sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Todos Bandidos, Todos Iguais
Concordo com o camarada Bastard no essencial do seu post "Esquerdas, Direitas e o Resto": devemos escrutinar as ideias oficiais do nosso quadrante político à luz da nossa própria consciência e espírito crítico, rejeitando-as quando estas não nos parecem justas. O Zeca Afonso tinha uma frase que sintetizava muito bem este saudável individualismo: "eu sou o meu próprio comité central".
Desta forma, apesar de ser de esquerda, rejeito muitos aspectos tradicionalmente associados com este posicionamento, nomeadamente: uma visão demasiado corporativa do sindicalismo; a defesa de um igualitarismo estrito insensível às diferenças de mérito; e as mamas da Ilda Figueiredo.
Discordo, contudo, com a posição apresentada pelo Bastard relativamente à justeza do repatriamento de criminosos estrangeiros. Neste ponto, apesar de a minha perspectiva coincidir com a oficial, tentarei baseá-la também na minha própria consciência individual.
Não concordo com o repatriamento de criminosos estrangeiros porque viola o princípio da igualdade, estabelecendo regras penais diferentes para criminosos nacionais e não nacionais. Ninguém defende que um assaltante de bombas de gasolina que more em Oeiras e que seja natural do distrito da Guarda, deva, além da justa pena de prisão, sofrer o castigo suplementar de ter que voltar à força para Fornos de Algodres. Não percebo, então, porque raio é que um assaltante de bombas de gasolina que more em Massamá, mas que tenha nascido na Guiné-Equatorial, tenha que ser repatriado para a ilha de Bioko. Além do mais, a criação de uma cláusula penal especial para criminosos ajudaria a reforçar o estereótipo xenófobo de que a criminalidade está associada com a nacionalidade. Até os bandidos têm direito a não serem discriminados. Numa sociedade justa e fraterna, não deve haver bandidos de primeira e bandidos de segunda, mas apenas bandidos. Todos eles sodomizados por igual nos nossos democráticos estabelecimentos prisionais.
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6 comentários:
cheirou-me a vernáculo jurídico.
Fornos de Algodres pelo nome fora do usual, presta-se a que o usem por tudo e por nada!
Para alem de ser um municipio pequeno e despovoado, ate nem e terra em que seja muito ruim o desterramento!
Quem me dera para la puder voltar brevemente!
De toda a forma concordo com o que quizeram expressar, e ja agora vao ate la passar uns dias!
Um abraco dalgodrense.
Caro Du,
Referias-te ao princípio da igualdade ou à sodomia?
Caro al cardoso,
Confesso que não conheço Fornos de Algodres, tendo-o referido justamente pelo seu nome engraçado. Quando puder irei lá beber um vodka tónico. Saudações atónitas.
Que bonito, só faltou o violino...
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