sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Os pós-modernaços

Eu não sou tipo de traçar objectivos no revelhão. Logo se vê, é o melhor. Mas a minha grande promessa para dia 1 de Janeiro é que continuarei a fumar, assim que a ressaca me deixar.
No dia 1 entra em vigor mais uma lei fantástica no nosso país, a do anti-fumo, a dos anti-fumadores, a do salvem-as-criancinhas, a do vamos-limpar-por-cima-e-atirar-a-merda-para-debaixo-do-tapete.
Como é óbvio, acho bem que as pessoas não levem com o meu fumo. Acho bem que as criancinhas não ganhem cancro aos 3 anos de idade porque eu, ganda malandro, saquei de um Camel depois de destroçar uma travessa de cozido à portuguesa. E acho bem que haja espaços diferenciados para quem fuma e para quem não o faz. E, já agora, que as criancinhas que me berram aos ouvidos num restaurante ou num avião fossem transferidas para uma ala especial, dedicada a quem tem paciência para isso.
O meu problema é outro.
É que esta lei é apenas mais um sinal da cruzada pela pseudo-saúde, e pela superioridade, inclusivamente moral, dos limpinhos. Sim, aqueles que se deitam a horas decentes, cumprem o horariozinho, vêm a Praça da Alegria e não bebem café à noite porque senão não dormem. Odeio o ar presunçoso com que alguns colegas de trabalho - os limpinhos - me dizem, quando me vêm de cigarro na mão, "a partir de 1 de Janeiro acabou-se, ehehe".
Cambada de palhaços.
Não vou entrar sequer na conversa do quanto dinheiro eu dou a ganhar ao Estado - e que serve também os limpinhos - pelo facto de fumar. Não interessa.
Mas esta lei é mais um marco do Portugal modernaço. O Portugal de Sócrates é, cada vez mais, um país modernaço. E mais atrasado, é claro, porque o modernaço é a tarefa básica de quem é demasiado preguiçoso para tentar realmente ser moderno. Tantas preocupações com a saúde do povo português toca-me o coração. A sério. Depois acabam de fechar mais três urgências hospitalares no interior, mas pronto, não se pode ter tudo. Desde que haja uma medida mediática, uma lei modernaça (o Sócrates andou a oferecer GPS topo de gama aos membros do Governo), então tudo está bem, podemos todos dormir descansados.

Dia 1 de Janeiro, continuarei a dar dinheiro ao Estado. Almoçarei num restaurante que me permita fumar um cigarro com o café, que para mim faz parte da refeição. E terei de aturar as piadolas dos limpinhos, enquanto correm para casa para dobrar o pijaminha a horas.
É a vida.
O Natal

Finalmente acabou, é a primeira coisa que me aptece dizer. Eu não desgosto do Natal, mas isto tem muito menos piada quando se é suposto ser adulto. Aliás, um gajo percebe que é adulto quando oferece prendas melhores do que as que recebe. "Quanto tive filhos deixei de comer pernas de frango, tive que me dedicar às asas, que ninguém gosta", dizia-me o meu pai antigamente. Se calhar tem a ver com isso.
Os cínicos, como eu, tendem a não gostar do Natal. Gostam de dizer mal do Natal, isso sim.
Quero partilhar uma imagem que me ficou, quando estive uma hora à espera da minha mãe no Cais do Sodré, na véspera de Natal. A estação estava estranha, com pouca gente e poucos comboios para um dia de semana. Entre os passageiros, o português do Paraná (e aquela merda do aborto ortográfico, hã?) era o mais parecido com a nossa língua que se conseguia ouvir.
E, no meio dos poucos passageiros, naquela noite gelada em que todos os cafés estavam fechados (e eu cheio de dores de cabeça e a morrer por uma bica), estava um homem na plataforma.
50 e tal anos, de pele escura e ar magrebino. Rosto cansado, dorido, batido pelo trabalho, provavelmente. Ia apanhar o comboio para Cascais, onde aparentemente iria ter com a sua família. Nas mãos - e isto foi o que realmente me impressionou - tinha duas coisas: uma caixa com um bolo e um ramo de flores, de aspecto pobre e simples.
Ia ter com a sua família, e levava um bolo e flores, para a sua mulher, talvez?...
E o Natal é para estas pessoas. Para quem sofre diariamente, muitas vezes num país que não é o seu, lutando de manhã à noite por um salário de miséria. É para eles, para quem a família os leva a sacrifícios impensáveis para nós, niilistas de pacotilha.
O Natal não é para nós, os cínicos, os irónicos profissionais.
É para os velhos - e que chatos eles conseguem ser - e para os solitários, que às vezem conseguem ignorar essa solidão por apenas um dia, uma noite que seja.
O Natal é para aquele homem na plataforma, à espera do comboio para Cascais, com um bolo numa mão e um ramo de flores na outra.

