terça-feira, 31 de agosto de 2010

Valeu a pena?

Cumpre-se hoje o último dia de presença oficial da força militar dos EUA no Iraque.
No fim de tudo, cumpre fazer a pergunta: valeu a pena?

Tudo somado, creio que não.
Não que não haja coisas positivas. Saddam foi com os porcos, e isso é bom. Há uma espécie de eleições.
E há uma oportunidade de as coisas encarreirarem. Se era nossa responsabilidade ou nosso assunto (e por nosso quero dizer o mundo ocidental encabeçado pelos states) ir lá tentar meter as coisas a funcionar à nossa maneira...isso já é outra história.

Gastou-se muito dinheiro. Matou-se muita gente, muita dela inocente. Tiraram um ditador de lá, mas o poder continua nas mãos dos fanáticos, por uma questão cultural.
Ficou provado que a estratégia de Bush, de bombardear os países até à democracia, não funciona. E essa é uma lição importante, que demorará a ser esquecida. Até à próxima vez que o petróleo tudo fizer esquecer.


E, claro está, não se pode nunca aplaudir uma guerra tão desigual e tão devastadora quanto esta, quando foi assente em pressupostos errados e que os responsáveis sabiam ser errados. E os responsáveis nunca foram julgados por isso. Eles, que tanto enchem a boca a falar de Deus, talvez tenham o castigo no Juízo Final.

Acima de tudo, o que fica é a oportunidade para aquele povo. Oportunidade para ser menos obscurantista, mais democrático, mais justo. Temo, sinceramente, que essa oportunidade vá ser completamente desbaratada. Até porque, para boa parte do povo iraquiano, essa oportunidade não existe. A questão não se põe porque, culturalmente, são diferentes de nós. Consigo ver a oportunidade de fora, cá de longe, no conforto da minha casinha. Lá, acredito que as coisas sejam vistas de forma diferente. E eles têm todo o direito disso.

Obama está a fazer "the right thing". Explicou que não haverá "victory lap", que não haverá gritos de vitória ou de missão cumprida. E isto, só isto, é absolutamente revolucionário para o mundo americano. Haver uma guerra, do outro lado do mundo, na qual esmagaram o inimigo, e não haver uma grande celebração a esfregar a vitória nas fuças do mundo, seria impensável antes de Obama.
Há um regresso contido, quase envergonhado por uma guerra errada, ainda que ganha.
Não aproveitar a vitória para massajar o idiota ego bélico dos americanos é, afinal, a marca de Obama.

E, nem que seja por isso, merece todo o meu respeito.

Jorge Cadete

O Amarelo é uma espécie de anti-Queiroz. Este último era inicialmente amado por toda a imprensa, mas afinal ninguém pode com ele e só ele ainda não percebeu que está a mais. (Dica para Queiroz: BAZA CARALHO!!!).
O Amarelo é o contrário. Ninguém gosta dele. Nem eu, que sou seu amigo há mais de metade das nossas vidas. Mas afinal, mal ele ameaça que se vai embora, e toda a gente lhe pede para ficar. Ah, gente fraca e mesquinha.
O Amarelo faz-me lembrar o Jorge Cadete. Para aqueles que são demasiado novos para se lembrarem (tou a gozar, esses estão todos no Facebook ou noutra merda dessas), Jorge Cadete é o senhor (...) que aparece na foto aqui ao lado. Para além de ser um fiel seguidor do estilo "Cabelo À Futre", fez uma ligeira variação e mereceu dar o nome ao "Penteado À Cadete", só sendo suplantado um pouco mais tarde pelo célebre "Cabelinho À Kulkov".
Adiante.
Cadete foi, durante vários anos, o melhor avançado do Sporting. E era, obviamente, assobiado do princípio ao fim em Alvalade. O seu estilo era inconfundível: mexia-se muito, aparecia sempre na molhada, e falhava mais golos que o Nuno Gomes, mas lá ia acertando umas batatas. Era o típico jogador dos 80's, não particularmente talentoso, mas com grande pinta de jogador. Resumindo: era odiado. Mas não há lagarto que, hoje em dia, não tenha alguma simpatia pelo rapaz, que até chegou a passear o penteado no estádio da Luz.
Camarada Amarelo: se o Cadete conseguiu, tu também consegues. Porque, tirando o Nuno Gomes, ninguém falha golos de forma tão magnífica como tu.

A Verdade

Se este blog tivesse mais que três gajos a lê-lo, dava-me ao luxo de banir o Carlos Carvalho do estabelecimento.

Para o quarto leitor que chegou agora e não percebe de que raio estou a falar, é só ir a qualquer caixa de comentário.

Ao que isto chegou...

O Sr. Amarelo pensa que é chegar aqui, escrever umas linhas e depois adeuzinho. Nã, nã... deste tasco ninguém sai, até quem já morreu com cirrose está enterrado na cave. No máximo há um exílio forçado para a mesa do canto, onde só se bebe, não se escreve, ouve-se as conversas dos únicos dois bêbados activos e balbuceia-se alguma coisa de vez em quando.

Ficou ofendido com o comentário do camarada Raviolli? Ó homem, tenha juízo, olhe que dos fracos não reza a História do alcoolismo. Devia ouvir o que ele diz à própria mãe quando ela esquece-se de comprar a aguardente. Como diria um qualquer mafioso de um filme de Scorcese: "He was just breaking your balls!"

Se sente que o tasco está a tomar conta da sua vida, aconselho a deixar as bebidas mais fortes, opte por algo mais leve e junte-se ao pessoal na mesa do canto. Além de continuar a ter direito a bar aberto, é lhe oferecido um Magalhães onde pode criar, se quiser, um mini-tasco pessoal ou até mesmo aderir a essa coisa do facebook, que é muito útil em avançados estados de degradação alcoólica. Parece um tasco mas escreve-se menos e tem mais luzes, barulho e movimento, o que ajuda imenso a manter num nível aceitável os estados cognitivos do alcoólico inveterado.

Como vê no Vodka os membros têm a liberdade de fazerem o que quiserem, menos de sair pela porta.

Último post

Agradeço ao camarada raviolli ninja o facto de me ter proporcionado - através de um simpático comentário seu - um pretexto (apesar de ser o primeiro a reconhecer o carácter particularmente idiota e infantil do mesmo) para acabar com a minha colaboração neste tasco. Foi um ano intenso de colaboração, deu-me imenso gozo em postar centenas de posts idiotas, mas confesso que a minha relação com o blog já se estava a tornar demasido obsessiva (cheguei mesmo ao ponto de andar sempre com um caderninho doentio atrás para apontar possíveis ideias para mais um post).

Quanto à evidente inutilidade da maioria desses posts, tenho a dizer, em minha defesa, que a culpa é toda do Bastard, que, qual Carlos Queirós da blogosfera, cometeu a amável irresponsabilidade de me convocar para este tasco, só porque era meu amigo. Caro Bastard, se há coisa que este ano de contaminação amarela provou, é que os tascos são coisas demasiado importantes para serem geridas por critérios tão mesquinhos como os da amizade.

A todos os clientes habituais que tiveram a gentil condescendência de lerem ou comentarem os meus posts com a mínima simpatia, o meu sincero obrigado. Aos (felizmente poucos) trogloditas que se limitaram a insultarem-me sob a capa cobarde do anonimato, desejo apenas que as suas pernas sejam trucidadas por um comboio de alta velocidade.

Mas vamos ao que realmente interessa.
De vez em quando há um novo barman que entra e outro que se vai embora daqui.
Mas o tasco mais infecto do universo continuará sempre a ser o tasco mais infecto do universo.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sete pecados mortais

Queiroz, esse génio que vive enfadado com qualquer ser que não lhe reconheça a maior inteligência do mundo, foi suspenso por seis meses.

A isto junta-se o abandono surpreendente de Simão Sabrosa, que aos 30 anos era o jogador mais internacional que ainda ia à Selecção. E Paulo Ferreira, que anda cansado destas corridas, e Deco, que virou brasileiro outra vez.

No momento em que enfrentamos o início de mais uma fase de qualificação, o que temos?

1 – Uma equipa destroçada animicamente, depois da fraca figura que fez na África do Sul

2 – A saída de figuras importantes, desconhecendo-se, para já, qual a solução ou soluções para essas posições

3 – Jogadores que não respeitam, nem podem respeitar o treinador. Depois de Ronaldo, o que pensará Nani, depois de Queiroz ter vindo publicamente expor o jogador (contando que ele ameaçou atirar-se do carro em andamento se o levassem a fazer uma radiografia ao ombro)?

4 - Um treinador que insiste em ser o único que não percebeu que está a mais, e que está suspenso por seis meses (será que vai ser pago principescamente por estes seis meses de duro trabalho?)

