Post-mortem: uma homenagem
Celebramos amanhã, em farra da grossa, o fim de um ciclo marcante e a "morte" de um grande artista!
O Páscoa vai-se casar!!!
Para mim continua a ser um choque. Não no sentido negativo de "foda-se...não estava mesmo nada à espera!"-embora há uns tempo atrás nem me passasse pela cabeça que aquela "amélia" pudesse um dia vir a partilhar um leito pintelhudo com alguém- a perplexidade vem-me de um outro recanto do reino da possibilidade: o Páscoa, um homem crescido!
Quando conheci a personagem (uma das minhas favoritas) em 1998, esta apresentava-se como um escanzeladito candidato a gótico e já secretário-geral de muita bebedeira, com um sorriso amarelo e inconfundível de menino pequenino (mas fumador) em busca de carinho. Tinha a inocência do inseguro e uma genialidade natural born, da qual, creio, nunca se chegou verdadeiramente a aperceber, mas com a qual, dia-sim/dia-sim, nos brindava generosamente.
Era (e é) uma pessoa por quem, rapidamente, nos deixamos seduzir: rapaz simples e honesto, amigo do seu amigo (irmão da sua irmã e, reza a lenda, filho de seus pais!), amante das coisas boas da vida (como o alcóol e os charros, entre Bizarras Locomotivas e outras estranhas formas de locomoção) e, certamente, uma das pessoas que mais sofre com o caos do trânsito lisboeta (na memória fica o eterno abrir da janela do carro e aquele nervoso sacar de cigarro mal se atravessa a 25 de Abril). É também forreta mas, acredite-se, enquadrada a coisa, é uma pincelada sem intenção, mas que sem ela o quadro ficava mais pobre.
Para quem não conhece o Páscoa, fique sabendo tratar-se do autor de mediáticas tiradas como "What da fucken is this world?", "Ora muito belamente...", ou mesmo, da já internacionalmente famosa, "Mijem-me todo! Mijem-me a pila!", entre muitas outras que, embora à deriva pela memória, têm lugar de destaque na procissão dos afectos.
Sr. magro, para aí com 1,75m, olho claro e pêlo, ora em pé, ora rapado( menos no peito e nas costas, onde compete, lado a lado, com o Toni Ramos) é detentor de poderoso pontapé ao lado da baliza e de inúmeras incursões pelas canelas de malogrados adversários. Jovem de riso fácil e gesticulação ampla, faz da expectativa e do improviso as suas maiores armas apontadas à nossa gargalhada e ao nosso coração.
Já há algum tempo que o nosso Páscoa anda um pouco desaparecido. À falta de um convite para Presidente da Comissão Europeia (cargo que desempenharia muito melhor do que o actual detentor da pasta dentífrica...digo eu) o Pascoínha refugiou-se em Queluz, onde comprou casa com a sua noiva e planeia residir durante alguns anitos, afastando-se assim do centro nevrálgico do novo mundo (Azeitão) e dos Pinchavelhos Patifes (célula independente do Hamas sediada algures pela península de Setúbal) que tanto com ele partilharam e tanta estima lhe têm.
O trabalho (continua a trabalhar em Azeitão:estóico?), a nova casa, a wife to be e certamente outras preocupações, têm-lhe ocupado de sobre-maneira a vida nos últimos tempos, impedindo-o de participar com a restante pinchavelhada (onde a dissidência, mesmo assim, se começa a acentuar) numa tentativa desalmada de agarrar um qualquer síndromezito de Peter-Pan que esteja disponível.
Páscoa, se me lês, quero que saibas que compreendo que as pessoas crescem e mudam e que não podem ser jovens e irreponsáveis para sempre. Quero que saibas que espero que fiques bem da maneira pela qual escolheres orientar a tua vida. Quero que compreendas e perdoes a minha inicial incompreensão e revolta (serei o mais peter-panesco?).
Mas quero também que saibas que tenho saúdades!!!
E espero que me convides para jantar, uma vez por outra, em tua casa, com a tua mulher e os Pascoítos pacaninos, cabrão!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário