sexta-feira, 21 de novembro de 2003

O cobrador do traque

Ora, ora, ora, cá temos nós mais um impostosito! Obrigado, Manela, a malta já tava com saudades!
Então agora vão pôr mais uma taxa sobre os combustíveis, taxa essa que será utilizada para a reconversão e requalificação das florestas portuguesas. O argumento? Simples, o princípio do poluidor/pagador. Pois muito bem.
Há aqui vários problemas. Coisa pouca.
Em primeiro lugar, andar de carro na cidade, ou em qualquer outro lado, não estraga as florestas. Parece óbvio, eu sei. Se não estraga as florestas, porque raio hei de eu pagar à parte, condutor que sou?
Em segundo lugar: cuidar das florestas é função do Estado, ou dos privados que detenham florestas, com fiscalização do Estado. Assim, se o Estado não cumpre as suas funções, para que raio estou eu, estamos todos nós, a pagar impostos? É só a mesada para o défice? Sendo assim, qualquer dia começam a cobrar uma taxa às pessoas que andam na rua, para financiar o policiamento das cidades!
É ridículo que me obriguem a pagar mais uma taxa, para com o montante dela o Estado cumprir uma das funções que está, obviamente, prevista e englobada no pagamento dos impostos de todos nós.
E outra coisa: estou a começar a ficar um bocado farto de ser tratado como um criminoso com comportamentos desviantes. Eu sou duplamente olhado de lado, uma vez que sou fumador e condutor.
Enquanto fumador, ajudo a encher os cofres ao Estado, mas ainda assim sou tratado pelo poder político como um cabrão, que se está a cagar para a saúde dos outros e, pior que isso, como um cabrão estúpido, que precisa que lhe esfreguem na cara todos os dias que o tabaco faz mal. Como diz o outro, Dââââh!
Enquanto condutor, sou outro cabrão. Dou cabo do ar, faço barulho, sou potencialmente um assassino em série e contra-mão, enfim, uma besta! Sou uma besta que paga muito dinheiro em impostos, mas isso parece não interessar nada. Porque não nos esqueçamos de uma coisa: no nosso país e em muitos outros, um fumador/condutor não é um contribuinte qualquer, é uma teta para o Estado.
Assim, por que raio insistem em penalizar-nos desta forma? Se fumar é um pecado assim tão grave, e conduzir um acto tão pernicioso, proíbam! Tenham tomates, por uma vez na vossa vida, e proíbam! Enfrentem os lobbies das tabaqueiras e do ramo automóvel e proíbam de uma vez! O que não aceito é esta merda desta hipocrisia, em que me tratam como um menino maroto que tem de ser penalizado pelas suas tropelias.
Chega!
Trabalho nove horas por dia, alguns fins de semana, não tenho forma de fugir aos impostos, nem quero. Quero é que o meu dinheiro, que tanto me custa a ganhar, reverta para o bem de todos, e não que fique fechadinho num cofre do ministério das Finanças para combater o défice papão.
Já chega de novos impostos!
Governo, tenho uma notícia para vós: A MALTA NÃO TEM GUITA!
Na linha desta nova eco-taxa, qualquer dia temos o cobrador do traque, a taxar a malta que manda umas bufas na rua, para pagar equipamentos de reciclagem do ar.
Vão atrás dos 13 mil milhões de euros que fogem à maquina fiscal e, por favor, deixem-me em paz de uma vez.

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