Começa hoje aquela que é, sem dúvida, a maior fraude cultural de Portugal.
Falo, naturalmente, da Feira do Livro.
Eu explico qual é o meu problema com a Feira do Livro.
Eu sou de Carcavelos, terra de feira. E, para mim, feira quer dizer cenas baratas. Nem sempre de qualidade, mas sempre baratas. E ciganos, claro.
Na Feira do Livro, a esmagadora maioria dos livros não é barata. Mais, ou é cara ou tem um desconto qualquer irrisório. E depois há essa coisa fascista chamada "Livro do Dia", que consiste em meter umas centenas de tansos a comprar todos o mesmo livro em determinado dia. E normalmente é um livro bem manhoso.
Eu adoro livros. Leio constantemente e tenho pelo objecto um respeito quase reverencial. E acho que os livros são caros, demasiado caros (para além de quase todos os livros editados em Portugal terem capas absolutamente horrendas, o que me afasta de imediato da sua compra). Como tal, passo o ano à procura de oportunidades para encontrar livros mais baratos. Há alfarrabistas com fartura em Lisboa, e além disso gosto do ritual. Há a fantástica Livraria Galileu, em Cascais, onde no outro dia gastei 22 euros e trouxe seis livros em bom estado. E há a Fnac, onde compro também muito. É claro que, aqui, os livros são ao mesmo preço que nas livrarias. Excepto os livros estrangeiros, e é aí que reside o meu truque. Felizmente, tenho facilidade em ler em inglês, e tendo em atenção que grande parte dos meus autores preferidos escreve em inglês, tunga, é só encher o saco. E é uma coisa que ainda não percebi: porque é que os livros estrangeiros, feitos lá fora e importados para cá, são muito mais baratos que qualquer merda nacional acabada de editar? Não entendo.
Adiante.
O que quero dizer é que a história dos livros baratos, na Feira do Livro, é uma gigantesca fraude. Para mim, a Feira só tem um valor: levar os putos e fazê-los perceber que há uma festa do livro, e como tal o livro é uma coisa muito importante. Essa mística tem o seu valor. Mas como programa, ir à Feira do Livro é uma bela merda.
É onde o tuga vai para se sentir gente, para se sentir intelectualmente vivo. Para poder passar lá seis horas à torreira do sol e trazer meia dúzia de livros debaixo do braço. A maioria dos quais, obviamente, não vai ler, mas que lhe serve para não ter que se preocupar com isso o resto do ano.
Para quem, como eu, ama os livros, a Feira do Livro não serve para nada. Absolutamente nada.
É como aquela malta que diz que adora música mas só vai a um concerto por ano. E é dos U2.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Procurando contribuir para a inversão do ciclo de desmantelamento do aparelho produtivo nacional, pergunto...
Em qual destas indústrias parece poder integrar-se a cidadã aqui escolhida ao acaso:
a) bélica,
b) panificadora,
c) de laticínios,
d) da borracha sintética,
e) manufatureira,
f) metalomecânica,
g) naval,
h) pornográfica,
i) extractiva,
j) agro-alimentar?
terça-feira, 26 de abril de 2011
You win, Sousa Tavares
Depois de anos e anos de resistência, em que disputei com o pseudo-romancista Sousa Tavares o título de último português vivo sem Facebook, cedi.
Sim, foda-se, cedi.
Pronto!
Já não sei quem sou.
Se alguma vez me virem utilizar as expressões 'flute' ou "exfoliação", mandem-me abater.
A sério.
Sim, foda-se, cedi.
Pronto!
Já não sei quem sou.
Se alguma vez me virem utilizar as expressões 'flute' ou "exfoliação", mandem-me abater.
A sério.
Não
Este 25 de Abril, com os discursos presidenciais, veio reforçar aqueles grandes sabedores que defendem que, enfim, como diz o Zé Mário Branco em tom jocoso no FMI, "a culpa é de todos, e a culpa não é de ninguém".
Era bom para muita gente que assim fosse, não era?
O chavão é simples: temos de olhar para o futuro, para as soluções.
Permitam-me discordar. Temos de olhar para o passado. Olhar com muita atenção. Encontrar culpados, linchá-los, e depois seguir em frente.
Perdoem-me, mas se o Sócrates ganhar as próximas eleições, a nossa democracia atingiu um estado de patologia terminal. Deixa de ser um sistema político. Passa a ser uma aberração. Um furúnculo infectado. A Belle Dominique.
E depois a converseta do "todos somos responsáveis, todos estamos a viver acima das nossas possibilidades".
Mais uma vez, I don't think so.
Sempre trabalhei. Sempre paguei impostos. Nunca cometi nenhum crime. Nunca pedi crédito ao banco. Não comprei casa própria. Nunca dependi do Estado.
Fui e vou decidindo a minha vida conforme as minhas possibilidades. Actuais. Não tomo decisões com base em expectativas, tipo "vou ser aumentado em breve, vou sempre ganhar isto, etc". Sou um cidadão, de corpo inteiro. Sempre votei e nunca recebi um subsídio que fosse do Estado português.
E agora, que me apresentam a conta e querem co-responsabilizar pelo crime hediondo que alguns fizeram a este país, não o admito. Não, meus caros. Eu não vivi acima das minhas possibilidades. Eu não esgotei os recursos dos outros. Eu nunca parasitei ninguém. E recuso-me a que, a coberto desta retórica medrosa e perigosa, me metam no mesmo saco que facínoras como Sócrates e Cavaco.
Não.
Era bom para muita gente que assim fosse, não era?
O chavão é simples: temos de olhar para o futuro, para as soluções.
Permitam-me discordar. Temos de olhar para o passado. Olhar com muita atenção. Encontrar culpados, linchá-los, e depois seguir em frente.
Perdoem-me, mas se o Sócrates ganhar as próximas eleições, a nossa democracia atingiu um estado de patologia terminal. Deixa de ser um sistema político. Passa a ser uma aberração. Um furúnculo infectado. A Belle Dominique.
E depois a converseta do "todos somos responsáveis, todos estamos a viver acima das nossas possibilidades".
Mais uma vez, I don't think so.
