nas vistas e provocar seja o que for.
De todos os lados, fica um dia histórico. Um dia muito bonito.
PS - Augusto Santos Silva, o ministro da Propaganda e da Defesa deste moribundo e incompetente governo teve a melhor reacção de todas. Depois de dizer que o governo partilha das preocupações dos jovens, e de o conseguir dizer sem se rir, teve uma excelente tirada: "Nada se resolve assim, na rua, pondo em causa as instituições". Pois não, caríssimo conservador. O 25 de Abril, com o qual você e os seus comparsas gostam de encher a boca, fez-se nos gabinetes, e não nas ruas, não foi?
O vosso amigo Kadafi não diria melhor.
Um forte abraço para todos os que marcharam. Obrigado por me terem devolvido um bocadinho da esperança que tanta falta me faz.
domingo, 13 de março de 2011
Esperança
Perante a falta de tempo para, no imediato, dar conta do que se passou ontem, e do que senti no meio daquelas milhares de pessoas, aqui ficam algumas das fotos que tirei.
Até já.
Até já.
sexta-feira, 11 de março de 2011
O Tuga, esse génio incompreendido
Este país não cessa de me surpreender e maravilhar.
Hás duas maneiras de fazer as coisas: bem e à tuga.
Hoje fui confrontado com o expoente máximo da “solução à tuga”, que explica tudo sobre como chegámos a este ponto. E isto ao olhar para uma sanita.
Eu explico.
Fui à casa de banho do trabalho, que tem três cubículos, cada um com a sua retrete. Um dos cubículos tem a porta avariada, portanto só dois são usados, mas enfim, isto não tem nada a ver. O tipo cujo trabalho seria arranjar a porta não foi capaz de o fazer nas últimas três semanas, mas deu finalmente uma demonstração de que existe. Por cima de cada sanita, está desde hoje um papel a dizer “É favor não deitar papel na sanita”.
A atitude seguinte a ler esta missiva é, naturalmente, procurar o caixote. Não consta. Nos outros dois cubículos, a mesma mensagem. E a mesma ausência de caixote.
Portanto presumo que a sugestão, que por ser tão óbvia o senhor não achou sequer pertinente escrevê-la, será guardar o papel usado no bolso.
O mais delicioso de tudo foi que este grande Tuga, este CEO das cagadeiras, achou genuinamente que tinha resolvido o problema, ao colocar o papelito na parede.
E ainda dizem que não precisamos do FMI para meter ordem nisto…
Hás duas maneiras de fazer as coisas: bem e à tuga.
Hoje fui confrontado com o expoente máximo da “solução à tuga”, que explica tudo sobre como chegámos a este ponto. E isto ao olhar para uma sanita.
Eu explico.
Fui à casa de banho do trabalho, que tem três cubículos, cada um com a sua retrete. Um dos cubículos tem a porta avariada, portanto só dois são usados, mas enfim, isto não tem nada a ver. O tipo cujo trabalho seria arranjar a porta não foi capaz de o fazer nas últimas três semanas, mas deu finalmente uma demonstração de que existe. Por cima de cada sanita, está desde hoje um papel a dizer “É favor não deitar papel na sanita”.
A atitude seguinte a ler esta missiva é, naturalmente, procurar o caixote. Não consta. Nos outros dois cubículos, a mesma mensagem. E a mesma ausência de caixote.
Portanto presumo que a sugestão, que por ser tão óbvia o senhor não achou sequer pertinente escrevê-la, será guardar o papel usado no bolso.
O mais delicioso de tudo foi que este grande Tuga, este CEO das cagadeiras, achou genuinamente que tinha resolvido o problema, ao colocar o papelito na parede.
E ainda dizem que não precisamos do FMI para meter ordem nisto…
48 horas depois...
...da frase "há limites para os sacrifícios que podem ser pedidos aos portugueses"....
"TOMEM LÁ MORANGO!".
"TOMEM LÁ MORANGO!".
Warmup
Não nos equivoquemos.
Vamos ser ridicularizados, tal como tem acontecido até aqui.
Os bem-pensantes, os bem-falantes, os intelectuais do regime, tudo têm feito para apontar as deficiências programáticas do movimento que, este sábado, estará nas ruas em várias cidades deste deprimido país.
Os argumentos:
- Que querem privilégios iguais aos dos papás, o que não é verdade. Mas mesmo que fosse, por que razão não vejo esses comentadores atacar esses supostos privilégios? Ataca-se os novos que supostamente querem privilégios, mas nem uma palavra quando aos actuais beneficiários desses privilégios. E, repito, essa não é a questão.
