quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Mahoney rocks

Agora que foi apresentado o PEC III, torna-se clara a sua semelhança com a Academia de Polícia. Nunca foi bom, e quanto mais capítulos fazem menos piada tem.

Combate ao terceiro plano austeridade



No que precisares, camarada.

Sabemos onde moras.



Ah pois é Carlos.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Meus caros...

...eu sei que todos vocês anseiam pela minha sempre magnífica análise à sodomia a sangue-frio perpetrada hoje pelo camarada Pinócrates sobre todos nós.

A isso digo apenas que regressem amanhã ao tasco, porque hoje não me encontro em condições psicológicas de o fazer.

É que o Glorioso perder e, a seguir, levar com o replay do Sócrates a falar é mau demais para um só homem.

Carry on.

As Trafulhices

Era para escrever sobre isto já há algum tempo, um pequeno resumo das trafulhices e dos malabarismos orçamentais que este Governo anda a fazer para fingir que tem as contas equibilibradas e que, finalmente, leva o nosso dinheiro a sério.
Acontece que a capacidade inventiva desta associação de malfeitores é tão fértil que um tipo acaba por ver a sua prosa desactualizada.
E hoje tivemos mais uma manobra engraçada: a passagem para o Estado do fundo de pensões da PT.

Com esta manobra contabilística, o Estado recebe um património (uma receita) de 1,6 mil milhões de euros de uma assentada. Este é o valor dos investimentos e dos activos do fundo da PT, que serve para garantir o pagamento das reformas aos funcionários da PT, como o Rui Pedro Soares. É claro que, a partir daqui, a responsabilidade pelo pagamento das pensões desta malta passa para o Estado, e a experiência demonstra que estes grandes fundos de pensões geram, cronicamente, défices, que têm de ser tapados com dinheiro.
Vamos pagar bem, mas mais tarde. E, numa operação virtual, entra uma bela receita para ajudar ao défice este ano.

Antes disso houve uma muito gira. O Estado anda a vender dezenas de repartições de finanças. Obviamente que depois vai pagar rendas altíssimas para lá estar, porque as repartições se vão lá manter. Mas isso é mais tarde, agora venha de lá a guita.

E a minha preferida, a dos submarinos. Os submarinos ficarão como o grande símbolo irónico de toda esta crise (hei, Portas, andas muito caladinho...). Eles chegaram este ano, já cá estão todos lampeiros a cruzar o Tejo, mas a gente só queria pagar para o ano. O Santos Silva, ministro da Defesa (aahahahahaha, não consigo dizer isto sem me rir), arranjou um argumento fantástico para ajudar o Pinócrates. Diz ele que os submarinos estão em testes, para ver se funcionam, testes que só terminarão em Janeiro. Assim, só em Janeiro devem ser inscritos como despesa, ou seja no orçamento do próximo ano.
Acontece que Bruxelas não anda a dormir, e não permitiu. E foi esta despesa que o Governo está a compensar com a artimanha da PT.

Em suma, contabilisticamente vamos cumprir a redução do défice. Mas é através de três coisas simples: truques contabilísticos, venda de anéis e facturas que vamos todos pagar no futuro.

Qualquer reforma de fundo que nos permita não passar por isto outra vez no futuro?
Nadinha de nada.

Schalke 04 2 - SL Benfica 0

Ó Jesus, se é para isso mete a Diana Chaves a lateral-esquerdo!

Coincidências

Estive uns dias ausente de Lisboa, o que não apenas deixou teias de aranha no Vodka como me impediu de comentar algumas coisas que supostamente têm acontecido neste pequeno e maneirinho barril de pólvora.
Para desanuviar, vou começar pelo clube dos submissos, conhecido por alguns como o Sporting.
Parece que agora aquilo anda em polvorosa, fala-se de crise, etc. Enfim, mais do mesmo.
Que estão mal vê-se desde o início da época, fruto da inacreditável e hilariante dupla cómica Costinha-Bettencourt. Mas, como o Benfica foi sendo empurrado, nem um pio de desagrado se ouvia da toca do leão. Agora, mesmo sendo ajudados (empataram com o Olhanense graças ao árbitro), já estão atrás do Glorioso. E, de repente, afinal acordaram para a merda de equipa que têm.
Já houve tempos em que isto me metia pena. Agora dá-me só vontade de rir.
A explicação, para o que se está a passar com os submissos nos últimos anos, está num excerto muito singelo de uma bela entrevista de há uns meses, feita pelo Expresso a Jorge Nuno Pinto da Costa.

Pergunta: E agora é capaz de torcer pelo Benfica numa prova europeia?
Resposta: Não, é-me indiferente.
P: Com o Sporting também?
R: Não. Torço pelo Sporting. Nós temos dois clubes: o nosso, que não muda, e o clube onde estão os nossos amigos.

Está tudo dito, ou não?...

sábado, 25 de setembro de 2010

Cut Copy

O défice. O monstro.
Quem é, e sobretudo como dar cabo desse filho da puta.
Quem é? É basicamente a diferença, negativa, entre as receitas que o Estado consegue e as suas despesas.
Como se mata o bicho?
Aumentando as receitas ou cortando as despesas ou, preferencialmente, as duas coisas ao mesmo tempo.
O aumento das receitas, isto é, os impostos, é a forma mais rápida. É imediato, a guita começa a entrar nos cofres do Estado. É óbvio que este dinheiro tem de vir de algum lado, e vai vir dos nossos bolsos. E isso vai matar a economia e, a prazo, haverá menos receitas. Porque haverá menos empresas, menor facturação, mais desempregados, etc.
E cortar a despesa?
Pois, em teoria é muito bonito.
A questão é simples. A despesa do Estado é sobretudo salários e pensões. Salários de polícias, professores, médicos, cantoneiros, e também os tipos que estão nas repartições de finanças e que parecem nunca fazer nada. Pensões são, na sua esmagadora maioria, de pessoas carenciadas (embora haja para lá uns Cavacos e uns Mários Linos). É claro que nos salários também há uns tipos, uns milhares de boys, que agora são rosas e depois são laranjas.
O espaço para cortar é enorme. No desperdício puro e simples, e na corrupção pura e simples, no aproveitamente privado do que é público. Acontece que, no curto prazo, não é no fim do desperdício que se vai poupar. Para isso é preciso que se façam reformas profundas. Uma verdadeira restruturação do Estado, dos Institutos e das empresas públicas, das suas condições, dos seus salários de topo, do fim dos tachos, etc, etc. Isto não vai servir para tapar o défice com a rapidez com que temos de o fazer, e o PSD está a insistir numa falácia quando insiste nisto.
Só há duas formas imediatas de cortar despesa de imediato: roubar nos salários ou nas pensões (por exemplo cortar 5% a tudo, ou 5% nas mais elevadas e 2,5% nas mais baixas) ou cortar no investimento público (por exemplo, mandar o TGV às malvas, o que obviamente devia ser feito).

