segunda-feira, 31 de maio de 2010

Pergunta ao candidato presidencial do Bloco de Esquerda

Qual é a sua opinião, e porque é que ainda não a exprimiu, acerca da manifestação da CGTP do passado Sábado?

Entrevista um amigo anarquista


o homem do estupefacto amarelo- Amigo anarquista, o que é que acha que se deverá fazer para resolver o problema da dívida pública?
Amigo anarquista- Escrever numa parede "morte à dívida pública, viva a acção directa" e a seguir andar à porrada com skinheads.
o homem do estupefacto amarelo- E de que forma propõe solucionar o problema do desemprego?
Amigo anarquista- Escrever numa parede "morte ao desemprego, viva a acção directa" e a seguir andar à porrada com skinheads e com a bófia.
o homem do estupefacto amarelo- E em relação à recessão económica, como combatê-la?
Amigo anarquista- Escrever numa parede "morte à recessão económica, viva a acção directa" e a seguir andar à porrada com skinheads, com bófias e com gajos amarelos esquisitos.

(Fim de entrevista. Não perca numa próxima posta a entrevista a um amigo skinhead a quem foi encontrado um tumor com a forma de uma biqueira de aço no seu hemisfério cerebral esquerdo e que, após ter sido submetido a quimioterapia, lhe cresceu descontroladamente o cabelo, tendo por isso sido expulso da associação neo-fascista "os amigos coloridos de adolfo".

sábado, 29 de maio de 2010

Head on

Bom fim de semana.


A Cassete II

Lembrei-me desta história da cassete por causa de outro assunto que vos queria trazer.

Descobri há pouco tempo uma colectânea, aliás, uma colectânea em 12 volumes. Chama-se Lux and Ivy's Favorites. Lux é Lux Superior, claro, e Ivy, é Poison Ivy. Juntos são o corpo e a alma dos Cramps. Há uns anos atrás, surgiu um livro curiosíssimo, chamado The Incredibly Strange Music Book, no qual estes dois grandes personagens falavam de inúmeras faixas que gostavam, mas que por um motivo ou outro eram pouco conhecidas. Muitas tinham, simplesmente, algo de bizarro. Depois, um fã dos Cramps decidiu ir procurar todas essas músicas, e fazer uma compilação, em dois volumes. A coisa começou a circular e, perante o sucesso e a adesão de melómanos de todo o mundo, o fã foi procurando todas as músicas e juntou-as, disponibilizando tudo na internet, em formato mp3. Neste momento, creio que a coisa vai em 12 volumes, e foi aqui, de uma assentada, que o descobri, através de um amigo.

Lux and Ivy's favorites é um festim. Rockabilly, surf music, muito country, tirolês, animais a cantar, polka, enfim, tudo e mais alguma coisa. E não é apenas uma questão de piada. É uma viagem musical, que nos leva às raízes do rock americano e a todos os misfits que um dia se lembraram de gravar um single. Como diz Lux: " There are a lot of great slow instrumentals on the B side of rockabilly singles, and a lot of them sound like Martin Denny in a way, but weirder because it was just the band having fun. They figured no one would ever listen to them. That's a whole genre I never see any reissues of. And that is incredibly strange music, because it was all these hillbillies on speed!".

Esta maravilha sonora não foi editada em cd ou qualquer formato. Anda simplesmente pela net, à solta, e circulando pelas mãos de quem adora a música, mesmo o seu lado mais bizarro e, simultaneamente, mais estimulante.

Deixo-vos aqui dois links: um que explica a história destas colectâneas, e outro onde se podem sacar todos os volumes. Volto a repetir que não se trata de pirataria, uma vez que isto nunca foi editado por ninguém. Pensem nisto como uma compilação em cassete, andando de mão em mão pelo mundo.

Como surgiu. 

E o acesso ao tesouro.

Enjoy.

A cassete I

A nossa geração vive numa espécie de febre nostálgica e revivalista, que não sei explicar bem. Eu também faço parte deste culto, também acho que os desenhos animados de antigamente é que eram, que os putos hoje em dia têm cenas a mais, que o kispo era uma cena realmente fabulosa, etc.

Mas se há objecto pelo qual tenho um incomensurável carinho é a cassete. Cassette, para escrever correctamente, k-7 para quem tem a mania (isto seria capa sete, algo realmente diferente, que não sei o que seja).
Não sei quanta música ouvi e sobretudo descobri à pala da cassete. Toda até ao início dos anos 90, seguramente, talvez à excepção de uns quantos discos que ouvia em casa do meu pai: Help, dos Beatles, Simon & Garfunkel e Glen Miller. Havia lá uma data de discos, mas não sei porquê ficava sempre nestes, e tinha também três discos de histórias para crianças: um era uma coisa do Mário Viegas e do Sérgio Godinho, creio, outro era narrado em brasileiro e o último era com dois palhaços absolutamente alucinados a dizer disparates.

A cassete era sempre uma surpresa. Se tinha 90 minutos, depois do album que se pretendia gravar aparecia sempre qualquer outra coisa, para aproveitar o espaço de fita, claro. Foi assim que descobri Smiths, por exemplo, numa cassete de outra coisa qualquer que O Rapaz do Estupefacto Amarelo me emprestou. Por falar nisso, ainda tenho a cassete dele de Cure, que tinha um restinho de Rádio Macau. Esta cassete ficou mítica, porque ele me perguntava de tempos a tempos e eu, pura e simplesmente, não me lembrava de a devolver. Até que achei piada à coisa e fiquei com ela de propósito. Para quando finalmente ficarmos sem assunto e sem insultos para trocar, a conversa poder ser desbloqueada com um simples: "Ouve lá, já devolvias a cassete dos Cure, não?".

Andava eu na preparatória quando apanhei o vício da música. Tinha poucas cassetes: o primeiro album dos Xutos em versão reduzida (era o chamado mini-album), uma colectânea bastante boa do Elvis, o Born in the USA do Springsteen, e uma data de jackpots e colectâneas avulsas. Ouvia tudo no meu gravador do spectrum, porque não havia aparelhagem. Depois ofereceram-me um mini-tijolo, daqueles fininhos, só com um deck, que para mim era a coisa mais sofisticada do mundo. Um dia assaltaram-nos a casa, e só levaram o tijolinho, não havia nada para gamar, porque até a televisão era velha e pesada para caraças.

É claro que outro clássico da cassete, quando já cheguei ao prazer supremo de ter dois decks, era fazer as minhas próprias compilações. Dava uma trabalheira do caraças, mas era bem fixe. Antes disso só gravava cenas da rádio, do António Sérgio e das vezes que a Marginal passava discos inteiros todos seguidos, quase sem interrupções (creio que era quinta à noite e sábado ao final da tarde). E a rainha de todas as compilações em cassete é a cassete de amor. A declaração amorosa em forma de música. A escolha das canções (que tinham de ser acessíveis ao ouvido delicado e pouco experiente de uma rapariga, mas ainda assim tinha de ter algo de alternativo, para mostrar o quão profundo eu era). A escolha da ordem das músicas, a irritação que dava quando um lado da fita acabava antes da música. Depois, escrever no cartão o nome das músicas, e sobretudo nas cassetes de 90 minutos aquilo às vezes não cabia. Eram dias de trabalho intenso mas genuinamente feliz. E depois a rapariga sentava-se ao lado de outro gajo qualquer no autocarro, na visita de estudo. E, como resposta, tudo o que apetecia era fazer uma nova compilação, cheia de dor de corno, tendo como tema central, obviamente o "Still Loving You", dos Scorpions.

Quando veio o walkman, foi a puta da loucura, e lá se ia a semanada na compra de pilhas, que sempre duravam pouco, muito pouco.

Lembro-me perfeitamente da primeira coisa que fiz quando tive o meu primeiro carro, um Citroen Ax. Antes de tudo, meti a cassete do primeiro album de White Zombie. Nessa altura já havia CD's, claro, mas o carro ainda era um fiel companheiro da fita magnética, e ainda bem, passando os anos seguintes a abarrotar o porta-luvas com caixas e cassetes desencontradas.

Esta é a minha homengem à cassete, que sempre foi, de facto, mais que um suporte. Foi uma forma de vida, de descobrir a vida. Boa parte da minha existência passou por aquele rectângulo mágico.