- que são ridículos e, até, que não sabem escrever (como Sousa Tavares, esse grande escritor, fez questão de salientar). Como se para protestar, para reclamar direitos, houvesse uma norma, uma regra, uma única forma correcta de bem fazer. A malta que andava na reforma agrária, por exemplo, sabia escrever? E isso retirou-lhe algum tipo de legitimidade, quando o que falamos é de condições de vida?
- não defendem nada, são meros niilistas (esta última cortesia da pena afiada de Mário Soares). Como não é um movimento partidário (mesmo que alguns tentem dele apropriar-se), os instalados não sabem como lidar com isto. Como catalogar, como os meter nas gavetas da esquerda ou da direita, como os contabilizar nas contas de merceeiro de umas eleições deste sistema político moribundo. A geração de Mário Soares, por exemplo, fez o Maio de 68. E eram muito ridículos. Eram bastante niilistas. Exigiam, entre outras coisas, o declaradamente “impossível”. No ridículo movimento hippie, era a mesma história. Mas, quando implodiu, deu origem a reformas sociais fundamentais, que hoje damos por garantidas: a ecologia e a emancipação feminina, por exemplo.
- que são poucos, que só se mexem para clicar no rato. É verdade, é sinal dos tempos. A ver vamos.
- que atacam as gerações anteriores mas que essas sofreram muito mais. Pois, mas a verdade é que isso sempre foi assim. Os dos anos 60 e 70 são os únicos que, aparentemente, têm legitimidade para definir o que é ou não uma boa manifestação, quais as que passam no teste do algodão da pureza intelectual. Mas esses, quando se manifestavam, tinham também uma vida melhor do que os seus antecessores. E isso não os impediu de gritar que não se podia confiar “em ninguém com mais de 30 anos”. Era ridículo? Sim. E então? A questão é que, ridículo ou não, a história, pequena ou grande, transformou-se com protestos, com movimentos, com as pessoas a chegarem-se à frente e a dizerem o que pensam. Portanto, se valer esse argumento de que os de agora vivem melhor do que os anteriores, nunca qualquer protesto fez sentido. Incluindo os protestos destes senhores que, agora, se enojam com quem vai manifestar-se. A diferença é que, pela primeira vez em muito tempo, há sérias hipóteses de esta geração, e as próximas, viverem pior do que as anteriores. Isto é inédito, e merece reflexão.
Amanhã, e nos jornais dos próximos dias, e nos blogues e nas televisões, não faltarão tentativas de ridicularizar o protesto. Que os manifestantes têm ténis de marca; que vão beber umas jolas, que vão dizer patacoadas para os directos das rádios, que eram poucos, que eram muitos mas silenciosos, que foram instrumentalizados, que foram violentos, que foram demasiado mansos, que isto, que aquilo.
Vai valer tudo, e não podemos ganhar.
A verdade é que, com o debate que finalmente se conseguiu instalar, nós já ganhámos.
E é com esse espírito que devemos comparecer amanhã. Às 15h, no Marquês.
Vamos ser ridicularizados, tal como tem acontecido até aqui.
Os bem-pensantes, os bem-falantes, os intelectuais do regime, tudo têm feito para apontar as deficiências programáticas do movimento que, este sábado, estará nas ruas em várias cidades deste deprimido país.
Os argumentos:
- Que querem privilégios iguais aos dos papás, o que não é verdade. Mas mesmo que fosse, por que razão não vejo esses comentadores atacar esses supostos privilégios? Ataca-se os novos que supostamente querem privilégios, mas nem uma palavra quando aos actuais beneficiários desses privilégios. E, repito, essa não é a questão.
- que são ridículos e, até, que não sabem escrever (como Sousa Tavares, esse grande escritor, fez questão de salientar). Como se para protestar, para reclamar direitos, houvesse uma norma, uma regra, uma única forma correcta de bem fazer. A malta que andava na reforma agrária, por exemplo, sabia escrever? E isso retirou-lhe algum tipo de legitimidade, quando o que falamos é de condições de vida?
- não defendem nada, são meros niilistas (esta última cortesia da pena afiada de Mário Soares). Como não é um movimento partidário (mesmo que alguns tentem dele apropriar-se), os instalados não sabem como lidar com isto. Como catalogar, como os meter nas gavetas da esquerda ou da direita, como os contabilizar nas contas de merceeiro de umas eleições deste sistema político moribundo. A geração de Mário Soares, por exemplo, fez o Maio de 68. E eram muito ridículos. Eram bastante niilistas. Exigiam, entre outras coisas, o declaradamente “impossível”. No ridículo movimento hippie, era a mesma história. Mas, quando implodiu, deu origem a reformas sociais fundamentais, que hoje damos por garantidas: a ecologia e a emancipação feminina, por exemplo.