Mas, mais importante que tudo isto, há que reformar o país. Há que reformar o Estado. Há que, quase, refundar a República.
Não defendo menos Estado. Sou de Esquerda. Mas defendo um Estado mais eficiente, e isso iria necessariamente resultar em menos Estado, com menos custos, e que serviria melhor os seus cidadãos e os contribuintes.
Esta reforma, absolutamente essencial, será decisiva para que, daqui a 5 ou 10 anos, possamos não ter de passar outra vez por isto. Não resolve este défice, que tem de ser tapado de imediato, mas permite que, no futuro, não tenhamos de voltar a passar por isto.
E não ouço ninguém a falar disto, tudo preso na espuma dos dias e na agenda retórica e mediática.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Pergunta inocente

Num momento em que o PS anda a pedinchar ajuda do PSD para aprovar o Orçamento, será descabido lembrar que, teoricamente há uma maioria de "Esquerda" no Parlamento?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Descubra as diferenças


Hoje, no Parlamento, Teixeira dos Santos deixou cair a máscara.
Ao contrário do que fez o ano passado - ano de 3 eleições - em que disse que não aumentaria impostos e os aumentou assim que pôde - desta vez ele já avisou. Timidamente, é certo, mas lá conseguiu dizer que não podia prometer que não haveria aumentos de impostos em breve.

Como vimos pela última execução orçamental, a despesa pública continua a subir. Os serviços não estão melhores, mas os boys devem andar a almoçar melhor. Portanto, toca a angariar receita, a nós, que efectivamente trabalhamos.

O que eu digo é que, se é para resolver tudo aumentando impostos, qualquer gajo faz. Eu também sei fazer isso. Supostamente, o Governo está lá porque são tipos brilhantes, acima dos outros, com qualidades que lhes permitam resolver os problemas de forma inteligente. Mas não. Fazem o básico. Aumentam os impostos e já está.

Teixeira dos Santos faz-me lembrar o Carlos Xistra e a sua paupérrima exibição no Benfica-Submissos. Nesse jogo, o senhor, como é cobarde e incompetente, arranjou uma estratégia: apitar a tudo que mexe. Faltas e não faltas, tudo. E, digo eu, assim também eu. Esse senhor é, supostamente, árbitro é porque possui alguma dose de...digamos...capacidade para...digamos...arbitrar. E isso é ver o que é falta e o que não é, e apitar no primeiro caso.

Resolver tudo com aumento de impostos e apitar a tudo o que mexe são, apenas, dois sinais de incompetência e incapacidade de lidar com as situações.

Então que raio estão lá a fazer?...

Vrooooooooooooooooom

Deu hoje grande brado uma notícia do Correio da Manhã de que a Águas de Portugal (AdP), empresa pública, comprou 400 carros de grande cilindrada para os seus administradores e quadros de topo.
Mas isto só é surpresa para quem anda desatento.
Em Portugal há uma filosofia: quem é chefe tem que ser bem tratado. Tem de ter carro, gasolina, telemóvel e cartão de crédito. Mais secretária, de preferência boa e que saiba fazer broches.
Em qualquer grande empresa, na grande maioria das médias empresas e até em muitas pequenas, o director, o gestor, o senhor engenheiro, é Deus. Ganha muito bem, muito acima de toda a gente que efectivamente produz, mas em cima disso tem as chamadas "regalias". A teoria é de que é preciso dar muito dinheiro e mordomias aos chefes, para se poder atrair e reter "os melhores". É a mesma coisa que os deputados da Assembleia da República. É para mim um escândalo que não haja obrigatoriedade de exclusividade nessa função. Eles lá vão sendo advogados, gestores, etc, enquanto são deputados, porque isso é "atrair os melhores". Porque se assim não fosse, "os melhores" não quereriam ser deputados, porque "ganham mais no privado".
Ponto 1 - se o objectivo é lucrar, estamos conversados sobre o sentido de serviço público desta gente
Ponto 2 - este modelo já demonstrou que não é assim que se atrai os melhores. Atrai-se os corruptos, os gananciosos, os boys dos interesses
Ponto 3 - estes senhores, coitaditos, fazem dois mandatos e, tenham a idade que tiverem, papam logo uma choruda reforma
Ponto 4 - estes senhores ainda têm direito a uma coisa fantástica chamada "subsídio de reintegração", quando saem de deputado. Por, coitados, terem passado uns anos num sítio - que lhes permite continuar a trabalhar - onde fazem contactos e movem influências que lhes dão rendimentos para o resto da vida.

Na minha empresa, há vários directores. Muitos ganham mais de 5 mil euros limpos por mês, e têm direito a carro da empresa, que levam para casa, de férias, etc. Muitos funcionários ganham 500 euros, e é desse dinheiro que tiram o passe. Já os chefes, que naturalmente são quem mais condições têm para comprar os seus grandes carros, têm carros à borla, pagos pela empresa. E depois não há dinheiro para aumentos.

A questão é que o rei vai nu. Vou fazer uma inconfidência: se retirarem estas "regalias" todas, os chefes não se vão embora. Ninguém lhes pega. São fraquíssimos. São medíocres. Só um país liderado há décadas por elites de merda é que chegaria a este estado de pré-falência. Se eles são assim tão brilhantes, por que raio isto está na merda?...

Portugal Sci-Fi

Há coisas que, de tão estúpidas, parecem não ter nada a ver umas com as outras. Mas, olhando de perto...
A Carris, essa empresa pública que cada vez tem menos rotas e, mesmo assim, é um enorme cancro nas nossas Finanças Públicas, tem uma novidade para atrair clientes. Vai passar a disponibilizar acesso à internet através de Wi-Fi em alguns autocarros. A verdade é que mais útil seria disponibilizar nas paragens, tal é o tempo de espera cada vez maior. E, já agora, quem será o otário que vai sacar do portátil num autocarro da Carris? É pedir para ficar sem ele...
Por outro lado, o Governo decidiu obrigar todos os beneficiários de subsídios sociais a comprovarem os seus rendimentos. Já aqui o disse, é preciso fiscalizar mais e melhor para combater abusos. O problema é o modo escolhido: no mundo de Pinócrates, tudo é pela internet. É uma obsessão tecnocrata, na qual a tecnologia se tornou o mantra, substituindo a ideologia e as convicções políticas, que não existem. Só num país virtual é que se pode pensar que centenas de milhares de idosos vão usar a internet para comprovar rendimentos.
E, não comprovando, lá se vai o subsídio.
Problema resolvido.
O que tem acontecido é que as dependências da Segurança Social, sobretudo nas zonas mais deprimidas do país, estão a ser invadidas por longas filas dessa cambada de xupistas, que têm de ir para a fila às 6h30 da manhã, ou não terão senhas para serem atendidos. Isto porque os serviços não foram reforçados para este efeito, absolutamente lógico e previsível. É que não passou pela cabeça de Pinócrates e seus boys que os beneficiários dos subsídios sociais não utilizassem todos os seus blackberrys para comprovar os rendimentos.
É o mesmo Governo que já não fala de escolas. Fala de "agrupamentos educativos". Soa a moderno, mas é apenas parolo.