Sempre trabalhei. Sempre paguei impostos. Nunca cometi nenhum crime. Nunca pedi crédito ao banco. Não comprei casa própria. Nunca dependi do Estado.
Fui e vou decidindo a minha vida conforme as minhas possibilidades. Actuais. Não tomo decisões com base em expectativas, tipo "vou ser aumentado em breve, vou sempre ganhar isto, etc". Sou um cidadão, de corpo inteiro. Sempre votei e nunca recebi um subsídio que fosse do Estado português.
E agora, que me apresentam a conta e querem co-responsabilizar pelo crime hediondo que alguns fizeram a este país, não o admito. Não, meus caros. Eu não vivi acima das minhas possibilidades. Eu não esgotei os recursos dos outros. Eu nunca parasitei ninguém. E recuso-me a que, a coberto desta retórica medrosa e perigosa, me metam no mesmo saco que facínoras como Sócrates e Cavaco.
Não.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Festa amarga
É dia de celebrar, porque muito de fundamental foi conseguido nesse dia. Uma celebração amarga, dada a situação em que nos encontramos. O problema não foi o 25 de Abril. Foi depois. Para muitos, os excessos do PREC, as nacionalizações, a destruição da estrutura económica e a descolonização feita à pressa. Para mim, mais do que tudo isso, o grande mal, a grande amargura, veio depois. Porque depois da estabilização, podíamos e devíamos ter feito um caminho diferente. Um caminho que respeitasse os ideiais de Abril. Acima de tudo, a justiça e a solidariedade. Nada disso existiu neste caminho. Nasci em 1978, e creio poder dizer que, desde que vim a este mundo, não mais parámos de divergir e de trair aquilo por que alguns bons homens arriscaram a vida (e recuso qualquer responsabilidade neste campo!).
A geração do 25 de Abril, e a que veio depois, traiu tudo o que, nesse altura, se defendia. Um total aburguesamento, o doce torpor do consumismo, o carreirismo, a corrupção. A total falta de sentido cívico e de bem comum. A ausência de bom senso. O profundo egoísmo de quem só se preocupa em safar-se, mesmo que todos sofram.
Uma geração que quis, enquanto era tempo, ter tudo o que de bom a vida tem. Que consumiu lugares e recursos, à custa de todos nós, e que nos deixa contas por pagar, um país paralisado e descrente de si mesmo, uma profunda pena por não sermos o que, de facto, podíamos ter sido.
E desta geração, da nossa, o que esperar? Muito pouco, infelizmente.
Quando vejo tantos de nós sendo cúmplices desses oligarcas mais velhos, entrando avidamente no jogo dos compadrios e dos pezinhos de lã, tudo em troca de um lugarzinho bem pago e que dê pouco trabalho.... deixa pouco espaço para a esperança.
Quando vejo o PS ter mais de 30% das intenções de voto, assalta-me um desespero difícil de descrever. Quando penso que a alternativa é o Passos Coelho, apetece-me emigrar. Quando vejo Bloco e PC recusando sequer sentar-se com os tipos do FMI, só porque sim, sei finalmente que o meu voto nunca será convicto.
É tempo de outra coisa. É tempo de cada um de nós, individualmente, pensarmos que tudo pode ser diferente, se todos agirmos de forma diferente. Se nos deixarmos de bullshit, se perdermos o respeitinho ao chefe incompetente e ao político sem vergonha. Se, ao menos, tivermos a força de dizer "O rei vai nu".
Se formos melhores pessoas, mais verdadeiras, mais sólidas, mais verticais.
Talvez, assim, Abril se possa ir cumprindo. Um bocadinho de cada vez.
Tenham um bom dia, meus amigos.
A geração do 25 de Abril, e a que veio depois, traiu tudo o que, nesse altura, se defendia. Um total aburguesamento, o doce torpor do consumismo, o carreirismo, a corrupção. A total falta de sentido cívico e de bem comum. A ausência de bom senso. O profundo egoísmo de quem só se preocupa em safar-se, mesmo que todos sofram.
Uma geração que quis, enquanto era tempo, ter tudo o que de bom a vida tem. Que consumiu lugares e recursos, à custa de todos nós, e que nos deixa contas por pagar, um país paralisado e descrente de si mesmo, uma profunda pena por não sermos o que, de facto, podíamos ter sido.
E desta geração, da nossa, o que esperar? Muito pouco, infelizmente.
Quando vejo tantos de nós sendo cúmplices desses oligarcas mais velhos, entrando avidamente no jogo dos compadrios e dos pezinhos de lã, tudo em troca de um lugarzinho bem pago e que dê pouco trabalho.... deixa pouco espaço para a esperança.
Quando vejo o PS ter mais de 30% das intenções de voto, assalta-me um desespero difícil de descrever. Quando penso que a alternativa é o Passos Coelho, apetece-me emigrar. Quando vejo Bloco e PC recusando sequer sentar-se com os tipos do FMI, só porque sim, sei finalmente que o meu voto nunca será convicto.
É tempo de outra coisa. É tempo de cada um de nós, individualmente, pensarmos que tudo pode ser diferente, se todos agirmos de forma diferente. Se nos deixarmos de bullshit, se perdermos o respeitinho ao chefe incompetente e ao político sem vergonha. Se, ao menos, tivermos a força de dizer "O rei vai nu".
Se formos melhores pessoas, mais verdadeiras, mais sólidas, mais verticais.
Talvez, assim, Abril se possa ir cumprindo. Um bocadinho de cada vez.
Tenham um bom dia, meus amigos.
domingo, 24 de abril de 2011
Serviço Público
Alguém me explica por que razão vamos todos pagar a este senhor e a toda uma vasta equipa para irem a Londres cobrir o casamento de dois bifes?
À Tuga
Há 3 maneiras de fazer as coisas: a maneira certa, a maneira errada, e a maneira à tuga.
Esta última está algures entre as duas primeiras, ou seja, até leva ao objectivo, mas vai primeiro dar uma ganda volta.
