Cumpre-se hoje o último dia de presença oficial da força militar dos EUA no Iraque.
No fim de tudo, cumpre fazer a pergunta: valeu a pena?
Tudo somado, creio que não.
Não que não haja coisas positivas. Saddam foi com os porcos, e isso é bom. Há uma espécie de eleições.
E há uma oportunidade de as coisas encarreirarem. Se era nossa responsabilidade ou nosso assunto (e por nosso quero dizer o mundo ocidental encabeçado pelos states) ir lá tentar meter as coisas a funcionar à nossa maneira...isso já é outra história.
Gastou-se muito dinheiro. Matou-se muita gente, muita dela inocente. Tiraram um ditador de lá, mas o poder continua nas mãos dos fanáticos, por uma questão cultural.
Ficou provado que a estratégia de Bush, de bombardear os países até à democracia, não funciona. E essa é uma lição importante, que demorará a ser esquecida. Até à próxima vez que o petróleo tudo fizer esquecer.
E, claro está, não se pode nunca aplaudir uma guerra tão desigual e tão devastadora quanto esta, quando foi assente em pressupostos errados e que os responsáveis sabiam ser errados. E os responsáveis nunca foram julgados por isso. Eles, que tanto enchem a boca a falar de Deus, talvez tenham o castigo no Juízo Final.
Acima de tudo, o que fica é a oportunidade para aquele povo. Oportunidade para ser menos obscurantista, mais democrático, mais justo. Temo, sinceramente, que essa oportunidade vá ser completamente desbaratada. Até porque, para boa parte do povo iraquiano, essa oportunidade não existe. A questão não se põe porque, culturalmente, são diferentes de nós. Consigo ver a oportunidade de fora, cá de longe, no conforto da minha casinha. Lá, acredito que as coisas sejam vistas de forma diferente. E eles têm todo o direito disso.
Obama está a fazer "the right thing". Explicou que não haverá "victory lap", que não haverá gritos de vitória ou de missão cumprida. E isto, só isto, é absolutamente revolucionário para o mundo americano. Haver uma guerra, do outro lado do mundo, na qual esmagaram o inimigo, e não haver uma grande celebração a esfregar a vitória nas fuças do mundo, seria impensável antes de Obama.
Há um regresso contido, quase envergonhado por uma guerra errada, ainda que ganha.
Não aproveitar a vitória para massajar o idiota ego bélico dos americanos é, afinal, a marca de Obama.
E, nem que seja por isso, merece todo o meu respeito.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
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2 comentários:
Há qualquer coisa de xico lopes no Obama.
Tenho muito orgulho no meu presidente!
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