- que são poucos, que só se mexem para clicar no rato. É verdade, é sinal dos tempos. A ver vamos.
- que atacam as gerações anteriores mas que essas sofreram muito mais. Pois, mas a verdade é que isso sempre foi assim. Os dos anos 60 e 70 são os únicos que, aparentemente, têm legitimidade para definir o que é ou não uma boa manifestação, quais as que passam no teste do algodão da pureza intelectual. Mas esses, quando se manifestavam, tinham também uma vida melhor do que os seus antecessores. E isso não os impediu de gritar que não se podia confiar “em ninguém com mais de 30 anos”. Era ridículo? Sim. E então? A questão é que, ridículo ou não, a história, pequena ou grande, transformou-se com protestos, com movimentos, com as pessoas a chegarem-se à frente e a dizerem o que pensam. Portanto, se valer esse argumento de que os de agora vivem melhor do que os anteriores, nunca qualquer protesto fez sentido. Incluindo os protestos destes senhores que, agora, se enojam com quem vai manifestar-se. A diferença é que, pela primeira vez em muito tempo, há sérias hipóteses de esta geração, e as próximas, viverem pior do que as anteriores. Isto é inédito, e merece reflexão.
Amanhã, e nos jornais dos próximos dias, e nos blogues e nas televisões, não faltarão tentativas de ridicularizar o protesto. Que os manifestantes têm ténis de marca; que vão beber umas jolas, que vão dizer patacoadas para os directos das rádios, que eram poucos, que eram muitos mas silenciosos, que foram instrumentalizados, que foram violentos, que foram demasiado mansos, que isto, que aquilo.
Vai valer tudo, e não podemos ganhar.
A verdade é que, com o debate que finalmente se conseguiu instalar, nós já ganhámos.
E é com esse espírito que devemos comparecer amanhã. Às 15h, no Marquês.
Full circle
Quando eu era puto, o Cavaco era o mais próximo que eu conhecia de um anti-cristo político.
Era a tecnocracia, a brutidão, a falta de cultura, democrática e da outra.
Esta malta, que no sábado vai para a rua, será mais ou menos da minha geração.
Não deixa de ser irónico, e para mim até algo insultuoso, que o Cavaco tenha, de forma pouco velada, juntado o seu incentivo a esta iniciativa.
Obrigado, Cavaco, mas deixa lá isso.
Era a tecnocracia, a brutidão, a falta de cultura, democrática e da outra.
Esta malta, que no sábado vai para a rua, será mais ou menos da minha geração.
Não deixa de ser irónico, e para mim até algo insultuoso, que o Cavaco tenha, de forma pouco velada, juntado o seu incentivo a esta iniciativa.
Obrigado, Cavaco, mas deixa lá isso.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Por que razão eu vou à manifestação de sábado
Bastar-me-ia um motivo: todos os filhos da puta bem na vida que vejo tentarem destruir, e até ridicularizar esta iniciativa.
Todos os anos, nos 25s de Abril, etc, etc, os ouvimos: a chorar lágrimas de crocodilo pela falta de activismo e participação da sociedade civil. Mas, no momento em que esta parece apenas assomar, tudo são críticas. Dá para desconfiar, não dá?
A questão para mim é simples: Eu vou.
E vou porque:
- esta sociedade está há muito amordaçada, num marasmo de quem sente que tudo pode fazer, e que os espoliados de nada são capazes
- esta sociedade não responde à meritocracia. O que interessa é quem conheces, de que cor partidária és, de que família és Qualificado ou não, isso é irrelevante. Se fores de boa família ou de uma jota que interesse, tens bom emprego garantido. Os outros, os que têm de ir à luta, não têm hipóteses
- os partidos cada vez estão mais distanciados daquilo que as pessoas precisam. Chegam de facciosismo e de táctica. Precisamos soluções
- tudo aquilo que nos venderam não passa de uma fraude. Não há um "american dream", em que qualquer gajo pode lá chegar. Há um "different kind of american dream": que qualquer borra-botas pode efectivamente lá chegar, desde que com os padrinhos certos
- esta sociedade, tal como esta economia, vive assente numa mentira e numa crueldade: a mentira dos falsos recibos-verdes, dos precários, dos que não são bons o suficiente para ganhar um salário decente, mas que são aqueles que contribuem para a boa vida de quem manda, de quem nos governa, de quem gere as empresas e os serviços
- há toda uma geração que, pura e simplesmente, foi colocada num beco sem saída. E olha à volta e, no meio das suas dificuldades, vê muito pouca gente com responsabilidade que pareça minimamente preocupada com a situação. E que talvez assim abra os olhos, porque tem de ser
E, sobretudo, porque estou farto dos bem-falantes e bem-pensantes e pseudo-intelectuais e comentadeiros e paineleiros e políticos disfarçados e assessores e quejandos, todos empenhados em criticar esta geração, este movimento, as pessoas. Porque fogem do circuito. Porque pensam pela sua cabeça, pela sua barriga e pelo seu bolso e pelo seu frigorífico cada vez mais vazios. Porque já não decidem só a ouvir os Sousas Tavares nas Sic Notícias, falando arrogantemente de pança insultuosamente cheia. Vejo a grande maioria da opinião publicada a tentar desmontar a iniciativa. Que é manobrada pelos partidos da esquerda. Que não tem um programa. Que não tem uma solução. Que não tem um plano. Que quer a anarquia. Que quer colocar em causa a democracia. Etc, etc, etc.
A questão é simples: quem fala assim está satisfeito com a maneira como as coisas estão a correr. Bem alimentados, adulados, gatos gordos. Deviam lavar a boca quando falam de gente que passa dificuldades, que querendo trabalhar não tem condições para ter uma casa, começar uma família, crescer. Sobretudo, vejo aqueles que, etariamente, pertencem a esta geração. Esses são os piores críticos. Porque usam o argumento de que "eu sou dessa geração e estou aqui a escrever nos jornais, eu estou aqui". São os piores de todos, porque subiram, na sua esmagadora maioria, tal como os gatos gordos das gerações anteriores. Para eles o modelo funcionou. "Vejam como eu sou o bom aluno, que agradeço aos mais velhos que me deram esta oportunidade, vejam como vos deixo orgulhoso". Não há pior coisa que um jovem conservador. E não há coisa que me meta mais nojo do que estes engravatadinhos, velhos antes de tempo, já jogando o jogo das influências, já lambendo as botas, já fodendo quem, de facto, merecia estar no seu lugar.
Sim, o movimento tem pouca organização. Não, não dá soluções. Sim, corre o risco de ser instrumentalizado. Não, não tem um programa coerente.
É POR ISSO QUE NÃO É UM PARTIDO, CARALHO!!
Este tipo de coisas só nasce quando há uma profunda insatisfação com o sistema, com a forma como o sistema funciona. E, em vez de se reconhecer esta evidência e se olhar para os cancros que comem o sistema, ataca-se o movimento. Que está condenado à partida, porque o mundo sério e responsável o ridiculariza. O status quo não sabe lidar com a rua. Teme-a, porque lhe foge ao controlo.
No sábado, estarei na rua, em Lisboa. Pelos jovens, claro, mas também pelos outros. Porque, mais do que uma questão geracional, está em causa a forma como funcionamos enquanto sociedade. Porque todos nós estamos fartos de alimentar os gatos gordos e, mesmo assim, nos dizerem que não somos bons o suficiente para ter uma vida digna. E aqui não há jovens nem velhos. Há milhões de espoliados neste país. É o sistema económico e social que está em causa.
Se precisasse de um motivo para ir, bastava-me ver quem está contra.
Sábado lá estarei. E, se o tempo estiver bom, lá estará também a minha querida filha de 3 meses. Para que viva a sua primeira manifestação cívica e que veja que o seu pai não se resigna a deixar-lhe nada mais que uma dívida monstruosa para pagar.
Não nos deixemos ridicularizar. Não nos deixemos intimidar. É preciso que nos ouçam.
PS - não conheço ninguém da organização nem sequer tenho Facebook.
Todos os anos, nos 25s de Abril, etc, etc, os ouvimos: a chorar lágrimas de crocodilo pela falta de activismo e participação da sociedade civil. Mas, no momento em que esta parece apenas assomar, tudo são críticas. Dá para desconfiar, não dá?
A questão para mim é simples: Eu vou.