Parece que há entre 800 e 900 mil "utentes-fantasma" no Serviço Nacional de Saúde. Ou seja, malta que morreu ou emigrou para não voltar, mas que continua a ter fichinha no serviço. Quer isto dizer que pessoas como eu, quando querem um médico de família, não têm, porque cada médico tem uma quota máxima de "utentes". Alguns deles estão mortos, mas enfim, ainda lá está a ficha, por isso os vivos que se aguentem à bronca.
Como resolveu o Estado esta situação? Obrigou toda a gente a ir registar-se de novo.
Como os mortos não vão ao Centro de Saúde, quem aparecer está vivo, e lá se pode inscrever.
Acontece que, das últimas vezes que lá fui com a minha filha, os velhotes amontoavam-se por todo o lado. Com medo de perderem a inscrição, apressam-se, atropelam-se, morrem mais um pouco perante a indiferença dos serviços pagos por todos nós.
Tudo isto por uma razão muito simples: porque depois do simplex e o caralho, continua a não haver cruzamento de informação dentro da máquina do Estado. As Finanças sabem se um tipo morreu, porque deixam de cobrar impostos, assim como a Segurança Social. Então por que carga de água não avisam o Ministério da Saúde?!
Não, a melhor maneira é obrigar 10 milhões de pessoas a correr para os centros de saúde, para começar tudo de novo...
Esta última está algures entre as duas primeiras, ou seja, até leva ao objectivo, mas vai primeiro dar uma ganda volta.
Parece que há entre 800 e 900 mil "utentes-fantasma" no Serviço Nacional de Saúde. Ou seja, malta que morreu ou emigrou para não voltar, mas que continua a ter fichinha no serviço. Quer isto dizer que pessoas como eu, quando querem um médico de família, não têm, porque cada médico tem uma quota máxima de "utentes". Alguns deles estão mortos, mas enfim, ainda lá está a ficha, por isso os vivos que se aguentem à bronca.
Como resolveu o Estado esta situação? Obrigou toda a gente a ir registar-se de novo.
Como os mortos não vão ao Centro de Saúde, quem aparecer está vivo, e lá se pode inscrever.
Acontece que, das últimas vezes que lá fui com a minha filha, os velhotes amontoavam-se por todo o lado. Com medo de perderem a inscrição, apressam-se, atropelam-se, morrem mais um pouco perante a indiferença dos serviços pagos por todos nós.
Tudo isto por uma razão muito simples: porque depois do simplex e o caralho, continua a não haver cruzamento de informação dentro da máquina do Estado. As Finanças sabem se um tipo morreu, porque deixam de cobrar impostos, assim como a Segurança Social. Então por que carga de água não avisam o Ministério da Saúde?!
Não, a melhor maneira é obrigar 10 milhões de pessoas a correr para os centros de saúde, para começar tudo de novo...
quinta-feira, 21 de abril de 2011
terça-feira, 19 de abril de 2011
O calhau com olhos
Almerindo Marques é o gestor público perfeito. Depois da RTP, agora é a Estradas de Portugal, empresa em crónica situação de falência. Em casos bicudos, os governantes não hesitam: chama o Almerindo!
Pela simples razão de que, para este senhor não há coiss que atrapalham os outros: ideologia, hesitações, dúvidas.
Almerindo é o Mr. No Bullshit. Corta a direito, que se foda toda a gente. O que interessa é o resultado.
A última tirada genial, e que ilustra em todo o seu esplendor quem é este senhor, foi na inauguração da CRIL. Tal como diz a lei, o Estado teve que expropriar terrenos para fazer a estradita. Ainda assim, há gente que tem a via rápida a uns generosos dois metros da parede de casa, o que torna a vida lá muito agradável.
E o que vem dizer este anormal?
Que houve um grande "egoísmo de alguns habitantes face ao interesse geral". Querem passar-lhes uma estrada pelo meio da casa, e esperam o quê? Têm que pagar e acabou.
Mas, para o Super-Almerindo, nada disto interessa. Se ele mandasse, ai se ele mandasse!, era caterpillar para cima e mai nada.
Pela simples razão de que, para este senhor não há coiss que atrapalham os outros: ideologia, hesitações, dúvidas.
Almerindo é o Mr. No Bullshit. Corta a direito, que se foda toda a gente. O que interessa é o resultado.
A última tirada genial, e que ilustra em todo o seu esplendor quem é este senhor, foi na inauguração da CRIL. Tal como diz a lei, o Estado teve que expropriar terrenos para fazer a estradita. Ainda assim, há gente que tem a via rápida a uns generosos dois metros da parede de casa, o que torna a vida lá muito agradável.
E o que vem dizer este anormal?
Que houve um grande "egoísmo de alguns habitantes face ao interesse geral". Querem passar-lhes uma estrada pelo meio da casa, e esperam o quê? Têm que pagar e acabou.
Mas, para o Super-Almerindo, nada disto interessa. Se ele mandasse, ai se ele mandasse!, era caterpillar para cima e mai nada.
Estes tugas são doidos
Diz que estamos em profunda crise.
Diz que estamos tão mal que já cá estão gajos do FMI, do BCE e da Comissão Europeia para negociar um empréstimo jeitoso de pelo menos 80 mil milhões de euros.
Diz que um dos problemas apontados a Portugal é a falta de produtividade.
E diz que, não bastando sexta ser feriado e segunda ser feriado, compondo um jeitoso fim de semana de quatro dias, o Governo deu tolerância de ponto aos funcionários do Estado na quinta à tarde.
Porra, quem não soubesse até diria que temos eleições em breve.
Diz que estamos tão mal que já cá estão gajos do FMI, do BCE e da Comissão Europeia para negociar um empréstimo jeitoso de pelo menos 80 mil milhões de euros.
Diz que um dos problemas apontados a Portugal é a falta de produtividade.
E diz que, não bastando sexta ser feriado e segunda ser feriado, compondo um jeitoso fim de semana de quatro dias, o Governo deu tolerância de ponto aos funcionários do Estado na quinta à tarde.
Porra, quem não soubesse até diria que temos eleições em breve.
Deixa arder
Os cortes no dispositivo de combate a incêndios florestais no Verão vão poupar ao Estado cerca de 11,5 milhões de euros, disse hoje o secretário de Estado da Proteção Civil. Em conferência de imprensa de apresentação do dispositivo especial de combate a incêndios florestais para 2011, Vasco Franco (o otário na foto ao lado) afirmou que com menos 15 meios aéreos do que no ano passado na fase mais crítica se poupa "ligeiramente menos de 10 milhões de euros" e que com menos 700 elementos cerca de 1,5 milhões.