Bom Natal para todos, meus amigos.
Blogs 2007

Não me apetece escrever, mas menos me apetece mamar com a fronha do José Bosingwa cada vez que visito este antro. Assim - e porque apagar o último post está fora de questão, e porque é fim-do-ano, hoje sei lá porquê escritinho com hífens, e porque acabei de comer o arroz de pato que trouxe de casa, que ando a perder poder compra vai para mais de seis anos e não me permito ir a restaurantes, e me sobra ainda algum tempo - venho aqui fazer um rápido apontamento ("Ele é burro. Nem sabe fazer um apontamento", dizia o meu querido Avô do próprio irmão, com crueldade e graça. E tenho saudades dele) sobre blogs.
Assim tipo prémios. Que não valem nada. Quase tão nada como um globo de ouro do Balsas.

É todo um então é assim:

Melhor blog: o aqui linkado Olhe que não, shô Doutor! Olhe que não...
Melhor blogger apesar de: maradona.
Melhor blogger mesmo: Senhor Doutor besugo.

Tudo gente do sporting.
Puta de escolha, também lhes digo.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Só para dizer que se o Benfica mais logo não ganhar ao Estrela, virei aqui dizer que, para mim, o José Bosingwa é o melhor jogador português. E é.


terça-feira, 18 de dezembro de 2007

O cúmulo das ironias é...

... o director regional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) do Algarve, ser um senhor cujo apelido é Van der Kellen.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Mail da semama (pelo menos até hoje, quarta-feira)

Estas são piadas retiradas do livro 'Desordem no tribunal'. São coisas que as pessoas realmente disseram, e que foram transcritas textualmente pelos taquígrafos, que tiveram que permanecer calmos quanto estes diálogos realmente aconteciam à sua frente.

Advogado : Qual é a data do seu aniversário?
Testemunha: 15 de julho.
Advogado : Que ano?
Testemunha: Todo ano.


Advogado : Essa doença, a miastenia gravis, afeta sua memória?
Testemunha: Sim.
Advogado : E de que modo ela afeta sua memória?
Testemunha: Eu esqueço das coisas.
Advogado : Você esquece... Pode nos dar um exemplo de algo que você tenha esquecido?


Advogado : Que idade tem seu filho?
Testemunha: 38 ou 35, não me lembro.
Advogado : Há quanto tempo ele mora com você?
Testemunha: Há 45 anos.


Advogado : Qual foi a primeira coisa que seu marido disse quando acordou aquela manhã?
Testemunha: Ele disse, 'Onde estou, Bete?'
Advogado : E por que você se aborreceu?
Testemunha: Meu nome é Célia.


Advogado : Me diga, doutor... não é verdade que, ao morrer no sono, a
pessoa só saberá que morreu na manhã seguinte?


Advogado : Seu filho mais novo, o de 20 anos...
Testemunha: Sim.
Advogado : Que idade ele tem?


Advogado : Sobre esta foto sua...o senhor estava presente quando ela foi tirada?