E vou porque:
- esta sociedade está há muito amordaçada, num marasmo de quem sente que tudo pode fazer, e que os espoliados de nada são capazes
- esta sociedade não responde à meritocracia. O que interessa é quem conheces, de que cor partidária és, de que família és Qualificado ou não, isso é irrelevante. Se fores de boa família ou de uma jota que interesse, tens bom emprego garantido. Os outros, os que têm de ir à luta, não têm hipóteses
- os partidos cada vez estão mais distanciados daquilo que as pessoas precisam. Chegam de facciosismo e de táctica. Precisamos soluções
- tudo aquilo que nos venderam não passa de uma fraude. Não há um "american dream", em que qualquer gajo pode lá chegar. Há um "different kind of american dream": que qualquer borra-botas pode efectivamente lá chegar, desde que com os padrinhos certos
- esta sociedade, tal como esta economia, vive assente numa mentira e numa crueldade: a mentira dos falsos recibos-verdes, dos precários, dos que não são bons o suficiente para ganhar um salário decente, mas que são aqueles que contribuem para a boa vida de quem manda, de quem nos governa, de quem gere as empresas e os serviços
- há toda uma geração que, pura e simplesmente, foi colocada num beco sem saída. E olha à volta e, no meio das suas dificuldades, vê muito pouca gente com responsabilidade que pareça minimamente preocupada com a situação. E que talvez assim abra os olhos, porque tem de ser
E, sobretudo, porque estou farto dos bem-falantes e bem-pensantes e pseudo-intelectuais e comentadeiros e paineleiros e políticos disfarçados e assessores e quejandos, todos empenhados em criticar esta geração, este movimento, as pessoas. Porque fogem do circuito. Porque pensam pela sua cabeça, pela sua barriga e pelo seu bolso e pelo seu frigorífico cada vez mais vazios. Porque já não decidem só a ouvir os Sousas Tavares nas Sic Notícias, falando arrogantemente de pança insultuosamente cheia. Vejo a grande maioria da opinião publicada a tentar desmontar a iniciativa. Que é manobrada pelos partidos da esquerda. Que não tem um programa. Que não tem uma solução. Que não tem um plano. Que quer a anarquia. Que quer colocar em causa a democracia. Etc, etc, etc.
A questão é simples: quem fala assim está satisfeito com a maneira como as coisas estão a correr. Bem alimentados, adulados, gatos gordos. Deviam lavar a boca quando falam de gente que passa dificuldades, que querendo trabalhar não tem condições para ter uma casa, começar uma família, crescer. Sobretudo, vejo aqueles que, etariamente, pertencem a esta geração. Esses são os piores críticos. Porque usam o argumento de que "eu sou dessa geração e estou aqui a escrever nos jornais, eu estou aqui". São os piores de todos, porque subiram, na sua esmagadora maioria, tal como os gatos gordos das gerações anteriores. Para eles o modelo funcionou. "Vejam como eu sou o bom aluno, que agradeço aos mais velhos que me deram esta oportunidade, vejam como vos deixo orgulhoso". Não há pior coisa que um jovem conservador. E não há coisa que me meta mais nojo do que estes engravatadinhos, velhos antes de tempo, já jogando o jogo das influências, já lambendo as botas, já fodendo quem, de facto, merecia estar no seu lugar.
Sim, o movimento tem pouca organização. Não, não dá soluções. Sim, corre o risco de ser instrumentalizado. Não, não tem um programa coerente.
É POR ISSO QUE NÃO É UM PARTIDO, CARALHO!!
Este tipo de coisas só nasce quando há uma profunda insatisfação com o sistema, com a forma como o sistema funciona. E, em vez de se reconhecer esta evidência e se olhar para os cancros que comem o sistema, ataca-se o movimento. Que está condenado à partida, porque o mundo sério e responsável o ridiculariza. O status quo não sabe lidar com a rua. Teme-a, porque lhe foge ao controlo.
No sábado, estarei na rua, em Lisboa. Pelos jovens, claro, mas também pelos outros. Porque, mais do que uma questão geracional, está em causa a forma como funcionamos enquanto sociedade. Porque todos nós estamos fartos de alimentar os gatos gordos e, mesmo assim, nos dizerem que não somos bons o suficiente para ter uma vida digna. E aqui não há jovens nem velhos. Há milhões de espoliados neste país. É o sistema económico e social que está em causa.
Se precisasse de um motivo para ir, bastava-me ver quem está contra.
Sábado lá estarei. E, se o tempo estiver bom, lá estará também a minha querida filha de 3 meses. Para que viva a sua primeira manifestação cívica e que veja que o seu pai não se resigna a deixar-lhe nada mais que uma dívida monstruosa para pagar.
Não nos deixemos ridicularizar. Não nos deixemos intimidar. É preciso que nos ouçam.
PS - não conheço ninguém da organização nem sequer tenho Facebook.
quarta-feira, 9 de março de 2011
Cavaco 2.0
E pronto, Cavaco falou.