E assim vamos, cantando e rindo, tratando este país e os seus desgraçados cidadãos como um mero cenário do Second Life privativo do grande camarada Pinócrates.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Com a vossa licença

Eu, que nunca me conformei com o fim dos saudosos Censurados, bem tentei resistir.

Mas esta é uma banda do caralho!

Bergman meets Sopas de Cavalo Cansado

O Outono é:

Station to station

Parece que o Verão acaba hoje, e amanhã começa o ameçador e tenebroso Outono.

Estou a pensar meter uma providência cautelar para impedir que esta brincadeira vá para a frente.

Parole, parole, parole......

O camarada Alegre veio dizer, todo pomposo, que se ele for presidente chumbará todas as propostas de mudança da constituição que resultem no enfraquecimento do Estado Social. Parece-me muito bem, excepto num ponto.

Se ele for presidente (ahahahaha, não, a sério) e lhe chegar às mãos uma mudança constitucional aprovada, para ele promulgar, é sinal que o seu partido concordou, uma vez que o PS é essencial para qualquer mexida na constituição.
Será que Alegre se está a preparar para se apresentar ao eleitorado como o grande defensor da Esquerda contra os ataques direitistas do PS? Ou esse fantasma só serve quando é o PSD?

É que se ele for o obstáculo à crónica política de direita do PS a coisa até que nem seria má de todo, se ao menos a gente acreditasse que ele é mais que a voz disfarçada do dono…

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A viajar na maionese, na mostarda, no molho inglês e, sobretudo, no wisky

Carlos Queiroz fez um mau trabalho na Selecção. Quando voltaram, Merdaíl, balbuciando de forma incoerente atrás duma cerca e no meio de contentores, lá foi dizendo que não estava tão contente como gostaria. É claro que o devia ter demitido, não fosse o facto de ter assinado com Queiroz um contrato milionário e absurdo, pelo qual é, obviamente, responsável.
Depois emitiu um comunicado em que dizia que o senhor Queiroz, afinal, tinha atingido os objectivos.
Depois apareceu aquela história ridícula do doping.
Durante semanas, de Merdaíl só houve silêncio, enquanto Queiroz dava entrevistas e se enterrava cada vez mais.
Silêncio, Merdaíl em parte incerta.
Depois lá demitiram, a muito custo, o Mister Queiroz. Quanto ao futuro do próprio Merdaíl, nem uma palavra.
Depois, com o Agostinho do capachinho ao comando, a Selecção continuou a sua senda de maus resultados, com uns abandonos de jogadores pelo meio.
Depois, Merdaíl passa cá para fora que Paulo Bento seria o treinador.
Depois, do nada, passa-se da pinha e vai a Madrid, de chapelinho na mão, implorar ao Real Madrid que nos empreste o seu treinador, a quem o Real paga uma pequena fortuna, que disperse a sua atenção e venha orientar a Selecção durante dois jogos.
E, nisto, não consigo começar a dizer o que é mais absurdo. Se a humilhação da Selecção; se a estupidez de querer um treinador em part-time; se a idiotice de pensar que o Real alguma vez o partilharia; a ideia peregrina de ter treinador para dois jogos, e o resto logo se via; a facilidade com que, assim, conseguiu fragilizar o treinador que aí virá, que publicamente não foi a primeira escolha.

Só neste país de terceiro mundo se permite que o senhor Merdaíl continue no cargo, a esbracejar sem rumo algum. Foi tudo mau, e em toda esta pocilga o menos mau é ainda o pouco que os jogadores conseguem ir fazendo dentro de campo.

Sem opções, no meio desta verdadeira balbúrdia, vem o Paulo Bento. Nestas condições é difícil fazer alguma coisa de jeito. Mas eu considero-o um bom treinador e que, com um pouco de sorte, pode ter sucesso. E é isso que, sinceramente, lhe desejo. Face a toda esta gente, tem pelo menos duas qualidades: não se esconde e dá-se ao respeito. E neste ponto isso basta. 

A crise, quando nasce, é para todos


Derby

Um jogo muito agradável do meu Benfica, num grande ambiente no Estádio da Luz. Cardozo em grande nível, Aimar, Coentrão e Carlos Martins muito bem. Toda a equipa com boa atitude e pernas, conseguindo pressionar a todo o terreno. Mas, sobretudo, muito pouco Sporting. Uma verdadeira sombra de equipa, abaixo do nível normal de um Braga ou de um Guimarães. É o que dá prestar vassalagem a outros, chega a uma altura e estas coisas pagam-se, e os submissos andam a pagar há uns anitos.
No meio de tudo isto, algumas notas à margem do futebol.


Muito bonita a imagem de vários adeptos do Sporting entre adeptos do Benfica, sem quaisquer problemas.
Muito feia a imagem de Carlos Xistra, um incompetente cobardolas, que tudo fez para estragar o espectáculo, apitando a tudo o que mexia e até ao que não mexia (a perna de Coentrão, por exemplo). Igualmente feio e incompreensível um laser verde que, durante todo o jogo, foi dirigido contra Jorge Jesus, contra o árbitro e contra os jogadores do Benfica. Afinal, nem todos os adeptos do clube submisso são de sangue azul, e de grande gabarito. Toda a gente viu a brincadeira do laser, e o que raio faziam as autoridades? Nada, como de costume.
E, por último, o pior de tudo.
À entrada do estádio, um atrasado mental de um adepto do meu clube agrediu um adepto adversário, depois de o ter provocado gratuitamente. Um nojo que, infelizmente, não será penalizado devidamente.
Mas num país em que é normal fazer chover bolas de golfe contra autocarros e para dentro de campo, de facto não há incentivo para as pessoas se portarem bem.

O meu Benfica ganhou e ganhou bem, embora a debilidade e falta de ambição do adversário tenham tirado algum brilho ao resultado. Temos um caminho a fazer, e foi importante voltar a impor respeito, que faltava a muito boa gente.
Pontos são pontos e o Porto está forte (e outros clubes também). Mas voltei a ter prazer em ver jogar a equipa. O resto, as contas, fazem-se no fim.

Um bom domingo

Acordar tarde.
Ir almoçar um belo bacalhau a casa da mamã.
A meio da tarde sacar do barrilinho da Sagres, a melhor invenção desde o pontapé de bicicleta.
Ver uma hora de Benfica, a jogar bem e a ganhar ao clube submisso.
Apanhar o metro para os Eels, ver um grande concerto de bom e velho rock n roll, bem regado com o viske que o bom do consultant se lembrou de levar, numa garrafinha metálica, para o cada vez mais asséptico coliseu.
Adormecer de papo cheio, e de sorriso nos lábios.
Às vezes, a vida trata-te bem.

sábado, 18 de setembro de 2010

Realpolitik

O Bloco de Esquerda, esses putos irresponsáveis devoradores de ganzas e ostras, pôs à votação um voto de censura do Parlamento português à deportação de ciganos, feita em França. Como já disse aqui, não tenho simpatia alguma pelos ciganos, mas sou absolutamente contra qualquer medida política que tenha motivações puramente étnicas ou raciais. Como tal, parece-me bem que o assunto tenha sido discutido.
E o que aconteceu?
BE e PCP a favor.
Todos os outros contra.
O caso mais curioso foi a votação do Partido "Socialista". A ordem oficial foi votar contra o voto de protesto. Uns poucos desrespeitaram e votaram contra. Alguns mais votaram como o partido mandou, mas preencheram uma declaração de voto a dizer que teriam votado de outra maneira, o que é o equivalente a tatuar na sua própria testa a frase "Eu sou um pussy".
Francisco Assis, o líder parlamentar do PS que finalmente deixou crescer uma barba para esconder as bexigas, veio esclarecer tudo. Diz este "socialista" que não se tratou de uma "não condenação, porque o PS até manifestou preocupação face ao que se está a passar [em França]. Mas, neste momento, no âmbito europeu, está a decorrer um inquérito para saber se houve ou não violação de princípios fundamentais pela parte do Estado francês".

