Era para escrever sobre isto já há algum tempo, um pequeno resumo das trafulhices e dos malabarismos orçamentais que este Governo anda a fazer para fingir que tem as contas equibilibradas e que, finalmente, leva o nosso dinheiro a sério.
Acontece que a capacidade inventiva desta associação de malfeitores é tão fértil que um tipo acaba por ver a sua prosa desactualizada.
E hoje tivemos mais uma manobra engraçada: a passagem para o Estado do fundo de pensões da PT.
Com esta manobra contabilística, o Estado recebe um património (uma receita) de 1,6 mil milhões de euros de uma assentada. Este é o valor dos investimentos e dos activos do fundo da PT, que serve para garantir o pagamento das reformas aos funcionários da PT, como o Rui Pedro Soares. É claro que, a partir daqui, a responsabilidade pelo pagamento das pensões desta malta passa para o Estado, e a experiência demonstra que estes grandes fundos de pensões geram, cronicamente, défices, que têm de ser tapados com dinheiro.
Vamos pagar bem, mas mais tarde. E, numa operação virtual, entra uma bela receita para ajudar ao défice este ano.
Antes disso houve uma muito gira. O Estado anda a vender dezenas de repartições de finanças. Obviamente que depois vai pagar rendas altíssimas para lá estar, porque as repartições se vão lá manter. Mas isso é mais tarde, agora venha de lá a guita.
E a minha preferida, a dos submarinos. Os submarinos ficarão como o grande símbolo irónico de toda esta crise (hei, Portas, andas muito caladinho...). Eles chegaram este ano, já cá estão todos lampeiros a cruzar o Tejo, mas a gente só queria pagar para o ano. O Santos Silva, ministro da Defesa (aahahahahaha, não consigo dizer isto sem me rir), arranjou um argumento fantástico para ajudar o Pinócrates. Diz ele que os submarinos estão em testes, para ver se funcionam, testes que só terminarão em Janeiro. Assim, só em Janeiro devem ser inscritos como despesa, ou seja no orçamento do próximo ano.
Acontece que Bruxelas não anda a dormir, e não permitiu. E foi esta despesa que o Governo está a compensar com a artimanha da PT.
Em suma, contabilisticamente vamos cumprir a redução do défice. Mas é através de três coisas simples: truques contabilísticos, venda de anéis e facturas que vamos todos pagar no futuro.
Qualquer reforma de fundo que nos permita não passar por isto outra vez no futuro?
Nadinha de nada.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
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