quinta-feira, 2 de outubro de 2003

Hoje acordei...

... na arrecadação de um mágico qualquer, preso numa daquelas caixas que se cortam ao meio. Embora não me podesse mexer, só tinha a cabeça de fora, estava divertido com a situação, houve uma época, em miúdo, que quis ser ilusionista, sentia, por isso, uma nostalgia agradável. Nos movimentos limitados que podia fazer com a cabeça, conseguia ver perfeitamente o que estava à minha volta, o espaço não era muito grande, era um pequeno quadrado atafulhado de objectos, nos rasgos vazios da parede havia, inevitavelmente, posters do grande Houdini. À minha esquerda um bengaleiro com cartolas, uma mesa com baralhos de cartas, dados e varinhas mágicas, um pouco mais ao fundo, numa gaiola, pequenos coelhos fitavam-me, impávidos e serenos, à minha direita havia um grande armário, cheio de roupa velha, e de um tanque de água vazio caiam correntes. Ainda do lado direito, já no fundo da sala, quase a desaparecer do meu campo de visão, uns pés saiam de dentro de uma caixa. Afinal não estava sozinho, tentei meter conversa mas não obtive resposta, foi então que reparei que os pés respondiam a todos os meus pensamentos. "Não, não pode ser!", pensei, completamente aterrorizado, mas lá estavam os dedinhos a mexerem comandados pelo meu cérebro. "Foda-se! Então isto não era suposto ser um truque?!!"

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