E acrescentou razões que relevam da sua apreciação do Estado francês: "Quando está a decorrer um inquérito, não acho bem que a Assembleia da República condene um Estado de Direito democrático, como é o Estado francês. Não estamos a falar de nenhuma República pária ou de uma ditadura, mas de um grande Estado democrático".

Como diria o grande democrata Sarkozy, hélas!

Lies

A ministra Ana Jorge, esse autómato com cara de Harry Potter, fez um excelente anúncio no último Conselho de Ministros. O preço dos medicamentos vai baixar! Muito bem, camarada Jorge, muito bem, camarada Sócrates, defensor dos pobres e dos oprimidos.
Vendo nos sites a notícia, até dei por mim a pensar: eh pá, queres ver que os socialistas estão de facto preocupados com as pessoas?
Depois li os jornais do dia seguinte, e descobri outra coisa.
Sim, o preço de muitos medicamentos vai descer por decisão administrativa. Mas outra medida desse Conselho de Ministros, que apareceu quase como nota de rodapé de forma a passar despercebida, foi a decisão de acabar com as comparticipações de medicamentos a 100% para os idosos. Esta medida, que aqui elogiei, foi tomada há um ano, e beneficiava perto de um milhão de pessoas carenciadas. E agora acaba, sorrateiramente, mascarada por trás de um anúncio espampanante de uma descida de 6% no preço de alguns medicamentos.
Em 2009, em plena campanha eleitoral, Manuela Ferreira Leite era enxovalhada por tudo e por todos, quando se limitava a dizer o que, agora, é evidente para toda a gente: isto está mau e o Estado tem de mudar de vida. Nesse ano, já de crise evidente que só Sócrates teimava em negar, não só surgiu esta medida de medicamentos gratuitos como os funcionários públicos portugueses tiveram o maior aumento salarial dos últimos anos e de toda a Europa. Puro eleitoralismo? Creio que a pergunta é desnecessária.

Este Governo mente, manipula, engana e ainda goza. Esta manobra dos medicamentos, um truque mediático para esconder uma decisão que, se é necessária, tem de ser assumida e explicada, é só mais um exemplo desta estratégia. E olho para as sondagens, e o tuga parece dizer, como os brasileiros "Me engana que eu gosto".

Não tem nada a ver, mas em homenagem ao nosso bravo governo de Esquerda, deixo aqui o grande sucesso do álbum Lies, dos saudosos Guns. É que, de facto, é preciso muita Patiente para aturar esta merda...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Isto não é uma piada

Terminado o "Mulheres da minha vida", que curiosamente teve vida curta, o novo programa do Goucha chama-se "De Homem para Homem".





Cheira-me que há por aí material para 300 pichas, perdão, programas.

TV WC

Aproveito o nome de uma música dos saudosos tripeiros Taxi, para falar um pouco de televisão.
Durante anos houve uma coisa chamada "Programa do Goucha". Não se chamava bem assim, foi tendo nomes diferentes, mas era assim que era conhecido. Aquilo dava de manhã, em directo dos estúdios do Monte da Virgem (belo nome) ou coisa que o valha, e durante anos deu uma tareia de audiências a tudo o resto.
Depois houve um génio qualquer que teve uma ideia: eh pá, se os velhos e as donas de casa papam aquela merda todas as manhãs, que tal metermos merda parecida também às tardes, antes de as pessoas normais chegarem a casa?
E assim foi.
Ao mesmo tempo que toda a gente começou a imitar o Goucha de manhã, foram nascendo mais mini-gouchas à tarde, e em todos os canais. Houve também outro fenómeno, chamado "galas", que é mais ou menos a mesma coisa, mas notam-se menos as moscas porque às vezes é ao ar livre.
E foi assim que se deu origem a uma epidemia, uma verdadeira infestação de varejeiras: Gouchas, Gracianos, Quimbés, Fátimas Lopes, Ritas Ferros Rodrigues olhem-para-mim-sou-tão-feliz-porque-vou-ser-mãe, Júlias Pinheiros, Teresas Guilhermes, Cláudios Ramos, enfim, todo um balde de pus e merda fumegante.
O truque destes programas é simples. Juntam-se uma data de velhadas a bater palmas, desgraceiras a dar com um pau, uns momentos de humor (?) parolo e brejeiro, mexericos e fofocas, uns cantores pimbas e brasileiradas da quarta divisão, uns concursos em que se paga 6 euros por uma chamada que lhe pode dar a hipótese de ganhar 100 euros e pronto, está feito. Tem é que ser tudo estridente, estúpido, ofensivo, mesquinho parolo e, genericamente, mau. É televisão de mentecaptos para mentecaptos.
Agora diz que a SIC quis revolucionar o formato. Para um dos programas da tarde arranjou a Conceição Lino, essa antiga jornalista que eu em tempos até achei que podia ser merecedora de uma pranchada. É o infotainment no seu melhor. Para além de todas as merdas habituais, este programa conseguiu, na primeira semana de emissão, transmitir, em directo, dois partos. Sendo que, pelo menos num deles, a pobre e estúpida mãe foi sendo interrogada em directo para o programa, entrando no esquema de encher chouriços na emissão enquanto vivia o que supostamente seria o momento mais importante da sua vida. E lá cagou a criança em directo, e ficou muito contente.

Com isto, peguem em toda a descrição que fiz mais acima e, em termos de cagalhão, multipliquem por mil.
E basicamente é isto que eu penso sobre este assunto.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A maravilha dos discos

Eu gosto dos White Stripes. Só vi um concerto deles, no Alive há uns anos, e fiquei fascinado com o estrilho que um tipo e uma tipa conseguiam fazer em cima do palco.
Mas gosto do Jack White por outros motivos. Procura uma coisa difícil, ser músico de sucesso nos dias de hoje e manter a credibilidade, continuando com um pé no blues e outro no rock.
É também um workaholic. Além de várias bandas e inúmeras colaborações, criou e gere a Third Man Records, em Nashville. Para além de gravar e editar bandas, é também uma curiosa loja de discos, sobretudo vinil. Nas horas vagas, brinca aos inventores - tal como um dos seus ídolos, Tesla - e ao inventar mostra como o vinil, na sua beleza e simplicidade mecânica, é um formato feito para experimentar.
Este vídeo aqui em baixo mostra uma curiosidade, não mais que isso. Mas algo que só podia ser feito por alguém que ama a música e os discos pelo menos tanto como eu.
Keep on rocking, brother Jack.

