sábado, 30 de agosto de 2008

A Rebeldia iPhone

A SIC montou uma gigantesca campanha de promoção para a sua nova série/novela/monte de merda, que dá pelo nome de Rebelde Way.
Depois de anos a apanhar bonés, percebeu que a melhor maneira de combater a morangada da TVI era...imitar. É lógico. Era inevitável.
Depois de 20 minutos a ver a nova série (o que me provocou uma crise de cólicas da qual só um dia depois começo a recuperar) sinto-me preparado para uma análise.
Bora lá.
A fórmula é a mesma nos dois canais. Aqui fica a receita:

1 - Pitas boas. Muitas, quanto mais descascadas melhor (as séries de verão são, naturalmente, as melhores, porque eles vão todos juntos para a praia).
2 - Gajos "estilosos". A coisa divide-se em dois: há aqueles que têm quase 30 anos mas fazem de adolescentes, e depois há os que são mesmo adolescentes. Estes últimos são aqueles que se levam a sério enquanto "actores". O requisito essencial para qualquer gajo que entre nestas séries é ter um penteado ridículo.
3 - O Rebelde Way tem gajas do norte. Fazem de gajas daqui, mas aquele sotaque é fodido de perder. Fica ridículo, mas as gajas são boas.
4 - Nos Morangos, a palavra "pessoal" é dita 53 vezes por minuto, normalmente inserida nas frases "Eh pá, pessoal!", no início de cada conversa, ou então "Bora lá, pessoal", antes do início de qualquer actividade.

Agora vamos à bosta que a SIC acabou de parir, com pompa, circunstância, varejeiras e mau cheiro.
Chama-se Rebelde Way. Cool, man! O slogan dos Morangos era "Geração Rebelde", mas a inspiração deve ter vindo de outro lado, de certeza. O que me irrita na poia da SIC é que os gajos são todos betinhos (até os mânfios são todos giros e cool e com uma caracterização ridícula, como se fossem a um baile de máscaras vestidos de agarrados ou arrumadores de carros). Mas depois são bué rebeldes. São bué mauzões, man! A brincar com os seus iPhone, com as suas roupinhas fashion, grandes vidas, mas muita mauzões.
Se há algo que esta geração de morangada não pode ser, não tem direito a ser, é ser rebelde. Rebelde porquê, contra quê? Nunca houve em Portugal geração mais privilegiada do que a actual à qual esses putos pertencem. Nunca qualquer puto teve tanta liberdade e tanta guita no bolso como esta malta. Nunca as pitas foram tão boas e tão disponíveis para foder com a turma inteira como agora. Nunca houve tamanha liberdade de mandar os pais à merda e exigir uma melhor mesada porque é altura dos saldos. Rebelde porquê? Em nome de quê?
É claro que isto são pormenores com as quais as novelas não se deparam, nem têm de o fazer. O objectivo é simples: para uma geração tão privilegiada como aquela que é retratada, há que criar uma rebeldia fictícia, porque não é cool ser dondoca aos 16 anos. Mas é o que todos eles são.
Há uns tempos vi, no largo do carmo, um bando de aí uns 15 putos e pitas, vestidos à dread com roupinha acabada de comprar na Pepe Jeans. Um dos putos que ia à frente, não devia ter mais de 16 anos, vem a falar à idiota como se fosse dono da rua, saca duma lata de tinta e escrevinha qualquer coisa de merda na parede. Todos se riram, todos adoraram, e ele foi, durante cinco minutos, o maior do bairro. Não fiz nada, mas devia ter-lhe partido a boca toda.
Todas as últimas gerações antes desta (incluindo a minha, a Geração Rasca, que se transformou na Geração Crise - bem nos foderam com esta merda) tiveram de furar, de lutar, de fazer algo. Havia uma alienação mais ou menos real, que depois se podia traduzir nalguma forma de rebeldia. Não era o 25 de Abril como os nossos pais. A nossa revolução é a dos recibos verdes e da consolidação orçamental. Mas esta morangada sente-se, devido à merda que a televisão lhes serve e aos paizinhos idiotas que (não) a educaram, que é dona do mundo. Quando já és dono do mundo, vais revoltar-te contra quem? E por que raio haverias de o fazer?!
E assim vamos nós.
Com novelas de putos "rebeldes", feitas por "actores" cujo momento de glória é entrar numa boys band ou aparecer de cu ao léu na capa da FHM, ensinando a todos os outros putos que temos que ter cuidado com as drogas (mas todos os agarrados são limpinhos, assépticos, com os mesmos penteados ridículos), que a gravidez adolescente é má (mas todas as pitas querem foder à grande, porque são donas da sua própria vida e os pais não sabem nada, etc) e que, sobretudo, este mundo lhes deve alguma coisa.
Os tomates.
A mim e aos meus, o mundo deve alguma coisa. Aos que foram atrás da merda do canudo para trabalhar num call center, aos que se matam a trabalhar e são forçados a ser adultos antes do tempo. Não a esta cambada de mentecaptos.
E depois estas séries vão retratando "problemas sociais da juventude", afagando a consciência de quem "escreve" aquela merda, enquanto ao mesmo tempo incentivam esta visão egocêntrica, egoísta e vácua desta geração acabadinha de sair do forno.
Talvez eu esteja a ficar velho e a soar como o meu pai. Lamento se não é cool.
Mas esta merda enoja-me.
Exercício dispensável de futurologia que me pode garantir ser gozado à grande daqui a umas horas