Genial.
E o que se poupava se fechássemos os hospitais todos? Isso é que era de valor.
Genial.
E o que se poupava se fechássemos os hospitais todos? Isso é que era de valor.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Record Store Day
Amanhã é o "Record Store Day", o dia dedicado a todas as lojas de música, sobretudo as independentes e que mantêm uma teimosa e altamente louvável obsessão com os formatos físicos de música, nomeadamente o vinil. A grande tradição deste evento está nos mercados anglo-saxónicos, sobretudo em Inglaterra, onde as muitas lojas independentes que ainda sobrevivem aproveitam para fazer descontos, concertos, etc, etc. Também as bandas mais "comprometidas" com a causa fazem edições especiais para estes dias, tornando o evento uma verdadeira celebração para aqueles "cromos" que, tal como no "Alta Fidelidade", entendem a magia de uma boa loja de música.
Em Portugal o dia também é comemorado, em várias lojas em Lisboa e no Porto. Eu cá vou aproveitar para dar um salto à Flur, ali ao pé de Santa Apolónia. Além dos concertos que por lá se darão, conto trazer de volta o novo de JP Simões e o vinil do também novo do Bill Callahan, que vai ter amanhã venda antecipada.
God save rock n' roll.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Recordar é viver
Esta notícia já tem alguns dias, mas creio que não mereceu a atenção devida. Assim, cá vai:
IP8 vai cortar ao meio olival que produz o melhor azeite do mundo
"A Sociedade Taifas, que explora um olival com 700 hectares em Ferreira doAlentejo e que em 2010 ganhou o prémio para o melhor azeite maduro frutado do mundo, vai ter a sua exploração cortada ao meio pelo IP8.
João Filipe Passanha, um dos responsáveis da empresa familiar que produz azeite na Quinta de São Vicente desde 1738, diz estar "incrédulo" e preocupado pelo futuro da exploração. É que o prestígio já granjeado junto dos importadores que "são extremamente exigentes" com as condições ambientais da produção, pode ficar comprometido.
"O mais aberrante em tudo isto é que nem se deram conta das infra-estruturas que existiam", quando optaram trazer o traçado do IP8 pela Quinta de São Vicente, acentua Filipe Passanha, em declarações ao jornal Público.
Para além de perder cerca de 6000 árvores e uma parcela de terreno com três quilómetros de comprimento por 80 metros de largura, a viabilidade económica e ambiental da empresa pode ser afectada.
Com a herdade cortada ao meio "temos de gerir o olival nos dois lados da estrada", observa Filipe Passanha, que assegura que o traçado do IP8 - que ligará Sines a Beja - vai causar"impactes brutais na exploração".
Em 2010, a Sociedade Taifas exportou, para 18 países, quase 90% das 800 toneladas de azeite que produziu em lagar próprio.Os principais importadores encontram-se em Inglaterra, Noruega, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Alemanha, Brasil, China e Estados Unidos da América".
IP8 vai cortar ao meio olival que produz o melhor azeite do mundo
"A Sociedade Taifas, que explora um olival com 700 hectares em Ferreira doAlentejo e que em 2010 ganhou o prémio para o melhor azeite maduro frutado do mundo, vai ter a sua exploração cortada ao meio pelo IP8.
João Filipe Passanha, um dos responsáveis da empresa familiar que produz azeite na Quinta de São Vicente desde 1738, diz estar "incrédulo" e preocupado pelo futuro da exploração. É que o prestígio já granjeado junto dos importadores que "são extremamente exigentes" com as condições ambientais da produção, pode ficar comprometido.
"O mais aberrante em tudo isto é que nem se deram conta das infra-estruturas que existiam", quando optaram trazer o traçado do IP8 pela Quinta de São Vicente, acentua Filipe Passanha, em declarações ao jornal Público.
Para além de perder cerca de 6000 árvores e uma parcela de terreno com três quilómetros de comprimento por 80 metros de largura, a viabilidade económica e ambiental da empresa pode ser afectada.
Com a herdade cortada ao meio "temos de gerir o olival nos dois lados da estrada", observa Filipe Passanha, que assegura que o traçado do IP8 - que ligará Sines a Beja - vai causar"impactes brutais na exploração".
Em 2010, a Sociedade Taifas exportou, para 18 países, quase 90% das 800 toneladas de azeite que produziu em lagar próprio.Os principais importadores encontram-se em Inglaterra, Noruega, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Alemanha, Brasil, China e Estados Unidos da América".
E mai nada!
Em Roma, sê romano.
E, em Lisboa, mesmo que sejas um técnico do FMI como Massimo Suardi, um tipo tem que chegar já de lata de Superbock na mão.
Suardi FMI, és cá dos nossos. Quando experimentares a aguardente de medronho, até tu mandas o FMI, o défice e as contas às urtigas!
E, em Lisboa, mesmo que sejas um técnico do FMI como Massimo Suardi, um tipo tem que chegar já de lata de Superbock na mão.
Suardi FMI, és cá dos nossos. Quando experimentares a aguardente de medronho, até tu mandas o FMI, o défice e as contas às urtigas!
A salsicha e o FMI
Só temos dinheiro, enquanto país, até final de Maio, o Benfica perdeu o campeonato e estamos de mão estendida a pedir 80 mil milhões de euros à Frau Merkel.
E de que anda tudo a falar?
Do Nobre.
Eu votei no Nobre. Tinha outras hipóteses, mas votei no balhelhas zangado.
E, devo admiti-lo, não sem uma ponta de estranheza: eu não estou nada chateado com a decisão dele em juntar-se à campanha do PSD.
Será que estou tão desejoso que o Sócrates vá com o caralho que já não consigo sequer ter energia para combater o PSD? Talvez.
Mas a coisa não me irrita por aí além. Confesso.