Nerd da música

A felicidade é esta encomenda ter chegado hoje no correio.


Vou só ali ouvir uma musiquinha e já venho.

Post sectário, gratuito e reles dedicado ao tema da heterodoxia



terça-feira, 14 de setembro de 2010

Comic relief

Os ânimos andam um bocado exaltados por aqui. Como tal, e como parte da nossa obrigação contratada de prestar serviço público, deixo-vos um suave medley, que inclui o grande sucesso "Sou Psicólogo de Putendas", a única música que conheço que contém a expressão "Sociólogo de Conas".

Obrigado.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Cerrar fileiras

Assim que terminou o jogo na sexta-feira, a minha decisão estava tomada. Depois de ver tudo aquilo, não havia qualquer outra hipótese. Amanhã vou à Luz apoiar a minha equipa. Com fé e confiança. Preparado para sofrer, se for caso disso. Mas ainda mais preparado para gritar e para apoiar enquanto tiver forças.
Num momento em que tudo parece conspirar contra nós, para nos mandar para baixo, há uma coisa que não pode faltar a esta equipa. Os adeptos e o seu apoio.
Uma equipa que vê o seu autocarro apedrejado, e não se passa nada. É visto como normal.
Uma equipa que tenta tudo para, dentro do campo, ganhar, e tal não lhe é permitido da forma evidente e escandalosa que todos vimos. E é normal.
É uma equipa que tem de nos sentir ao seu lado, de sentir o nosso carinho. Saber que não está só, e que há milhões de adeptos que se sentem espoliados pelo que tem acontecido desde o início deste ainda breve campeonato. Adeptos solidários e que querem ajudar a equipa. 
Estarei lá amanhã, tal como estarei lá no próximo fim de semana.
Sem dúvidas, sem fantasmas e sem hesitações.

Porque não é à toa que o nosso lema reza "Um por todos e todos por um".
É tempo de estarmos à sua altura.

domingo, 12 de setembro de 2010

O Grande Camarada do Marketing Social

A máquina de propaganda do Governo, que naturalmente se confunde com a máquina de propaganda do PS, mandou para os jornais uma nota de agenda que prometia que Sócrates inauguraria, simultaneamente, 100 novas escolas. Brutal!! Acontece que, afinal, ele ia apenas inaugurar a centésima escola reformulada ao abrigo de um daqueles programas muito interessantes para Pinócrates e seus correlegionários, e irrelevantes para todas as outras pessoas. É claro que isto foi apenas um já habitual excesso de voluntarismo daqueles rapazitos que pululam pela máquina do Governo e que, através destes truquezitos, se procuram salientar aos olhos do líder. Mas é significativa esta tentativa de atribuir significado mediático a algo relacionado com a Educação. É engraçado este número, 100 escolas. É redondinho. Chega a ser fofinho. Mas fica ligeiramente abaixo das 3200 (Sim, 3200!!!) escolas encerradas nos últimos cinco anos. Pelo grande camarada Pinócrates, esse amante do Estado Social e da, como ele não se cansa de dizer, "Escola Pública".

Mas esta verdadeira obsessão de Sócrates com a defesa dos serviços de todos nós - obrigado, pá! - vai mais longe. Ele, sempre modesto, referiu com amargura que ninguém reparou que "nos últimos anos deu-se uma verdadeira revolução silenciosa nas creches". Fantástico.
De facto, houve uma revolução silenciosa, "com a abertura de centenas de creches". Mas, como mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo, também aqui a história não é bem assim. Porque o Jornal de Negócios pediu os números ao Governo. E este diz que só tem números actualizados até 2008. É estranho que o Governo não tenha números desde 2008. É mais estranho ainda que, não os tendo, o Primeiro-Ministro ande a falar do que não sabe. Mas é mais interessante ainda saber que nos três anos anteriores a 2008, a esmagadora maioria das creches que abriram são...privadas.

Sócrates consegue a proeza de fazer anúncios falsos; anúncios que têm por base números que não existem ou que, se existem, o desmentem, pelo que não os fornece à Comunicação Social; e consegue ainda reclamar para si os louros de algo que foi feito pelos privados, graças ao contributo estatal de desmantelamento do seu querido "Estado Social".

Porreiro, pá.

Agenda

Começa na próxima semana o muito ansiado festival de cinema gay e lésbico Queer Lisboa.
Se este geto não chega, vamos ter de esperar mais um pouco pelo Festival de Cinema Vegetariano, pelo Festival de Cinema dos Coleccionadores de Porta-Chaves e pelo Festival de Cinema das Pessoas que Não Gostam de Cinema mas que adoram um bom rótulo.

sábado, 11 de setembro de 2010

Um apelo à serenidade



Era matá-lo.

A Verdade Desportiva...

...é este corrupto ter sido hoje, claramente e de longe, o Man of the Match.



Olarápio, tem cuidado. Fruta a mais pode fazer mal...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

No Mercy: a frase do dia é...

"Mike Weatherley, deputado conservador inglês, soube que a sua mulher Carla, nascida no Rio de Janeiro, tinha uma vida dupla, ficando chocado ao descobrir que a brasileira era prostituta, salvo o pleonasmo" - in, Inimigo Público.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Normal

Queiroz sai.
Normal, justo e saudável.
Mas tudo o resto, neste lamentável processo, foi tudo menos normal.
Começando por Queiroz. É uma personagem odiosa, arrogante e irritante.
Mas isto não é um concurso de simpatia.
A verdade é que Queiroz, ao longo de dois anos de trabalho, falhou. Com a matéria-prima bastante razoável que tinha ao seu dispor, ficou claramente aquém do mínimo aceitável. Não conseguiu nunca formar uma equipa, um fio de jogo, uma filosofia. Nada. Um amontoado de jogadores bastante talentosos, e pouco mais. Ah, e que o odeiam, o que diz muito da sua capacidade de liderança.
Isso eu também consigo fazer. Sai, e bem, porque como treinador de campo é uma merda. Curiosamente, talvez desse um bom presidente da federação, onde pode planear a longo prazo e não ter hipótese de estragar tudo com as suas escolhas concretas de uma equipa de futebol.
Mas tudo o resto até conseguiu deixar em mim uma (muito) ténue solidariedade para com ele. Tentaram todos os esquemas manhosos para correr com ele. Só há uma coisa a fazer. Pagar-lhe e adeus, e não andar a arranjar merdices de secretaria para o mandar embora.

