sábado, 25 de setembro de 2010

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O défice. O monstro.
Quem é, e sobretudo como dar cabo desse filho da puta.
Quem é? É basicamente a diferença, negativa, entre as receitas que o Estado consegue e as suas despesas.
Como se mata o bicho?
Aumentando as receitas ou cortando as despesas ou, preferencialmente, as duas coisas ao mesmo tempo.
O aumento das receitas, isto é, os impostos, é a forma mais rápida. É imediato, a guita começa a entrar nos cofres do Estado. É óbvio que este dinheiro tem de vir de algum lado, e vai vir dos nossos bolsos. E isso vai matar a economia e, a prazo, haverá menos receitas. Porque haverá menos empresas, menor facturação, mais desempregados, etc.
E cortar a despesa?
Pois, em teoria é muito bonito.
A questão é simples. A despesa do Estado é sobretudo salários e pensões. Salários de polícias, professores, médicos, cantoneiros, e também os tipos que estão nas repartições de finanças e que parecem nunca fazer nada. Pensões são, na sua esmagadora maioria, de pessoas carenciadas (embora haja para lá uns Cavacos e uns Mários Linos). É claro que nos salários também há uns tipos, uns milhares de boys, que agora são rosas e depois são laranjas.
O espaço para cortar é enorme. No desperdício puro e simples, e na corrupção pura e simples, no aproveitamente privado do que é público. Acontece que, no curto prazo, não é no fim do desperdício que se vai poupar. Para isso é preciso que se façam reformas profundas. Uma verdadeira restruturação do Estado, dos Institutos e das empresas públicas, das suas condições, dos seus salários de topo, do fim dos tachos, etc, etc. Isto não vai servir para tapar o défice com a rapidez com que temos de o fazer, e o PSD está a insistir numa falácia quando insiste nisto.
Só há duas formas imediatas de cortar despesa de imediato: roubar nos salários ou nas pensões (por exemplo cortar 5% a tudo, ou 5% nas mais elevadas e 2,5% nas mais baixas) ou cortar no investimento público (por exemplo, mandar o TGV às malvas, o que obviamente devia ser feito).

Mas, mais importante que tudo isto, há que reformar o país. Há que reformar o Estado. Há que, quase, refundar a República.
Não defendo menos Estado. Sou de Esquerda. Mas defendo um Estado mais eficiente, e isso iria necessariamente resultar em menos Estado, com menos custos, e que serviria melhor os seus cidadãos e os contribuintes.
Esta reforma, absolutamente essencial, será decisiva para que, daqui a 5 ou 10 anos, possamos não ter de passar outra vez por isto. Não resolve este défice, que tem de ser tapado de imediato, mas permite que, no futuro, não tenhamos de voltar a passar por isto.
E não ouço ninguém a falar disto, tudo preso na espuma dos dias e na agenda retórica e mediática.

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