5 – Uma federação em absoluta guerra civil. Uns pró-Queiroz, outros que se puderem o atropelam. Gente insultada publicamente pelo treinador e que, pela calada, lhe devem fazer a vida negra

6 – Um presidente da FPF, o velho cacique Merdaíl, que continua impávido e sereno, como se nada fosse

7 – Um secretário de Estado, o tal de Laurentino, mais um dos inúteis boys, que aparecem quando é para cortar fitas e celebrar vitórias, e que não mete a mão nisto

Em cima de tudo isto, a renovação forçada da equipa. Queiroz não o fez. Andou anos a brincar às convocatórias maradas, com Edinhos, Zé Castros e Danieis Fernandes. Pelo meio conseguiu ajudar a desvalorizar o Moutinho, titular absoluto antes do Mundial, e agora que está no Porto – sem deslumbrar – está de volta à convocatória. Passou de indiscutível a inexistente e de novo a primeira escolha. Dos 50 jogadores que convocou, poucos se seguraram na equipa. E alguns, como Duda, seguraram-se mas ainda ninguém percebeu porquê.

Queiroz não soube renovar a equipa, apesar da quantidade enorme de jogadores que convocou. E agora, suspenso por seis meses, é forçado a fazer essa renovação, no meio de jogos a doer.

Estou-me um bocado a cagar para a Selecção, e o que vale é que, como eu, há muitos milhões de portugueses.

Mas ninguém vê que isto, como vai, não pode continuar?!...

A quem encontrar uma canção Pop com uma letra mais inteligente, o Vodka Atónito oferece uns óculos ainda mais ridículos que os do Jarvis Cocker


«She came from Greece she had a thirst for knowledge,she studied sculpture at Saint Martin's College,that's where I,caught her eye.She told me that her Dad was loaded,
I said "In that case I'll have a rum and coca-cola."She said "Fine."and in thirty seconds time she said,"I want to live like common people,I want to do whatever common people do,I want to sleep with common people,I want to sleep with common people,like you."Well what else could I do -I said "I'll see what I can do."I took her to a supermarket,I don't know why but I had to start it somewhere,so it started there.I said pretend you've got no money,she just laughed and said,"Oh you're so funny."I said "yeah?Well I can't see anyone else smiling in here.Are you sure you want to live like common people,you want to see whatever common people see,you want to sleep with common people,you want to sleep with common people,like me."But she didn't understand,she just smiled and held my hand.Rent a flat above a shop,cut your hair and get a job.Smoke some fags and play some pool,pretend you never went to school.But still you'll never get it right,cos when you're laid in bed at night, watching roaches climb the wall,if you call your Dad he could stop it all.You'll never live like common people,you'll never do what common people do,you'll never fail like common people,you'll never watch your life slide out of view,
and dance and drink and screw,because there's nothing else to do.Sing along with the common people,sing along and it might just get you through,laugh along with the common people,laugh along even though they're laughing at you,and the stupid things that you do.Because you think that poor is cool.I want to live with common people,
I want to live with common people»



P.S.- Este post é, obviamente, uma impostura. Não existem óculos mais ridículos que os do Jarvis Cocker.

Money makes the world around


A má fama que o capitalismo tem faz muitas vezes esquecer as suas inequívocas virtudes. A que mais me enternece é a lealdade absoluta que os capitalistas têm ao dinheiro, mesmo que isso lhes custe a própria vida. Orwell foi dos poucos que nunca deixou de reconhecer esta louvável qualidade: “Mesmo até ao final de Agosto de 1939, os comerciantes ingleses lutavam entre si na ânsia de vender aos alemães estanho, borracha, cobre e goma-laca – e isto com o conhecimento claro e certo de que a guerra iria começar dentro de uma ou duas semanas. Era tão sensato como vender a alguém uma lâmina para nos cortar a garganta. Mas era um bom negócio.”

(George Orwell, in "The lion and the unicorn: socialism and the english genious")

domingo, 29 de agosto de 2010

Querem lá ver?

A minha net anda um bocado marada e passei uns dias fora, por isso não pude comentar um factóide pouco importante mas extremamente interessante.
O PC apresentou o seu candidato à presidência, um tipo que, só por isto, entra na shortlist dos tipos que poderão vir a merecer o meu voto. É o camarada Xico Lopes, este que está aqui na foto ao lado. Muita gente não sabe quem é. Eu também não, mas enfim.
Foi engraçado ver que toda a gente começou a mandar vir, que isto é uma piada, que o PC não se moderniza, que até mete um pacóvio qualquer na corrida a Belém, naturalmente para perder.
Vamos por partes.
É claro que é para perder. Como qualquer candidato que o PC avançasse.
Depois, e mais significativo ainda, é o asco da comunicação social por esta escolha. Porque "ninguém o conhece", porque não é da sua quintinha, porque não é apelativo, não vende jornais nem anima programas pseudo-noticiosos, que bem precisam de audiências. Mas isto vem da malta que, demagogicamente, se queixa de que "são sempre os mesmos", "querem é poleiro", etc, etc. Têm aqui um tipo que não "é sempre os mesmos", e que nem vai cheirar o poleiro. Em que ficamos?
É giro clamar pela renovação da política, quando esta é protagonizada por "novatos" políticos bem cheirosos como Passos Coelhos e quejandos...
Xico Lopes. Não sei quem é. Não sei o que pensa. Não sei nada de especial. Mas quero ouvi-lo falar, antes de o matar à pancada. Lembro-me que quando o Jerónimo foi candidato, antes de chegar a secretário-geral, ouvimos exactamente o mesmo: sectário, fechado no partido, representa o passado, etc.
E este troglodita afirmou-se, sem dúvidas, como o mais forte líder comunista desde Álvaro Cunhal. Mais, mostrou que sabe comunicar com o país real, e passa uma imagem de integridade difícil de questionar. E, pelo caminho, já levou o meu voto umas poucas de vezes.

Estou numa fase em que não preciso de génios ou de grandes talentos. Depois de Durões e Pinócrates, confesso que já me basta um tipo que pareça ser bem-intencionado. Não sei se será o caso, mas quero ver.

Porque, até aqui, a coisa está entre o voto em branco - o que só farei em último recurso - o Fernando Nobre (que é uma coisa assim um bocado assustadora mas que pode levar com o meu voto só naquela do protesto) e o camarada Xico Lopes.

Isto, claro está, se o Candidato Vieira voltar a fracassar nos seus intentos.

Se calhar sou só eu

Não vos faz assim nem um bocadinho de confusão que o actual ministro da Defesa - que controla espiões, secretas e todo o tipo de informação sensível - seja o cão de fila Goebbels do Camarada Sócrates?...

É por estas ironias que...

...o futebol é uma coisa tão linda.

Está explicado

Percebe-se agora a verdadeira razão pela qual Hitler se suicidou.

sábado, 28 de agosto de 2010

Prioridades

Foi a segunda canção mais tocada na rádio britância em 2005, logo a seguir à canção da Beyonce, "Crazy in love".

Noções breves de ciência política


Liberalismo: sistema político que coloca a preservação da liberdade acima de tudo.

Liberdade de explorar o mais fraco.
Liberdade de despedir o mais fraco.
Liberdade de esmagar o mais fraco.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Último dia de férias. Regresso ao modo "Ernold Same".

"Ernold same awoke from the same dream
In the same bed at the same time
Looked in the same mirror
Made the same frown
And felt the same way as he did every day

Then Ernold same caught the same train
At the same station sat in the same seat
With the same nasty stain
Next to same old what's his name?
On his way to the same place

With the same name
To do the same thing
Again and again and again
Poor old Ernold same

Oh, Ernold same
His world stays the same
Today will always be tomorrow
Poor old Ernold same
He's getting that feeling once again
Nothin' nothin' will change tomorrow"

Todos Bandidos, Todos Iguais


Concordo com o camarada Bastard no essencial do seu post "Esquerdas, Direitas e o Resto": devemos escrutinar as ideias oficiais do nosso quadrante político à luz da nossa própria consciência e espírito crítico, rejeitando-as quando estas não nos parecem justas. O Zeca Afonso tinha uma frase que sintetizava muito bem este saudável individualismo: "eu sou o meu próprio comité central".

Desta forma, apesar de ser de esquerda, rejeito muitos aspectos tradicionalmente associados com este posicionamento, nomeadamente: uma visão demasiado corporativa do sindicalismo; a defesa de um igualitarismo estrito insensível às diferenças de mérito; e as mamas da Ilda Figueiredo.

Discordo, contudo, com a posição apresentada pelo Bastard relativamente à justeza do repatriamento de criminosos estrangeiros. Neste ponto, apesar de a minha perspectiva coincidir com a oficial, tentarei baseá-la também na minha própria consciência individual.

