Hoje acordei...
... na pele de um personagem de um romance da Margarida Rebelo Pinto. Aos 32 anos não me podia queixar, a vida não me corria mal. Oriundo de uma família da classe alta, com grande influência nos meandros políticos nacionais, afinal o meu pai tinha sido Ministro dos Negócios Estrangeiros, nunca me faltou nada e tive sempre tudo o que quis. A herança política preparava-se para ser perpetuada pelos meus dois irmãos, que já mexiam bem os cordelinhos da máquina partidária do PSD, eu, por outro lado, sempre rebelde, surfista e amante da boa vida, decidi tirar biologia marítima, decisão que levantou alguma celeuma no seio familiar. Depois de uma fase menos boa, uma depressão originada pelo consumo, um tanto ou quanto, excessivo de cocaína, sentia-me bem... ocorria-me estes pensamentos, no momento em que via um jarro de flores a vir em direcção à minha cabeça, atirado pela minha namorada Marta ao mesmo tempo que gritava: "Foda-se, Diogo! És um egoísta de merda!"
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