Virando-me agora para o senhor Merdail, um dos grandes cancros do futebol português das últimas décadas. No mundial de Coreia/Japão, em que o planeamento foi absolutamente suicida, os bodes expiatórios foram João Pinto, um profissional exemplar, e o então seleccionador António Oliveira. O verdadeiro culpado, Merdail, ficou impávido e sereno. Ele nunca falha. A onda vem e vai, e ele lá está. Esta conferência desta tarde, em que ele leu (?) um comunicado, não permitiu perguntas e não esclareceu nada, é ilustrativa da maneira como vê o poder. Atrás de biombos escuros, como a sua coutada privada.
Há justa causa ou não? Vão pagar ou não? Ele demite-se ou não? O resto dos corpos sociais da Federação, essa pandilha de eminências pardas que, na sombra, vão controlando tudo e minando tudo o que não seja do seu clubinho, ficam ou vão?
Ninguém sabe.

Todos os órgãos da Federação, bem como o incompetentíssimo Laurentino Dias têm de pedir a demissão. Caso contrário, estamos a tirar uma peça sem mudar nada de importante.

Já agora, sobre Paulo Bento, parece-me muito bem. Não tem experiência, não tem currículo, mas é bom treinador, e neste momento isso basta.

Que se tomem decisões e que siga a bola, se faz favor.

A Bazófia

A imprensa política, já a aquecer os seus motores de factóides e cenários apocalítpicos, fez grande alarde com o facto de, a partir de hoje, já não ser possível a Cavaco Silva demitir o Governo.
É claro que isto só interessa aos punheteiros dos jornalistas políticos. É absolutamente óbvio, desde há muito, que isto é uma ficção. Que Cavaco nunca na vida ia dar uma (ainda que ténue) abébia ao Manuel Alegre ao demitir o Governo e abrir, nesta fase, uma crise política.
O problema não está aí.
O problema está no próprio Passos Coelho, e na absoluta bazófia que foi a sua ameaça, muito pouco velada, de que queria conhecer as linhas mestras do próximo Orçamento do Estado, exactamente até este dia. Passos Coelho é aquele tipo que é muita mau dentro do carro, mas quando o outro sai pronto para o molho foge com o rabinho entre as pernas.
- Ou fazes isso ou...
- Sim, ou...?
E é o silêncio.
Porque a questão não está no Orçamento, e o poder não está, efectivamente, nas mãos de Cavaco, que só quer que o deixem ganhar as eleições descansado.
Quanto ao Orçamento, é simples. O PSD apoiou o PEC, nas suas duas versões, colocando o carimbo da sua concordância na política orçamental, económica e financeira do Executivo. Este próximo Orçamento vai no mesmo caminho, e tem o mesmo objectivo. Como tal, não vale a pena fingir que, de repente, já não se concorda. Sócrates, como é óbvio, podia no mínimo fingir que está a negociar, para deixar o PSD salvar a face. O problema é que Sócrates não sabe negociar. Não está no seu arrogante ADN. E quer governar como se estivesse ainda em maioria.
E, mais importante, a questão está no que raio quer o PSD fazer, na única estratégia que lhe interessa: atingir o poder.
Ou é já ou noutra altura, através de uma moção de censura com o apoio de outros partidos. Ou então é esperar que o Governo caia de maduro. Como isto não vai acontecer - porque Sócrates nunca assumirá o óbvio, que não tem condições para governar - entra aqui o terceiro cenário, de deixar o Governo chegar ao fim do mandato. O que seria desastroso para o país.
Como tal, Passos Coelho tem de se assumir. Ou derruba ou deixa de fazer barulho inócuo.

Eu acho que, daqui a um ano, estaremos a ter eleições. E vai dar-me gozo ver os meninos do PSD a roerem-se de impaciência até lá.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Histórico

Uma salganhada dos diabos. O cavaquinho alucinado. O baixo viciante. As Valquírias sempre presentes. O playback para lá do absurdo. O Manuel João com um penteado esquisito, mexido como nunca o vi, e magro!
E, em 1987 na televisão pública portuguesa, um grande som que marca o início desta pérola da música portuguesa alternativa, vernacular, poética, bruta, arty, excitante, decadente, única.

Meus amigos, aceitem este telefonema dos Ena Pá 2000.



ps - não consigo deixar de ouvir isto!!

Ninguém nos agarra: Benfica conquista primeiro troféu da época

Nuno Gomes vence concurso Sexy 20 do Correio da Manhã.

Ah pois é



Ainda assim, com razões para rir.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Eles estão de volta

Reproduzo abaixo um importante press-release das Produções Banana.

"Depois de longos meses de imbróglios alfandegários relacionados com importação de tecnologia áudio vinda do estrangeiro, vai finalmente ver a luz do dia (ou melhor: da noite) o novíssimo CD do grupo-musical-sensação CORAÇÕES DE ATUM, a banda-trunfo de Manuel João Vieira!


A festa-fetiche realizar-se-á no Maxime, a casa-nocturna-sensação de Lisboa, na noite de 1 de Outubro de 2010, com pompa e circunstância ao vivo e em directo.

O CD “ROMANCE HARDCORE” vai ser interpretado na íntegra pelo grupo de virtuosos que acompanha o grande Manuel João Vieira na gravação: Marco Franco na bateria; João Custódio no contrabaixo; Rui Caetano no piano e Nuno “Sete Dedos” Ferreira na guitarra. É claro que do alinhamento farão igualmente parte outras canções do grupo, e ainda algumas surpresas, para gáudio dos presentes.

O jazz, bem cantado em português, contado às crianças e lembrado ao povo. É esta a proposta arrojada do editor David Ferreira que, contra ventos e marés aposta neste Atum não enlatado. Obrigatório comparecer e permanecer. Alea jazzta est!"

Ah poisé, meus amigos. Deixo-vos, agora, com os grandes Corações de Atum, numa excelente versão do clássico "All or nothing at all". Enjoy.

O Putedo do Senhor Alfredo

Ninguém se entende.
Mais, ninguém se quer entender.
Mais, na fase em que estamos, se calhar isso já não interessa nada.
O Cavaco manda mensagens encriptadas, sendo, há que reconhecê-lo, mais curto e por isso menos aborrecido que o Sampas. Diz qualquer merda, o PSD aplaude pela suposta cabeçada ao Governo. O PS desconversa e diz que a boca foi para o PSD.
Manuel Alegre deve andar nalguma caçada, de tal forma anda desaparecido, a desperdiçar a vantagem de ser um candidato assumido versus um tabu muito mal disfarçado. O Nobre vai ruminando ressentimento, com aquela sua assustadora cara de arguido da Casa Pia.
O PSD quer a revisão constitucional, depois já não quer, depois volta a querer uma coisa parecida.
O Pinócrates fecha escolas e urgências a torto e a direito, gasta milhões em consultores privados, e depois vem chorar lágrimas de crocodilo pelo Estado Social.
O PSD diz que aprova o orçamento se houver corte efectivo da despesa do Estado e não aumentarem os impostos, e nisto concordo a 100%. Pinócrates contra-ataca e diz que Passos Coelho quer manter uma injustiça social, ao não concordar com o corte das deduções sociais. O mesmo Sócrates que, há menos de um ano, atacou Louçã por este querer o corte das deduções sociais. Coisa que o dito Sócrates agora defende.
Louçã ataca Cavaco. No mesmo discurso ataca Sócrates. E ainda no mesmo discurso diz que "O Bloco de Esquerda é o único partido a trabalhar empenhadamente na derrota de Cavaco Silva". Sócrates ouve, fica fodido, mas não diz nada, porque está no mesmo bloco que Louçã a apoiar o pateta Alegre.
O PC bota play na cassete - mesmo que tenha razão - e avança o camarada Xico Lopes para candidato à presidência. Na festa do Avante, não o deixa falar, mas permite que sirva febras ao pessoal. Mostrando, neste processo, que continua com o cu enfiado no seu próprio rabo, e que acha - talvez com razão - que pode desrespeitar boa parte do eleitorado, ao avançar um caramelo qualquer que, de qualquer forma, vai ter os votos cativos do PC. Quanto aos outros, não interessam, e não têm direito a um candidato que os possa representar nesta cada vez mais triste eleição.
Portas anda aqui e ali, o saltarico. Enquanto PS e PSD se embebedam de retórica vácua, Portas vai piscando o olho aqui e ali. E até tem o desplante de fazer propostas, o que começa a ser raro em Portugal. Se isso lhe vai valer, votos, isso já é outra história.