Advogado : Então, a data de concepção do seu bebê foi 08 de agosto?
Testemunha: Sim, foi.
Advogado : E o que você estava fazendo nesse dia?


Advogado : Ela tinha 3 filhos, certo?
Testemunha: Certo.
Advogado : Quantos meninos?
Testemunha: Nenhum
Advogado : E quantas eram meninas?


Advogado : Sr. Marcos, por que acabou seu primeiro casamento?
Testemunha: Por morte do cônjuge.
Advogado : E por morte de que cônjuge ele acabou?


Advogado : Poderia descrever o suspeito?
Testemunha: Ele tinha estatura mediana e usava barba.
Advogado : E era um homem ou uma mulher?


Advogado : Doutor, quantas autópsias o senhor já realizou em pessoas mortas?
Testemunha: Todas as autópsias que fiz foram em pessoas mortas...


Advogado : Aqui na corte, para cada pergunta que eu lhe fizer, sua resposta deve ser oral, Ok? Que escola você freqüenta?
Testemunha: Oral.


Advogado : Doutor, o senhor se lembra da hora em que começou a examinar o corpo da vitima?
Testemunha: Sim, a autópsia começou às 20:30 h.
Advogado : E o sr. Décio já estava morto a essa hora?
Testemunha: Não... Ele estava sentado na maca, se perguntando porque eu estava fazendo aquela autópsia nele.


Advogado : O senhor está qualificado para nos fornecer uma amostra de urina?


******* Essa é a melhor ********

Advogado : Doutor, antes de fazer a autópsia, o senhor checou o pulso da vítima?
Testemunha: Não.
Advogado : O senhor checou a pressão arterial?
Testemunha: Não.
Advogado : O senhor checou a respiração?
Testemunha: Não.
Advogado : Então, é possível que a vítima estivesse viva quando a
autópsia começou?
Testemunha: Não.
Advogado : Como o senhor pode ter essa certeza?
Testemunha: Porque o cérebro do paciente estava num jarro sobre a mesa.
Advogado : Mas ele poderia estar vivo mesmo assim?
Testemunha: Sim, é possível que ele estivesse vivo e cursando Direito em algum lugar!!!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Bono Vox


quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Pub

Eu cá gosto de publicidade. Sempre gostei, mesmo quando éramos putos e dava sempre os mesmos três anúncios. E gosto dos bons e dos maus. Gosto mesmo mais do que quase toda a programação. E de todo o tipo de produtos, também. Bebidas, claro, em que te tentam convencer a beber que nem um javardo, mas sendo um gentleman, cheio de classe e moderação. De pensos higiénicos, em que normalmente há gajas boas e andam sempre de cuecas, não sei porquê. Do Malibu, a gozar com os pretos seriamente na boa.

Serve este entróito para falar de algumas campanhas que, por motivos diferentes, me têm chamado a atenção.

1 - A Popota.
Mas quéstamerda?! Aparece um boneco animado todo tecnológico, a atirar para o gorducho, a dançar na TV com uns gestos libidinosos ao som de um 'ripoff' da Gwen Stefani? E depois fala-se do "Natal da Popota", e mai na sei o quê?
Who the fuck is Popota?!
Como se atrevem estes imbecis?!
Popota? E metem adultos, quer dizer, uns seres das novelas que dizem que são famosos, a dizer para apoiarem o Natal da Popota? Será que esta malta tem consciência do ridículo que é estarem a falar como um bébé de x meses (não percebo nada de bébés, não sei quando começam a falar. Um ano, talvez?...)?
E que é feito da Leopoldina? Sim, essa galdéria, que também era uma boa merda mas ao menos tinha um nome como deve ser, não se chamava Pôpôdina!