Acho que hoje somos capazes de encavar os tripeiros.

sábado, 23 de agosto de 2008

Desaparecidas em combate

Pode parecer disparatado, mas tenho a desconfiança de que, quando conseguirem encontrar a Manuela Ferreira Leite, a pequena Maddie estará com ela.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Portugal dos pequeninos

E pronto, parece que é desta que a malta não ganha medalha nenhuma nos jogos olímpicos. Este certame é, na verdade, um acumulado de momentos bastante aborrecidos, com duelos de badminton, lançamento de várias coisas e que, este ano, está a ser dominado, em termos de atenção mediática, para um dos desportos mais chatos de todos os tempos, a natação.
Eu cá até gostava dos JO nos 80´s, quando ainda havia no ar um restinho de guerra fria e eu torcia pelos russos contra os americanos. Hoje em dia nem isso há.
Voltando aos tugas.
Zero medalhas, provas de merda, críticas à arbitragem (já há apito dourado no judo?), enfim, o costume, desde que os tugas deixaram de ser um povo de lingrinhas desgraçadinhos que se matavam todos nas horas vagas para correr maratonas de 40 km e provas de ciclismo de 200 km. Agora há playstations, e 50 canais de televisão, e pornografia acessível, à borla, na internet. Isto, quer queiramos quer não, altera um bocado as prioridades da malta. Mas ouve-se os atletas tugas, e algo não bate certo no seu discurso. É tudo "estou contente, bati o meu record pessoal", "dei o meu melhor, já foi bom competir com os melhores do mundo", etc, e depois ficam em último. Os portugueses são os campeões mundiais do desportivismo, os únicos que levam à letra a história do "o que interessa é participar". A não ser que sejam os Jogos sem Fronteiras, claro, porque nessa merda Santo Tirso ou Loulé não deixavam os cabrões dos suíços e dos san marinenses chegar nem perto do primeiro lugar.
É uma questão de mentalidade. Vamos para lá pedir desculpa por existirmos. Eu compreendo. A sério. Os outros são muita bons, vivem para aquilo, têm condições fabulosas para treinar. E nós somos tugas, "lamento incomodar, mas acha que me deixa correr aqui na pista 4? Eu não incomodo ninguém, nem vão perceber que eu estou aqui, brinquem lá a essa coisa das medalhas, eu só vou correr aqui um bocadinho para aparecer na televisão".
É-me absolutamente indiferente que a gente traga ou não medalhas, muito francamente. Mas, para quem torce por aquilo, talvez seja altura de começar a perguntar porquê.

PS - Francisco Obi-Coelho, esse grande sprinter nigeriano ali da zona de Serpa, vai abandonar a carreira. Foi bom enquanto durou. Que tal hipotecarmos o país e naturalizarmos o Phelps?

terça-feira, 12 de agosto de 2008

A Tasca do Adriano



Ontem a SIC exibiu a reportagem "especial" feita no El Bulli, considerado por muito boa gente o melhor restaurante do mundo. O que temos na foto é qualquer coisa como beterraba caramelizada e mais não sei quê.