Não concordo com o repatriamento de criminosos estrangeiros porque viola o princípio da igualdade, estabelecendo regras penais diferentes para criminosos nacionais e não nacionais. Ninguém defende que um assaltante de bombas de gasolina que more em Oeiras e que seja natural do distrito da Guarda, deva, além da justa pena de prisão, sofrer o castigo suplementar de ter que voltar à força para Fornos de Algodres. Não percebo, então, porque raio é que um assaltante de bombas de gasolina que more em Massamá, mas que tenha nascido na Guiné-Equatorial, tenha que ser repatriado para a ilha de Bioko. Além do mais, a criação de uma cláusula penal especial para criminosos ajudaria a reforçar o estereótipo xenófobo de que a criminalidade está associada com a nacionalidade. Até os bandidos têm direito a não serem discriminados. Numa sociedade justa e fraterna, não deve haver bandidos de primeira e bandidos de segunda, mas apenas bandidos. Todos eles sodomizados por igual nos nossos democráticos estabelecimentos prisionais.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O candidato do PCP! Toda a verdade!!!!

Porque escolheu o Partido Comunista Português para candidato à Presidência da República, um tal de desconhecido e obscuro da maioria da nação - Chico Lopes???

E não um mais conhecido por exemplo, Ruben de Carvalho.

Pois, toda a verdade, a revelação só aqui!!!

Directamente dos fundalhos do balde do lixo do bar da sede do PCP... trazemos-vos a atónita revelação...




RUBEN DE CARVALHO, Assassino profissional a soldo da Máfia da Cassete Pirata, num episódio do Zé Gato!!!

Nunca é tarde para se ter uma infância feliz


Um gajo sabe que já é um homem quando descobre que há recipientes mais apropriados do que o lavatório para acolher aquela pasta engraçada de restos de jantar e bebidas alcoólicas que é, às vezes, expelida pelo esófago.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Queria só dizer isto

Que grande, grande, grande BRAGA!

Hang the DJ

Elementar, meu caro Sarkozy


Se: "O Espaço Schengen permite a livre circulação de pessoas dentro da União Europeia" (Premissa 1)

E se: " A França iniciou expulsão de ciganos romenos na semana passada" (Premissa 2)

Então: "Os ciganos romenos não são pessoas" (Corolário)

Para a semana apresentarei um silogismo demonstrativo de que o holocausto foi, na realidade, uma tigela de nestum.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

"Everything is temporary these days..."

... inclusive os próprios Rakes, que já acabaram. Mas canções Pop como a que se segue são temporariamente imortais. Ou não seriam canções Pop.

"Um guia breve mas útil de desobediência civil"


"Greve de fome. Aqui, os oprimidos renunciam a comer até que lhes satisfaçam as suas exigências. Os políticos traiçoeiros deixam frequentemente biscoitos ao alcance da mão ou talvez mesmo queijo cabreiro, mas tem se lhes resistir. Se o partido no poder consegue que o grevista coma, é-lhe geralmente fácil sufocar a insurreição. No Paquistão quebrou-se uma greve da fome quando o governo fabricou uma vitela cordon bleu extraordinariamente requintada, que as massas acharam demasiado atraente para ser recusada, mas pratos de gourmet como esse são raros.

O problema da greve de fome é que passados vários dias pode-se ficar muitíssimo esfomeado, especialmente quando carros de som são pagos para percorrerem as ruas dizendo, «Hum... que frango tão bom. Hum... que ervilhas... Hum...»

Uma variante da greve da fome para aqueles cujas convicções políticas tão radicais consiste na recusa em utilizar cebolinho. Este pequeno gesto, quando utilizado a propósito, pode influenciar brutalmente um Governo, e toda a gente sabe muito bem que a teimosia de Mahatma Gandhi em comer apenas salada sem tempero envergonhou de tal maneira o governo britânico que o levou a fazer várias concessões. Para além da comida há outras coisas de que se pode desistir: jogar whist, sorrir e ficar ao pé-coxinho imitando um flamingo."

(Woody Allen, in «Without feathers»)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Esquerdas, Direitas e o Resto

Um tipo pode definir-se de vários modos, mas provavelmente aquele que mais dirá de si e da forma como encara o mundo será o de ser de Esquerda ou de Direita.

Era bom que as coisas fossem tão simples assim, mas de tão simples que assim são acabam por fazer-nos cair num inevitável simplismo.

Sou de Esquerda, mas não há nada que me irrite mais do que a malta que é de Esquerda em tudo, que concorda com tudo o que soe a Esquerda, mesmo que isso seja realmente estúpido. Isto também acontece com a Direita, mas menos. Um gajo que admite que vende a alma ao diabo por dinheiro e que não tem coração, bom, basicamente, já me desarmou. Não o consigo apanhar em contradição. Um idiota de Esquerda é mais irritante.
Adiante.

Na última semana, várias notícias me fizeram pensar nesta dicotomia.

Nos EUA, estalou a polémica porque vai ser instalada uma mesquita perto de onde estavam as Torres Gémeas (recuso-me a chamar-lhe essa coisa estúpida e folclórica de Ground Zero). E esta acesa polémica estalou em Nova Iorque, a cidade mais arejada mentalmente dos EUA. Se fosse em Houston, Texas, já tinham queimado o edifício e os responsáveis pela infeliz ideia. Aqui sou de Esquerda. Não tenho nada contra e até acho bem, no sentido de que dá um muito necessário sinal de tolerância. Já a Direita local clama, como habitualmente, por uma eterna vingança, não percebendo que foi isso, em parte, que criou o problema.

Depois, Sarkozy e os ciganos. Confesso que não me choca a ideia de expulsar do país gente que está ilegal e comete crimes de média gravidade. E isto é um bocado de Direita. Mas choca-me profundamente que, debaixo de uma capa de pseudo-legalidade, se persiga uma etnia, que é o que, de facto, está a acontecer. Dos ciganos, a única coisa que gosto é da música. Irrita-me a sua convicção de superioridade indigente, a recusa em bulir, o talento e o esforço empregue em enganar, intrujar e parasitar os outros (é claro que isto é uma generalização perigosa, mas é o que acho). Mas esta verdadeira perseguição étnica de Sarkozy é inaceitável. E nisto sou de Esquerda.

Por último, saíram dados oficiais sobre as taxas de criminalidade nas zonas, em Lisboa e no Porto, nas quais foram instaladas câmaras de vigilância por parte da polícia. As taxas caíram, dando força a quem defende a utilização desta vídeo-vigilância. E aqui sou de Direita. Acho muito bem, e não tenho medo nenhum de violarem a minha privacidade, uma vez que é na rua.

Algures no meio disto tudo estará a minha consciência. Que me faz, e bem, tentar olhar para tudo com olhos de ver, e não com os olhos oficiais de um lado ou do outro.

Cum camandro

Eu bem não queria falar no assunto, mas foda-se, lá terá que ser.

Sobretudo porque, neste momento, meio mundo goza com o Roberto – e bem -, e esquece-se que, se acharmos que o problema está só no Roberto estamos muito enganados.
Até aqui, o Roberto vinha pregando sustos, sendo mal batido, e tal, mas ainda não havia um frango daqueles cheios de penas. Bom, aí está ele. Aquele segundo golo do Nacional é uma aberração, um freak of nature, uma coisa que dará vómitos ao Preud’Homme. O Quim não levava aquele golo. O Moreira e o Júlio César também não. Nem sequer o Bossio. Nem sequer o Moreto. Não é só frango. Mostra um gajo desequilibrado e que não tem condições para estar na baliza.

Mas não podemos achar que é trocar de guarda-redes e está tudo bem. Veja-se o lance do primeiro golo, em que o Cardozo está a marcar um tipo, perde-o assim que a bola parte e depois pára, deixa-o sozinho, nem lá vai chatear. Para mim, aquele golo é todo culpa dele, todo. Anda em campo sem correr, sem pica, sem vontade. Isso tem custado golos falhados, agora custou um golo. Num plantel com tantos avançados, tem de ir, imediatamente, para o banco. Tem de acabar-se com as vacas sagradas. Não rendem, não estão motivados, têm de sair. Tão simples quanto isto.

De resto, do jogo só vi a primeira parte. Jogámos bastante bem, tivemos três lances de baliza aberta, não conseguimos marcar. O Nacional foi inofensivo durante 45 minutos. Não marcámos e, na segunda parte, decidimos começar a distribuir brindes, que foram bem aproveitados pelos adversários. Mas não sou daqueles que acha que está tudo mal, que o problema é a falta de Ramires ou Di Maria. A equipa joga razoavelmente, mas está com um bloqueio psicológico. E estamos a demonstrar muita fraqueza mental para quem quer revalidar o título. Acho que com duas ou três mexidas no 11 titular, e com uma vitória no próximo jogo, as coisas podem entrar nos eixos. Porque a equipa já tem futebol. Tem é de se soltar, e deixar de dar tiros nos pés.

