sexta-feira, 23 de julho de 2004

Adeus, Mestre
Desapareceu o Mestre Carlos Paredes. Desde o primeiro momento em que ouvi a sua música, causou em mim um grande impacto. Fiquei esmagado por aquilo que ouvia, sem saber bem o que fazer disso. Era, para mim, música estranha, porque era portuguesa e porque alguns a chamavam de erudita, outros de popular, outros de folclore de um Portugal que queriam esquecer, mas que ainda hoje existe. Foi fazendo progressivamente sentido, até que vi um dia, na televisão, uma imagem sua, de pé, frente ao Tejo, ao som da sua guitarra. E aí percebi, e esse feliz conhecimento não mais me largou.
Era mais que um génio. Era generoso, ingénuo e humilde, como o povo português que chorava e cantava nas suas cordas.
Amália, Zeca e Paredes são, para mim, o tríptico de ouro da música portuguesa do século XX. Sobram alguns dos bons, como o Fausto de antigamente e o Zé Mário Branco, mas hoje encerrou-se um capítulo.
Saúdo-te, Mestre. 

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