Chocou-me particularmente uma parte da reportagem em que se constatava que o chefe Ferran Adrià tinha que meter do seu bolso, todos os anos, cerca de 600 mil euros para colmatar o buraco feito pelo desperdício de comida. Todos os dias chega comida ao restaurante e além das ervilhas amolgadas que não passam na inspecção e das ostras defeituosas?! que não tem direito a desfilar na passerelle, toda a comida que sobra não é aproveitada para o dia seguinte. Uma coisa que sempre me fez confusão é a comida que se desperdiça nos restaurantes, um restaurante só é bom se servir uma dose para uma pessoa que dá para dez e da qual se come duas colheradas e o resto, muitas vezes, vai para o lixo.

Não sou um fundamentalista da ecologia, mas numa altura em que o planeta e a carteira estão cada vez mais nos ais e que até está na moda ter uma consciência ecológica, pergunto-me se não faria sentido campanha de sensibilização ou mesmo medidas concretas para minimizar este problema. Porque não meter a ASAE a avaliar o nível de desperdício nos restaurantes? Não é por mim, é pelos outros!

Será que também não devia ser um factor a ter em conta na eleição do melhor restaurante do mundo? Ou só o que interessa é a descobrir a nova maneira de acelerar as partículas do açúcar, de modo a obter um caramelo ionizado que se verte por cima de uma cama de espargos gelificados por azoto líquido?

segunda-feira, 11 de agosto de 2008


Um bom trabalho

Como passo a vida a dizer mal, e o blog precisa de desanuviar em tempo de crise, aqui vai uma coisa boa. A série da RTP "Conta-me como foi" tem tudo. Um óptimo elenco, um bom trabalho de pesquisa, bons textos, e aquela inocência que nos lembra o país que nós já fomos, no mau que se foi embora e no bom que se perdeu. É um bom trabalho, e provavelmente a melhor série da televisão portuguesa nos últimos 20 anos.
Enquanto a maior parte dos canais prefere apostar no fácil e barato - morangadas e malucos do riso com gajas de bikini e piadas mais velhas que o cagar de cócoras - é refrescante ver a RTP cumprir, ainda que esporadicamente a sua missão.
Um exemplo.

O Homem

Morreu Isaac Hayes. O autor de "Shaft", "Soulsville", "Out of the ghetto" ou "Black Moses". Um tipo muito talentoso que mostra aos meninos que andam pela MTV aos saltos, em clips de gajas de bilha à mostra e carros bimbos, o que é o poder e o valor da música negra.

Respect.

domingo, 10 de agosto de 2008

VIVA PORTUGAL

Há uns posts atrás, escrevi acerca do StarTrackers, aquela cena que serve supostamente para estimular o "Talento Português". Recebi uma mensagem, através desse sistema, que gostaria de partilhar convosco. É de um tal de Ricardo Diniz, que é o velejador de que falei nesse outro post. Façam-me o favor de ler o que vem abaixo.

Star Power Request:
Volta ao mundo por PORTUGAL
Posted by: Ricardo Diniz
O meu nome é Ricardo Diniz e sou, entre outras coisas, velejador solitário. Desde os 8 anos que sonho com o objectivo de fazer a volta ao mundo à vela sozinho. Desde então que me dedico todos os dias a reunir as condições necessárias para aprender e atingir.

Com muito esforço pessoal e financeiro conseguimos trazer para Portugal uma regata de volta ao mundo! Trata-se da primeira competição do género a começar e acabar em Portugal e uma fantástica oportunidade para Portugal se promover e posicionar num mercado global com valores de tecnologia, inovação e qualidade.

Esta regata, a Portimão Global Ocean Race, precisa de ter um velejador de Portugal. Faz sentido. É o que todos esperam. É consistente com o mar que fez de Portugal o País dos Oceanos. O barco será um formidável e relevante veículo de promoção de Portugal.

Os padrinhos do meu projecto são Luís Figo e Catarina Furtado.

Precisamos de €1M.

