sexta-feira, 7 de novembro de 2003

A Cortina e o Testa de Ferro

Sharon continua alegremente a brincar ao Sim City e lá vai construindo um murinho à volta da sua moradia israelita. A economia do país está de rastos, mas o senhor continuar a gastar os tustos numa cercazita de centenas de quilómetros, passando pelo meio de território palestiniano. Em muitas zonas, os moradores ficam separados do seu local de trabalho, as crianças têm um muro que as separa da escola. Todos os palestinianos, mesmo os moradores, têm de ter uma autorização especial do exército israelita para o atravessar, os israelitas não.
Numa recente sondagem, na qual foram inquiridos 7500 europeus, Israel surge como o maior perigo à segurança mundial. Em resposta, um dos rapazes de Sharon defendeu que a definição legal de anti-semitismo, em Israel, fosse alterada para englobar este tipo de opiniões. Pois. A velha rábula do eternamente coitadinho do judeu. Pior, o do coitadinho do judeu que arreganha os dentes a qualquer um que discorde da sua visão, com a preciosa ajuda do seu tio Samuel.
O sempre hilariante João Pereira Coutinho, na sua crónica no Independente, também fala da sondagem, cujos resultados são "numa palavra, sinistros".
"O anti-semitismo regressa, cinquenta anos depois, das mesquitas de Damasco às chancelarias da Europa", afirma ele, seguindo-se uma lição de história que agradeço, mas que não poderá nunca legitimar o regime facínora de Israel.
Nada tenho contra os judeus por serem judeus. Mas tenho muita dificuldade em aceitar a arrogância de um povo, qualquer povo, que se ache o escolhido por Deus, por tudo o que isso implica de juízo étnico. E que esse povo nada tenha, ele sim, aprendido com a história, ao causar noutros aquilo que os seus antepassados (e não eles) sofreram.

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