O Crime Perfeito
Todos os dias a mesma cara. A mesma cara ao acordar, a mesma cara ao deitar. A mesma cara que lhe devolvia o mesmo ar de fastio que não conseguia disfarçar. Ao pequeno-almoço, ao almoço, ao jantar, a mesma cara. Até no trabalho, a uma hora de metro, no centro da cidade, no meio de milhares de pessoas desconhecidas, na mesma secretária dividida, a mesma cara.
Os mesmos sentimentos de ódio alimentados todos os dias e, principalmente, naquela noite quando se deitou com a faca de trinchar a seu lado à espera que os comprimidos para dormir começassem a fazer efeito.
Foi nessa noite que, pela primeira vez, se sentiu único, completo, a cada golpe que separava o mesmo ombro que o unia ao seu gémeo siamês.
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