Estamos sempre a queixar-nos de que são sempre os mesmos; que tudo está tomado pelos boys dos partidos; que é preciso mais intervenção cívica. E depois, numas eleições que não são unipessoais e cuja única hipótese é uma candidatura através de um partido, tudo o que sabemos fazer é criticar quando um verdadeiro independente se chega à frente..
Eu, que sempre votei à Esquerda, não votei em Nobre por ele ser de Esquerda. Fi-lo por ser apartidário, por ser alguém que já teve um importante percurso cívico, e por me parecer uma pessoa que me pareceu estar ligada aos problemas reais e urgentes da maioria da população portuguesa.
Nada disto foi posto em causa com esta candidatura. Se é ou não um erro, só na prática se saberá. Depende, sobretudo, do comportamento do próprio Nobre. Da sua actuação e de como reagirá à inevitável sofreguidão egoísta que o PSD vai demonstrar.
Há ainda a teoria de que Nobre vai roubar votos ao PSD, em vez de acrescentar, por causa desta polémica e desta "traição" aos seus votantes.
Isto não faz sentido nenhum.
Quem vai votar PSD, votou no Cavaco, e não no Nobre. Não estou a ver um laranja ter votado no Nobre e não no seu burocrata-mor, devorador de bolos-rei. Ou seja, ninguém que ia votar PSD deixará de o fazer por causa do Nobre. E quem não ia, dificilmente o fará agora por causa disso. Ponto final.
Os mais indignados são, curiosamente, xuxas disfarçados. Alguns votaram no Nobre porque não gostavam do pateta Alegre, e agora sentem-se enganados. Mas, exactamente pelo mesmo motivo, iam agora sempre votar no Pinócrates.
Ou seja, em termos de votos isto conta pouco, e se contar é dar alguns milhares insignificantes de votos a mais ao PSD. Nada que faça grande diferença na votação final.
Como é óbvio, por tudo e mais alguma coisa, nunca votarei no PSD, seja Nobre ou Isidoro.
Mas acho que até pode ser giro ter o gajo como presidente da assembleia. Só de imaginar todos aqueles deputadozinhos a serem mandados por este tipo meio-maluco, que lhes vai cortar os subsídios de putas e os vai meter a pelo menos fingir que fazem voluntariado, vai ser giro. Lá isso vai.
E de que anda tudo a falar?
Do Nobre.
Eu votei no Nobre. Tinha outras hipóteses, mas votei no balhelhas zangado.
E, devo admiti-lo, não sem uma ponta de estranheza: eu não estou nada chateado com a decisão dele em juntar-se à campanha do PSD.
Será que estou tão desejoso que o Sócrates vá com o caralho que já não consigo sequer ter energia para combater o PSD? Talvez.
Mas a coisa não me irrita por aí além. Confesso.
Estamos sempre a queixar-nos de que são sempre os mesmos; que tudo está tomado pelos boys dos partidos; que é preciso mais intervenção cívica. E depois, numas eleições que não são unipessoais e cuja única hipótese é uma candidatura através de um partido, tudo o que sabemos fazer é criticar quando um verdadeiro independente se chega à frente..
Eu, que sempre votei à Esquerda, não votei em Nobre por ele ser de Esquerda. Fi-lo por ser apartidário, por ser alguém que já teve um importante percurso cívico, e por me parecer uma pessoa que me pareceu estar ligada aos problemas reais e urgentes da maioria da população portuguesa.
Nada disto foi posto em causa com esta candidatura. Se é ou não um erro, só na prática se saberá. Depende, sobretudo, do comportamento do próprio Nobre. Da sua actuação e de como reagirá à inevitável sofreguidão egoísta que o PSD vai demonstrar.
Há ainda a teoria de que Nobre vai roubar votos ao PSD, em vez de acrescentar, por causa desta polémica e desta "traição" aos seus votantes.
Isto não faz sentido nenhum.
Quem vai votar PSD, votou no Cavaco, e não no Nobre. Não estou a ver um laranja ter votado no Nobre e não no seu burocrata-mor, devorador de bolos-rei. Ou seja, ninguém que ia votar PSD deixará de o fazer por causa do Nobre. E quem não ia, dificilmente o fará agora por causa disso. Ponto final.
Os mais indignados são, curiosamente, xuxas disfarçados. Alguns votaram no Nobre porque não gostavam do pateta Alegre, e agora sentem-se enganados. Mas, exactamente pelo mesmo motivo, iam agora sempre votar no Pinócrates.
Ou seja, em termos de votos isto conta pouco, e se contar é dar alguns milhares insignificantes de votos a mais ao PSD. Nada que faça grande diferença na votação final.
Como é óbvio, por tudo e mais alguma coisa, nunca votarei no PSD, seja Nobre ou Isidoro.
Mas acho que até pode ser giro ter o gajo como presidente da assembleia. Só de imaginar todos aqueles deputadozinhos a serem mandados por este tipo meio-maluco, que lhes vai cortar os subsídios de putas e os vai meter a pelo menos fingir que fazem voluntariado, vai ser giro. Lá isso vai.
sábado, 9 de abril de 2011
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Um mau começo
Diz o Público que Ferro Rodrigues foi convidado para liderar a lista do PS por Lisboa, nas próximas eleições legislativas, estando a ponderar esse convite. Por outro lado, vai estar no Congresso/Comício/Piquenicão/Adoração Socrática do PS, este fim de semana, para dar ao evento “um perfume de esquerda”, como outro jornal tão bem disse.
Nos corredores do poder diz-se que Ferro está farto da OCDE e quer voltar à política activa, podendo esta ser uma forma de marcar lugar como eventual sucessor do camarada Sócrates.
Em teoria, não vejo no PS ninguém melhor que Ferro Rodrigues para vir a mudar o partido (o Tozé Seguro continua a ser um garoto inconsequente e mais invertebrado do que quer deixar transparecer).
Mas a minha questão é outra. Aceitando, agora, candidatar-se como cabeça de lista de Sócrates é um muito mau começo. O PS de Ferro não tem nada, mas mesmo nada, a ver com o PS de Sócrates. Vir agora dar-lhe a mão, ajudando Pinócrates a conseguir o tal “perfume de esquerda”, fará com que Ferro não seja mais que um novo idiota útil, agora que o mito Manuel Alegre finalmente morreu.