Este país vive num circuito fechado virtual. Nada de concreto se passa, nada acontece, nada muda, nada se resolve. Perante a absoluta desconfiança em relação aos políticos, o que fazem estes? Aceleram em direcção ao precipício. De ego insuflado, na sua soberba, passeiam em frente ao espelho admirando a sua pose e a sua oratória.

Cá em baixo, o povo passa mal. Passa cada vez pior.

O Candidato Vieira luta, sem grande trabalho - diga-se - pelas míseras assinaturas que lhe permitam ganhar um cantinho no boletim. "Esqueceram-se de fazer o Euromilhões? Não há problema. A partir de agora os jogos da santa casa serão jogados automáticamente por todos os portugueses", promete o Vieira.

Perante este putedo, alguém se atreve a dizer que o Vieira anda a brincar com a malta?

Inconfessável

Mais depressa votava neste gajo que no Passos Coelho. E se calhar que no Pinócrates.



Entre um assumido e dois envergonhados...

domingo, 5 de setembro de 2010

Livros

Ray Bradbury, o escritor norte-americano, foi recentemente notícia por dois motivos.


Em primeiro lugar, porque, aos 90 anos, está a preparar uma nova versão cinematográfica de “Fahrenheit 451”, o livro que lhe deu fama, que já foi alvo de uma versão de Truffaut, em 1966.
Em segundo lugar, porque diz que “os EUA têm demasiado Governo”, na boa tradição liberal norte-americana, e que “Obama fez mal em cancelar o regresso à Lua”. Defende que “devíamos fazer uma base na Lua, e depois colonizar Marte”.

Enfim, um tipo de 90 anos que já deu tanto pode dar-se ao luxo de dizer disparates. E o impacto das notícias, em mim, foi outro. Foi “mas este tipo ainda é vivo?”

Para mim, Bradbury será sempre um amante dos livros, o que lhe dá, na minha contabilidade, bastantes créditos. O próprio “Fahrenheit 451” é um pequeno romance futurista, no qual os EUA proíbem os livros, em benefício de outras formas de entretenimento mas inócuas, controláveis e que façam pensar menos, como a televisão. E isto só pode vir de alguém que, realmente gosta muito de livros.
Bradbury, tal como HG Wells e George Orwell são responsáveis por algo significativo, mostrar que a ficção científica não é um género menor. Antes pelo contrário. É um preconceito que também afecta outro género, o policial, e que é igualmente injusto.

Mas para mim, Bradbury será sempre o tipo que relembra os tempos de escrita dos primeiros anos. Tinha um emprego, e todas as tardes ia para a biblioteca Powell, na Califórnia, armado de um jarro cheio de moedas. É que aí era possível aceder a máquinas de escrever, que funcionavam a moedas. E foi aí, no fresco da biblioteca, que se atreveu a sonhar.

Que se atreveu a sonhar que se podia libertar da vida que levava, de um trabalho insignificante que ameaçava matar-lhe a criatividade.

Quando penso na escrita, e quando penso em livros, penso muitas vezes nesse jovem Ray, entrando na biblioteca de jarro de moedas debaixo do braço.

Festa do Avante

Credibilidade

Sugestão grátis do Vodka Atónito

DEMITAM-SE, PÁ!

Triste fado

A nossa Selecção lá nada, no seu triste fado.
Continuando a senda que já vem do discreto Mundial que fizemos, ontem empatámos com o Chipre. E conseguimos a proeza de levar quatros golos desse adversário, na nossa casa.
Do que vi no jogo, vi vontade. Acho que os jogadores foram sérios, até porque, no meio desta trapalhada da Selecção, são os únicos que, de facto, têm sido sérios. Trabalham, lutam, tentam. Mas isso não chega.
Gostei do empenho da equipa. Gostei do Coentrão, mais uma vez um dos melhores em campo. De ver Quaresma de volta à equipa. Do Manuel Fernandes, que continua a demonstrar que, não fosse a falta de cabeça, seria um jogador de classe mundial.

Nesta verdadeira guerra civil que se instalou no futebol tuga, alguma coisa tem de acontecer. Dirigentes, clubes, jornalistas e políticos, toda a gente tem um "lado" nesta matéria, seja matar Queiroz ou salvá-lo. E muita gente, sobretudo aqueles que têm um "lado", vêm agora dizer que o mau resultado da Selecção é fruto do caso Queiroz.
Eu cá não estou tão seguro disso. A verdade é que, tirando os absolutos e incompreensíveis disparates defensivos, ontem vi a Selecção jogar como nunca o fez, sob a batuta de Queiroz. E é por isso que ele deve sair. Porque é mau treinador. Assumir a coisa e resolvê-la, com tranquilidade e normalidade. O facto de ele ser um arrogante de merda não é para aqui chamado.

A capa de "A Bola" dizia, em manchete, "Não gozem mais com o povo!". A verdade, é "A Bola" sabe-o melhor que ninguém, o "povo" está-se cagando, mais do que nunca, para a Selecção.
E esse é o principal problema.