Por mim, no próximo jogo, fazia duas mexidas. Moreira ou Júlio César na baliza, evidentemente, e Jara ou Rodrigo ou Nuno Gomes ou Weldon no lugar do Cardozo. Carlos Martins, por outro lado, tem de jogar, porque quando está o faz bem. Eventualmente no lugar do Amorim.

Estou preocupado, estamos a dar sinais perigosos. Mas a base está lá e, se não nos enterrarmos sozinhos, podemos dar o salto que falta, e afastar os fantasmas.

Eu continuo a acreditar.

Into the Wild II

O momento "David Attenborough" desta semana vai para a espécie designada por "os putos". Os putos são primatas superiores, apesar de serem habitualmente muito pequenos. A sua alimentação é omnívora, sobretudo à base de pastilhas elásticas e macacos do nariz, e não é boa ideia tentar fazer balões com os últimos. Além dos padres e dos apresentadores da televisão, não têm quaisquer outros predadores naturais pelo que, antes de aparecer a cadeia "Loja das Sopas", eram uma espécie sem qualquer risco de extinção. A natureza é justa pelo que o que falta a esta espécie em sentido lógico e racionalidade é depois largamente compensado pela total ausência de bom senso e de razoabilidade. Fora isso são criaturas adoráveis, especialmente quando estão em casa dos avós. Dotados de uma imaginação prodigiosa, conseguem imaginar quase tudo, exceptuando a possibilidade do peixe cozido ser comestível. A sua simplicidade é enternecedora: se conseguirem sacar o máximo número possível de gelados e de autorizações para jogar compudator, consideram-se espécimens felizes e despreocupados. Apesar de espantosamente semelhantes com a espécie humana (sobretudo na dificuldade que ambos têm em preencherem correctamente o IRS), divergem deles em características importantes, como o tamanho dos pés e os artigos insufláveis favoritos. Apesar das diferenças, é habitual ambas as espécies viverem em relativa harmonia, exceptuando quando os putos acordam. Depois desse momento é normal ocorrerem alguns conflitos territoriais, sobretudo quando o telejornal e os desenhos animados dão à mesma hora. Nesta luta territorial, a selecção natural providenciou a ambas as espécies poderosas adaptações biológicas: aos putos, a birra e um choro com um timbre totalmente insuportável para os humanos; aos humanos, a estalada e o triplo do tamanho. Contrariamente ao previsto, o aparecimento da playstation só veio agravar a competição entre ambos. Nesta luta permanente pela sobrevivência, os putos perdem apenas quando crescem e os humanos perdem apenas quando morrerem. É isso que sempre me tem fascinado na condição existencial de ambas as espécies.

sábado, 21 de agosto de 2010

Dignidade Mínima Garantida


O CDS-PP quer pôr os beneficiários do Rendimento Social de Inserção a limpar as matas e florestas públicas e vai entregar no Parlamento um projecto de resolução recomendando ao Governo a aplicação desta medida já no próximo Verão. Tradução: os beneficiários do RSI são proto-criminosos (o seu crime é a pobreza preguiçosa) que devem ser castigados com trabalhos forçados socialmente úteis.

A Paulo Portas e seus acólitos não lhes ocorreu por um segundo a ideia de propor que este importante serviço público de limpeza das matas pudesse ser feito não a troco dos míseros 189,52€ do Rendimento Minimo mas sim inserindo os beneficiários do RSI no mercado de trabalho a troco de um salário condigno. Para os nossos misericordiosos democratas-cristãos, a função do Estado não é retirar os pobres da pobreza ou os desempregados do desemprego - isso do Estado Social é uma depravação moral inventada pelos comunistas para minar a missão evangélica da Igreja - mas sim criminalizar a pobreza, providenciando aos pobres uma respeitosa ocupação num Estabelecimento Prisional. É que o Estado Penal já é mais consentâneo com o seu piedoso cristianismo.

A melhor capa de jornal de sempre

O Meia Hora é um jornal fantástico. Uma pequena pérola do jornalismo mundial. Misto de 24 Horas e Jornal do Incrível, mas em muito pior.
Com o docinho extra de ser um jornal brasileiro detido pelo grupo português Ongoing, que entre nós detém o muy salmão Diário Económico.
Ora a história que vos trago hoje surge na sequência da capa anterior do Meia Hora. Atão diz que houve uma senhora que fez uma macumba sobre o genro. Em resultado, o genro viu desaparecer o seu pirilau e aparecer, no mesmo lugar, uma vagina.
Vejam agora a capa que o grande Meia Hora fez, no dia a seguir.




Todo o site do Meia Hora é uma delícia. Mas recomendo especialmente uma secção chamada de "Gata da Hora", com umas moçoilas que fazem a Ana Malhoa parecer ter a classe de uma Grace Kelly.

Bom fim de semana, pessoal.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

De tudo para todos, como na Feira de Carcavelos

Nos últimos dias, graças a um post do Amarelo que continha uma foto que promete fazer sucesso no Linhó, o tasco foi visitado por alguns clientes com interesses claramente distintos deste estabelecimento, normalmente habitado por malta esquerdalha e relativamente tolerante.

Na tentativa de fidelizar esta nova clientela, devemos ir ao encontro dos interesses desta gente. Aqui fica o meu contributo.

Momento 'silly season' da semana

“Lamento a situação do Bruno Pidá, porque sei que é muito boa pessoa” - Jorge Nuno Pinto da Costa, in Expresso.

Um post triste

Faz hoje um ano que morreu o meu primo. Estava em Trás-os-Montes, fez um traumatismo craniano ao saltar um muro e a ambulância levou séculos a lá chegar. Depois levaram-no para o Hospital de Chaves, o que se revelou uma estúpida perda de tempo (numa situação em que não pode haver absolutamente nenhuma estúpida perda de tempo) porque lá não há serviço de neurocirurgia, pelo que teve que ser recambiado para o Porto. O resultado deste serviço de emergência totalmente atabalhoado foi que só seis horas depois do acidente é que o meu primo chegou ao hospital (de São João, salvo erro). Tarde demais, já estava em morte cerebral.

Se este acidente tivesse ocorrido perto de Lisboa, Porto ou Coimbra - as únicas regiões do país onde o Serviço Nacional de Saúde apresenta bons recursos - a emergência médica teria funcionado eficazmente, o meu primo teria chegado a um hospital bem equipado em menos de uma hora, teriam-lhe feito atempadamente um pequeno furo no crânio para drenar o líquido encefálico antes que este comprimisse irreversivelmente o seu tecido cerebral. Se este acidente tivesse ocorrido perto de Lisboa, Porto ou Coimbra, o meu primo estaria, muito provavelmente, vivo.

Quem matou o meu primo foi o meu país desigual. Quem matou o meu primo foi o meu país desigual onde existem cidades centrais bem apetrechadas e cidades periféricas esquecidas. Quem matou o meu primo foi o meu país desigual onde existe um litoral desenvolvido e um interior abandonado. Quem matou o meu primo foi o meu país desigual, onde existem portugueses de primeira e portugueses de segunda. Quem matou o meu primo foram todos os decisores políticos cujas escolhas foram, de alguma forma, coniventes com esta desigualdade inaceitável.

Posso perdoar muita coisa ao meu país. Mas a morte prematura da pessoa fantástica que era o meu primo, e os anos de convivência roubados às pessoas que mais o amavam - inclusive, o seu filho de sete anos -, isso nunca, mas nunca, lhe poderei perdoar.

A desigualdade mata e matou o meu primo.

Fim do post triste.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A metafísica da parvoíce


A prova irrefutável da inexistência de Deus é o facto dos macacos do nariz demorarem tanto tempo a se desprenderem dos dedos.

"If you don't mind"

Se até o teor máximo de sal de um papo-seco é regulado, porque é que ainda ninguém se lembrou de instituir um teor máximo de estupidez na TV?

"So long, and thanks for all the fish"


"It is an important and popular fact that things are not always what they seem. For instance, on the planet Earth, man had always assumed that he was more intelligent than dolphins because he had achieved so much - the wheel, New York, wars and so on - whilst all the dolphins had ever done was muck about in the water having a good time. But conversely, the dolphins had always believed that they were far more intelligent than man - for precisely the same reasons." (Douglas Adams, in "The Hitchhiker's Guide to the Galaxy")

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pretos, chinocas, monhés, são todos criminosos. Vão para a vosssa terra, escumalha.


Mário Machado foi hoje condenado a sete anos e dois meses de prisão pelos crimes de roubo, posse de arma ilegal, sequestro e coacção.