Ideal Scenário Budget Breakdown:
Stage 1 - €450k o mais depressa possível para comprar o barco e iniciar as obras de adaptação, encomendar velas novas e muito, mesmo muito material. Até a comida tem de ser já encomendada.
Stage 2 - €100k até 25 de Agosto para activar a equipa em terra, comunicações satélite para partilhar a viagem com escolas e imprensa e muitos outros pormenores.
Stage 3 - €50k até 12 de Outubro - LARGADA! - Contas finais a pagar a fornecedores.
Stage 4 - €380k até 10 de Abril 2009 - Comunicações, equipa em terra, logística, manutenção, velas novas, etc

Durante a viagem será dado seguimento ao Projecto Escolas que já desenvolvemos desde 1996. Milhares de crianças irão aprender geografia, história e matemática seguindo o pequeno veleiro à volta do mundo. A própria organização da regata tem um programa educativo impressionante. Queremos também reforçar a iniciativa MIL ao MAR, para levar o máximo número de crianças a conhecerem o mar de perto, à vela.

Apelo à rede para me ajudarem a atingir este objectivo com os vossos donativos, contactos e sugestões. O ideal seria termos um Title Sponsor que nos ajudaria, desde já, a comprar o barco e a fazer as alterações necessárias para ele aguentar bem a volta ao mundo. Precisamos comprar tempo e aproveitar cada dia ao máximo. Enquanto isso acontece iriam entrando outros parceiros bem como donativos individuais. No entanto, seguindo a sugestão de muitos Strackers, apenas com os vossos donativos é possível atingirmos o bolo total.

Confesso que não estou habituado a fazer este tipo de pedidos individuais, daí ter focado todos os nossos esforços nos últimos 12 anos na busca de parcerias corporativas. Mas aceitei o pedido do Tiago Forjaz para fazer este apelo à rede, e olhando para o feedback recebido até agora, acredito que poderemos estar prestes a fazer história de uma forma absolutamente notável.

O nome de cada pessoa e empresa que apoiar este projecto será colocado no casco do barco e no nosso site, como forma de agradecer e reconhecer o vosso contributo.

Nota curiosa: Um velejador do Canadá teve sucesso numa iniciativa semelhante com cerca de 5000 donativos. Até deu para construir o barco de raiz, num budget total muito superior ao nosso: www.spiritofcanada.net.

Se o Canadá consegue, nós também conseguimos.
Conto com o vosso apoio para levar mais longe o nome de PORTUGAL!
Ricardo Diniz


Well, well, well.
Por onde começar? Adoro tudo. Adoro o tom, o esquema, os objectivos. Aliás, acho que não devem ser só os gajos do StarTracker a ajudar. Também nós todos devíamos fazê-lo. Afinal, ele só precisa de um milhão! Um milhãozito! Para comprar um barquito! E é tudo em nome de Portugal! Para promover Portugal!
De facto, esta coisa promove bastante o Talento Português. E que maior talento português existe do que enganar o próximo com um esquema manhoso? Na verdade, esta rede está claramente a cumprir os seus objectivos.
Há gente com uma lata fabulosa.
E há otários para tudo.
Jornalismo de Sarjeta