Obrigado.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Algures perdida no final do álbum mais dançável de 2007 (Sound of Silver dos LCD Sound System)

A obediência civil

"Saibam todos quantos isto lerem que eu, Henry Thoreau, não quero ser considerado membro de qualquer sociedade constituída a que não tenha aderido". "Incorrer no castigo, por desobedecer ao Estado, custa menos do que obedecer-lhe. Obedecer é como confessar que nada valho" (Henry Thoreau, in "A desobediência civil"). Saibam todos que eu acordei hoje como um trapo amarrotado por ter estado ontem até às tantas da manhã a tratar da merda do IRS, para que o Estado português, que nunca me perguntou se eu queria aderir a ele, canalizar o dinheiro dos meus impostos para alimentar a obscena clientela partidária do bloco central; os privilégios dos grandes grupos económicos que só sabem enriquecer sem risco e sem concorrência sobre o chapéu protector das "parcerias público-privadas"; o desperdício e a corrupção que sorvem quase todos os restantes recursos, nada sobrando para que os nossos 2 milhões de pobres deixem de o ser. Saibam todos quantos isto lerem que eu, o homem do estupefacto amarelo, nada valho.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Um Homem sem Qualidades

Eu cá nunca gostei do Quim. É um daqueles jogadores de que ninguém gosta. É calmo, discreto, faz a sua cena sem grande estardalhaço.
E não sou só eu. Nas bancadas do Estádio da Luz, de cada vez que vai uma bola para a área, toda a gente grita, inconscientemente, "Quim!", não numa questão de confiança, mas para o recriminar antecipadamente, para ele sair da toca, atacar a bola e, por uma vez, ser homem. É isso que se pede de um jogador, e sobretudo de um guarda-redes. Que seja um Bento, um Schmeichel (ou coisa assim), um Oliver Khan. O Preud'homme, o melhor guarda-redes que vi jogar, era o único que não precisava disso. Era um gentleman, e era o maior.
Um adepto quer - pelo menos eu quero - um guarda-redes que saia da baliza, se faça às bolas (salvo seja), se mande para o meio da molhada e, se for preciso, parta três dentes ao avançado-centro. O Ricardo era assim, mas não só falhava nos dentes como falhava na bola. E fala fininho, que é a pior coisa que pode acontecer a um guarda-redes.
Lembro-me bem, num início de época há alguns anos atrás, o Quim tocar na bola e ter todo o estádio a gritar pelo Moreira. Eu não o fazia, mas sempre defendi que, perante jogadores iguais, se devia optar pelo mais novo, e feito nas escolas do Glorioso.
Tudo isto para dizer que nunca fui grande fã do Quim.
Mas a verdade é ele é um jogador que ganhou, claramente, o meu respeito. Foi criticado sempre, mesmo sem ter culpa nenhuma. No Benfica, por causa do Moreira. Na selecção foi injustiçado durante anos, porque era mais fiável que o Ricardo dos frangos, mas o Scolari nunca quis saber. Depois o Ricardo finalmente pôs-se nas putas. Logo o Queiroz inventou esse tal de Eduardo, que é uma espécie de penedo: é grande e de vez em quando leva com as bolas na tromba (como o Cláudio Ramos, no fundo), mas não sei em que raio é melhor que o Quim.
E a verdade é que, perante tudo, é titular no Benfica há uma data de épocas, depois de ser titular no Braga durante outras tantas. Tem uma longa, ainda que intermitente, carreira ao serviço da selecção. E foi o nosso guardião nos nossos dois últimos títulos.
E agora vai ser dispensado.
Discordo em absoluto desta decisão. Ainda mais se for para comprar o Eduardo. Ainda mais se dispensarmos também o Moreira. Tremo de pensar no Júlio César a defender as redes do Glorioso.
A verdade é que Quim merece o respeito e o carinho de todos os benfiquistas. Serviu sempre bem o clube, nunca arranjou problemas e foi sempre menos elogiado do que merecia.
Neste momento, em que vai abandonar o clube, sai um campeão, em todos os sentidos.

Pela postura e pelos serviços prestados: Obrigado, Quim.

terça-feira, 25 de maio de 2010

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Parole, parole, parole...

Caríssimo Amarelo,

Em primeiro lugar as minhas desculpas. De facto, eu não devia lançar-te estas provocações, sabendo perfeitamente que tu irias reagir assim, de cabeça quente.
Eu devia saber que tu nunca admitirias a tua recorrente fantasia que te envolve a ti, o José Lello e um não tão pequeno pónei e que, ao invés, irias disparar uma série de diatribes assentes num argumento que, de tão inexistente que é, não chega a ser risível. É um nada dentro de um vácuo, embrulhado em papel de nada.

Em segundo lugar, quero dar-te os parabéns pela tua posta/resposta. É uma das melhores que já fizeste. Tirando as palavras, é claro. De facto, a Bruna tem umas belas mamas, e o facto de as expores assim não apenas traz mais gente ao tasco como ajuda a malta a não pensar realmente no que escreves. O que é não apenas bom, mas verdadeiro serviço público.

Em terceiro, quero sugerir-te que deixes essa nomenclatura fajuta de estalinista para cá e estalinista para cá. Quando nasceste, o tipo tinha morrido há uma data de anos, não há necessidade de falares como se tivesses acabado de regressar de um gulag. Fazes-me lembrar um gajo de barba que tenha estado na juventude do Bloco de..., enfim, percebes a ideia.

Portanto o teu argumento dessa malta xuxalista ser de esquerda são coisas que eles disseram, né? Espectáculo.

Então toma lá algumas, dentro desse teu raciocínio. Eu também sei ir a essa coisa de Google.

"O Partido Socialista é a verdadeira força da esquerda progressista, da esquerda moderna, da esquerda do povo" - José Sócrates

 "Acredito hoje que minha conduta está de acordo com a vontade do Criador Todo-Poderoso" - Adolf Hitler

"O nosso ideal é vencer. Não é vencer de qualquer maneira, não é vencer em qualquer túnel, mas sim vencer à F. C. Porto" - Pinto da Costa

Caro Bastard

Se Estaline não quisesse apalpar a mama esquerda da Bruna de Mirandela, a solução seria simples: a mama esquerda da Bruna de Mirandela não existe e jamais existira. Tal como tu, também eu me situo muito à esquerda da ala esquerda do PS (está descansado, Bastard, não tenho qualquer intenção de apalpar as mamas do Vera Jardim) mas seria incapaz de recorrer aos mais baixos truques estalinistas para negar a sua existência. As evidências são muitas pelo que enunciarei só algumas que encontrei numa rápida busca no Google.

"Ana Gomes manifestou o desejo de que o PEC fosse reformado pela esquerda porque é a única maneira de ele contemplar todos, de forma equitativa". "Não estou a favor das privatizações que se prevêem, de serviços de interesse público ou de empresas com interesse estratégico para Portugal, estou a falar da Ren, dos CTT, da Galp". "Não é justo que a taxação das mais valias bolsistas fique adiada para as calendas, enquanto se aplicam desde já sistemas de deduções fiscais, que no fundo são aumentos de impostos, para as classes médias e também afectando as classes mais necessitadas" (Ana Gomes, TVI 24, 20-03-2010).

"A proposta do BE para o levantamento do sigilo bancário foi hoje chumbada no Parlamento pelo PS, PSD e PP mas contou com o voto favorável do deputado socialista, Vera Jardim" (Jornal de Notícias, 11-12-2009). "Vera Jardim tenciona questionar no Parlamento o ministro das finanças sobre algumas medidas, nomeadamente quanto à equidade na repartição dos sacrifícios e quanto ao plano de privatizações" (Renascença, 23-03-2010).

"O aumento do 1º escalão do IVA mais baixo (5%) que afectou os bens essenciais é inaceitável". "Defendo uma penalização forte das remunerações variáveis dos gestores e altos quadros das empresas" (João Proença, Agência Financeira, 13-05-2010).

É verdade que a minha esquerda não se esgota na reforma pontual do capitalismo que propõem estes e outros militantes da ala esquerda do PS: é preciso uma alternativa assumidamente anti-capitalista em que seja a democracia a controlar o mercado e não o contrário. No entanto, e ao contrário de ti, defendo que as diferentes esquerdas (das mais radicais às mais moderadas) devam convergir numa plataforma comum contra a direita, abandonando as suas mesquinhas lutas fratricidas. Enquanto o sectarismo que advogas continuar a dominar à esquerda, o nosso sistema político continuará sempre enviesado à direita, com todos os custos sociais que isso implica. Pode não se ver tão bem como a direita, mas a mama esquerda da Bruna... existe.

sábado, 22 de maio de 2010

Caro Amarelo

Confessa lá, tu um dia gostavas de votar PS e não sentir vergonha, não é?
Vá, podes assumir, estamos entre amigos.
Bebe mais um copo, pode ser que se te solte a língua.
Estava a ler um comentário teu mais abaixo, no qual tu enunciavas um verdadeiro exército de gente de boa estirpe esquerdista, como prova de que o PS tem essa coisa, esse mito urbano, esse monstro do Loch Ness político chamado "ala esquerda".
Não vou comentar toda a gente, até porque acho que alguns dos nomes tu inventaste, ou então o teu amor ao PS é mais profundo do que eu pensava e conheces aquilo melhor que o Zé Lello.
Ana Gomes? Essa perigosa fundamentalista da extrema-esquerda que, assim que o PS foi para o poleiro, amansou logo? Já para não falar do seu tom de voz e da sua insuportável presunção...
Vera Jardim? Estás a referir-te a esse grande esquerdista que é, apenas, o chairman do gigante bancário BBVA em Portugal?
João Proença?! O sindicalista mais pussy do mundo?
Nuno David? É quem? É o lateral esquerdo do Sintrense? Ou o afilhado da senhora dona Rosário Gama, que faz rissóis para fora na Ericeira?...