Say Cheese

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Seriedade

Foram hoje divulgados os últimos dados do desemprego em Portugal.
Como habitualmente, o Governo vem salientar que a taxa não subiu, a Oposição que tudo está mal.
A situação está a chegar a um ponto em que é simplesmente obsceno sequer tentar fazer política com isto.
Mais de 550 mil desempregados. A maioria, pela primeira vez, desempregados de longa duração, ou seja, gente sem emprego há mais de um ano. Aumento nas mulheres. Grande aumento daqueles que saem dos registos porque, pura e simplesmente, já desistiram de procurar trabalho.
Há causas sociais para isto. Ninguém pode negar que muita gente não quer trabalhar pelo salário baixo que lhe pagam. Mas há também um severo problema económico. De modelo económico.
A verdade é que não há soluções para esta gente. A economia é asfixiada por impostos mais ou menos arbitrários, dinheiro que é depois perdido, numa percentagem relevante, nas fugas, redundâncias, abusos e ineficiências da máquina do Estado.
E depois corta-se nos apoios sociais, porque o dinheiro não chega para tudo.
É preciso dizer, com todas as letras, que Sócrates falhou. Alguém se lembra do slogan de Sócrates quando foi eleito pela primeira vez? Pois. A criação de 150 mil postos de trabalho até 2009. E neste momento, Portugal tem mais 200 mil desempregados do que quando ele chegou ao poder.
Bem me podem vir com a conversa da crise internacional, porque a coisa cá nunca deixou de estar em crise. Somos uma economia dependente do exterior, essas são as regras. Portanto um Governo que não sabe corrigir o problema nesta conjuntura não pode vir dizer que o problema vem de fora. É óbvio que, em parte, vem de fora. Mas sempre veio e sempre virá. Se não consegue resolver, de nada serve. Tornar as coisas boas quando tudo está bom não é difícil. Até o Santana conseguia.

Não tenho esperança no Passos Coelho.

Mas sei que precisamos urgentemente de fazer algo. E algo que nunca fizemos: discutir que raio de modelo económico queremos para Portugal. Porque sem isto, sem reformas, não haverá nunca crescimento sustentado. E sem crescimento continuará a haver desemprego galopante. E défices para pagar, e cinto para apertar.

Terminada a sazonalidade que impediu a taxa de subir, a tendência vai voltar a ser de alta. E num momento em que todas as energias estão viradas para o défice e para cobrar impostos, a economia estará cada vez mais asfixiada.

É tempo de ser sério. É preciso fazer algo.

Punkalhada

Depois dos Libertines acabarem, Pete Doherty formou os Babyshambles e Carl Barât, os Dirty Pretty Things. Sujos, enérgicos, apunkalhados, britânicos até ao tutano, geniais como sempre.

Os Goebbels da Vida Saudável


Quinta-feira passada entrou em vigor a lei que impõe um teor máximo de 1,4 gramas de sal por 100 gramas de pão. Em si mesmo, o assunto não deveria motivar nem sequer 1,4% de um post. Mas enquanto caso particular de uma das características mais representativas da modernidade - o fascismo higiénico - julgo que valerá a pena desperdiçar algumas palavras sobre o assunto.

Fascismo higiénico consiste na intromissão abusiva do Estado num hábito pessoal não saudável para o próprio. Na minha opinião, o Estado deve reservar a sua interferência apenas às situações em que o comportamento de alguém prejudica manifestamente outrem (por exemplo, proibindo e sancionado a condução sob efeito de álcool). Nas situações em que um cidadão apenas faz mal a si próprio (fumando, bebendo, drogando-se, levando uma vida sedentária, ingerindo muito sal, etc.), o Estado deve abster-se de qualquer proibição, limitando-se apenas a informar claramente os cidadãos dos riscos associados a esses comportamentos. A partir daí, os cidadãos devem ter o direito de exercer livremente as suas escolhas, mesmo que possam ter um potencial auto-destrutivo. O desrespeito dessa margem de liberdade por parte do Estado é de um paternalismo inaceitável: cidadãos adultos não devem ser tratados como criancinhas irresponsáveis que não sabem conduzir autonomamente as suas vidas, precisando que o papá Estado as conduza por eles.

Os nazis da saúde contra-argumentam defendendo que esses supostos hábitos estritamente pessoais têm repercussões para os contribuintes (pelas despesas acrescidas que acarretam no Sistema Nacional de Saúde). Estes autênticos Goebbels da vida saudável acrescentam que se as pessoas querem ter a liberdade de colocar em risco a própria saúde, devem então assumir a totalidade dos custos financeiros do tratamento de uma eventual doença associada a esses comportamentos de risco. Dedicarei o resto desta inútil posta a tentar refutar esta posição.

Em primeiro lugar, o argumento é muitas vezes hipócrita, porque muitos dos seus defensores têm eles próprios alguns hábitos pessoais menos saudáveis (sedentários, por exemplo), não achando piada nenhuma que, em caso de doença, fossem eles próprios os visados pela sua implacável proposta.

Em segundo lugar, mesmo que o fascista higiénico tenha um estilo de vida absolutamente monástico (não bebe, não fuma, não toma café, não ingere sal e açúcar e gorduras, não come fast-food nem bebe refrigerantes, pratica regularmente exercício físico e masturba-se sempre com um preservativo para não sujar o sofá novo comprado na "Área"), a sua posição é, ainda assim, intrinsecamente errada pelas seguintes razões: (a) mesmo que uma pessoa possa ter tido alguma responsabilidade pelo desenvolvimento da sua doença, seria de uma crueldade monstruosa recusar-lhe solidariedade e compaixão num momento de tanto sofrimento e vulnerabilidade; (b) o direito dos contribuintes a que o dinheiro dos seus impostos não seja desperdiçado no tratamento de doenças evitáveis é contra-balançado pelo direito ainda maior das pessoas levarem uma vida ao máximo livre do policiamento e intromissão constante de um Estado paternalista. É que - como a história do século XX repetidamente se encarregou de o demonstrar - muito poucas coisas fazem pior à saúde do que o totalitarismo.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O Disco da Minha Vida XI

Olhando para a minha colecção de discos, há uma ausência nesta série que tem de ser colmatada.
Provavelmente tenho mais discos do Neil Young do que de qualquer outro artista. Bom, talvez em igualdade pontual com os Cure e com o Sérgio Godinho. A diferença é que estes são resquícios do antigamente, das viagens sucessivas à feira da Ladra, à procura de completar toda a discografia deste ou daquele artista, e já pouco lhes pego. Já o Neil Young continua a rodar no stereo muito frequentemente. Há um disco que me agarra uma semana, 15 dias depois lembro-me de outro, etc.
É dos meus poucos artistas preferidos que não me lembro de como conheci. Foi a seguir à malta dos 60/70´s, a seguir aos Doors, à Janis, ao Jimi, aos Led Zeppelin. Foi depois, teria eu talvez uns 18 anos. E não foi amor à primeira vista. Gostei, e tal, mas acho que Neil Young é um bocado como o wisky, é difícil gostar à primeira, e se insistes cada vez gostas mais.
A resistência inicial terá tido alguma coisa a ver com aquilo soar um bocado a country. Quando eu era puto, pior que country só disco. Hoje em dia as coisas são diferentes. O Johny Cash é o maior, consigo gostar de algum Dylan e até o marado do Willie Nelson tem algumas coisas boas. Talvez esteja a ficar velho.
Numa carreira tão grande como a de Neil Young é muito, muito difícil escolher um só disco, até porque, em muitos casos, aquilo foi uma semana de gravação na garagem, e nem sempre há um verdadeiro conceito de album. Dos mais de 10 discos dele que tenho há um ou outro manhoso. Mas o resto é bom. É tudo bom. E estes que quero destacar, para mim, são os melhores.                           
Começando por Zuma, de 75. Este disco tem um significado para mim. Tem uma capa absolutamente horrenda, e depois de o comprar demorei algum tempo até lhe dar uma verdadeira oportunidade. Tinha eu uns 25 anos quando a miuda com quem eu estava me mandou dar uma curva, apesar de dois dias antes ter dito que se eu alguma vez a deixasse se matava. São merdas da vida. Pouco tempo depois, fiz uma viagem sozinho para o Algarve, para limpar a cabeça por uns dias. O Zuma entrou no leitor do carro, e de lá não saiu a viagem toda. É talvez o album que faz a melhor síntese entre blues, rock e country, as coordenadas de toda a carreira de Young. Destaco Stupid Girl, boa malha rock, e Through My Sails, uma brisa de fim de tarde de Verão gravada com os companheiros do antigamente Crosby, Still e Nash. Mas o grande destaque vai para Cortez the Killer. Sete minutos de blues e a primeira vez que o som da guitarra eléctrica de Young soou como só ele sabe.
Depois há Harvest Moon, provavelmente o maior sucesso da sua carreira. Disco de 92, com a preciosa colaboração de Jack Nieztsche, que já com ele havia trabalhado no marco que foi o Harvest, no início do percurso. Mais uma capa fateluxa, e mais um grande disco, do princípio ao fim. É uma ode à velha América, às Harleys, ao amor e à liberdade.

Passando para o grande Sleeps with Angels, de 1994. Provavelmente um dos seus discos mais rock, e dos mais complexos. É um verdadeiro album, com camadas e fantasmas que se repetem. É denso mas não é complicado. No fundo é rock e blues, e não há nada de complicado nisso.

Daqui faz-se uma boa ponte para On the Beach. É um album mais antigo, dos anos 70, mas só o conheci há coisa de dois anos, quando saiu a reedição em cd. Tal como em Sleeps with Angels, aqui temos Young a lutar contra os seus fantasmas, a tentar pelo menos lidar com eles. Mas, ao contrário de Angels, que é guitarra eléctrica e camadas, On the Beach é pouco mais que uma guitarra, voz e solidão.

Podia falar de outros grandes discos, Tonight's the night, After the Goldrush ou Silver & Gold. Continuaria a aborrecer-vos até amanhã. E já chega.

Ficam estes, de um tipo que é um exemplo.

No Alive, há dois anos, o meu grupo de amigos pirou-se todo para ver os Gossip, que tocavam mais ou menos à mesma hora. Fiquei ali, à frente, no meio da malta da velha guarda, a ver o velho Young a rockar como se não houvesse amanhã. Solos intermináveis mas sem o pseudo-virtuosismo, riffs de blues planando sobre as planícies americanas. Era um dos artistas que julgava não conseguir ver nunca ao vivo e, juntamente com o Tom Waits, aquele que eu mais queria ver. O Gossip partiram tudo, mas o Neil Young proporcionou-me duas horas míticas e inesquecíveis.

Tantos anos depois, ainda aí anda, e ainda faz grandes discos. Um homem de causas, humano, e coerente.

Keep on rockin' in a free world.

Começou

Ora nem mais. Finalmente acabou a ressaca da bola.
Agora sim, como as coisas devem ser. O nosso campeonatozinho de merda, um ou outro jogo europeu, ver bola a sério no campeonato inglês, pela TV.
Depois de um mundial que acabou demasiado cedo, já tinha saudades disto.

E agora, a jornada.

A coisa é familiar. Pelo que vi, nem Benfica, nem Braga, nem Porto nem Sporting estão a jogar grande espingarda. Quando não se joga muito, contam os pontos. E há pontos que se ganham consoante o árbitro. E foi isso que vimos.

Fui ao estádio ver o meu Benfica, e tenho algumas considerações a fazer.

A equipa não está bem. Está nervosa, ansiosa e ainda não ganhou confiança, até porque, fisicamente, ainda está longe do ponto certo. O jogo não sai fluido, não há largura, e ainda por cima apanhámos uma óptima Académica, treinada por esse animal chamado Jorge Costa, que por acaso é um treinador bem promissor.
O Benfica não jogou bem, mas claramente não mereceu perder o jogo. Merecia ganhar, da forma como correu o jogo talvez o empate se aceitasse, mas perder foi claramente injusto. É futebol.
Acontece que, quando não se joga bem, é difícil passar por cima de erros de arbitragem. Porque noutros campos, outra equipa jogou ainda menos que nós, mas teve um juiz bem vigilante, que lá deu o penaltizito aos 80 e tal minutos. Tudo certo.
Na Luz, eu vi dois penaltis. Enfim, como estava no estádio, lá parece tudo penalti. Depois li vários jornais e vi os comentários televisivos. E a verdade é que ficaram dois penaltis por marcar (eu enganei-me num e não vi outro que foi penalti).
Em suma, mesmo sem jogar bem, o Benfica perdeu um jogo com a preciosa ajuda de um careca apitadeiro. Um careca que, como todos os árbitros portugueses em qualquer campo, incentivam o anti-jogo (quantos gajos da Briosa tiveram de ser retirados de maca, para voltarem a entrar de imediato?). Aqui não é perseguição ao Benfica, é assim em todos os campos e com todos os adversários. Nunca haverá futebol-espectáculo assim, quando a voz da lei tudo faz para pactuar com aqueles que não querem jogar.
Em termos de jogadores, gostei muito do Coentrão. O Jara marcou e mexeu com o jogo. O Roberto vai ser crucificado outra vez mas esteve bem e não teve culpa nos golos. O Peixoto que vá bombar a Diana Chaves e desista de jogar à bola, é daqueles jogadores que parece sempre que está a fazer um ganda frete em correr atrás da bola. O Sidnei está a falhar em grande. Tem grandes capacidades, mas mentalmente já teve tempo de crescer, e não conseguiu. Não é opção. Cardozo veio da selecção e não se mexeu. Não devia ter jogado. Há soluções no plantel e há que acabar com o tabu Cardozo. Se não está bem, não deve jogar. O Javi voltou bem, o Aimar e o Saviola tentaram tudo.
Não fiquei muito preocupado, e eu e vários milhares aplaudimos a equipa no fim. Vai crescer, vai melhorar, e continuo a creditar nela e no Jesus.

Ou seja, um início de época em que os quatro candidatos estão nivelados no nível futebolístico, por baixo, mas em que dois têm 3 pontos e outros dois não têm nenhum. Sendo que, com árbitros isentos, as contas seriam diferentes.
Já disse aqui que, para sermos campeões, não basta sermos melhores do que os outros. Temos de ser, como na época passada, muito, mas muito melhores. Para que árbitros ceguetas ou mal-intencionados sejam impotentes, mesmo assim, para nos roubarem pontos. No final do jogo de ontem, e apesar das evidências, não ouvi ninguém do Benfica falar do roubo, que foi evidente. No princípio, concordo, não queremos ser iguais aos kalimeros. Mas temos de mostrar que estamos atentos. Isto começou logo na primeira jornada, portanto não podemos dizer que não estamos avisados.

Uma última palavra para o Braga. Pareceu-me ser a equipa mais fresca e mais solta. Ganhou com justiça e promete voltar a brilhar este ano.

Força Benfica! Força Campeões!

Cada país tem as bandas que merece

A América tem os "Strokes". A Inglaterra teve os "Libertines". Portugal tem os "Pontos Negros".

Terra Prometida


Segundo o jornal "Público", Israel quer deportar 400 crianças filhas de imigrantes. O ministro israelita do Interior disse ainda que considera os trabalhadores imigrantes não judeus um perigo para “o empreendimento sionista” que defende. Julgo que esta medida é bem intencionada - a superior raça judia tem que ser protegida do perigo da contaminação das inferiores raças não judias - mas peca por ser demasiado branda: mesmo que se deportem todas as crias dessas desprezíveis criaturas não hebraicas, elas voltarão mais cedo ou mais tarde a focinhar na venerável pátria israelita, com a típica persistência das ratazanas e das baratas. É preciso, portanto, medidas mais drásticas e eficazes, nomeadamente a deportação imediata de todos os sub-humanos não judeus (inclusive as crianças) para campos de concentração equipados com câmaras de gás, para que todo esse aglomerado de impureza religiosa seja para sempre eliminado da pátria apenas destinada ao povo eleito por Deus.

domingo, 15 de agosto de 2010

Um pouco de lógica

James Dean tornou-se uma lenda com apenas 3 filmes.
Marilyn Monroe tornou-se uma lenda com apenas duas mamas.
Sex Pistols tornaram-se uma lenda com apenas um álbum.

Teria Marilyn sido uma lenda se tivesse 7 mamas?

sábado, 14 de agosto de 2010

É o que dá quando levo a minha filha aos festivais dos freaks


"As bailarinas não têm pais. Nascem no circo e são filhas dos palhaços."

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Little "Gabriel Alves" Bastard III

Passemos agora a coisas importantes, o meu Benfica.


Começando pelos jogadores, em termos de entradas e saídas. O que eu não queria mesmo que saísse, e acabou por ficar, era o David Luiz. O Di Maria saiu, podia ter sido vendido por mais guita, mas acho, sinceramente, que ele não vale mais, em euros. É um óptimo jogador, pode vir a ser um grande jogador, mas ainda tem muito que pedalar para lá chegar. Agora a gente só se lembra do que ele fez de bom, mas não poucas vezes desesperei com as suas más opções, as suas fintas desnecessárias e a sua crónica incapacidade para acertar na baliza. Como adepto, vou sentir falta das suas invenções e da sua magia, mas acho que não era um jogador decisivo e fulcral na equipa.
Quanto ao queniano Ramires, tenho também pena de o ver partir. Tenho pena sobretudo porque jogou bem mas jogou pouco. A época foi sendo interrompida por lesões e cansaço e pareceu-me sempre que ele prometeu mais do que o que pôde fazer. Infelizmente vai embora, e espero que concretize todo esse potencial no Chelsea.
Quanto a entradas, gosto muito da pinta do Jara. Lembra-me um bocado o Lisandro, um avançado móvel, com alguma técnica, e chato como caraças para os defesas. O Gaitan não engana e é jogador. Precisa de ganhar forma e adaptar-se, porque a técnica e o faro está lá todo. Quanto ao Rodrigo não faço ideia, e acho mau estarmos a comprar jogadores para posições que temos bem cobertas, em detrimento de alas, de que necessitamos. O Faria vai andar lá a aquecer o banco ou nem isso, apesar de não ser mau jogador. O Roberto não tem condições para ser titular. Tem alguma qualidade entre os postes, mas é um perigo nas saídas e dá instabilidade à defesa. Não é tão mau como muitos querem fazer crer – aliás acredito que tenha a mesma qualidade que o Quim, um bom guarda-redes – mas parece-me claro que não vale 8,5 milhões em lado nenhum do planeta. Acho que foi um erro a sua aquisição, tal como foi um erro a dispensa do Quim, tal como foi um erro não termos (nós ou o Sporting) ido buscar o Eduardo. Em teoria, para mim o Moreira seria o titular, mas diz-se que os seus joelhos não aguentam jogos seguidos. Resta-nos o Júlio César, curiosamente um jogador parecido com o Roberto, e que depois do jogo que fez em Liverpool me deixou hiper-desconfiado.