O Expresso, esse jornal que faz gala de ser um semanário sério, continua a descer o nível. Na ausência de notícias, faz capa inteira com o primo do Leyrielton, ou Sidneilson, ou lá como se chama o assaltante do balcão do BES que levou um balázio da bófia. O Expresso é o jornal que os portugueses leem pela mesma razão que comem bitoque, porque sim. Dá estilo ir à bomba lavar o carrito e trazer o Expresso, para estarem informados. O nível deste semanário anda a descer há vários meses, mas agora a vergonha parece ter acabado de todo. Esse senhor que morreu é irrelevante. Se tivesse vivido mereceria tal destaque? O seu primo teria uma citação gigante na capa do Expresso? Qual é a informação relevante que têm para o leitor? Nada. É só cavalgar a onda da merda mediática. Dá menos trabalho do que procurar notícias, que era o que deviam estar a fazer.
Por outro lado, o DN continua o seu caminho em direcção ao esgoto. Uma revista que publica às sextas, a Notícias TV, está cheia de fotos de gajas em topless e do cu da Carolina Patrocinio (não nego os seus atributos). Já o nome da revista me parece estranho, já que notícia não tem nenhuma. É mexericos, morangada, namoros e desamoros. Tudo bem, porque esse meio das novelas à portuguesa alimenta-se do fenómeno, numa relação toma lá/dá cá em que todos beneficiam. Para o meu gosto é uma merda mas, para além disso, às vezes vai-se longe demais. Há algumas semanas publicaram umas fotos de Santana Lopes, na praia, com duas gajas novas. Num texto a atirar para o malandrote, dizia-se que era evidente a proximidade de Santana com uma delas, e terminava dizendo que Santana tinha passado toda a tarde "em boa companhia...", e acabava assim, com os três pontinhos marotos.
Azar dos azares, a moça é filha do Santana.
Ele escreveu uma carta ao DN, protestando e com razão, no meu entender. Terminou a sua missiva dizendo que "por estarmos na silly season não se criou o direito de escreverem silly things".
E tem razão.
O director da Notícias TV, com quem por acaso trabalhei há uns sete anos, respondeu, dizendo que não fez nada de mal, que não é incorrecto dizer que Santana passou a tarde em boa companhia, já que a passou com a filha. É uma resposta de uma criança de 5 anos, porque o senhor "jornalista" sabe muito bem o que foi implicado naquela peça em que, mais uma vez, o foco foi o rabo da menina que mostrou muita intimidade com Santana, a filha.
Mais, o "jornalista" volta à carga e diz o seguinte: "Por estes dias, o Algarve está cheio de gente ilustre que o leitor bem conhece. De Margarida Vila-Nova a Rita Ferro Rodrigues. De Rita Pereira a Pedro Granger. Todos são figuras públicas e todos sabem que atrás de cada toldo há um jornalista; que atrás de um poste há sempre um fotógrafo; que atrás deles próprios há sempre uma boa história".
Permita-me discordar. Atrás dos toldos não há jornalistas, há estagiários e tarefeiros de merda que mais não fazem que mexericar na vida dos pseudo-famosos da TV; não há sempre uma boa história, aliás não há história nenhuma. São fotos de gente na praia, a sair de festas. E vocês escrevem, e chamam-se jornalistas. Vivem de merda, como as moscas. E se há muitos que se alimentam disso, como todos os nomes que o "jornalista" cita no seu texto, isso não implica que o vosso trabalho seja mais relevante, ou que possam dar-se ao luxo de o intitularem de jornalismo.
É merda.
O sentido é cada vez mais descendente na comunicação social portuguesa. E só vai ficar pior.
FYI

Parece que Cavaco Silva já explicou por que razão se recusou a ir à inauguração dos jogos olímpicos de Pequim. Está chateado com uma cena qualquer sobre o estatuto territorial das Berlengas.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A televisão portuguesa, esse pequeno balde de pus

Parece que a next big thing é uma mini-série da SIC chamada "A vida privada de Salazar". Parece que é Diogo Morgado, o canastrão que gosta de plagiar merdas, quem vai fazer o papel do ditador. Na revista Notícias TV desta sexta-feira, apareceram fotos do tipo caracterizado a la Salazar, e o meu único pensamento foi "Are you fucking kidding me?!", assim, em inglês, tem mais força para expressar uma singela mistura de asco, repugnância, cólicas e estupefacção. Procurei incessantemente essas imagens na net para meter aqui, mas infelizmente não encontrei (embora isso tenha evitado que este blog descesse ainda mais o nível), pelo que se alguém encontrar algum link, trate-o com cautela e envie.
E que mais?
Ah, é verdade, parece que entra a Soraia Chaves. A fazer de gaja que o Salazar comeu ou queria comer, o que é compreensível. Esta grande "actriz" continua a sua fulgurante carreira, o que não espanta dadas as suas mamas perfeitas.
Mais ainda, é claro que, Salazar ou não Salazar, a Soraia e as outras moçoilas que entram, "actrizes" da morangada, tinham de aparecer em cenas "íntimas". Claro, faz todo o sentido. Salazar, cenas íntimas, Soraia Chaves, abacate, é evidente, faz todo o sentido.