Quem quer que queira dar um rumo de verdadeira Esquerda ao PS só tem um caminho: desafiar abertamente Sócrates e a sua via liberal e autocrática. E já. Dar-lhe agora a mão para, mais tarde, fazer uma suave transição de poder é alienar muita da Esquerda que até poderia vir a votar em Ferro Rodrigues.
Nos corredores do poder diz-se que Ferro está farto da OCDE e quer voltar à política activa, podendo esta ser uma forma de marcar lugar como eventual sucessor do camarada Sócrates.
Em teoria, não vejo no PS ninguém melhor que Ferro Rodrigues para vir a mudar o partido (o Tozé Seguro continua a ser um garoto inconsequente e mais invertebrado do que quer deixar transparecer).
Mas a minha questão é outra. Aceitando, agora, candidatar-se como cabeça de lista de Sócrates é um muito mau começo. O PS de Ferro não tem nada, mas mesmo nada, a ver com o PS de Sócrates. Vir agora dar-lhe a mão, ajudando Pinócrates a conseguir o tal “perfume de esquerda”, fará com que Ferro não seja mais que um novo idiota útil, agora que o mito Manuel Alegre finalmente morreu.
Quem quer que queira dar um rumo de verdadeira Esquerda ao PS só tem um caminho: desafiar abertamente Sócrates e a sua via liberal e autocrática. E já. Dar-lhe agora a mão para, mais tarde, fazer uma suave transição de poder é alienar muita da Esquerda que até poderia vir a votar em Ferro Rodrigues.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
A poucos minutos...
...de assumir finalmente, perante o País, que vamos pedir o resgate do FMI, o nosso PM estava preocupado. Com os juros? Com os números?
Não...
Não...
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Agora escolha (outra vez)
Passou meio despercebido, mas o "Agora Escolha" está de volta. Agora na RTP Memória, com as séries do antigamente, mas sem a fossilizada Vera Roquette. É claro que agora é mais modernaço, e além do telefone dá para votar na net. Na edição desta sexta-feira, a escolha é entre um clássico absoluto do "Agora Escolha", os "Soldados da Fortuna" (na versão original, e nada de merdas como "Esquadrão Classe A"), e uma coisa chamada "Trovante, 15 anos de Música".
Não é exactamente um choque de Titãs, e a não ser que o Luis Represas passe os próximos dias agarrado ao telefone, o desfecho é óbvio.
Fica um cheirinho bafiento desse saudoso antigamente e a versão modernaça, com uma xavala bem mais apelativa, digamos assim.
Não é exactamente um choque de Titãs, e a não ser que o Luis Represas passe os próximos dias agarrado ao telefone, o desfecho é óbvio.
Fica um cheirinho bafiento desse saudoso antigamente e a versão modernaça, com uma xavala bem mais apelativa, digamos assim.
Está decidido
Há uns anos, um jornalista experiente disse-me uma coisa que nunca esqueci: Ricardo Salgado, o presidente do BES, apoia sempre quem vai ganhar, e quem ele apoia ganha. Mais, apoia sempre quem ganhou, porque faz questão de "se dar bem" com o poder. E o mesmo quando retira o apoio a alguém: quando lhe vira costas, sabemos que o tempo dessa pessoa acabou.
Lembrei-me disto agora, quando vejo todos os principais bancos recusando-se publicamente a comprar dívida pública nacional e dizer ao Governo que já chega. Está na hora de pedir ajuda ao FMI.
Ao contrário do que aconteceu na Irlanda, em que o Estado foi arrastado pelos bancos, cá são os bancos - que estavam bastante sólidos - que estão a ser arrastados pela falência do Estado. E Sócrates, que como bom liberal que é sempre se deu bem com os bancos, decidiu no início da crise - quando se vestiu de socialista - criticar os bancos porque foram eles, genericamente, que "causaram a crise financeira".
Caiu-lhe bem o chavão, mas obviamente ele sabe que os bancos portugueses - tirando casos de polícia como BPN e BPP - foram bem geridos e prudentes, e não precisaram da ajuda do Estado nem criaram, eles, problemas.
Agora, que o poder do capital, lhe retirou o tapete, para mim é oficial. Não há forma de escapar. Vamos mesmo ter de recorrer ao resgate internacional, com tudo o que isso implica.
Lembrei-me disto agora, quando vejo todos os principais bancos recusando-se publicamente a comprar dívida pública nacional e dizer ao Governo que já chega. Está na hora de pedir ajuda ao FMI.
Ao contrário do que aconteceu na Irlanda, em que o Estado foi arrastado pelos bancos, cá são os bancos - que estavam bastante sólidos - que estão a ser arrastados pela falência do Estado. E Sócrates, que como bom liberal que é sempre se deu bem com os bancos, decidiu no início da crise - quando se vestiu de socialista - criticar os bancos porque foram eles, genericamente, que "causaram a crise financeira".
Caiu-lhe bem o chavão, mas obviamente ele sabe que os bancos portugueses - tirando casos de polícia como BPN e BPP - foram bem geridos e prudentes, e não precisaram da ajuda do Estado nem criaram, eles, problemas.
Agora, que o poder do capital, lhe retirou o tapete, para mim é oficial. Não há forma de escapar. Vamos mesmo ter de recorrer ao resgate internacional, com tudo o que isso implica.
Tá tudo doido
Depois de tudo o que se passou com o Sócrates, no PSD, na assembleia, enfim, no âmbito da sarjeta partidária, chegou finalmente a vez do Conselho de Estado.
Sócrates, esse mentiroso compulsivo, veio dizer que, na última reunião do Conselho de Estado, nada foi discutido acerca de um pedido de ajuda. Logo veio Bagão Felix, o mais recente membro do mesmo órgão, dizendo que Sócrates mentiu. Depois veio Carlos César, o xuxalista dos Açores, dizer que Sócrates é que tem razão. E depois vem António Capucho dizer o contrário. Tudo na comunicação social, tudo em tom mais que inflamado, agressivo.