Sabemos que ainda falta gente chegar, eventualmente um extremo que se safe nas duas alas. Ainda assim, com o que temos, acho que podemos fazer uma boa época.
Estamos na pole position, juntamente com o Porto, e entre estes dois se decidirá o título.

Não sou daqueles que acha, de repente, que somos muito mais fracos porque perdemos a Supertaça, sobretudo da forma como foi. Foi mau, tem explicações que para mim são claras, e é expectável que as coisas sejam corrigidas. Perdemos sobretudo por dois motivos: um físico e outro anímico. Em termos físicos foi claro que havia pouco tempo desde o último jogo, mas isto faz parte. É a vida. Em termos anímicos, o Porto quis ganhar o jogo muito mais do que o Benfica. E por isso mereceu ganhar. Da parte do Benfica houve sobranceria, excesso de confiança, falta de concentração. O que é um erro descomunal quando se tem pela frente o Porto. Como toda a gente sabe – ainda por cima ressabiados pela vitória justíssima do Glorioso no campeonato no qual ficaram em terceiro lugar – o Porto vive para ser anti-Benfica. E é preciso estar preparado para isso, e o Benfica parece que se esqueceu.
Enquanto o Benfica não perceber isto, que para ficar à frente do Porto tem que querer ganhar pelo menos tanto como eles, nunca conseguirá conquistar títulos seguidos. Eles vêm cheios de fome, e se estivermos de barriga cheia vamos perder. E preocupa-me ver a equipa começar a época sem dar tudo frente a um rival que, contra nós, dá sempre tudo.

O grande segredo do Porto é que, ganhando dois, três ou mais anos seguidos, nunca se cansou de ganhar nem nunca deu nada por garantido. Daí ser um clube super-competitivo. Se os jogadores do Benfica se cansam de ganhar após um único título, então não merecerão ganhar mais.

Uma última palavra para Jorge Jesus. É o melhor treinador em Portugal e ninguém pode esquecer o seu fabuloso trabalho na época passada. Acredito que é a pessoa certa para nos reconduzir à glória. Mas acho que tem de se deixar de fanfarronice (aquela tirada da Champions não lembra ao menino…Jesus). Tem de falar menos e trabalhar mais. E não perder a humildade, que esteve na base dos sucessos que nos levaram a ser campeões.

Nós estaremos sempre lá, a apoiar.

Começando já este domingo. Lá estarei.

Se um dia tiverem vontade de engolir de uma só vez o frasco inteiro de comprimidos para dormir, ouçam primeiro esta musiquinha

Entretém-te filho, entretém-te


O Banco Central Europeu diz que a recuperação da Zona Euro depende de uma maior procura privada. O Banco Central Europeu defende também fortes políticas de austeridade orçamental (quer através da redução das despesas públicas, quer através do aumento de impostos) que têm como efeito reduzir ainda mais a procura privada. Europeus de todo o mundo, despreocupai-vos. Mesmo sem a maçada do controlo democrático - sempre tão dispendioso e populista - pessoas muito inteligentes conduzem sensatamente as nossas vidas.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Desviem-se, a maior puta musical sou eu

Aqui segue este enormíssimo panascão:

Liberdade e coerência

Diz que agora Sócrates, esse grande líder da esquerda radical, quer expulsar do PS cerca de 200 militantes, entre eles o dinossauro Narciso Miranda.

Basicamente é porque essa malta andou a candidatar-se por listas que não as oficiais deste verdadeiro partido da liberdade.
Curiosamente, o mesmo que fez esse outro grande dinossauro “socialista”, o tal de Manuel Alegre, que nas últimas presidenciais concorreu contra o candidato oficial deste partido da liberdade e da coerência.
Eu estou-me cagando para o Narciso. É um bandido, um cacique, um boy dos do antigamente. O bom do Narciso está triste, porque tudo o que sempre sonhou foi ser o Jorge Coelho do PS, mas esta figura – tirando um ou outro Lello ou Santos Silva ou cagalhão – desapareceu da nomenclatura do PS.
Esta medida e estas mudanças são boas ou más?
São indiferentes.

Entre o velho PS – um grande polvo de boys com forte implementação autárquica – e este modelo socrático de Silvas Pereiras – um grupelho tecnocrata e pseudo-moderno com ilusões de grandeza – o efeito para o país é o mesmo.
Mudam as moscas.

Agora gostei muito de ver o Narciso na tv a, de forma muito pouco subtil, ameaçar que sabia de muita coisa, e que o melhor seria não lhe apertarem muito os calos.

Era tão giro, não era?

A simples e clara explicação do que é o FCP...

...nas palavras de Tomislav Ivkovic, ao jornal i.

"Essa foi a época em que o Benfica ganhou o campeonato nas Antas no tal jogo em que teve de se equipar no corredor pelo intenso cheiro a bagaço dentro do balneário e resolvido com dois golos de César Brito (2-0). Alguma vez sentiste esse cheiro a bagaço nas Antas?

Sempre.

Como?

Sempre. Mas julgas que o FC Porto só fez isso para aquele jogo específico com o Benfica? Isso era sistemático. É para perturbar, nada mais. Quantas vezes entrei ali e senti coisas estranhas! Se viesses cá à Croácia, mostrava-te umas coisas bem piores. Aquilo faz parte da força do FC Porto. É a intimidação. Para eles, é tudo um jogo. Do princípio ao fim. Por isso é que ganham quase sempre tudo. Pelos jogadores, pela estrutura, pelo futebol, pelo presidente. Mas quem é que não gostaria de ter um presidente como o Pinto da Costa? Por favooor. Dizem mal dele mas, no fundo, até desejavam um líder igual ou parecido na forma de cativar tudo e todos através do discurso, da acção, do método".

Sou tão puta musical, tão puta musical, que mesmo uma tipa hiper-comercialóide como a Lily Allen marcha na mesma

Notícia de última hora: começou hoje oficialmente o período de silly season no Vodka Atónito


Não seria muito mais simpático se os junkies, em vez de nos arrumarem os carros à força, nos cobrassem os mesmos 50 cêntimos por pequenos serviços realmente úteis, como encontrar a puta do comando da televisão que se esconde de propósito sempre que precisamos dele, reunir a papelada para o IRS pelo menos três horas antes da puta do prazo acabar, remover atempadamente a puta da comida esquecida no frigorífico antes que o mesmo se transforme num laboratório de bio-química, emparelhar as putas das meias que se desemparelham sem outro propósito que não o mais puro sadismo ou trazer-nos um novo rolo de papel higiénico quando, sempre nos momentos mais inoportunos, a puta do outro rolo acaba?