PS - não descobri a foto do Salazar/Morgado, mas descobri um fantástico blog dedicado a esse "actor"/modelo da La Redoute. Está aqui, e as sequências têm títulos como "200 Segundos Marcantes", "Cenas Incríveis de Desespero" e, o meu preferido, "Santiago confronta Rodrigo (na prisão)". Vale ainda a pena ler a entrevista publicada no blog, que tem alguns dos seguintes excertos:

Qual é a pergunta que nunca lhe fizeram, e que gostava de responder?
Não sei… para já responder a perguntas, gosto de conversar, há várias conversas que eu gostava de ter com as pessoas, e as conversas não são identificáveis.

Existem semelhanças entre o Santiago [personagem desempenhada pelo "actor" numa novela qualquer] e o Diogo Morgado?
Muito poucas, semelhanças a nível de personalidade, não, mas há algumas características físicas, algumas atitudes.

E qual era um sítio de sonho para passar férias?
Ontem o Sérgio dos Anjos falava-me na Costa Rica, e ele falou tão bem, tão bem, que eu comecei a projectar-me na Costa Rica.


ENJOY!
Respect

Sócrates e Cavaco combinaram, entre eles, que nenhum compareceria à abertura dos jogos olímpicos, na China. Não revelaram o motivo, não vale a pena chatear os chineses. No entanto, aposto que isto tem a ver com o respeito dos governantes portugueses pelos direitos humanos.
Só pode.

Eat shit, Mr. Geldoff!
Coisas que me irritam III

Eu gosto de publicidade. Gosto muito. Especialmente na televisão, gosto mais do que da esmagadora maioria dos programas. Mas há uma coisa que me irrita muito: são os anúncios que tentam lançar modas ou, sobretudo, lançar termos. Há muitos exemplos, mas acabei de ver dois na televisão, ambos à volta dessa importação milagrosa chamada caipirinha.
Um é a "Caipi com Bacardi", a outra é o "Caipirão".

1 - O anúncio da Bacardi tem como slogan "Caipi? Só com Bacardi!". Caipi. Sim, Caipi, um diminutivo pseudo-cool para os tipos que saem para as discotecas do Montijo. Ninguém diz Caipi. Ninguém vai alguma vez chegar ao balcão e pedir uma Caipi, o barman vai pensar que o tipo é gago. E não gosto que os publicitários inventem palavras para mim que eu, como o cão do Pavlov, vou repetir quando for gastar os meus euros em qualquer coisa estúpida.

2 - O Caipirão não é tão grave, porque eles efectivamente "inventaram" uma coisa, uma bebida. Mas, mesmo que se goste daquilo, é um bocado ridículo pedir um caipirão.

Dica para os publicitários: metam gajas boas nos anúncios. Isso basta.

domingo, 3 de agosto de 2008

Baby, I'm back

A ciência política não é uma coisa exacta. Não consigo vislumbrar como o Obama e o McCain estão estatísticamente empatados na corrida para Presidente dos Estados Unidos. Há quem me diga que é por causa do racismo. Discordo. Até os racistas dizem que o trabalho é bom para o preto.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Coisas que me irritam II

Aquele truque dos empregados de mesa fingirem que não nos vêem. Como é que é possível que, num restaurante com 100 metros quadrados, cinco empregados consigam andar a cirandar alegremente, por entre trinta pedidos diferentes, sem ouvirem um ou virarem a cabeça para qualquer dos clientes?
Andarão eles assim tão absortos?
O seu trabalho é simples: ir às mesas perguntar o que os clientes querem, ir à cozinha pedir, e depois trazer. How fucking hard can it be?
Mas não, eles estão sempre a contemplar alguma coisa no chão, ou no outro lado da sala, e estão tão concentrados que nada ou ninguém os pode tirar daquela espécie de transe.
É o seu trabalho ouvir os clientes, olhar para ver se alguém levanta a mão (e faz o ridículo gesto de pedir a continha), ou seja o que for. Eles estão lá para isso! Não fazerem isso é como um piloto de fórmula um se esquecer de meter as mudanças.
Acreditem, meus amigos, é técnica. É de propósito. É uma xico-espertice transversal a 90% da classe profissional dos empregados de mesa. Ninguém é tão distraído assim.
E esta merda, entre outras, irrita-me.
Coisas que me irritam