Imagino que Cavaco Silva, o hiperformal e institucional Cavaco Silva, não deve estar a achar piada nenhuma a isto. Não só é praticamente inédito que o conteúdo de uma reunião do Conselho de Estado seja discutido na praça pública, como a verdade é que fica demonstrado, para quem ainda tinha dúvidas, que ninguém está nesse órgão para defender o dito, o Estado: está lá tudo para defender o seu partido, o seu lado, ponto final.
São todos crianças, nada mais do que isso. Brincam com a nossa vida e com o nosso futuro. Até que a realidade nos esmague a todos.
Sócrates, esse mentiroso compulsivo, veio dizer que, na última reunião do Conselho de Estado, nada foi discutido acerca de um pedido de ajuda. Logo veio Bagão Felix, o mais recente membro do mesmo órgão, dizendo que Sócrates mentiu. Depois veio Carlos César, o xuxalista dos Açores, dizer que Sócrates é que tem razão. E depois vem António Capucho dizer o contrário. Tudo na comunicação social, tudo em tom mais que inflamado, agressivo.
Imagino que Cavaco Silva, o hiperformal e institucional Cavaco Silva, não deve estar a achar piada nenhuma a isto. Não só é praticamente inédito que o conteúdo de uma reunião do Conselho de Estado seja discutido na praça pública, como a verdade é que fica demonstrado, para quem ainda tinha dúvidas, que ninguém está nesse órgão para defender o dito, o Estado: está lá tudo para defender o seu partido, o seu lado, ponto final.
São todos crianças, nada mais do que isso. Brincam com a nossa vida e com o nosso futuro. Até que a realidade nos esmague a todos.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Call me back
Apesar de muita malta não gostar particularmente dele, a verdade é que o novo disco dos Strokes me tem vindo a conquistar. Aí está mais um vídeo, um bocado marado, de mais uma música que tem rodado nos meus phones.
Justo, por mais que custe
Temos campeão. E não é apenas o que eu não queria de todo, mas é um campeão, tenho de o dizer, justo.
Neste título do clube corrupto há algum demérito do Benfica, e muito mérito do Porto.
A história, do meu ponto de vista, é fácil de contar, olhando para estes dois eixos.
Começando pelo Glorioso.
O campeonato começou a ser perdido assim que o último foi conquistado. Demasiada euforia, demasiadas favas contadas para este ano. Erros do Jesus nas palavras, reclamando para si o mérito e deixando muitos jogadores fodidos. Escolhas mais do que discutíveis, erradas. A dispensa do Quim foi um erro claro. Um erro mais claro foi a contratação do Roberto, seja de que ponto de vista for, ainda mais tendo em atenção o preço. A verdade é que nos falhou em todos os momentos decisivos da época: nos primeiros jogos, em Braga, e ontem. É demasiado. O rapaz não tem culpa, mas há algo de errado com ele.
Juntou-se a euforia do Benfica com o sempre errado menosprezo do rival nortenho. Quem achou que bastava um título para acabar com o Porto estava muito enganado. Eu nunca acreditei nisso. A verdade é que, e isso viu-se logo no jogo da Supertaça, todos os jogadores e dirigentes do Porto tinham muito mais fome de ganhar do que os seus congéneres benfiquistas. Aos erros de Jesus, e à soberba de alguns jogadores, juntaram-se algumas opções discutíveis do presidente Vieira: o apoio a Fernando Gomes é de bradar aos céus, o apelo ao boicote e posterior recuo não faz sentido, e ainda me hão de explicar por que carga de água ele continua a sentar-se ao lado de um corrupto vendido como o presidente do Braga. Enfim.
Depois, não há como negar, fomos claramente prejudicados nas arbitragens, sobretudo no início da época. Foi um momento em que todas as equipas, incluindo o nosso rival, estavam ainda à procura de se encontrar: a nós nenhuma fraqueza foi permitida, e mesmo não jogando bem fomos espoliados de pontos que, eventualmente, poderiam ter mudado o rumo da temporada. Da mesma forma, o nosso rival foi ajudado, e isso cavou de imediato um fosso que se provou irrecuperável.
Passando ao Porto.
Mesmo com tudo o que está escrito acima - e que não pode ser ignorado - não é possível questionar a vitória do Porto no campeonato. Sim, foram ajudados; sim, fomos roubados. Mas não consigo tirar mérito a quem tem apenas dois empates e nenhuma derrota no campeonato, e que nos ganhou duas vezes, uma delas por 5-0. Não faço como outros, que numa época de luxuosa superioridade do Benfica, só souberam falar do campeonato dos túneis. O comportamento europeu do Porto é, também, um sinal de qualidade.
No início do campeonato, tinha muitas dúvidas acerca do Porto. Pela perda de dois símbolos, Bruno Alves e Raul Meireles, e pela natural desconfiança em relação ao treinador. Acontece que o Porto foi uma equipa na verdadeira acepção da palavra. E teve, no fundo, muito mais vontade de ganhar, enquanto o Benfica passou meio ano a olhar-se ao espelho admirando a sua beleza, perdeu figuras centrais que leva tempo a substituir como deve ser, foi penalizado numa altura crucial da época, etc, etc.
Este desfecho está certo, mesmo que possa ter sido escrito por linhas tortas.
Como benfiquista, naturalmente não gostei deste desfecho. Mas não sou daqueles que, agora, acha que tudo está mal. Depois daquele início atípico, fizemos um bom campeonato. Acontece que um rival foi mais sólido, talvez menos espectacular, mas melhor que nós. Eu sou daqueles que não se esquece dos Quiques, dos Koemans, dos Fernandos Santos. Eu estarei sempre ao lado do Jesus, porque nunca tinha visto a equipa jogar como fez nos últimos dois anos. Mesmo perdendo Quim, Di Maria, Ramires e David Luiz - e com o importante encaixe a isso associado - continuamos a, quase sempre, praticar bom futebol, que me faz ir ao estádio como há muito não acontecia.
Temos uma boa base de equipa e, com duas ou três acertadas contratações, temos todas as condições para sermos mais fortes, e podermos disputar o próximo campeonato. E, sobretudo, com a atitude certa. Sei que este ano ainda há coisas para ganhar, e são importantes, mas creio que esta derrota com o Porto poderá ter deixado marcas psicológicas difíceis de ultrapassar no curto prazo. Vamos ver. Sei que na quinta-feira lá estarei, a apoiar o meu querido Benfica.
