quinta-feira, 23 de setembro de 2004

Dona Banca
Na sequência do post anterior, é importante falar das relações perigosas entre a banca e o sector político.
Um ministro, enquanto desempenha esse cargo, tem acesso a "segredos" do Estado, conhece como as coisas funcionam, quem manda, os planos de política económica para os próximos anos, etc.
Ou seja, teoricamente ao serviço do Estado, isto é, de todos nós, ganha acesso a informações delicadas, que muito podem servir a empresas do sector privado, dispostas a pagar muito dinheiro para daí tirar benefícios que, embora ainda legais, são claramente ilegítimos.
As relações Banca/Governo sempre foram próximas, mas com este Executivo atingiram o pico.
Carlos Tavares, ex-ministro da Economia, saiu da direcção do Santander para o Governo. Com a remodelação saiu, mas estará para breve o seu regresso à banca.
Miguel Frasquilho, secretário de Estado nas Finanças, saiu na remodelação e voltou, directamente e sem passar na casa da partida, ao Banco Espírito Santo.
O nosso amigo Bagão Félix, que agora finge querer obrigar os bancos a pagar impostos, foi quadro superior do Banco Comercial Português até entrar no Governo.
O actual director-geral dos impostos é do BCP, estando apenas requisitado e, como tal, regressará assim que sair do cargo.
Os exemplos são inúmeros, e aumentam claramente quando olhamos para além das personagens mais conhecidas, entre assessores, disto e daquilo, nos mil e um gabinetes do Estado-Tacho.
Em alguns países civilizados, é imposto um período de nojo, para quem sai de funções governativas e pretende regressar à actividade empresarial privada.
Em Portugal, há apenas um nojo.

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