quarta-feira, 19 de maio de 2010

Quem matou a economia portuguesa?


Num post que escrevi há uns dias atrás, acusei o Cavaco e o Guterres de terem sido dois dos principais suspeitos pelo assassinato da economia portuguesa, por não terem efectuado em tempos de crescimento económico a poupança que deveriam fazer, para agora haver uma folga maior em tempos de recessão. Retomo, agora, a reconstituição do crime, acusando um terceiro suspeito: a arquitectura liberal da zona euro. Nesta posta, referir-me-ei a apenas uma das regras perversas do Pacto de Crescimento e Estabilidade que nos está a foder a economia toda: o financiamento monetário (ou seja, a criação de mais moeda) dos défices públicos está interdito (mesmo em situações de grave crise como a que estamos a viver neste momento), sendo o Estado obrigado a financiar-se no mercado como qualquer agente económico privado. Neste contexto, países com economias mais frágeis como o nosso, são o alvo mais apetecível dos especuladores (que apostam basicamente que isto vai tudo com o caralho), sem que o nosso Estado tenha qualquer forma de se defender destes ataques especulativos. Ou seja, a arquitectura económica em que assenta a zona euro está toda de pernas para o ar: o Estado fica dependente dos mercados para o seu funcionamento, em vez dos mercados estarem dependentes da regulação do Estado. Um mercado todo poderoso que obriga o Estado submisso a curvar-se a seus pés, mendigando-lhe financiamento, é o sonho erótico de todos os liberais.

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