PS - os episódios de violência e falta de fair-play que vimos ontem são de lamentar, mas perfeitamente normais. Não posso vir armar-me em crítico dos benfiquistas, depois de tudo o que os adeptos portistas têm feito a jogadores e adeptos do Benfica. Se fosse uma questão de retribuição, devia ter acontecido muito pior. As virgens ofendidas que vêm agora criticar o Benfica devem estar esquecidos do que se passa no Dragão e noutros estádios associados a esse clube.
A verdade é que é altura de parar com isto, antes que alguém morra. Sei que não vai acontecer, quando um clube faz do confronto e da provocação o seu modus operandi e a sua forma de vida. É pena, porque ninguém ganha com isto.
Apesar de tudo, parabéns aos vencedores e honra aos vencidos.
Saudações benfiquistas.
Neste título do clube corrupto há algum demérito do Benfica, e muito mérito do Porto.
A história, do meu ponto de vista, é fácil de contar, olhando para estes dois eixos.
Começando pelo Glorioso.
O campeonato começou a ser perdido assim que o último foi conquistado. Demasiada euforia, demasiadas favas contadas para este ano. Erros do Jesus nas palavras, reclamando para si o mérito e deixando muitos jogadores fodidos. Escolhas mais do que discutíveis, erradas. A dispensa do Quim foi um erro claro. Um erro mais claro foi a contratação do Roberto, seja de que ponto de vista for, ainda mais tendo em atenção o preço. A verdade é que nos falhou em todos os momentos decisivos da época: nos primeiros jogos, em Braga, e ontem. É demasiado. O rapaz não tem culpa, mas há algo de errado com ele.
Juntou-se a euforia do Benfica com o sempre errado menosprezo do rival nortenho. Quem achou que bastava um título para acabar com o Porto estava muito enganado. Eu nunca acreditei nisso. A verdade é que, e isso viu-se logo no jogo da Supertaça, todos os jogadores e dirigentes do Porto tinham muito mais fome de ganhar do que os seus congéneres benfiquistas. Aos erros de Jesus, e à soberba de alguns jogadores, juntaram-se algumas opções discutíveis do presidente Vieira: o apoio a Fernando Gomes é de bradar aos céus, o apelo ao boicote e posterior recuo não faz sentido, e ainda me hão de explicar por que carga de água ele continua a sentar-se ao lado de um corrupto vendido como o presidente do Braga. Enfim.
Depois, não há como negar, fomos claramente prejudicados nas arbitragens, sobretudo no início da época. Foi um momento em que todas as equipas, incluindo o nosso rival, estavam ainda à procura de se encontrar: a nós nenhuma fraqueza foi permitida, e mesmo não jogando bem fomos espoliados de pontos que, eventualmente, poderiam ter mudado o rumo da temporada. Da mesma forma, o nosso rival foi ajudado, e isso cavou de imediato um fosso que se provou irrecuperável.
Passando ao Porto.
Mesmo com tudo o que está escrito acima - e que não pode ser ignorado - não é possível questionar a vitória do Porto no campeonato. Sim, foram ajudados; sim, fomos roubados. Mas não consigo tirar mérito a quem tem apenas dois empates e nenhuma derrota no campeonato, e que nos ganhou duas vezes, uma delas por 5-0. Não faço como outros, que numa época de luxuosa superioridade do Benfica, só souberam falar do campeonato dos túneis. O comportamento europeu do Porto é, também, um sinal de qualidade.
No início do campeonato, tinha muitas dúvidas acerca do Porto. Pela perda de dois símbolos, Bruno Alves e Raul Meireles, e pela natural desconfiança em relação ao treinador. Acontece que o Porto foi uma equipa na verdadeira acepção da palavra. E teve, no fundo, muito mais vontade de ganhar, enquanto o Benfica passou meio ano a olhar-se ao espelho admirando a sua beleza, perdeu figuras centrais que leva tempo a substituir como deve ser, foi penalizado numa altura crucial da época, etc, etc.
Este desfecho está certo, mesmo que possa ter sido escrito por linhas tortas.
Como benfiquista, naturalmente não gostei deste desfecho. Mas não sou daqueles que, agora, acha que tudo está mal. Depois daquele início atípico, fizemos um bom campeonato. Acontece que um rival foi mais sólido, talvez menos espectacular, mas melhor que nós. Eu sou daqueles que não se esquece dos Quiques, dos Koemans, dos Fernandos Santos. Eu estarei sempre ao lado do Jesus, porque nunca tinha visto a equipa jogar como fez nos últimos dois anos. Mesmo perdendo Quim, Di Maria, Ramires e David Luiz - e com o importante encaixe a isso associado - continuamos a, quase sempre, praticar bom futebol, que me faz ir ao estádio como há muito não acontecia.
Temos uma boa base de equipa e, com duas ou três acertadas contratações, temos todas as condições para sermos mais fortes, e podermos disputar o próximo campeonato. E, sobretudo, com a atitude certa. Sei que este ano ainda há coisas para ganhar, e são importantes, mas creio que esta derrota com o Porto poderá ter deixado marcas psicológicas difíceis de ultrapassar no curto prazo. Vamos ver. Sei que na quinta-feira lá estarei, a apoiar o meu querido Benfica.
PS - os episódios de violência e falta de fair-play que vimos ontem são de lamentar, mas perfeitamente normais. Não posso vir armar-me em crítico dos benfiquistas, depois de tudo o que os adeptos portistas têm feito a jogadores e adeptos do Benfica. Se fosse uma questão de retribuição, devia ter acontecido muito pior. As virgens ofendidas que vêm agora criticar o Benfica devem estar esquecidos do que se passa no Dragão e noutros estádios associados a esse clube.
A verdade é que é altura de parar com isto, antes que alguém morra. Sei que não vai acontecer, quando um clube faz do confronto e da provocação o seu modus operandi e a sua forma de vida. É pena, porque ninguém ganha com isto.
Apesar de tudo, parabéns aos vencedores e honra aos vencidos.
Saudações benfiquistas.
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