Eu percebo-te, queres ganhar qualquer coisa. É como um gajo ser adepto do Estrela da Amadora, chega a uma altura em que já chateia nem cheirar a vitória.
Vá, não seja por isso, meu valente esquerdista. Mete lá a cruzinha à vontade.

(Ninguém vai saber, e talvez te sintas melhor).

A obscenidade política...


... é um universal, ao contrário do sentido de humor. Os ingleses podem ter também os seus "Passos Coelhos" mas ninguém no mundo os denuncia com aquela fleuma mordaz, elegante e filha da puta de que só os ingleses são capazes. Agora que Passos Coelho foi promovido a segundo ministro, não ouvi nenhum político português dizer que o mesmo "conseguira uma posição que um vulgar insignificante não pode alcançar e à qual só uma genial incompetência pode conduzir". God save these british fucking snobs.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ontem à noite...


... tive a brilhante ideia de ir de sandálias para um concerto de uma banda do Porto chamada... "Mosh". Não faço mais quaisquer comentários.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Manual de instruções para transformar problemas grandes em problemas ainda maiores

1- Cultive a pobreza no campo de forma a que a sua população se desloque massivamente para as cidades para aí trabalhar nas fábricas;

2- Destrua a indústria, deslocalize fábricas e desenvolva o sector dos serviços. É importante que as antigas populações operárias subescolarizadas migradas para as cidades passem a ser um excedente inútil e inempregável na economia formal;

3- Concentre todos esses desperdícios humanos no mesmo sítio, formando enormes bolsas homogéneas de pobreza e exclusão. Chame-lhe "bairros sociais".

4- Por contraponto ao resto da cidade, heterogénea do ponto de vista arquitectónico e social, realoje esses resíduos humanos, dispensáveis no capitalismo moderno, em enormes blocos de betão feios, baratos e, sobretudo, todos iguais. É importante que os bairros sociais pareçam mesmo "bairros sociais", de forma a que o estigma sobre estas populações seja mais eficientemente aplicado.

5- Condene estas populações excluídas da economia formal à sobrevivência na economia informal. Na melhor das hipóteses, uma mairoia conseguirá arranjar biscates precários, sem contrato e mal pagos (nessa circunstância, culpabilize-os por isso, acusando-os de não quererem trabalhar regularmente, de não querem pagar impostos, sendo "parasitas sociais sustentados pela classe média". Na pior das hipóteses, há uma minoria que consegirá "emprego" na economia informal ilegal (prostituição, tráfico de droga e armas). Reprima esses comportamentos desviantes, na condição porém de nunca mexer nas causas sociais que os potenciam. A criminalização da pobreza é um óptimo pretexto para acusar os pobres de serem responsáveis pela sua própria pobreza, por serem maus e preguiçosos.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Como é que isto há-de ir para a frente

E se o John Travolta fosse punk?

Quem matou a economia portuguesa?


Num post que escrevi há uns dias atrás, acusei o Cavaco e o Guterres de terem sido dois dos principais suspeitos pelo assassinato da economia portuguesa, por não terem efectuado em tempos de crescimento económico a poupança que deveriam fazer, para agora haver uma folga maior em tempos de recessão. Retomo, agora, a reconstituição do crime, acusando um terceiro suspeito: a arquitectura liberal da zona euro. Nesta posta, referir-me-ei a apenas uma das regras perversas do Pacto de Crescimento e Estabilidade que nos está a foder a economia toda: o financiamento monetário (ou seja, a criação de mais moeda) dos défices públicos está interdito (mesmo em situações de grave crise como a que estamos a viver neste momento), sendo o Estado obrigado a financiar-se no mercado como qualquer agente económico privado. Neste contexto, países com economias mais frágeis como o nosso, são o alvo mais apetecível dos especuladores (que apostam basicamente que isto vai tudo com o caralho), sem que o nosso Estado tenha qualquer forma de se defender destes ataques especulativos. Ou seja, a arquitectura económica em que assenta a zona euro está toda de pernas para o ar: o Estado fica dependente dos mercados para o seu funcionamento, em vez dos mercados estarem dependentes da regulação do Estado. Um mercado todo poderoso que obriga o Estado submisso a curvar-se a seus pés, mendigando-lhe financiamento, é o sonho erótico de todos os liberais.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Dr. Jekill and Mr. Asshole

Foi a 10 de Maio, tomei nota para comentar aqui isto convosco, esqueci-me e lembrei-me agora. Portanto, aqui vai disto, com algum tempo de atraso.

Como provavelmente saberão, para mim o Augusto Santos Silva está mais ou menos ao mesmo nível que um cagalhão fervilhante de larvas ou que o José Lello. Eu pessoalmente prefiro pensar no cagalhão, dá-me menos a volta ao estômago.
Adiante.
O bom do Santos Silva, um gajo tão fabulosamente talentoso que tanto é ministro dos Assuntos Parlamentares como da Defesa, tão bom na bisca lambida como no rego lambido. O tipo é agora ministro da Defesa. Mas, a 10 de Maio, apareceu todo pimpão na sede do PS, no final da reunião de uma merda chamada Secretariado Nacional do PS. Entre várias inócuas balelas, conseguiu a proeza de dizer que as últimas medidas do Governo não contradizem o programa do seu próprio Governo. Basta dizer uma palavra: impostos.
Mas melhor do que este exercício de negação absoluta da realidade foi uma outra resposta que deu, questionado directamente acerca de impostos: "o Secretariado Nacional do PS não trata de matérias da exclusiva competência das orientações ao Governo", explicou o SENHOR MINISTRO.

Depois saiu do Largo do Rato, despiu o fato do Secretariado Nacional do PS, meteu as suas braçadeiras de borracha e entrou de imediato num submarino, já na sua pele de Ministro da Defesa.

O Cometa

Não tenho por hábito elogiar outros blogs. Porque é tecnicamente impossível haver um melhor que este e porque tenho medo de, elogiando-os, a clientela goste mais das imperiais de lá, e não volte.

Mas enfim. Quero só chamar a atenção para o facto do Cigano Mágico aka Prosi estar de volta. É o link que está por aí no lado direito, que diz "Cigano Mágico", e de um blog que, aparentemente, se chama agora "Cometa Azul".

É um tipo que diz coisas como "Não convém desperdiçar as oportunidades. Defender e espreitar o contra ataque. A vida é como quando o Salgueiros ia às Antas" e ainda "Era o que deviam fazer ao Passos Coelho. Meter-lhe um filtro no microfone que o fizesse soar como o Darth Vader. “Temos que ser responsáveis” soaria logo como ” tenho uma gigantesca estrela da morte por cima dos Jerónimos e vou mandar isto tudo pelo ar”. Bem mais perto da verdade".

É o maior. Está de volta. E isso é uma boa notícia. Façam-lhe uma visita que o homem merece.

A Moção de Censura

Ora nem mais.
Andamos há tanto tempo com falinhas mansas e "senhor deputado" e o caralho, que já quase nos esquecíamos que esta coisa existia.
Na verdade, com as medidas constantes deste PEC e o ataque cerrado a tudo o que mexe, mas sobretudo aos mais carenciados, nunca houve um motivo tão claro e tão evidente para dizer "não, eu não quero mais e, na medida da minha força, vou tentar impedi-lo". E é isto que o PC, e bem, está a fazer. E o Bloco que, bem, vai apoiar.
Já sabemos que não serve para nada, que eles ficam lá, etc. Mas é preciso dizer não e clarificar as águas.

Sócrates pensa, como diz o Jerónimo que "ou é ele ou o dilúvio". É isso mesmo. Pensa que só ele pode salvar o país, ele que foi o seu principal coveiro. E chega a um ponto que, há que dizê-lo, temos de parar para pensar. Sabemos todos que o momento é grave e que, em abstracto, um vazio de poder não seria uma coisa boa. Mas será que queremos ter um primeiro-ministro corrupto, mentiroso, incompetente e arrogante?