Eu, cínico como sou, tinha fracas expectativas quanto ao seu discurso. Esperava mais uma ou duas das indirectas do costume ao Sócrates, que este perante as televisões interpretaria como elogios, enfim, mais do mesmo.
Mas não.
Posso dizer que, por uma vez, Cavaco surpreendeu. O facto de isso acontecer 25 anos depois de ele entrar na política activa portuguesa é um mero pormenor.
Finalmente, o homem falou.
Infelizmente, falou tarde demais. Não é admissível que um tipo esteja 5 anos no cargo, basicamente a deixar fazer tudo e a pensar única e exclusivamente na reeleição, e depois de torne um Chuck Norris. É tacticismo a mais, e prejudicial no momento em que o país atravessa. De Cavaco nunca esperei, nem espero agora, nada. Mas se quer ter uma voz, se quer honrar ao menos os idiotas que votaram nele, tem que fazer alguma coisita. Devia ter feito desde o dia um do seu mandato, há cinco longos anos atrás. No mínimo, sinto-me no direito de exigir de volta todos os salários que Cavaco e o seu staff receberam ao longo destes cinco anos. Não trabalharam, não devem receber.
Passando ao discurso: certo, relativamente assertivo, relativamente bem escrito. Faltou apenas chamar os bois pelos nomes, mas não queremos que Cavaco tenha demasiada emoção ao mesmo tempo.
Mais uma vez, gostei da reacção de Francisco Assis. Disse o óbvio, o que nestas alturas é raro. Disse "Não gostei de ouvir".
Já Sócrates veio encontrar "pontes" e "concordâncias" entre o que Cavaco disse e o que ele pensa. Num exercício cada vez mais habitual de hipocrisia, lá se permitiu salientar o que achou de "menos conseguido" no discurso de Cavaco: que este não mencionou o enquadramento internacional, que na opinião de Sócrates é culpado de tudo desde o défice à flatulência de Pinto da Costa, passando pela caspa e pelo pé de atleta.
Uma última nota: Cavaco já não se auto-elogiou, felizmente, mas mostrou que, como sempre, continua incapaz de fazer um mea culpa. Foi ele o pai e a mãe deste sistema. E sobre isto nem uma palavra.
Agora, em que ficamos?
À espera do molho, em paz podre. Mas não nos enganemos: é guerra.
Sócrates nunca perdoará o tom da censura de Cavaco, cavalgando todas as crises e todas as ondas (incluindo a onda Deolinda).
É guerra. Que se matem, e depressa.
Eu, cínico como sou, tinha fracas expectativas quanto ao seu discurso. Esperava mais uma ou duas das indirectas do costume ao Sócrates, que este perante as televisões interpretaria como elogios, enfim, mais do mesmo.
Mas não.
Posso dizer que, por uma vez, Cavaco surpreendeu. O facto de isso acontecer 25 anos depois de ele entrar na política activa portuguesa é um mero pormenor.
Finalmente, o homem falou.
Infelizmente, falou tarde demais. Não é admissível que um tipo esteja 5 anos no cargo, basicamente a deixar fazer tudo e a pensar única e exclusivamente na reeleição, e depois de torne um Chuck Norris. É tacticismo a mais, e prejudicial no momento em que o país atravessa. De Cavaco nunca esperei, nem espero agora, nada. Mas se quer ter uma voz, se quer honrar ao menos os idiotas que votaram nele, tem que fazer alguma coisita. Devia ter feito desde o dia um do seu mandato, há cinco longos anos atrás. No mínimo, sinto-me no direito de exigir de volta todos os salários que Cavaco e o seu staff receberam ao longo destes cinco anos. Não trabalharam, não devem receber.
Passando ao discurso: certo, relativamente assertivo, relativamente bem escrito. Faltou apenas chamar os bois pelos nomes, mas não queremos que Cavaco tenha demasiada emoção ao mesmo tempo.
Mais uma vez, gostei da reacção de Francisco Assis. Disse o óbvio, o que nestas alturas é raro. Disse "Não gostei de ouvir".
Já Sócrates veio encontrar "pontes" e "concordâncias" entre o que Cavaco disse e o que ele pensa. Num exercício cada vez mais habitual de hipocrisia, lá se permitiu salientar o que achou de "menos conseguido" no discurso de Cavaco: que este não mencionou o enquadramento internacional, que na opinião de Sócrates é culpado de tudo desde o défice à flatulência de Pinto da Costa, passando pela caspa e pelo pé de atleta.
Uma última nota: Cavaco já não se auto-elogiou, felizmente, mas mostrou que, como sempre, continua incapaz de fazer um mea culpa. Foi ele o pai e a mãe deste sistema. E sobre isto nem uma palavra.