PS - Quando Quim levou 6 golos do Brasil, praticamente sem culpa, foi crucificado e nunca mais voltou à Selecção. Eduardo levou ontem quatro do Chipre, nas mesmas circunstâncias.
E ninguém diz nada.

sábado, 4 de setembro de 2010

Normalidade

Finalmente terminou o infame processo Casa Pia.
Sabemos que teremos recursos e novela para dar e vender. Mas, tirando para os arguidos e para as vítimas, o que importa acabou hoje.
É tempo de parar, de deixar a poeira assentar, de deixar cair de uma vez este processo que deixou uma ferida profunda na sociedade portuguesa.
Vi gente, supostamente civilizada, a chamar Carlos Cruz de prevertido, assim que se soube a decisão do tribunal. Meia hora antes não era, meia hora depois já era. Não há necessidade de todo este circo, de descarregar em alguém já tão penalizado as nossas frustrações. 
Não sei se é culpado ou não.
Sei que ele, e os outros, foram penalizados. Foram quase todos condenados, a justiça fez o que tinha a fazer. Talvez as vítimas não o consigam nunca ultrapassar, mas nós todos, colectivamente e enquanto sociedade, devemos fazê-lo. Devem acabar os insultos, o circo mediático, tudo isso.
Tirando a aberração de tempo que decorreu, que destrói qualquer imagem de justiça, esta funcionou. Julgou. Tomou uma decisão. Os condenados podem recorrer, como é seu direito.
É preciso respeitar esta "normalidade". Condenados, que cumpram o que têm de cumprir. Sem qualificativos.
Aqueles que foram condenados, vi-os sair, na televisão. Cansados, arrasados, farrapos. Tinham acabado de ver a sua reputação destruída e a liberdade cortada, ainda que não de imediato. Confesso que me custa que sejam incendiados na praça pública. Que se cumpra a normalidade da justiça. Ponto final.
Precisamos todos de seguir em frente. Tenho a certeza de que há erros no processo, porque necessariamente isso acontece em algo tão extenso e tão complexo. E vi também muita gente atacar os juízes. É preciso, também aqui, ser tolerante. Eu não queria estar naquele lugar. Terão feito o seu melhor. É importante acreditar nisto.
Toda a gente está cansada. Vítimas e arguidos. É altura de tranquilidade, e de deixar o resto dos processos correrem.

Uma última nota: choca-me profundamente ver os advogados e outros representantes da Casa Pia, virem, de lágrimas nos olhos, aplaudir esta sentença. Ver a Catalina Pestana, cuja responsabilidade era defender aqueles alunos, cantar vitória pelos abusados, perdoem-me, mas não me convence. A própria Casa Pia, e os seus responsáveis, deviam estar no banco dos réus.
E sabermos, todos nós, que muitos outros abusos aconteceram, e que muitos outros abusadores deviam estar ali sentados.

Mas é preciso seguir em frente. Em nome de uma sociedade mais saudável.

E, acima de tudo, que isto tenha servido para algo. Para que isto não volte a acontecer.

Até sempre, Bom Gigante

Deixou-nos hoje, mas já nos tinha deixado há muito, levado pela mais cruel de todas as doenças.

Um símbolo do meu clube, e um exemplo dos tempos em que o futebol era carolice e paixão. Um jogador que ultrapassou as suas limitações técnicas pela sua vontade, pela abnegação, pelo instinto. E um amigo de todos com quem ele se cruzaram, o que lhe rendeu a alcunha de "O Bom  Gigante".

Tenho muita pena que o Benfica não o tenha apoiado mais, quando ele precisava, mas conforta-me saber que os benfiquistas, os seus amigos e milhares de anónimos, sempre lhe dedicaram todo o carinho e respeito.

Pelos serviços prestados ao Benfica e à Selecção Nacional, o Vodka junta-se à homenagem.


Continuas grande, Zé Torres.

Para se perceber o carinho, e a razão pela qual temos de honrar a memória de quem nos fez grandes, podem ler aqui, escrito com a clareza da qual não sou capaz neste momento.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Até os comemos


"Segundo dia de tumultos em Maputo com menos violência e sem pão."


Isto do faltar pão parece-me sobejamente exagerado. Das poucas imagens que vi de Maputo, observei muito cacete e bastantes papo-secos. E pelo menos duas carcaças.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Vodka Atónito, a aviar cartucho desde 2003

Não.
Não será tão fácil assim.
No way, Ho-zay.
Esta não é uma mensagem acerca de abandono. Ou acerca de decadência, com as plantas selvagens a invadirem tudo e os ratos a passearem alegremente por cima dos cadáveres (ler esta parte com o tom Adolfo Luxúria Canibal, no Avô Cavernoso).
Este blog é um cabrão de um bicho velho. Dura desde 2003, o que em anos de blog faz disto um ser mais antigo que a Zsa Zsa Gabor. E isso é velho pa caralho.
Não quero falar disso.
Quero falar de outras merdas.
Como gajas.
Não no sentido de "Eu Como gajas". Como uma, a mesma, sempre que posso, e isso basta-me.
Havia uma frase do Damon Albarn, num qualquer disco dos Blur antes de se tornarem alternativos, que dizia que "Your mind gets dirty, as you get closer...to thirty". É claro que isto foi escrito antes de ele ter 30 anos. A verdade é que a mente fica mais porca quanto mais velho é o seu dono.
Há uma coisa muito sobrevalorizada nas gajas, e até pelas próprias gajas. Falo de mamas.
É mais difícil encontrar um cu realmente bom do que um bom par de mamas. E um gajo aprende isso com a idade. Lembro-me que, tinha eu 14 anos, fui duas semanas para uma colónia de férias. E a gaja que todos queriam...qualquer coisa, era uma miúda que já tinha algo parecido com mamas. Com o tempo um gajo refina-se. Ou não, mas vê as coisas de maneira diferente. É sempre bom ver que andámos para qualquer lado, mesmo que não seja necessariamente para o lado certo.
Se eu pudesse escolher teria sempre 9 anos, que acho que foi o ano mais feliz da minha vida. Estava na Preparatória de Oeiras e estava apaixonado. Ainda me lembro do seu nome e da sua cara. Espero que, se algum dia a voltar a não ver, não esteja uma matrona com cara de cavalo. A evolução da carreira do Nuno Gomes foi desilusão suficiente por uma vida.

Este blog nunca foi bom. De certo modo, é como as gajas. Let's face it: Uma gaja que não é boa aos 17 anos, nunca vai ser grande avião. E este blog, no seu equivalente a 17 anos, não fazia virar cabeças.

Sinto-me como um bêbado sentado num tasco vazio. A falar para o ar, a fumar, a esvaziar o copo e a mandar bitaites. Ao fim da noite, saio, levando comigo a ressaca e os dedos manchados de nicotina. No ar do tasco fica o fumo, e as palavras, e um ou outro bêbado que vai cambaleando portas adentro, apanha alguma coisa. Se calhar não se chega a sentar. Bebe uma ao balcão, uma para o caminho, e volta para casa, para enfrentar a noite.
Há poucas coisas melhores do que um tasco onde os bêbados e os misfits de todo o tipo se podem juntar. De vez em quando uns zangam-se. Bebem uns copos a mais e pronto, está o caldo entornado. Outros emigram. Outros deixam o serviço de balcão, penduram o paninho de feitio já acostumado para pousar no braço, e dedicam-se à consultoria, ou qualquer outra merda que envolva power points e zero de talento.
Depois bebe-se mais um copo, e fica tudo bem.

Nós continuamos abertos. Não com nova gerência, porque isto nunca teve disso. São uns 12 metros quadrados, com mesas de fórmica, copos de vidro grosso e paredes manchadas pelo fumo. Uma tasca enjeitada, mas necessária.

We're allways open. É chegarem-se ao balcão e pedirem mais um copo.