Provavelmente tenho mais discos do Neil Young do que de qualquer outro artista. Bom, talvez em igualdade pontual com os Cure e com o Sérgio Godinho. A diferença é que estes são resquícios do antigamente, das viagens sucessivas à feira da Ladra, à procura de completar toda a discografia deste ou daquele artista, e já pouco lhes pego. Já o Neil Young continua a rodar no stereo muito frequentemente. Há um disco que me agarra uma semana, 15 dias depois lembro-me de outro, etc.
É dos meus poucos artistas preferidos que não me lembro de como conheci. Foi a seguir à malta dos 60/70´s, a seguir aos Doors, à Janis, ao Jimi, aos Led Zeppelin. Foi depois, teria eu talvez uns 18 anos. E não foi amor à primeira vista. Gostei, e tal, mas acho que Neil Young é um bocado como o wisky, é difícil gostar à primeira, e se insistes cada vez gostas mais.
A resistência inicial terá tido alguma coisa a ver com aquilo soar um bocado a country. Quando eu era puto, pior que country só disco. Hoje em dia as coisas são diferentes. O Johny Cash é o maior, consigo gostar de algum Dylan e até o marado do Willie Nelson tem algumas coisas boas. Talvez esteja a ficar velho.


Depois há Harvest Moon, provavelmente o maior sucesso da sua carreira. Disco de 92, com a preciosa colaboração de Jack Nieztsche, que já com ele havia trabalhado no marco que foi o Harvest, no início do percurso. Mais uma capa fateluxa, e mais um grande disco, do princípio ao fim. É uma ode à velha América, às Harleys, ao amor e à liberdade.
Passando para o grande Sleeps with Angels, de 1994. Provavelmente um dos seus discos mais rock, e dos mais complexos. É um verdadeiro album, com camadas e fantasmas que se repetem. É denso mas não é complicado. No fundo é rock e blues, e não há nada de complicado nisso.

Podia falar de outros grandes discos, Tonight's the night, After the Goldrush ou Silver & Gold. Continuaria a aborrecer-vos até amanhã. E já chega.
Ficam estes, de um tipo que é um exemplo.
No Alive, há dois anos, o meu grupo de amigos pirou-se todo para ver os Gossip, que tocavam mais ou menos à mesma hora. Fiquei ali, à frente, no meio da malta da velha guarda, a ver o velho Young a rockar como se não houvesse amanhã. Solos intermináveis mas sem o pseudo-virtuosismo, riffs de blues planando sobre as planícies americanas. Era um dos artistas que julgava não conseguir ver nunca ao vivo e, juntamente com o Tom Waits, aquele que eu mais queria ver. O Gossip partiram tudo, mas o Neil Young proporcionou-me duas horas míticas e inesquecíveis.
Tantos anos depois, ainda aí anda, e ainda faz grandes discos. Um homem de causas, humano, e coerente.
Keep on rockin' in a free world.
4 comentários:
Não conheço o Nelinho. Mas das bandas que mais respeito, como Dave Matthews Band e Pearl Jam tocam covers dele, por isso tem de ter algo de muito respeitável.
Vou mandar vir uns álbuns daquela loja barata e rápida.
"Keeps me searching
for a heart of gold
And I'm getting old"
A minha mãe bem me dizia... e eu não lhe dei ouvidos, era muito nova, 'tás a ver?!, senão, bem podíamos ter ouvido juntas o Harvest Moon..., foda-se, talvez uma das melhores músicas alguma vez feitas. "Capaz de ressuscitar mortos" qualquer um.. Olha, é a vida.
que bom!
Enviar um comentário