Os Heróis do país real

Neste país, o poder e os recursos estão nas mãos de poucos milhares. Estes poucos milhares estão nos gabinetes governativos ou de empresas públicas, nas grandes empresas privadas que dormem com o poder, nos partidos políticos. Todos bem montados, em gabinetes com ar condicionado e secretárias eficientes e bem feitas.
Este poder é a génese de um país esquizofrénico, que ignora os seus. Mais, despreza-os, com o seu cheiro a vinho e a sardinha.
Enquanto os poderosos, que se rebolam no seu poder como pobre parolos que as nossas “elites” são, o interior rapidamente morre. Já não é só a emigração, como noutros tempos, até porque esta se dá agora, com igual força, nas cidades, com a fuga de jovens qualificados, desiludidos com um país no qual não têm espaço, uma vez que todos os lugares de relevância lhes estão tapados. Quem chegou primeiro alapou-se, e não há demérito que os faça saltar do tacho. Quem tem talento e olha para a possibilidade de ter uma boa vida no seu país, não vislumbra qualquer esperança. Não interessa se é qualificado, se é bom, se é competente. A geração que fez o 25 de Abril e a que veio a seguir aburguesou-se, tomou conta de tudo, e aí ficará até morrer. No outro dia, vi na televisão um homem que perdera tudo nas cheias do Paquistão. Chorava e queixava-se do desprezo do Estado perante o seu desespero. Dizia ele: “O Estado é como um pai, tem que valer aos seus filhos quando eles precisam. Se não fizer isso, que tipo de pai é este?”.
Nem mais.
Enquanto o interior, malcheiroso e atrasado, procura sobreviver, os senhores dos gabinetes vão procedendo à sua meticulosa e vertiginosa eliminação. São escolas e hospitais que fecham, estradas que começam a ser taxadas, empregos e oportunidades que desaparecem.
E vem agora o nosso ministro da Administração Interna chorar lágrimas de crocodilo por causa dos incêndios. E falar do estado das matas, do abandono, da falta de cuidado. As matas são o melhor reflexo do que os senhores dos gabinetes estão a fazer a este país. É o abandono, a que se segue, inevitável, a destruição e a morte.
Nestes dias, em que Portugal sofre na carne a chaga dos incêndios que destroem a parte mais bela deste país, há homens e mulheres que, na defesa do que é também nosso, dão o suor, o sangue e a vida. Por entre as chamas, enfrentando o medo, o calor e a exaustão.
O próprio conceito de bombeiros voluntários é de uma ingenuidade e de um anacronismo que me enternece. Não conseguimos perceber este conceito, tal como nos pareceria bizarro haver médicos voluntários ou polícias voluntários, ou homens do lixo voluntários. Mas há bombeiros voluntários. Que nada recebem e que enfrentam a morte. Gente como João Pombo e Cristiana Josefa Santos, dois bravos soldados que perderam a vida esta semana, em pleno combate.

Estes, como todos os bombeiros deste abandonado país, são os Heróis do país real. De nós merecem tudo, ou pelo menos a nossa profunda gratidão.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

"We don't trouble your banana, so please don't trouble our weed" seems to me a perfectly fair proposition


"Yes boss, yes boss, yes boss...
Police in helicopter, a search for marijuana
Police man in the streets, searching for collie weed
Soldiers in the field, burning the collie weed
But if you continue to burn up the herbs, we gonna burn down the cane fields
If you continue to burn up the herbs, we gonna burn down the cane fields

We don't trouble your banana, we don't trouble your corn
We don't trouble your pimento, we don't trouble you at all

So if you continue to burn up the herbs, we gonna burn down the cane fields”

Inovação


Quando há uns anos fui a Estocolmo, verifiquei que os parques infantis estão equipados com brinquedos e, surpreendentemente, ninguém os rouba. O povo sueco é ainda tão primitivo que não compreende que a transacção económica que melhor permite maximizar os ganhos e minimizar os custos é o furto discreto e bem sucedido. Os tugas, pelo contrário, estão muito mais avançados nesta matéria, porque estão imersos numa cultura permanente de inovação habitualmente designada por “chico-espertismo”. Uma das aquisições mais recentes do chico-espertismo-luso foi a de entrar num hipermercado com uns sapatos velhos calçados, remover as chapas de alarme de uns sapatos novos, e sair do hipermercado com esses sapatos calçados, sem pagar um tusto nesta subtil transacção. Além dos óbvios ganhos para o chico-esperto, esta transacção também é extremamente útil para o estabelecimento comercial, porque o obriga também a adoptar uma cultura de inovação no combate ao chico-espertismo, tendo já os hipermercados providenciado alarmes invisíveis incorporados nos próprios artigos. É nesta espiral permanente de “chico-espertismo, contra-chico-espertismo, novo chico-espertismo” que o nosso país evolui. A Suécia só é inovadora no futebol feminino.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Little "Gabriel Alves" Bastard II

Prosseguimos a nossa pequena saga com a antevisão do que poderá ser a época da coisa que eu mais odeio neste mundo, em igualdade pontual com a Rita Ferro Rodrigues e as iscas. É verdade, vamos falar do Futebol Clube do Porto (peço antecipadamente desculpas por conspurcar o ar do estabelecimento).

Ora eu cá acho que, em termos de equipa, os tripeiros não são grande espingarda. Ou aliás, em termos de jogadores, porque entre estes e uma equipa vai uma boa diferença. Lá chegaremos.

A saída de Bruno Alves foi fundamental. Foi muito bem vendido, em termos de guita, mas é um "jogador" que faz muita falta. Não tanto na porrada que dá, mas pela influência que tem no resto da equipa, a sua capacidade de liderança, o facto de incorporar muito bem o que se chamou de "jogar à Porto".

Para mim, que nasci no final dos anos 80, "jogar à Porto" é assim: dar porrada à grande, atirar-se para o chão quando o adversário passa lá perto, pressionar os árbitros, comprar os árbitros, comprar o sistema (aquelas cenas da liga e na sei quê), jogar com ganas, com agressividade, com espírito de grupo e sede de vitória. Não se pode entender o Porto sem entender tudo isto. Não é só os árbitros, e não é só a sede de vitória. É tudo junto, e isso torna uma equipa temível.
E achava eu que, saíndo o Burro Alves e possivelmente o Meireles (este sim um belíssimo jogador), e com um treinador que tem ar de betinho que anda de barco à vela em Espinho, mentalmente a equipa tripeira se iria abaixo.
O Porto não pode correr o risco de passar dois anos sem ganhar o campeonato. Já perdi a conta aos anos que passaram desde a última vez que isso aconteceu. Para mim, enquanto benfiquista, ganhar dois anos seguintes aproxima-se de matar o monstro. Acho que isso seria essencial para termos um futebol mais limpo, mas quem pensa que o sistema morreu está muito enganado.
Ora esta necessidade de ganhar  - "operação de resgate", dizem eles, na sua arrogância, como se o título fosse uma coisa que lhes estivesse reservada - acrescenta pressão. Sem Meireles, sem Burro Alves e com o Vilalobos a treinador, pensei eu, a coisa vai dar merda. Helton, Falcão ou whoever não sentem o Porto, Moutinho é lagarto, etc, etc.
Tudo isto me saiu furado com a prestação do Porto face ao Benfas, na Supertaça. Pelo que li, deram-nos um banho. Como seria normal e expectável, fizeram o jogo da sua vida, espumando sangue dos dentes, comeram a relva e isso, conjugado com a sorte do jogo e os erros do Benfica, deram o resultado natural.
E é isto que eu temo no Porto. Esta raiva, esta vontade de ganhar, este ódio, até. São quem são por isso. É por isso que digo: jogadores não têm grande coisa, mas podem perfeitamente ter uma equipa. E quando o Porto tem uma equipa, é muito difícil de travar.

É claro que isto foi só um jogo, e os problemas de liderança/balneário podem sempre aparecer quando as coisas começarem a correr mal, visto que todas as equipas têm boas e más fases. Mas, no momento em que estavam antes da Supertaça, uma vitória do Benfica teria precipitado tudo, teria colocado dúvidas na cabeça dos jogadores e dos adeptos. Por isso foi importante para eles a vitória, e que significa muito mais do que um caneco. É o primeiro sinal de que ninguém deve, nunca, subestimar os tripeiros.

Em termos de contratações, aquilo parece-me tudo mais ou menos merda. Tal como no ano passado, não têm banco, talvez 3 ou 4 jogadores que possam entrar no 11 sem se notar, mas não mais que isso. Por isso, como destaques do plantel destaco alguns bons que já lá estavam: Falcao, um belíssimo jogador, o rapaz Varela, o precioso Fernando e os dois laterais, o beiças e o Fucile. 

Se alguém duvida do tipo de época que o Porto pretende fazer, basta ouvir as palavras do treinador no fim da Supertaça. Diz ele que o jogo foi "um grito de revolta pela época passada", e que o Porto já tinha mostrado algo semelhante nessa época "quando o Benfica quis conquistar o título onde não devia", ou seja, referindo-se àquele jogo/guerra civil/não passou nada do estádio do Dragão. 
Tem pouco tempo de casa, mas já aprendeu a cartilha, tal como Micaela e o Mortinho. Devem ter um curso rápido, ou hipnotismo, ou coisa assim.
O discurso é o clássico e já vem do tempo do José Maria Parolo: é o Porto contra o mundo, sobretudo contra o Benfica. E coitadinho, está debaixo do ataque de todos, blá blá blá. Já o conhecemos, e costuma ser eficaz. Grito de revolta pela época passada? Porquê, aconteceu alguma coisa com a Académica, o clube treinado por este senhor? Está a referir-se ao facto de o Braga não ter retribuído o apoio implícito do Porto e lhe ter roubado o acesso à Champions? Não sabemos. Nem interessa. Interessa é fomentar a guerrilha, porque é aí que eles são bons.

Dito isto, e se o Porto conseguir arranjar um bom central e mantiver a concentração e a calma nos momentos maus, acho que é claramente candidato ao título, tanto como o meu Benfica, e bastante à frente dos lagartos.    

Naturalmente, espero que percam todos os jogos, incluindo ping-pong e bilhar de bolso.