Hoje acordei...
... num eléctrico chamado desejo. O eléctrico era o 28 para a Estrela, em plena subida penosa da calçada, cheio de turistas de câmara fotográfica em punho e com aquele sorriso de satisfação característico de quem está a descobrir coisas novas. O desejo era em forma de mulher, descia a calçada de uma forma imaculada, com plena consciência da sua beleza, magnífica, cada passo um hino à perfeição, tanto dentro ou fora do eléctrico ninguém conseguia deixar de reparar, de repente, zás, trás, catrapum... esparrama-se no chão, tinha tropeçado nas próprias pernas, cambaleou uns segundos, mas não conseguiu evitar a queda. Lá estava ela no chão, de pernas abertas, saia na cintura, salto alto partido, tentando perceber o que lhe tinha acontecido. Dentro eléctrico as máquinas disparavam, mas o alvo não era a paisagem e enquanto o eléctrico se afastava vagarosamente, apercebi-me que tinha presenciado a queda de um mito.
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