Agora, em que ficamos?
À espera do molho, em paz podre. Mas não nos enganemos: é guerra.
Sócrates nunca perdoará o tom da censura de Cavaco, cavalgando todas as crises e todas as ondas (incluindo a onda Deolinda).
É guerra. Que se matem, e depressa.
terça-feira, 8 de março de 2011
sexta-feira, 4 de março de 2011
Musik
A 22 de Março sai o novo disco dos Strokes, que vão estar por cá naquele festival ao qual só se consegue chegar a horas se formos de paraquedas. Este album, pela amostra até agora, é o mais credível candidato ao meu disco do Verão.
Ainda por cima com uma capa que me faz ter vontade de comprar o vinil, a ver vamos.
O primeiro single de "Angles" é este "Under Cover of Darkness".
Estranhamente, soa a Strokes. O que, para mim, só pode ser bom.
Ainda por cima com uma capa que me faz ter vontade de comprar o vinil, a ver vamos.
O primeiro single de "Angles" é este "Under Cover of Darkness".
Estranhamente, soa a Strokes. O que, para mim, só pode ser bom.
La nostalgie, camarade
Ao longo da sua história, a Volkswagen foi responsável por alguns dos mais carismáticos e populares modelos, em todo o mundo. E não estou a falar do Pólo ou dessa grande merda que era o Volkswagen Brasília (alguém se lembra?).
Estou a falar do Carocha e do "Pão de forma", a carrinha que associamos a hippies e surfistas e que qualquer tipo que se preze já sonhou em ter.
Depois da reanimação do Carocha, no que foi um fracasso, a VW vai fazer o mesmo com a carrinha.
A nova versão, aqui em imagem promocional, vai chamar-se Bulli, que era a alcunha da "pão de forma" na Alemanha. Dizem os senhores que vai ser um veículo eléctrico e que utilizará um iPad para controlar todo o sistema de entretenimento, controlo de temperatura, etc.
Na altura, sistema de entretenimento era uma cassete ou uma ganza fumada lá atrás.
Ao fazer esta escolha, toda modernaça, a VW está a cometer o mesmo erro que fez com o Carocha. Faz um carro que não tem um décimo do carisma do seu antecessor/inspirador. Se não for pela personalidade, por que raio alguém há de comprar a Bulli, se é a mesma merda que um Touareg ou uma espécie de Qashqai?
Estou a falar do Carocha e do "Pão de forma", a carrinha que associamos a hippies e surfistas e que qualquer tipo que se preze já sonhou em ter.
Depois da reanimação do Carocha, no que foi um fracasso, a VW vai fazer o mesmo com a carrinha.
A nova versão, aqui em imagem promocional, vai chamar-se Bulli, que era a alcunha da "pão de forma" na Alemanha. Dizem os senhores que vai ser um veículo eléctrico e que utilizará um iPad para controlar todo o sistema de entretenimento, controlo de temperatura, etc.
Na altura, sistema de entretenimento era uma cassete ou uma ganza fumada lá atrás.
Ao fazer esta escolha, toda modernaça, a VW está a cometer o mesmo erro que fez com o Carocha. Faz um carro que não tem um décimo do carisma do seu antecessor/inspirador. Se não for pela personalidade, por que raio alguém há de comprar a Bulli, se é a mesma merda que um Touareg ou uma espécie de Qashqai?
Fact
Dizem que um tipo quando está em Nova Iorque sente inevitavelmente que está no centro do mundo.
Já quem estiver em Torres Vedras ou arredores nos próximos dias, poderá estar certo de que se encontra no cu do mundo.
Já quem estiver em Torres Vedras ou arredores nos próximos dias, poderá estar certo de que se encontra no cu do mundo.
O Homem-Esfinge
Cavaco, o presidente ainda em funções, anda pelo país, mas não fala. O país chafurda e cada vez se afunda mais na merda, e ele nada diz.
Porquê?
Porque só fala depois de assumir funções. O que acontece a 9 de Março.
Ou seja, o Xôr Silva não fala agora porque está em fim de mandato. Já o Xôr Cavaco não fala agora porque ainda não assumiu funções.
Genial.
Porquê?
Porque só fala depois de assumir funções. O que acontece a 9 de Março.
Ou seja, o Xôr Silva não fala agora porque está em fim de mandato. Já o Xôr Cavaco não fala agora porque ainda não assumiu funções.
Genial.
quinta-feira, 3 de março de 2011
quarta-feira, 2 de março de 2011
(Quase) dignos vencidos
Belo jogo de futebol.