Aqueles sites (ou blogs, é a mesma merda) em que um gajo faz return, ou carrega naquela seta para voltar para trás, ele finge que vai obedecer, e depois abre de novo a mesmíssima página. O blog do Markl, por exemplo, é assim, não sei se o objectivo é ter mais pageviews, ou para que raio serve a não ser irritar as pessoas. E também me irrita aqueles blogs em que abres e abre logo uma janela a oferecer um iPhone. Eu não quero essa merda para nada.
Dr. Spock in Campo Pequeno

Realizou-se ontem um jantar, no Campo Pequeno, de uma espécie de associação chamada Star Trackers. A ideia é, basicamente, incluir talentos portugueses por esse mundo fora, como forma de, eventualmente, mostrar que, afinal, somos os maiores.
No encontro de ontem, o Spock de serviço foi Cavaco Silva, o mesmo que, minutos antes, tinha deixado o país suspenso, na abertura dos telejornais, para anunciar que estava com uma cólica. No encontro, dizem-me, falaram várias pessoas, entre elas um velejador que já deu a volta ao mundo sozinho. Uma amiga que esteve presente contou-me que se emocionou com os relatos dele, e que aquilo deve ser muito difícil. A minha resposta, naturalmente cínica, foi: "eu trabalho 12 horas por dia a aturar atrasados mentais. Foda-se, emociona-te comigo, se fazes favor, e não com um betinho que anda de barquito". Pois.
O Cavaco incentivou os Star Trackers a continuarem o bom trabalho, a mostrarem que é possível atingirmos a excelência.
E é aqui, sobretudo, que isto me causa alguma confusão.

1 - Aquilo é suposto ser uma rede de talento, mas parece-me ser mais um lobby disfarçado. Se és da rede, és cá dos nossos, let's do a deal. Típico, portuga, mas muito pouco modernaço, mesmo que através da Internet.

2 - Stars, talento, etc. É preciso um gajo ser um bocado armado ao pingarelho ou ter algumas profundas necessidades de afirmação para ser agarrado a esta coisa. Caguem nisso.

3 - Na prática, isto mais não é que a transposição do conceito parolo nacional de que o que está lá fora é que é bom. Adoramos os tuguinhas que se dão bem lá por fora, para mostrarem a raça dos tugas! Os que vão lá para fora, sobretudo os que vão para trabalhos mais qualificados, entristecem-me, na sua grande maioria. Falam em coisas como progressão, carreira, capacidade, blá blá blá. Deixar o melhor país do mundo (copos baratos, sol, gajas cada vez mais giras e o Benfica) para "investir na carreira" é coisa que me faz um bocado de confusão. Se fodessem mais e trabalhassem menos, aposto que isso passava rapidamente.

4 - É outra forma do discurso do Sócrates e de muitos opinion-makers de, como diz Pedro Lomba no DN, defenderem que "o país precisa" disto ou daquilo. Qualificação, esforço, sacrifício, qualidade, produtividade e etc e tal. Pois, e aquilo de que as pessoas precisam? Será isto irrelevante? Isto não é mais que conversetas de "Compromisso Portugal", de empresariosecos e futuros patrões que nos embalam com estas merdas enquanto continuam a encher os bolsos. Eu não estou em corrida alguma para fazer de Portugal um país moderno. A minha corrida é para viver da forma mais feliz possível, e são coisas muito, muito diferentes.

PS - Eu até sou membro do Star Trackers, fruto de um convite de um amigo. Já passei pelo site algumas vezes, mas aquele roxo mete-me um bocado de impressão. E o conceito de Hi5 para tótós e gajos muita talentosos dá-me vontade de rir. Começou por ser uma coisa para Portugueses Talentosos Que Dão Cartas no Estrangeiro, mas agora o nível está a descer, se até eu lá estou. Quem sabe, um dia seremos maioritários. Então, em vez de merdas pomposas no Campo Pequeno com o Cavaco, teremos piqueniques oficiais ali para os lados de Aljezur, bem regados com medronho.
Ainda há esperança.
Continuem o bom trabalho. Portugal precisa de vós.