2 - Cerveja Tagus.
E aqui as coisas complicam-se. Eu nunca peço Tagus, nem me lembro que existe, gosto de Superbock e de Sagres Mine e, no Verão, marcha uma Carlsberg fresquinha. Mas já provei a Tagus, e até é bem boa.
Os tipos tinham uma campanha que proclamava o "Orgulho Hetero".
Ui, ganda bronca em que eles se meteram.
Os críticos dos jornais ficaram malucos, a blogosfera a ferro e fogo, pelo grande mau gosto da campanha.
Eu também não gosto da campanha. Mas gosto ainda menos desta merda desta mania do politicamente correcto e "se disserem orgulho hetero estão a discriminar os homossexuais". Não! O que os homossexuais e os politicorrectos ainda não perceberam, é que EU ME ESTOU OLIMPICAMENTE CAGANDO PARA OS HOMOSSEXUAIS. E para os heterossexuais, e para os sócios do Gil Vicente e para o Chavez e o Rei de Espanha. Who cares?
Quando olho para uma rapariga, estarei a ser discriminatório para com os gays? Pelo andar das coisas talvez...
Isto faz-me lembrar um tipo de onde eu trabalho, que hoje me disse uma coisa fantástica: "Eh pá, ontem a minha mulher quase não me deixava entrar em casa por causa do cheiro dos vossos cigarros".
Eehehe, que giro.
O que é estranho é que ele supostamente não é capado, nem nada.
Bom, adiante.
A campanha é uma merda, mas pior são as críticas enfurecidas, que por acaso vieram todas de heterossexuais bué preocupados com o bem-estar da comunidade gay. Esta, presumo eu, estará ainda a viver normalmente como sempre faz, em vez de andar em cruzadas ridículas contra moinhos de vento.
E a cerveja é boa. E tem um anúncio ali na Cril, que é uma senhora com um senhor decote que até distrai os olhos da estrada. Mas isto se calhar também devia ser proibido, não sei, não tem nenhum gajo de cu espetado e rego à mostra a brincar com a garrafa.


3 - Os Gato Fedorento
O que dizer? Uma bela merda. Falta de piada e..., bem, falta de piada. Mesmo.


4 - A dos deficientes que começou agora a dar na TV
Parece que a ideia é que não devemos tratar os deficientes como coitadinhos, mas sim normalmente. A mim parece-me normal avisar um cego que vai dar de mona numa parede, mas os senhores que fizeram o anúncio acham que não. Fazem aquilo como se os deficientes estivessem completamente fartos de nós, dos "normais", que não os largamos a querer ajudar. É claro que isto é mentira, continua a haver muita exclusão e falta de vontade em ajudá-los.
Mas enfim.
Eu, por mim, nunca mais ajudo a ceguinha a sair do metro. Já não é cool.
Fly By Lisbon

Há coisas um bocado difíceis de entender, sobretudo para gente burra como eu.
Atão na era para ser aeroporto de Lisboa?
Primeiro a Ota, que francamente ninguém sabe onde fica mas é para cima.
Depois Alcochete, podiam terraplanar o Freeport e era na boa.
Depois Montijo, terra de campinos e maçaricos de autocolante monárquico na traseira da viatura.
E o que é engraçado é que o Governo continua a dizer - e conseguindo manter uma cara séria - que isto se trata do aeroporto de Lisboa. Claro que é mentira, Lisboa já tem ali uma coisa que é parecido com um aeroporto, onde a malta vai perder as malas, tem mas vai deixar de ter.
E por que não Chaves? Alhandra? Nas Berlengas?
O Vodka apurou, ao fumar uma substância chegada pelo correio, que o nosso executivo tem dois projectos em estudo, que passo a enumerar.

1 - Mudar o nome do país para Lisboa. Assim, faziam o aeoroporto lá no meio da merda, onde quisessem e não houvesse ouriços em extinção, e ninguém podia dizer nada.

2 - Fazer uma marina no Alqueva, e chamar-lhe aeroporto de Lisboa.

Sempre à frente, o nosso PM.