Eu não quero. O desastre que ele provocou não pode ser invocado como o argumento para o poupar.

YMCAvaco

Ora aí está a terceira marca relevante dos anos de José Sócrates. Depois de tudo, quando finalmente reconhecer a sua incapacidade para governar e, qual Nero, enlouquecer tocando Lira, há três coisas positivas deixadas por este senhor e o seu bando de malfeitores, que ficarão na história: o Simplex - que infelizmente ficou coxo porque a simplificação de procedimentos não foi acompanhada pela respectiva redução de pessoal - , a legalização do aborto e o casamento bicha.

O Simplex poderia ter sido decisivo e ter um impacto em larga escala, mas é positivo. A legalização do aborto foi, para mim, o grande acontecimento, porque resolve um problema de saúde pública e afasta o puritanismo que ainda grassava no nosso país. Esta história do casório é mais folclórica e simbólica do que realmente importante. Mas é um símbolo poderoso e bem vindo, e a democracia também se faz disso.

É pouco para quase 6 anos de um governo de "esquerda".

Quanto ao Cavaco e ao seu discurso alucinado, parece-me que tudo tem de ser visto à luz das próximas eleições presidenciais. Estou convicto que ele, caso não houvesse eleições em breve, teria vetado, mesmo que depois fosse ultrapassado. É óbvio que, agora, era lixado fazer isso. Era dar à esquerda um Cavaco Bicho-Papão, ultra-conservador, etc, etc. No fundo, aquilo que ele é, mas que podia levar a que a esquerda fosse forçada a escolher um "campeão" para o derrotar, naturalmente Manuel Alegre. Não seria isso que me levaria a votar numa fraude, mas muita gente o faria.

Quanto a mais uma lamentável tentativa do Amarelo de explicar a sua teoria pela qual todos os bons rapazes de esquerda têm de votar Alegre, creio que estamos conversados. Supostamente representa a "ala esquerda do PS", algo que, manifestamente não existe. E, sobretudo, ninguém pode ser disso símbolo e, no discurso de candidatura, mandar um forte abraço e um beijo molhado a José Sócrates.

São escolhas. E as escolhas têm consequências.

Algumas considerações sobre o Sr. Silva


O Sr. Silva disse ontem que a questão do casamento homossexual não era prioritária no actual contexto de crise. Por isso, no auge da crise, fez uma comunicação solene ao país em horário nobre para se pronunciar sobre o casamento homossexual.

O Sr. Silva é contra o casamento homossexual. Por isso, promulgou a lei a favor do casamento homossexual.

Eu acho que o Sr. Silva é um bocado idiota. Por isso, não vou votar Manuel Alegre.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

domingo, 16 de maio de 2010

A inveja é um sentimento muito feio


Escrever sobre sexo é um exercício arriscado. São poucos os escritores que o fazem sem cair no ridículo ou no mau gosto. É preciso ter um enorme talento para o conseguir. É o caso desta pérola do Rubem Fonseca (escritor brasileiro que eu conheci há alguns anos através de uma prenda do Bastard): "Afinal, fomos para minha casa, entrámos e ficámos imóveis, um olhando para o outro, nossos rostos se aproximaram lentamente e nos beijámos, primeiro de maneira tímida, sem que o resto dos nossos corpos se tocasse. Karin estava muito emocionada, eu também, a inocência de Karim acendia uma centelha, um frisson de eufórica felicidade dentro de mim, comovi-me com a radiância do seu corpo nu curvado, sua boca no meu pénis, ouvi-a perguntar, docemente, fitando-me com os seus olhos cheios de pureza, está bom?" (Rubem Fonseca, in Mandrake, a bíblia e a bengala). A inveja é um sentimento muito feio.

sábado, 15 de maio de 2010

Mind Games


Quando místicos, freaks, esotéricos, transpessoais, e todo o tipo de gajos esquisitos com pinta new-age que façam reiki e meditação transcendental, me veêm falar do poder da mente, respondo-lhes invariavelmente da seguinte maneira: "ai é, então tenta não pensar no Almeida Santos a cagar". O poder do cinismo sempre foi maior.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Descubra as diferenças



Capitalismo Light

No século XIX, o capitalismo era selvagem e desumano. No século XXI, o capitalismo é selvagem e desumano mas com responsabilidade social. A ideia é simples. Uma grande empresa pode continuar a ter as mesmas práticas filhas da puta que sempre teve desde que implemente um marketing social bem montado que maquilhe a sua reputação. Alguns exemplos.

A empresa "Ganância, Lda." pode continuar a pagar mal aos trabalhadores (que ficam com as migalhas que sobram depois da fatia principal dos lucros ter sido generosamente distribuída pelas administrações, accionistas e quadros superiores). Não faz mal: a empresa tem um certificado de responsabilidade social, por ter ajudado a plantar arbustos de plástico num parque infantil vandalizado na Damaia de Baixo.


A multinacional "Exploitation, Inc." pode continuar a optimizar os seus lucros, obrigando os empregados a trabalhar mais horas do que a lei permite, sem direito a qualquer remuneração suplementar. Não faz mal: a empresa tem um certificado de responsabilidade social, por ter ajudado a nidificação de gambosinos no Parque do Gerês.

A empresa "Lucros Ensaguentados, S.A." pode continuar a transferir os custos que deveriam ser privados para toda a sociedade (por exemplo, poluindo o ambiente sem pagar os custos exigidos pela respectiva reparação ambiental). Não faz mal: a empresa tem um certificado de responsabilidade social por ter oferecido sobras de jornais económicos como agasalho para os sem-abrigo de Lisboa.

A empresa "O Capital é Melhor que o Sexo Oral, Lda." pode continuar a esconder os sues lucros em Offshores para fugir ao fisco, a maquilhar a sua contabilidade e a subornar as empresas de auditoria para insuflar artificialmente os seus resultados. Não faz mal. A empresa tem um certificado de responsabilidade social por ter apoiado uma investigação científica com vista à produção de pastilhas elásticas ingeríveis com sabor a urtiga.

O Estado é, claro, cúmplice deste movimento, demitindo-se progressivamente das suas funções sociais, que passam a ser transferidas para a caridade opcional e pouco consequente das empresas privadas. A este processo dá-se o nome de responsabilidade social.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Papamóvel Superstar


Papa, perdoa-me, eu pequei. Apesar de desprezar tudo aquilo que representas - conservadorismo, obscurantismo, desigualdade e intolerância - vendi todos os meus princípios pela reles tolerância de ponto dada hoje em teu nome, inaceitável num Estado laico, inoportuna em tempos de crise e discriminatória face ao sector privado.

Papa, perdoa-me, eu pequei. Apesar de me repugnar o assassino apelo que fizeste à não-utilização de preservativos quando visitaste países africanos assolados pelo flagelo da Sida, sujei as minhas mãos com o teu sangue ao me ter aproveitado igualmente da tolerância de ponto dada terça à tarde em teu nome.

Papa, perdoa-me, eu pequei. Apesar de me revoltar a tua hipócrita defesa do valor da vida - sabendo tu perfeitamente que é a vida das mulheres que está em jogo quando tu as tentas empurrar para o drama do aborto clandestino - seria capaz de distribuir uns panfletos com fotos de fetos com três dias a jogarem sudoku se me prometessem mais uma semana de férias.

Papa, perdoa-me, eu pequei. Apesar de me indignar que pregues a igualdade com uma mão e pratiques a discriminação com a outra - condenando os homossexuais e interditando o acesso das mulheres aos lugares de poder da tua instituição - seria capaz de apedrejar panascas em troca de uma reforma antecipada aos 32 anos sem penalização.

Papa, perdoa-me, eu pequei. Apesar de lamentar o funcionamento não democrático da tua instituição - em que uma oligarquia de sessenta cardeais jarretas decidem de cima para baixo o que é que todos os outros membros da igreja devem fazer, policiando e sancionando os desvios à sua doutrina - excomungaria de bom grado a mínima demonstração de dissidência teológica, se me garantissem que o fim-de-semana seria alargado para sete dias semanais.

Papa, perdoa-me, eu pequei. Apesar de me nausear com a tua moralzinha salazarista - que associa o pecado ao prazer, que condena a sexualidade fora do casamento, que se opõe à educação sexual, que censura o planeamento familiar e que rejeita o divórcio - seria capaz de ter quinze filhos em troca de não me foderem diariamente no campo de concentração a que se convencionou chamar "local de trabalho".

Amén.

A 13 de Maio...

... relembro-vos a célebre música que nunca nos deixaram ouvir a seguir ao jogo da mala. Bem aventurados os fascistas porque deles será o reino dos céus.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

No dia em que anunciam aumentos de impostos e o ainda maior empobrecimento do povo português...

