terça-feira, 9 de março de 2004

Ruben de Carvalho

Como eu adoraria saber dizer isto:

O que há de completamente inconcebível nas recentes declarações sobre o PCP do ministro Morais Sarmento (e declarações inconcebíveis de um ministro é evidente que o qualificam) não é tanto o facto de o serem sobre o PCP. Personagens desta insignificante dimensão tendem a dizer barbaridades sobre o PCP.

Mas o ministro não disse apenas barbaridades sobre o PCP: para as dizer, recorreu à obscena comparação entre o mais antigo partido português e os doentes sofrendo de Alzheimer.

Que o ministro Morais Sarmento não goste do PCP é coisa que seguramente encherá de alegria os militantes do PCP, mais quantas pessoas pensam razoavelmente sobre o PCP e o sr. ministro. Agora o que se fica a saber é o que o sr. ministro pensa sobre os doentes de Alzheimer: que são pataratas inúteis e descartáveis, iguais ao que entende serem os comunistas.

O terrível alheamento da realidade, a perda de memória dramaticamente caracterizam uma doença que é hoje um temor de todos. Néscio, o sr. ministro acha que o único partido português que tem um passado que não enjeita e uma história de que se orgulha é comparável àqueles que, com as suas famílias, enfrentam o drama de uma memória e de uma consciência brutalmente destroçadas.

Um retrato moral.

Sem comentários: