segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Into the Wild II
O momento "David Attenborough" desta semana vai para a espécie designada por "os putos". Os putos são primatas superiores, apesar de serem habitualmente muito pequenos. A sua alimentação é omnívora, sobretudo à base de pastilhas elásticas e macacos do nariz, e não é boa ideia tentar fazer balões com os últimos. Além dos padres e dos apresentadores da televisão, não têm quaisquer outros predadores naturais pelo que, antes de aparecer a cadeia "Loja das Sopas", eram uma espécie sem qualquer risco de extinção. A natureza é justa pelo que o que falta a esta espécie em sentido lógico e racionalidade é depois largamente compensado pela total ausência de bom senso e de razoabilidade. Fora isso são criaturas adoráveis, especialmente quando estão em casa dos avós. Dotados de uma imaginação prodigiosa, conseguem imaginar quase tudo, exceptuando a possibilidade do peixe cozido ser comestível. A sua simplicidade é enternecedora: se conseguirem sacar o máximo número possível de gelados e de autorizações para jogar compudator, consideram-se espécimens felizes e despreocupados. Apesar de espantosamente semelhantes com a espécie humana (sobretudo na dificuldade que ambos têm em preencherem correctamente o IRS), divergem deles em características importantes, como o tamanho dos pés e os artigos insufláveis favoritos. Apesar das diferenças, é habitual ambas as espécies viverem em relativa harmonia, exceptuando quando os putos acordam. Depois desse momento é normal ocorrerem alguns conflitos territoriais, sobretudo quando o telejornal e os desenhos animados dão à mesma hora. Nesta luta territorial, a selecção natural providenciou a ambas as espécies poderosas adaptações biológicas: aos putos, a birra e um choro com um timbre totalmente insuportável para os humanos; aos humanos, a estalada e o triplo do tamanho. Contrariamente ao previsto, o aparecimento da playstation só veio agravar a competição entre ambos. Nesta luta permanente pela sobrevivência, os putos perdem apenas quando crescem e os humanos perdem apenas quando morrerem. É isso que sempre me tem fascinado na condição existencial de ambas as espécies.
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