...gostaria de lembrar que foram gastos 750 mil euros de dinheiro público para estes dois senhores partilharem um pastel de nata.



Era só isto.

Frase do dia (e cheira-me que de muitos dias que aí vêm)


                                                              Paga, Zé!


Imagem de  osonoluso.org/.

Hélas!

Já reparam quem é o tipo que está a dar lições de moral a Portugal por causa das nossas contas públicas?

terça-feira, 11 de maio de 2010

Queirós? Queiroz? Cagalhão com moscas?

Depois da fabulosa convocatória que o Xor Queirós/oz divulgou ontem, atão não é que afinal havia outra lista?!
Sim, uma lista de 30 jogadores enviada à Fifa e divulgada hoje pela Federação. Nessa lista, para além dos 24 anunciados pelo mister, estão ainda Rui Patrício, Ruben Amorim, João Moutinho, Makukula, Eliseu (perdão?) e Manuel Fernandes.
Sendo que este último nem sequer estava na lista de 50 jogadores pré-convocados divulgada pelo próprio mister há pouco tempo. Fantástico.
Agora a questão é esta: se havia 30, por que raio divulgou 24, sendo que ainda por cima só pode levar 23.
Se divulgou antes um lato universo de 50, como chama agora para os 30 um que não estava lá? Esqueceu-se?!

Eu cá não gostava do Socolari, sempre o disse. É um grande motivador, mas percebe pouco de uma coisa importante nestas competições: de futebol.
Trocámos esse por um que percebe a mesma coisa de futebol, mas que é um não-motivador, devido ao facto de ter o carisma de meia carcaça de pão duro.
Supostamente, a sua grande qualidade era a organização, essa coisa tão importante. Atão que raio aconteceu com esta convocatória? Dos 50, dos 23, depois 24, depois 30...
E querem apostar que, depois da merda que isto obviamente vai dar, o Madaíl vai continuar a fingir que não tem nada a ver com o assunto?...

I've got a feeling que isto vai dar merda da grossa.

PS - nos 30, continua a não haver o guarda-redes campeão e menos batido do campeonato. Tá certo.

CARRRREEEEEEEEGA ARGENTIIIIIIIIINNAAAAAAAAAAA

Porreiro, pá

Algures entre a vitória do Glorioso e a chegada do Papa, uma conjugação de eventos que só poderia ser superada se, em cima disto, a Amália ressuscitasse, TUNGA! De fininho, o nosso grande líder espiritual José Sócrates anuncia um aumento de impostos. Primeiro é o IVA - o mais cego de todos os impostos - como lhe chamaram. Se bem se lembram, este espectacular imposto que há em tudo o que se compra, foi reduzido há pouco mais de um ano. Manuel Pinho havia decretado que a crise havia partido para não mais voltar, vinham eleições a caminho, e o IVA, esse malandro, foi cortado num ponto percentual. E agora toma lá morango, vai subir em pelo menos dois pontos percentuais. Espectáculo.

Entretanto foi anunciado que o Estado ia atacar o verdadeiro problema deste país, os reformados. Esses facínoras de andarilho, jogadores compulsivos de bingo e grande apreciadores de óleo de fígado de bacalhau, são esses cabrões que andam a lixar isto tudo. Não todos, claro. Só os mais merdosos entre os merdosos, os lambões que ganham a pensão mínima, que é pouco mais de 200 euros. O Estado quer saber se esses gulosos têm outras fontes de rendimento, porque se tiverem...ai ai ai, vão ficar sem a reforma de luxo, seus magarefes! Por acaso, a senhora minha mãe está nesta situação. Apesar de trabalhar desde os 12 anos de idade, descansando apenas ao domingo, para criar dois filhos praticamente sozinha, tem uma reforma de 230 euros. Isto porque, devido a falta de informação e patrões pouco escrupulosos, descontou muito pouco. E porque o tempo que trabalhou em Angola - que na altura fazia parte do Estado português - não foi considerado, devido a um mero problema burocrático. E a senhora minha mãe, com 66 anos, trabalha hoje em dia em part-time. Sim, é uma das perigosas lambonas que papa a reforma e o ordenado. PORQUE NÃO CONSEGUE VIVER COM A MISÉRIA DE MERDA QUE ESTE PAÍS LHE PAGA, DEPOIS DE UMA VIDA DE TRABALHO.
Foda-se.
Isto foi anunciado, depois desmentido, depois algures no meio. Ainda não percebi como esta brincadeira vai terminar, mas já estive mais longe de começar aos tiros. A ver vamos.
Por último, a ideia peregrina de criar um imposto especial sobre o subsídio de férias/natal. Uma taxa especial de IRS sobre esse rendimento de todos os portugueses. Mas só nesse mês, que o nosso Governo é gente com coração mole.
Porreiro, pá.

Na verdade, é algo injusto culpar o bando de malfeitores liderado por Sócrates de tudo isto. Parte da culpa vem da Merkel e outros que tais, que para aprovar o plano de salvamento europeu exigiram que nós e os nossos amigos borra-botas apertássemos ainda mais o cinto. E Sócrates, o mestre do marketing, ainda não percebeu como há de vender isto: se como uma imposição do exterior, que lhe retira autoridade e nos deixa ao nível de um país da América Latina nos anos 80, se como uma medida de austeridade por si decidida.

Na verdade, não é importante. Seja de quem for a culpa, estão-nos a foder porque já andamos há décadas a ser fodidos à bruta por quem nos governa. Estamos a pagar, os mesmos do costume, por toda a merda feita por essa gente, que agora aparece com semblante carregado e pose de Estado como se estivesse compenetrada com a missão de nos salvar.

FORAM VOCÊS QUE NOS FODERAM, OK?

Toda a gente sabe. Quanto a cortes na despesa, nas despesas absurdas do Estado obeso e dominado pelos aparelhos partidários, nada. Corta-se uma estradeca, TGV é só de Setúbal a Borba, vamos ao bolso aos idosos, cortamos os apoios sociais, e já está. O resto é do lado da receita.

O Estado esbanja (ainda por cima no que não deve) e a gente paga.

A verdade é que, até às presidenciais, o Governo não cai. Depois se ganhasse o Alegre, o Governo nunca cairia. Se ganhar Cavaco, a ver vamos, sendo certo que o presidente eleito não pode dissolver a AR nos primeiros seis meses de mandato. Vamos continuar a levar com este governo corrupto e incompetente, que todos os dias mostra não ter um rumo e estar de cabeça perdida, sem saber que raio fazer. Esse é o principal problema da troupe de saltimbancos de Sócrates: Passaram uma data de anos a brincar ao marketing e à politiquice, e não ganharam absolutamente nenhuma experiência numa coisa que agora até dava jeito: saber governar.
Agora que nem o marketing funciona, temos à vista, finalmente, o absoluto vazio que é este Executivo.

E sim, eu sei que o Passos Coelho é outro merdas.

Mas uma poia de cada vez, se faz favor.

Smells Like Teen Spirits

Mamar foi o Padre

E nenhum deles se chama Henrique Granadeiro

Granadeiro diz que há quatro mil trabalhadores a mais na PT.

Ao meu primo (1974-2009)

Say what?!

Acabo de ver a convocatória do Queiroz.
E estamos bem fodidos.
Já não chegava sermos o Brasil B, agora temos um treinador que parece o Artur Jorge depois de ser operado à tola.
Daniel Fernandes (who the fuck?), Ricardo Costa e Zé Castro (há qtos anos não vão à selecção?), Duda (jogador medíocre). Ausências absolutamente injustificáveis de Moutinho (passou a ser merda de repente?), Quim (guarda-redes campeão e menos batido do campeonato não serve), Rui Patrício (fez mais 30 jogos que esse tal de Beto) e Carriço (se ele queria levar 30 centrais, este devia estar no lugar de zé casto, ricardo costa ou até Rolando, outro bluff).
Quem deve estar fodido com isto são os senhores da Panini, já que quase não acertaram nos jogadores que meteram na caderneta.

Com tudo isto, a minha equipa está escolhida.

Vamos a isso, Diego!!

Honra aos heróis

São os nossos heróis. Todos eles. Aqui, quero deixar uma mensagem especial em relação a alguns.

Quim - o nosso número 1. Teve uma tarefa dura desde que chegou ao Benfica. Eu próprio sempre defendi o nosso Moreira para a baliza do Benfica. Sempre o Quim deu a volta por cima, com a seriedade e tranquilidade que são a sua imagem de marca. A verdade é que, nos últimos dois títulos, era Quim quem estava na baliza. Obviamente tem de renovar.

Ruben Amorim - talvez a maior surpresa da época. Um jogador inteligente, tacticamente adaptável, trabalhador, e com escola. E sócio do Benfica desde pequenino.