Era uma partida em que tínhamos muito a perder e pouco a ganhar. Se ganhássemos, ninguém diria nada; se perdêssemos seria o escândalo. Esta semana ouvi muitos adeptos, inclusive do Benfica, falarem disto com um jogo decidido à partida. 5-0 era o mínimo expectável.
É claro que isto é um disparate. Um derby é um derby, sobretudo com a equipa do Benfica esgotada fisicamente, sobretudo com o Sporting a fazer o jogo da época.
Em jeito de balanço, o Sporting jogou mais do que tem valido, e o Benfica menos do que tem valido. Ainda assim, bastou para ganhar e de forma absolutamente justa.
O Sporting mostrou valor, garra e dignidade. Sobretudo Hélder Postiga, que tirando um ou outro teatro desnecessário foi - como tem sido - o melhor jogador do Sporting. O melhor do clube submisso foi o seu capitão, formado no seu aliado. Faz sentido.
O Sporting só não foi um digno vencido porque, no fim, Couceiro não resistiu. A filosofia de permanente desculpabilização no clube é muito profunda, e mais uma vez a culpa foi do árbitro. Algo tão típico quanto disparatado.
De qualquer das formas, 18 vitórias consecutivas do Glorioso, enquanto o Sporting igualou a pior série da sua história.
Um jogo muito vivo e muito bom, de duas equipas que quiseram ganhar. O Benfica quis ganhar mais durante mais tempo, e por isso venceu.
Era uma partida em que tínhamos muito a perder e pouco a ganhar. Se ganhássemos, ninguém diria nada; se perdêssemos seria o escândalo. Esta semana ouvi muitos adeptos, inclusive do Benfica, falarem disto com um jogo decidido à partida. 5-0 era o mínimo expectável.
É claro que isto é um disparate. Um derby é um derby, sobretudo com a equipa do Benfica esgotada fisicamente, sobretudo com o Sporting a fazer o jogo da época.
Em jeito de balanço, o Sporting jogou mais do que tem valido, e o Benfica menos do que tem valido. Ainda assim, bastou para ganhar e de forma absolutamente justa.
O Sporting mostrou valor, garra e dignidade. Sobretudo Hélder Postiga, que tirando um ou outro teatro desnecessário foi - como tem sido - o melhor jogador do Sporting. O melhor do clube submisso foi o seu capitão, formado no seu aliado. Faz sentido.
O Sporting só não foi um digno vencido porque, no fim, Couceiro não resistiu. A filosofia de permanente desculpabilização no clube é muito profunda, e mais uma vez a culpa foi do árbitro. Algo tão típico quanto disparatado.
De qualquer das formas, 18 vitórias consecutivas do Glorioso, enquanto o Sporting igualou a pior série da sua história.
Um jogo muito vivo e muito bom, de duas equipas que quiseram ganhar. O Benfica quis ganhar mais durante mais tempo, e por isso venceu.
Keep on rocking
Nas últimas semanas, tivemos a triste notícia da despedida de duas das minhas bandas preferidas, das melhores coisas que o século XXI nos trouxe. Eu cá não sou daqueles que acha que uma banda deve acabar no auge, antes que a coisa comece a descambar. Das bandas que gosto, quero é que façam discos, quantos mais melhor, sobretudo se as formações em causa - neste caso os White Stripes e os LCD Soundsystem - não estavam ainda a dar sinais de esgotamento.
Infelizmente, nunca vi os LCD ao vivo, mas têm fama de grande espectáculo. Já os WS consegui apanhá-los num alive, e fiquei maravilhado como dois gatos-pingados conseguiam fazer tanto estrilho num palco. Grande show.
De qualquer forma, sempre me serve de consolo a certeza de que tanto Jack White como James Murphy vão continuar por aí, a fazer música sempre interessante. Eventualmente diferente do que eu tanto gostava, mas que vai valer a pena descobrir.
Em jeito de despedida, fica esta homenagem do Vodka.
Keep on Rocking.
Infelizmente, nunca vi os LCD ao vivo, mas têm fama de grande espectáculo. Já os WS consegui apanhá-los num alive, e fiquei maravilhado como dois gatos-pingados conseguiam fazer tanto estrilho num palco. Grande show.
De qualquer forma, sempre me serve de consolo a certeza de que tanto Jack White como James Murphy vão continuar por aí, a fazer música sempre interessante. Eventualmente diferente do que eu tanto gostava, mas que vai valer a pena descobrir.
Em jeito de despedida, fica esta homenagem do Vodka.
Keep on Rocking.
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