Coentrão - Jesus acreditou, e Fábio aproveitou. Aprendeu toda a época e, a continuar assim, vai longe. De origem humilde, é destes miúdos que o Benfica precisa.

Luisão - o grande capitão. Tal como no último título, foi absolutamente decisivo. A sua identificação com o clube é total. Um exemplo.

Javi Garcia - grande reforço, o pilar do meio-campo. Em pouco tempo estará na selecção espanhola.

Ramires - o queniano está mais para lá do que para cá, fruto da época intensa, da ausência de férias e das lesões. Já mostrou o grande jogador que é. Vai explodir definitivamente na próxima temporada.

Aimar - El Mago já foi, este ano, muito mais perto do que sabe. Adoro o seu toque de bola, a sua tranquilidade, a sua inteligência, a sua criatividade. É uma honra ter um jogador assim no nosso clube.

Saviola - talvez o melhor reforço de todos. A classe em estado puro. Quando estiver melhor fisicamente, vai rebentar tudo. É um gozo vê-lo jogar.

Cardozo - o melhor marcador do campeonato, a primeira vez em 19 anos que temos um jogador com este troféu. Não sou grande fã, mas não há como negar a sua influência. Antes de se lesionar estava a jogar muito bem, não apenas a marcar. Depois, deu mostras de grande abnegação e espírito de sacrifício, dando tudo pelo Benfica. Decisivo.

Weldon - o reforço mais barato e que foi decisivo em vários jogos. Foi o Karadas deste ano (sem maldade).

Airton - chegou, jogou pouco, mas convenceu muito. No curto prazo, o meio-campo vai ser seu.

Carlos Martins - para todos os que duvidavam, deu este ano a resposta. Muito importante.

Nuno Gomes - o capitão. Importantíssimo no espírito de equipa, no balneário. Jogou muito pouco mas entendeu a sua posição, e nunca levantou problemas. Saberá, sem dúvida, ser um senhor até ao fim. E tem, finalmente, o respeito e a admiração de todos os adeptos.

Di Maria - como todos os génios, é capaz do melhor e do pior. O que sei é que, com ele em campo, nunca dou um jogo por perdido, dada a sua capacidade de inventar aquele drible, aquele passe, aquela jogada. Vai sair, em busca do seu futuro. Que continue a crescer, é o que lhe desejo.

David Luiz - o meu jogador preferido deste Benfica. O "minino" está feito um grande, grande jogador. No espaço de dois anos, estará entre os melhores centrais do mundo. Um craque com um coração benfiquista. Espero que fique por muitos e bons anos.

Moreira - Merecia ter jogado mais esta época, até de modo a ser campeão. Dizem que está de saída, e tenho muita pena. Veio das escolas e soube sempre servir o Benfica com dignidade. Se sair, espero que seja muito feliz. Ficará sempre no coração dos adeptos.

Mantorras - ainda não sei o que aconteceu para não ter estado na festa. E tenho muita pena que isso aconteça. Mantorras é Mantorras, o nosso herói. E nós não o esquecemos.

Robert Enke e Miki Féher - este título é também para eles. Continuam connosco em cada jogo no estádio da Luz.

Luis Filipe Vieira - este ano calou-se, e isso é bom. O seu discurso na câmara de Lisboa foi exemplar. Aceitando a homenagem da cidade, fez questão, e bem, de dizer que o Benfica nasceu aqui, mas é de todo o país. De todos os portugueses que gostam do Benfica. Não precisamos, como outros, de nos guetizarmos, de inventar inimigos imaginários. A nossa base é o povo, de norte a sul do país, passando pelas ilhas e pelas comunidades espalhadas em todo o mundo. Muito bem, senhor Vieira.

Jorge Jesus - palavras para quê? The Man.

Que la chupen y sigan chupando!!!

Foi uma vitória justíssima, e contra tudo e contra todos.
Não nos equivoquemos, meus amigos. Só foi possível derrotar todos os obstáculos porque fomos, de facto, muito superiores a todos os adversários.
Ouvimos de tudo.
Que éramos um bluff.
Que não tínhamos apanhado nenhuma equipa de jeito. Que só batíamos em mortos.
Que nos íamos abaixo.
Depois, quando esta converseta não funcionou, foram os árbitros. Levados ao colo. O andor. Etc, etc.
A sorte, claro, tivemos sempre sorte.
Depois o túnel. Dois energúmenos perdem um jogo e, padecendo da tradicional falta de fair-play que é cultura do seu clube, decidem agredir stewards no estádio da Luz. Estes animais bateram, foram apanhados. Estranhamente, o que os ressabiados corruptos e os seus aliados submissos retiraram disto, foi o favorecimento ao Benfica. Benfica que, sem meia equipa titular disponível, ganhou o jogo. Como se tivesse sido o Benfica a bater, a perder a cabeça e revelar todo o seu mau-perder. Primeiro negaram as agressões. Depois, perante as provas, nem uma palavra de crítica pela atitude inadmissível demonstrada. Entraram, desesperados, em discussões jurídicas estéreis, desviando as atenções e culpando...o Benfica. Foi o Benfica que agarrou no bracinho e na perninha daqueles merdas, para bater.
Os corruptos, o único clube da primeira divisão portuguesa condenado por corrupção (e mesmo sem as escutas, que estranhamente foram consideradas inválidas mas mostram bem a cultura e o modus operandi daquela gente), tiveram a distinta lata de martelar, semana após semana, que o Glorioso era beneficiado. Mesmo marcando golos com a mão, mesmo tendo vários clubes satélite na primeira divisão que se matavam contra o Benfica (Braga, Olhanense, Académica do Villas Poias, etc), tudo foi usado para denegrir o Benfica e os seus jogadores e pressionar as autoridades. Depois, vendo que nem isso funcionava, a estratégia passou a ser apenas uma: desvalorizar as vitórias e as conquistas do Benfica. "Clube dos sistema", diziam eles de nós, nós que não éramos campeões há cinco anos. É puro e simples mau-perder. Ganharam 4 seguidos; bastou não ganharem um e pronto, como é óbvio, isso só pode acontecer se o vencedor tivesse tido ajudas, tivesse corrompido. Enfim, se tivesse usado os esquemas que eles, durante uma década, usaram, e pelos quais foram CONDENADOS E NÃO RECORRERAM, ASSUMINDO A CULPA.
Depois, já em desespero de causa, partiram para a violência pura e simples. O jogo do Dragay, que os corruptos ganharam com mérito dentro do campo, foi tudo menos futebol, foi tudo menos desporto. Foi um clima de terror do princípio ao fim. Autocarro apedrejado em duas ocasiões, jogadores fechados numa arrecadação sem poderem ver o jogo, provocações constantes, agressões ininterruptas vindas da bancada. Adeptos agredidos, mulheres e velhos, valeu tudo. Chuva de bolas de golfe no relvado. Casas do Benfica vandalizadas. E as autoridades, desde a Liga ao execrável e incompetente secretário de Estado do Desporto, ninguém disse nada. Como se aquilo fosse normal. Como se acima do Douro não houvesse lei. Como se vestir vermelho fosse crime e justificação plena para ser barbaramente agredido. Não passou nada, a julgar pelo branqueamento do que se passou. Trata-se disto como se fosse normal e um dia morre alguém. E aí vão todos fazer ar de preocupados, dizendo que há um problema no futebol português. Problema já há, ficou à vista de toda a gente, no Porto. E ninguém quis saber...
Enfim, tudo normal de um clube que fez da violência e do submundo a sua cartilha. Criado por um mentecapto tacanho de seu nome José Maria Cagalhoto, a quem o bufas prometeu (é fodido, né?)  o título deste ano. Esse provinciano que escreveu a cartilha dos corruptos: o ataque a Lisboa, a estratégia da guerra, a guetização do seu clube de bairro, que por mais vitórias que tenha nunca será verdadeiramente nacional. Porque é pequeno, tacanho, complexado. Fechado nas vielas corruptas da nobre cidade do Porto, que não merecia ter gente assim.

Mas não quero salientar apenas os corruptos. Porque há ainda os submissos. Aqueles viscondes falidos que se afundaram finalmente na sua irrelevância. E que, fruto da sua pequenez e complexo de inferioridade, fez a sua escolha (está feita há muitos anos): preferem aliar-se a uma corja corrupta e que GOZA COM ELES (como se pode ouvir nas escutas, o bufas a gozar à grande com o cotonete das maracas assassinas).
O seu complexo de inferioridade é tão grande que preferem unir-se a quem, durante uma década, os espoliou tanto ou até mais do que ao Glorioso. A isto chama-se, em bom português, LEVAR NO CU E GOSTAR.
São tão pequenos e tão ridículos que, na festa ao grande Iordanov, tiveram de ser obrigados pelo tribunal a prestar-lhe homenagem. São tão pequenos que, na dita festa, passaram o jogo todo a assobiar os ex-jogadores do Benfica, que foram à casa de banho participar na festa dos submissos e homenagear um colega de profissão. Tão pequenos que, até naquele jogo, e a quase 30 PONTOS DE DISTÂNCIA DO GLORIOSO, se rebaixaram ao nível de gritar "Nós só queremos o Domingos campeão". Agora, estão com uma cabeça do tamanho do vosso ridículo. E que lindo que isso é!
Em todo o lado, essa união. Corruptos e submissos. Nos jornais, nos paineleiros de televisão sempre a atacar o Benfica e a fazer bóbós uns aos outros, nos adeptos, que até a QUASE 30 PONTOS DE DISTÂNCIA não se calaram o ano todo a prever a desgraça do Benfica. Se o ridículo matasse, estavam todos com o Yazalde.

Azia, é o que vocês têm. A incapacidade de reconhecer que, este ano, o Benfica foi melhor. Aliás, foi muito melhor. Nem com tudo o resto unido contra nós nos conseguiram travar. Porque só há uma coisa maior que o incompreensível ódio ao Benfica: maior que isso só o MAIOR CLUBE DO MUNDO.

O gigante acordou, como se viu por esse mundo fora. E quando o GIGANTE acorda, sai da frente.

Por isso, e com honrosas excepções a quem conseguiu ter olhos na cara e reconhecer a nossa óbvia superioridade, esta vitória é dedicada a todos vós. Os cabeçudos. Os corruptos, os submissos, os Choramingos Paciências, os braguinhas que decidiram agredir benfiquistas, os andrades mentecaptos que decidiram aprender golfe, os paineleiros facciosos, os complexados, os pequeninos.

A todos vocês, e parafraseando o melhor jogador de futebol de todos os tempos: QUE LA CHUPEN Y SIGAN CHUPANDO!

PS: somos campeões, e com isso acabou-se a falta de respeito que corruptos e submissos nos demonstraram todo este ano. Como benfiquistas, temos a obrigação de gritar bem alto a nossa paixão, e foder-lhes a cabeça pelo menos tanto como eles nos foderam a nós. Vão ter que levar connosco. São vidas.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Foi bonita a festa, pá

Chorei. Ainda em pleno estádio, quando soou finalmente o bendito apito final, não aguentei mais e chorei.
O meu Benfica, o nosso Benfica, o Benfica de milhões, o Benfica do povo, era de novo campeão, fechando com chave de ouro uma época mítica.
Ainda no estádio uma atmosfera incrível, uma comunhão, uma crença que roçou o religioso. A família benfiquista, atacada e humilhada durante tanto tempo, finalmente redimida.
A festa espalhou-se à cidade, e ao mundo. Cabo Verde, EUA, Paris, Bruxelas, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor, Macau. E todas as cidades e vilas e aldeias deste país. Onde havia um benfiquista, onde havia um homem do povo português, tudo foi esquecido e deixado para trás das costas. O Benfica era campeão, e para tanta gente em todo o mundo foi e é altura de festejar. Muitos que, infelizmente, mais nenhuma alegria têm no seu duro dia a dia. Quanto terminou, assim que terminou, liguei à minha mãe, como fiz há cinco anos, e como há cinco anos não pude impedir-me de chorar. Porque sei que ela, como tantos e tantos, precisa de alegria na sua vida. E é para mim motivo de grande, enorme orgulho, ser sócio de um clube que tem entre si o povo, que é feito de povo, de todas as raças e feitios.
E no Marquês, e nos Restauradores, Picoas, Rossio, em todo o lado, um mar de gente feliz. Brancos, pretos, ciganos, brasileiros, chineses, turistas, velhos e novos, tudo e todos, unidos na alegria de pertencermos e podermos festejar o maior clube do mundo, uma verdadeira paixão. 
A festa dos nossos jogadores, dos nossos técnicos e responsáveis, todos eles unidos a nós, por saberem que a única riqueza de qualquer clube é a sua gente.
Foi bonita a festa, pá.

CARREGA BENFIIIIIIIIIIIIICCAAAAAAAAAAAAAA!!! 

Viva o Partido Comunista Português

domingo, 9 de maio de 2010

Às vezes é preciso ser fuça

Eu pensava que os solos de guitarra eram sempre estéreis e dispensáveis, nada acrescentando de relevante a uma boa canção Pop. Eu pensava que os solos de guitarra, com o seu virtuosismo exibicionista, eram sempre de um mau gosto insuportável, uma excrescência inconsequente que deformava a simplicidade elegante de uma boa canção Pop. Eu pensava que o Johny Marr era o guitarrista mais criativo e influente da história da Pop, sem que eu me lembre de ele alguma vez ter feito um único solo nas canções dos Smiths. Eu pensava tudo isso até ouvir esta faixa (ouvir a partir dos 3 minutos certos), retirada do 1º álbum ao vivo dos Stones, editado em 1970 no pico da sua criatividade (pena não ter havido nessa data uma Yoko Ono dos Stones a desmembrar a banda antes da sua grotesca decadência). Não sei sequer sei se foi o Keith Richards ou o Mick Taylor o responsável por isto. Sei-o apenas que se Maradonna tivesse nascido sem pés, era assim que tocaria guitarra eléctrica. Às vezes é preciso ser fuça.
The Rolling Stones - Sympathy for the Devil .mp3
Found at bee mp3 search engine

sábado, 8 de maio de 2010

Senhoras e senhores...Silver Jews

I asked a painter
why the roads are painted black
He said "Steve, it's because people leave
and no highway can bring them back".





Bom fim de semana para todos, do vosso amigo Bastard.

Lamento

Fiz recentemente 32 anos, o que supostamente me dá alguma experiência, maturidade, etc.
Com o tempo, pelo menos no meu caso é assim, uma pessoa sofre, passa pelos traumas normais e pelas genuínas alegrias desta vida, e vai ficando mais tolerante. Perdoa o anormal que só faz merda no trânsito, não apenas porque não quer andar à porrada (e aqui é experiência) mas porque pensa que ele, provavelmente, é um frustrado infeliz que precisa de ser campeão na estrada para se realizar (e isto já é mais perto da sabedoria, ou coisa parecida).
Mas, ao mesmo tempo que alguns preconceitos desaparecem, outros nascem, e outros se fortalecem.
Por exemplo, não consigo deixar de ter medo ao ver um grupo de blacks à noite, embora nada tenha contra blacks, e isto é daqueles preconceitos que nos envergonham ligeiramente. Depois há os ciganos, em relação aos quais nunca tive qualquer tipo de preconceito (na minha zona não havia, creio, portanto não tinha opinião formada), e em relação aos quais tenho agora um verdadeiro preconceito, que considero bastante acertado (até agora confirmou-se sempre).
Adiante (esta parte era só para provocar o politicamente correcto gipsy-lover e genericamente-desgraçadinho-minoria-vítima da sociedade-lover do Amarelo).

Há um preconceito que me acompanha desde que me conheço, e que só fica mais forte.
É o preconceito de classe.
Ainda hoje, não consigo conhecer um gajo rico e gostar dele de imediato. É uma coisa de pele. Eu venho da classe média, que nos meus tempos de puto queria dizer que havia dinheiro para comer e pouco mais. Não havia cá férias no Algarve (começou depois a haver, com anos de intervalo), festas de finalistas em Lloret del merda ou coisas dessas. Mas nessa altura, com os meios que hoje em dia existem na classe baixa, aquilo era classe média e, na verdade, estava-se bastante bem. Havia o que era preciso, porque era preciso menos. E nós não achávamos que merecíamos ou que tínhamos o direito de exigir mais. Ponto.

Eu só gosto de um tipo de ricos, e só depois de os topar muito bem. Aqueles que fodem o dinheiro todo. Em bebida, em noitadas, em drogas, em putas. Eu se tivesse nascido rico seria assim. Irritam-me sobremaneira é os ricos que estão obcecados em continuar a ser ricos. Os que investem, os que criam empresas (e empregos, sim) , os que lambem as botas aos mais ricos ou bem relacionados que eles. Aqueles que vivem obcecados com o criar mais riqueza, sobretudo para si próprio. Eu se fosse rico, não investia um caralho, como é óbvio. Ia investir para quê? Para estar preocupado com a taxa de juro, com o negócio, com trinta merdas?
Não. Punha parte a render numa merda que não me desse trabalho e torrava a outra metade. Alegremente.
É como aqueles tótós que dizem que se ganhassem o Euromilhões não deixavam de trabalhar. Foda-se, essa gente devia ser abatida. Ou, no mínimo, impedida de ganhar. Saía o prémio e via-se: se 3 meses depois o vencedor continuasse a trabalhar, na mesma vida de merda que tinha antes, perdia o prémio. Acumulava, por exemplo.
E depois há a questão simples, com a velha teoria de que toda a riqueza (aliás, toda a propriedade, na sua formulação inicial) nasceu do roubo. Porque quando a gente cá chegou isto era de todos e não era de ninguém, portanto uns quantos espertos apropriaram-se desta merda toda. Mas enfim, isso é só um detail filosófico que não me comove muito.
Irritam-me os ricos, sobretudo aqueles que são ricos há gerações. Fazem caixinha, gerem, investem, deixam propriedades aos filhos, e assim sucessivamente.
E os outros que se fodam.

Mas, para além do preconceito de classe, há outro preconceito que se começou a insinuar em mim há uns anos e que não pára de crescer: o preconceito geracional.
A verdade é que, veja-se a coisa como se quiser, isto está tudo fodido.
Foi esta merda que nos deixaram.
Não há mais nada.
É isto.
As únicas coisas decentes que há neste país moribundo e condenado à irrelevância e, talvez, à própria extinção (intelectual, pelo menos), é o sol, a comida, a bebida e o Benfica. E tudo isso já cá tava.
Nada de jeito nos será deixado, que tenha sido criado pela geração dos nossos pais.
Nada. 
Rien.
A ponta de um corno.
Zerinho da silva.

Uns poucos fizeram a revolução, muitos se juntaram ao ver a vitória iminente. Passearam os seus belos bigodes por este país, sobretudo por esta cidade. Alguns foram consequentes e foram para as terras e para as fábricas, tentando fazer alguma coisa de relevante, para serem de seguida engolidos pela massa amorfa que constitui este povo. A maioria nem isso fez. Andou de bigodaça e punho erguido, meteu o cravito na lapela, e ala para algum gabinete. Ou para uma repartição, ou para um instituto. Para qualquer lado, onde houvesse tacho e fosse possível, finalmente, um tipo rapar o bigode e aburguesar-se à vontade. De facto, o Povo sempre cheirou um bocado mal, e não sabe comer à mesa.

E foram eles, essa geração, que pela sua acção ou pela sua omissão deixaram esta merda no estado em que está.

Um país medíocre, à deriva. A saque dos pequenos e dos grandes poderes, na mão dos empresários, patos-bravos e politicozecos que nunca leram a puta de um livro. Sem um plano, sem um modelo. Um único projecto: gamar o que houver no mais curto espaço de tempo possível. E quem vier atrás que apague a luz.

E quem vem atrás somos nós.
A geração dos mil euros, ou menos. Os qualificados mais inúteis da história deste país. Condenados a trabalhar por uma malga de sopa, e ser maltratados pelos filhos da puta incompetentes que estão acima, com dinheiro ou poder herdados dos papás e dos trisavós.

Essa geração, a dos nossos pais e a que veio imediatamente a seguir (a dos soares e sócrates, se quiserem), não tem legitimidade. É um aborto mal feito. É um cancro que come, come, come. Come-nos a nós.

E a verdade, temo-o, é que também não será a nossa geração a fazer a diferença. É por isso que não há coisa que mais me irrite do que ver tipos da minha idade, e até mais novos, a repetir todos os tiques novo-riquistas das gerações anteriores. Um modelo de sucesso assente no plasma, no belo carro, na mulher loura. No fato e gravata, na obtusidade, na falta de cultura, na perseguição sanguinária de poder, dinheiro e influência. Impotentes, borra-botas, filhos de uma grande puta.

Também nós iremos falhar. Porque, sem nos apercebermos, estão já escolhidos e encaminhados aqueles que, de entre nós, ocuparão os lugares de liderança no futuro. E não são pessoas sãs, cultas, sérias e preocupadas. São apenas cópias do pior que veio antes.

Qual é a resposta para isto? Seria lutar, é certo, mas também eu sou demasiado fraco para isso. Só resta a alienação. Prefiro vingar-me no alcool, no prazer, na alegria, na alienação. Porque não sou capaz, sóbrio e consciente, de ver este país de merda como ele de facto é.

Sai mais uma rodada, meus camaradas.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Amai o próximo como a ti mesmo


A conferência episcopal portuguesa considera que a procriação medicamente assistida constitui uma infidelidade, ainda que consentida. Devido a esse facto, os bispos têm sido incansáveis na denúncia pública deste pecado monstruoso e abjecto, ainda que consentido. Já relativamente às praticas sexuais de alguns colegas, os bispos católicos têm revelado uma discrição muito maior. Ainda que não consentidas.

You can't win, Charlie Brown


Há uns anos atrás, a Radar oferecia bilhetes aos ouvintes que enviassem as melhores respostas à questão: "o que mais maroto se pode fazer dentro de um comboio?". Decidi concorrer com a seguinte frase: "Sorrir com malícia para a senhora da frente, dando dentadinhas marotas num macaco do nariz." Ainda hoje fico espantado como é que na minha caixa de correio só lá encontro contas para pagar, publicidade do MediaMarkt e o jornal da junta de freguesia.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Os abafadores


Quando andava na Preparatória da Parede, apareciam de vez em quando uns marmanjos grandes do Bairro das Marianas que, mostrando um berlinde grande designado de "abafador", nos diziam "está tudo abafado", enquanto nos arrancavam das nossas estupefactas mãos todos os nossos preciosos guelas. A questão central aqui é que, tecnicamente, não tínhamos sido ilegitimamente roubados mas sim legitimamente "abafados", já que também nós, munidos do devido abafador, também poderíamos, em teoria, abafar os berlindes aos mesmos gandulos sete vezes maior do que nós. Estranhamente, nunca o fizemos.

Vinte e dois anos mais tarde, esta curiosa figura legal do "abafamento" ainda continua a ser amplamente utilizada no nosso ordenamento jurídico. Vejamos um exemplo. Os trabalhadores portugueses recebem sob a forma de remunerações cerca de 40% do PIB. Na União Europeia este valor situa-se acima dos 50% do PIB. Segundo cálculos do economista Eugénio Rosa, se os trabalhadores portugueses recebessem a mesma percentagem do PIB que reverte, em média, para os trabalhadores europeus, cada trabalhador português receberia, em média, mais 250 euros por mês. Estes 250 euros não nos são ilegitimamente roubados, mas sim legitimamente "abafados" pelas nossas entidades patronais, no total cumprimento da lei. Em teoria, os trabalhadores portugueses poderiam revoltar-se contra a ganância dos nossos patrões (e contra o Estado, e seu aparelho repressivo, que é o seu braço armado), reivindicando uma mais justa distribuição da riqueza produzida. Estranhamente, nunca o fizemos.

Porque é que os bairros sociais precisam sempre de parecer bairros sociais?

Não havia necessidade

Brandon Flowers (é o segundo tótó a contar da esquerda), vocalista dos Killers (pausa para breve vómito seguido de uns minutos agarrado ao estômago), vai lançar um disco a solo.








O mundo precisa tanto disto como de um furúnculo no cu.

Tenho dito.

The Man

Confesso.
Não sou grande fã de rap nem de hip hop.
Gosto muito de música "negra", da mais velhinha, desde Curtis Mayfield, Marvin Gaye, The Delfonics, The Supremes, etc etc etc, passando por muito jazz e, acima de tudo, pela rainha de todas as cantoras e de todo o sempre, Billie Holiday.
Adiante.
Serve isto para dizer que, a 17 de Maio, Gill Scott-Heron estará na Aula Magna, e dará também um concerto no Porto. É um artista de 61 anos, que anda por aí há muito e que acaba de lançar o primeiro disco em 16 anos, depois de um período em que esteve preso e vitimado pela dependência de drogas.

Ouvindo este grande, grande artista, mostra bem a merda e a decadência que o hip-hop e o rap norte-americano (sobretudo o mainstream, como é óbvio, que é o pouco que conheço) sofreram nas últimas décadas. Hoje em dia é acerca de falar de dinheiro, ser machista, violento e, genericamente, ser idiota enquanto se anda vestido como um palhaço. Tudo começou na luta, e pela mensagem. E é por isto que a chegada deste messias merece ser relevada. Activista, poeta, músico. E, aos 61 anos, a receber algum do reconhecimento que lhe é devido.

Conheci a sua música há muito pouco tempo, e foi uma das coisas mais refrescantes que vi em muito, muito tempo. Deixo-vos aqui um cheirinho, o meu tema preferido.

Dia 17, eu vou ser o gajo branco na Aula Magna.